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Capítulo 1- Problemática da ordem social

Regras de diversos tipos:

• Leis;
• Normas sociais: não há nenhuma sanção;
• Normas jurídicas: têm carater obrigatório e em caso de incumprimento há sanção.

→ Assembleia: cria leis (art. 112º nº1- CRP);


→ Governo: cria decretos lei;
→ Assembleias legislativas regionais (Açores e Madeira): decretos lei regionais;
→ Deputados são eleitos pelas eleições legislativas.

Método de Hondt: proporcionalidade; método para escolher os deputados para a assembleia.

Direito: conjunto de normas jurídicas que disciplinam as relações da vida social.

Normas jurídicas: traduzem-se nas normas de conduta obrigatória que compõem o direito, as quais são estabelecidas
ou autorizadas pelo Estado e garantidas pelo seu poder.

• Impõem-se à sociedade;
• Criadas pelo Estado ou por organizações internacionais (Ex: União Europeia; Parlamento Europeu).

Características das normas jurídicas:

1) Imperatividade: característica que as normas jurídicas possuem de impor ou ordenar um determinado


comportamento, ou seja, as normas jurídicas contêm sempre regas de conduta, assumindo caráter obrigatório.
2) Coercibilidade ou coatividade: traduz-se na possibilidade que o Estado tem de impor sanções aos infratores
das normas jurídicas, de modo a evitar ou atenuar os prejuízos resultantes dessa violação.
→ Coercibilidade preventiva: procura-se evitar que a norma seja violada ou fazer com que a norma se realiza à
força (providências cautelares- ordem do tribunal).
→ Coercibilidade repressiva: consiste em impor sanções em caso de violação (ex: homicídio qualificado- 12 a 25
anos).

Em Portugal: A pena de multa é afixada em dias.


Mín- 10 dias/ máx- 365 dias Mín- 5€/dia; máx- 500€/dia
Ex: 6€ de multa por dia durante 100 dias (6€ * 100=600 € de multa)
Pena de multa: depende do salário/capacidade financeira de cada um.
Sanções criminais: pena de prisão (em Portugal- mín: 1 mês de prisão; máx: 25 anos de prisão).
Medidas de coação:

→ Prisão preventiva: muito aplicada em Portugal; quando há perigo de fuga; quando há perigo de continuação
de atividade criminosa; perigo de perda de provas.
→ OPH- Obrigação de Permanência na Habitação (prisão domiciliária): a pessoa não se pode ausentar da
habitação.
→ TIR- Termo de Identidade de Residência: medida de coação mais leve; quando é para sair do país tem-se a
obrigação de contactar as autoridades.
→ Apresentações periódicas;
→ Admoestação: medida de coação para crimes com pouco impacto social.
→ Pena de prestação de trabalho a favor da comunidade: exige o consentimento do condenado.
→ Suspensão da execução da pena de prisão (pena suspensa): Se durante o período de suspensão, cometer
mais um crime, vai preso.

Critérios para suspender a pena:

• Antecedentes criminais;
• A suspensão da pena vai ser tão importante e impactante na vida da
pessoa, que ela não vai cometer mais nenhum crime.

Multas (pena): aplicadas pelos tribunais (se não pagar- penhoras; prisão subsidiária).

Coimas: sanções administrativas; aplicadas pela polícia ou pelo Estado (ex: o não pagamento de propinas).

→ Sanções acessórias (ex: não conduzir);


→ Sanções de inibidade parental;
→ Pagamento de uma indemnização (Art. 483º C.C.).

Culpa:

• Negligência: sem intenção;


• Dolo: com intenção.

Nexo de causalidade: provar a ligação entre os factos e os danos.

Nota:

• As pessoas são inocentes até que se prove o contrário.


• Há tribunais específicos para determinados assuntos (ex: tribunal do comércio).

3) Generalidade: as normas jurídicas são gerais porque se aplicam a um número indeterminado de pessoas.
4) Abstração: abrangem um número indeterminado de pessoas.
Classificação das normas jurídicas:

1)

a) Normas percetivas: impõem ao sujeito passivo da relação jurídica uma conduta positiva ou ação.
b) Normas proibitivas: impõem ao sujeito passivo da relação jurídica uma conduta negativa ou
omissão/abstenção.
c) Normas permissivas: nem proíbem qualquer ato nem impõem alguma conduta como devida, limitando-se a
conceder poderes ou faculdades, reconhecendo aos sujeitos jurídicos o direito de agir livremente em
determinado setor da vida social.

Art. 202 nº1 C.C.: coisa- objeto de relação jurídica.

Maior direito sobre uma coisa: direito de propriedade (maior dimensão- sermos donos)- art. 1305º C.C.

Proprietário:

• Poder de uso;
• Poder de fruição;
• Poder de disposição.

Contrato de Comodato: alguém disponibiliza um bem a dado empréstimo.

• O que empresta: comodante;


• O que recebe: comodatário.

Doação com reserva de usufruto: acautela a posição de quem doa.

Propriedade (art. 1305 C.C.): norma permissiva e proibitiva. A obrigação do sujeito passivo é negativa, pois não pode
tirar a propriedade, danificar, etc.

Exemplo:

A- Disponibiliza o dinheiro- mutuante


EMPRESTOU
A
60000€
B
B- Recebe e depois tem de restituir o dinheiro- mutuário.

Contrato de mútuo (art. 1142º C.C.):


Inicialmente, o B é o sujeito ativo, pois
• Gratuito: sem juros.
pode exigir o empréstimo. Contudo, o A
• Honoroso: com juros. passa depois a ser o sujeito ativo pois pode
exigir a restituição do dinheiro.
• Permissiva: o A pode exigir do B;
• Percetiva: B tem a obrigação de devolver o dinheiro.
Art. 1143º C.C.:

• O contrato mútuo pode ser escrito ou pode ser feito verbalmente.


• Valor ≥ 25000€- Pode ser feito através de uma escritura publica (cartórios; notários; solicitadores; advogados)
ou por um documento particular autenticado.
• Valor ≤ 2500€ - pode ser feito verbalmente;
• Entre 2500€ e 25000€- só é valido se dor por documento assinado pelo mutuário.

Confissão de divida → penhora: tem que de ser feito com um documento particular autenticado ou uma escritura
pública.

2)
a) Normas supletivas: são aquelas que estão na disposição da vontade das partes e que se aplicam sempre que
os particulares não regulam a matéria prevista na lei.
b) Normas imperativas: não estão na disposição da vontade das partes e que se impõem aos particulares sem
que eles possam regular por qualquer outro modo a matéria prevista na lei.

Exemplo:

EMPRESTOU
A B
20000€

As partes não estipularam o prazo para a devolução da quantia montuada- art. 777º C.C.- o credor pode pedir a
restituição a qualquer momento, bem como o devedor pode devolver o dinheiro a qualquer momento- norma
supletiva.

Venda de
C terreno- D
10000€

Art. 875º C.C.- para a compra e venda de bens imóveis só é preciso um documento particular autenticado ou uma
escritura publica- caráter imperativo.

3)

a) Normas gerais: aplicam-se a um número indeterminado de pessoas.


b) Normas especiais: aplicam-se a um grupo restrito de pessoas.
Exemplo: normas pedagógicas; normas aplicadas a deficientes.
c) Normas excecionais: estabelecem um regime contrário ou oposto ao regime estabelecido às normas gerais e
que tem uma vigência transitória temporária.
Direito objetivo vs. Direito subjetivo

• Direito objetivo: conjunto de normas jurídicas que proíbem ou ordenam determinados comportamentos e
são garantidos pela ameaça de uma sanção a quem as infringir.
• Direito subjetivo: traduz-se no conjunto de normas jurídicas que, em vez de proibirem ou ordenarem,
autorizam, concedem poderes ou faculdades, pondo à disposição dos cidadãos os meios legais para que
possam atingir os fins desejados.

Exemplo 1:

Casamento:

• É um contrato;
• Escolhe-se um regime de bens (separação de bens; comunhão de adquiridos- bens herdados ou doados
continuam a ser próprios; comunhão geral)

Art. 1690º C.C.: qualquer um dos cônjuges tem legitimidade para contrair dividas sem o consentimento do outro-
direito subjetivo.

Exemplo 2:

Contrato de empreitada (art. 1207º C.C.):

• Dono da obra- tem a obrigação de fiscalizar.


• Art. 1209º C.C.- o dono tem o direito de fiscalizar a obra- direito subjetivo.

Exemplo 3:

• Art. 1884º C.C.- O pai tem de pagar os custos (maternidade; 1º ano após o parto, etc.) - direito objetivo.

Valores fundamentais do Direito

1) Justiça- visa potenciar a correta aplicação da lei ao caso concreto.


1.1) Legalidade: qualquer decisão judicial será justa sempre que resulte da correta aplicação da lei ao caso concreto,
independentemente do carater justo ou injusto dessa lei.
1.2) Igualdade: os casos iguais devem ser tratados de forma análoga e casos desiguais, de forma desigual, tomando-se
sempre em consideração circunstâncias atenuantes ou agravantes da conduta culposa, aplicando-se sempre uma
sanção adequada e proporcional à violação cometida.

Exemplo:

António Bernardo O António é reincidente, logo a pena mínima pode sofrer um


Furtou 2 kg Furtou 2 kg agravamento em 1/3 (ex: 2- 8 anos → 2+8 meses- 8 anos).

de maçãs ao de maçãs ao Confissão: reduz a pena em 1/3 no seu limite máximo.

Carlos (2x) Carlos (1x) Entre os 16 e os 21 anos, os delinquentes podem sofrer uma
redução na pena, com vista a uma nova oportunidade.
2) Segurança

2.1) Paz
2.2) Certeza nas relações jurídicas: as normas jurídicas devem determinar com precisão, com rigor aquilo que proíbem
ou autorizam, bem como as consequências legais da sua não aceitação.

Art. 6º C.C.- não se pode invocar o desconhecimento das leis para “não responder” à sanção.

2.3) Estabilidade nas relações jurídicas.

2.4) proteção contra os abusos de poder.

Princípio da não retroatividade da lei: a lei só dispõe para o futuro, não se aplicando a situações anteriores à data da
sua entrada em vigor. (Art. 12º, nº 1 C.C.- a lei não tem princípios retroativos, só produz efeitos futuros.)

Princípio da aplicação da lei mais favorável ao arguido (art. 2º, nº 4 do código penal) - lei de aplicação retroativa.

Tribunal:

• Singular- 1 só juiz- sentença


• Coletivo- 3 juízes (juiz presidente + juízes alas) - acórdão

1) Ministério público
2 3
1 2) Juízes alas
5
3) Juiz presidente
4
4) Advogados
6
5) Funcionário judicial
7
6) Arguidos
7) Bancadas

• Tribunais de 1ª instância: nos concelhos.


• Tribunais de competência genérica: julgam diversas matérias.
• Tribunais da relação (juízes desembargadores): existem em todo o país; é possível recorrer a este tribunal a
partir de 5000€, sendo matéria criminal.
• Supremo tribunal de justiça (juízes conselheiros): processos ≥30000€; pena de prisão ≥8 anos.
• Tribunal constitucional: 13 juízes (escolhidos pelos partidos políticos); apreciação da constitucionalidade das
decisões dos tribunais.

Trânsito em julgado: decisão definitiva; não admite mais recursos.

Capítulo 2- A problemática dos direitos do Homem

Direito interno vs. Direito Internacional

• Direito interno: conjunto de normas jurídicas reguladoras das relações que se estabelecem na comunidade
estatal, variando de país para país.
• Direito internacional: traduz-se no conjunto de normas jurídicas reguladoras das relações que se
estabelecem entre os diversos sujeitos da comunidade internacional.

Sujeitos da comunidade internacional:

→ Estados;
→ Organizações internacionais;
→ Povos não autónomos;
→ Indivíduos.

Direito internacional privado: assenta no pressuposto de os diversos elementos de uma determinada


relação jurídica estarem simultaneamente em contacto com diversas ordens jurídicas estaduais e
indica-nos qual a legislação estadual aplicada para regular o caso concreto.

Exemplo:

Pedro (faleceu)
português Neste caso: art 62º C.C. – lei pessoal do autor da sucessão- a lei
pessoal é a nacionalidade do individuo (art. 35º, nº 1 C.C.).
2 casas: Não há diferença entre filhos nascidos dentro ou fora do
- Portimão;
- Vila Real.
casamento (art. 36º, nº 4 CRP e art. 2133º, nº1, a) C.C.).

Regime do DIP português consta no art. 14º a 55º do C.C.


Antoine- nasceu fora Bernard- nasceu
do casamento dentro do casamento
(francês) (belga)

Secção I- disposições gerais – art. 14º a 24º C.C.

Secção II- normas de conflitos

• Subsecção I- âmbito e determinação da lei pessoal (art. 25º a 34º do C.C.)


• Subsecção II- lei reguladora dos negócios jurídicos (art. 35º a 40º do C.C.)
• Subsecção III- lei reguladora das obrigações (art 41º a 45º do C.C.)
• Subsecção IV- lei reguladora das coisas (art. 46º a 48º do C.C.)
• Subsecção V- lei reguladora das relações de famílias (art. 49º a 61º do C.C.)
• Subsecção VI- lei reguladora das sucessões (art. 62º a 65º do C.C.)

Direito Público vs. Direito Privado

• Direito público- Traduz-se no conjunto de normas jurídicas que regulam as relações jurídicas em que um dos
sujeitos é o Estado ou qualquer outra pessoa coletiva pública com poder de autoridade.
• Direito Privado- Traduz-se no conjunto de normas jurídicas que regulam as relações jurídicas entre indivíduos
ou entre indivíduos e entidades públicas que nelas surgem destituídas do poder de autoridade.

Exemplo: A camara quer construir uma infraestrutura num terreno privado.

→ Tem de indemnizar a pessoa; expropriação; direito público.


Ramos de Direito Público

a) Direito Constitucional- Traduz-se no conjunto de normas jurídicas que representam a lei fundamental de um país
(em Portugal, a constituição da república portuguesa) estabelecendo e limitando os poderes dos órgãos de
soberania do estado, bem como os direitos e deveres fundamentais dos cidadãos.

Órgãos de soberania em Portugal:

→ Tribunais;
→ Assembleia da República;
→ Governo;
→ Presidente da República.
Constituição da República- Não é contrariada por nenhuma outra norma jurídica (lei fundamental), o tribunal
constitucional é quem cria as normas. A Constituição pode ser revista. Formas de revisão da constituição: ordinária ou
extraordinária.

Artigo 284º nº1 C.R.: Revisão ordinária é aquela que pode ter lugar decorridos pelo menos 5 anos sob a data da última
revisão ordinária.

Artigo 284 nº2 C.R.: Revisão extraordinária pode ter lugar a qualquer momento desde que esteja reunida uma maioria
de 4/5 dos deputados em efetividade de funções.

As propostas têm de ser aprovadas por 2/3 dos deputados em efetividade de funções. Artigo 286 nº1 C.R.

Processos de revisão artigo 284-289 IMPORTANTE ESTUDAR.

b) Direito Financeiro- Traduz-se no conjunto de normas jurídicas que regulam a atividade financeira do estado (as
receitas e as despesas do estado).
c) Direito tributário- Conjunto de normas jurídicas que regulam a cobrança coativa de receitas (impostos e taxas).
• Impostos: são prestações pecuniárias (são pagas em dinheiro), coativas (somos obrigados a pagar) e
unilaterais exigidas pelo estado com vista à realização de fins públicos. Ex: IRS, IRC, IVA, IPP, IMI, etc).

Impostos Diretos- Incidem sobre o rendimento.


Impostos Indiretos- Incidem sobre o consumo.
• Taxas: são prestações pecuniárias, coativas e bilaterais exigidas pela prestação de um serviço publico por parte
do estado.
d) Direito Fiscal- Conjunto de normas jurídicas que têm por objeto a regulamentação do imposto nas suas diversas
fases.

Os impostos passam por 4 fases:


1. Incidência: Determina quem vai ficar sujeito ao imposto e quem fica isento ao imposto (quem recebe o
rendimento mínimo).
2. Lançamento ou Fixação da matéria: Determina qual é a parcela do rendimento ou do consumo (matéria
coletável) que irá ser sujeita a imposto.
3. Liquidação: Consiste na determinação do imposto exigível a cada contribuinte.
4. Cobrança: Visa a entrada do imposto nos cofres do estado; cobrança voluntária (notificam e dão limite de dias
para pagar); Cobrança coerciva (podem penhorar).
e) Direito penal: traduz- se no conjunto de normas jurídicas que declaram os atos que são considerados crime e
determinam as sanções (penas ou medidas de segurança) que devem corresponder a esses atos.
• Penas: aplicam-se a pessoas que são imputáveis. As penas são aplicadas em função da culpa.
• Medidas de segurança: aplicam-se a pessoas que são inimputáveis. São aplicadas em função do grau de
perigosidade do agente, do perigo que representa para a sociedade.
• Art.212 do Código penal- crime de dano.

Elementos do crime:

1) Ação/ Omissão:

Ação:

1.1) Intencional: dolo.


1.2) Negligencia: violação de um dever de cuidado.

Omissão: alguém vai ser julgado e perseguido criminalmente pois não fez alguma coisa que deveria ter feito.

2) Tipicidade: apenas são considerados criminosos os atos que se encontrem expressamente indicados em
modelos ou tipos legais anteriores ao momento da sua prática.
3) Ausência de causas de justificação: ausência de justificação para o ato. Excluir a punição de alguém.

Exemplo- legitima defesa.

f) Direito administrativo: Traduz- se num conjunto de normas jurídicas que tem por objetivo disciplinar a atividade
desenvolvida quer pelos órgãos da administração central e local, quer por outros órgãos de carater especial (ex:
universidades), de acordo com as diretrizes gerais dos órgãos supremos do Estado com vista à satisfação de
necessidades e interesses coletivos.
g) Direito processual: traduz-se no conjunto de normas jurídicas que estabelecem as formalidades que devem ser
desenvolvidas em tribunal para a resolução de um determinado litígio ou conflito.

Direito processual penal: conjunto de formalidades que temos de desenvolver para determinar, por exemplo, se a
pessoa agiu ou não com culpa.

Em Portugal: a investigação criminal começa com a queixa. A investigação é dirigida por OPC (órgãos de polícia
criminal- GNR, PSP, PJ, ASAE, etc.,) e pelo ministério público. O procurador do Ministério público tem de averiguar se
há indícios ou não da prática criminosa. Se não houver, o caso é arquivado. Se houver, deduz uma acusação pública e
vai a julgamento. O arguido tem 20 dias a partir da notificação para refutar os argumentos das acusações. Para o
arguido ser condenado tem de haver provas.

Exemplo de um crime particular: crime contra a honra.


Ramos de direito privado:

a) Direito civil: traduz-se no conjunto de normas jurídicas que regulam os direitos das pessoas como particulares,
bem como as relações patrimoniais que não tenham por objeto atos de comércio. Está estruturado no código civil.

Código Civil:

1) Parte geral;
2) Direito das obrigações: traduz-se no poder que uma pessoa tem de exigir de outra uma determinada prestação
ou conduta (art. 397º C.C.- obrigação). Em Portugal, o ato mais importante do direito das obrigações é o
contrato.
3) Direito das coisas: traduz- se no poder que as pessoas têm de modo direto e imediato sobre as coisas.

Direito de propriedade.

Direito do usufruto: não pode dispor, alienar, só pode usar.

4) Direito da família:

- Parentesco

b
a
c
a-Progenitor comum
Para determinar o grau de parentesco: somamos todas as pessoas envolvidas (3) e retiramos o progenitor comum (3-
1). Logo o B e C (irmãos) são parentes em segundo grau.

- Afinidade: vínculo que liga um dos cônjuges aos parentes do outro (sogra; nora; genro; cunhado).

- Adoção; Casamento; Paternidade; Maternidade; Divórcio; Filiação.

5) Direito das sucessões:

Art. 2031º C.C.: as partilhas fazem-se no tribunal correspondente ao domicílio do falecido.

A sucessão faz-se no momento da morte. Há ou não testamento?

Quando há testamento:

→ Sucessão legitima: tem lugar quando o autor da sucessão (falecido) morre sem deixar testamento, pelo que
são chamados à sucessão dos seus bens os herdeiros legítimos.
→ Art. 2133º nº 1 C.C.- os herdeiros são chamados pelo grau de parentesco.
i. Cônjuge e descendentes;
ii. Cônjuge e ascendentes;
iii. Irmãos e seus descendentes;
iv. Outos colaterais até ao quarto grau;
v. Estado.
Deserdar- tem de haver um transito em julgado (por exemplo, quando um dos herdeiros praticou um crime contra o
autor da sucessão).

Quando não há testamento:

→ Sucessão legitimária: é uma sucessão forçosa na medida em que o autor da sucessão não pode dispor de uma
certa porção de bens legalmente destinada aos herdeiros legitimários.
→ Art. 2157º C.C. – herdeiros legitimários: cônjuges, descendentes e ascendestes. Os irmãos e sobrinhos
podem ser afastados da herança.
→ Qual é a percentagem que cabe aos herdeiros legitimários? Depende:
→ Art. 2158º C.C.: o cônjuge do herdeiro, se não tiver que “concorrer” com descendentes ou
ascendentes, herda 50% da herança.
→ Art. 2159º C.C.: há um cônjuge e um filho: herdam 2/3 (para os dois).
→ Sucessão legitimária: art. 2158º C.C. a art. 2161º C.C.
→ Sucessão testamentária: tem lugar quando o autor da sucessão expõe para depois da sua morte, por meio de
testamento, de todos os seus bens ou de parte deles.
b) Direito do trabalho: conjunto de normas jurídicas que se ocupam do trabalho assalariado, ou seja, do trabalho
que perante uma retribuição alguém se obriga a realizar por conta e sobre a direção de outra.
→ Art. 53º a 59º da CRP. (consta a segurança no trabalho, despedimento com justa causa, etc.)
→ Principal direito do trabalhador: receber o salário (pode ser mensal, semanal, etc.)
→ Retribuição- art. 208º Código do trabalho.
c) Direito comercial: conjunto de normas jurídicas que regulam a situação jurídica dos comerciantes e as relações
patrimoniais que têm por objeto atos de comércio.
→ Tipos de sociedades: por quota (são necessárias pelo menos 2 pessoas; o valor nominal da quota de cada
pessoa não pode ser inferior a 1€); unipessoais; limitadas (LDA).
→ Sociedade unipessoal por quotas: quem é titular não responde com o património pessoal a dividas.
→ IRC: 21%; empresas localizadas no interior: 21% nos primeiros 15000 € de faturação.
→ Sociedades anonimas: capital de 50000 €; pelo menos 5 pessoas.

Direito positivo e direito natural:

a) Direito positivo: Conjunto de normas jurídicas que vigora em determinada comunidade e que foi elaborado
por órgãos próprios dessa mesma comunidade. (ex: estado português)
b) Direito natural: Conjunto de normas ideais universalmente válidas que se impõem pela natureza humana e
que ocupam posição de supremacia relativamente ao direito positivo. (ex: direito à liberdade).
Capítulo 3- Fontes de direito:

Sentidos da expressão fontes de direito:

1) Sociológico ou causal: são fontes de direito todas as circunstâncias históricas e sociais que presidiram à
formação de determinada norma. (ex: o que esteve na formação da lei- o que levou à formação do código da
estrada).
2) Histórico, instrumental ou material: são fontes de direito todos os documentos ou suportes físicos que
contêm os textos das normas reguladoras da vida jurídica.
3) Político ou orgânico: são fontes de direito os órgãos com competência legislativa. (ex: assembleia da
república)
4) Técnico- jurídico ou formal: são fontes de direito os processos de criação e de revelação das normas jurídicas.
(ex: diário da república)

Fontes de direito diretas vs indiretas

a) Diretas ou imediatas: são aquelas que o juiz utiliza obrigatoriamente na resolução dos casos concretos, tendo
em vista a prolação da decisão. Art. 1º, nº 1 C.C.
→ Leis: exposições genéricas que provêm do órgão competente;
→ Normas corporativas: empresas (pacto social); associações.
b) Indiretas ou mediatas: são aquelas que o juiz não está obrigado a utilizar para a resolução do caso concreto,
não obstante as possa convocar para melhor fundamentação da decisão.
→ Doutrina: traduz-se no conjunto de opiniões emitidas por pessoas versadas da área jurídica sobre
aspetos controvertidos da lei.
→ Jurisprudência: traduz-se no conjunto das decisões proferidas pelos tribunais em resultado da
aplicação da lei.

Leis da Assembleia da República:

1) Criação do projeto ou proposta de lei.


→ Quem pode apresentar propostas: grupos parlamentares, deputados, governo, grupos de cidadãos
eleitores.
2) Discussão.
Debates: Art. 168º, nº 1 C.R.P.
→ Generalidade;
→ Especialidade.
3) Votação. Art. 168º, nº 2 C.R.P.
→ Generalidade;
→ Especialidade;
→ Final global.
4) Presidente da República:
→ 20 dias:
▪ Promulgar;
▪ Exercício do direito de veto: após o exercício do direito de veto, o Presidente da República
deve solicitar à A.R. nova apreciação do diploma em mensagem devidamente fundamentada.
Art. 136º nº1 C.R.P.
→ Se ao apreciar novamente o diploma a A.R. confirmar o voto por maioria absoluta dos deputados em
efetividade de funções (116 deputados) o P.R. tem necessariamente de promulgar o diploma, para o
que dispõem de um prazo de 8 dias.
5) Publicação no Diário da República.

Início e termo da vigência da lei:

→ “Vacatio Legis” - traduz-se no intervalo de tempo que decorre entre a publicação da lei e a sua entrada em
vigor- art. 5º C.C.
→ Prazo supletivo: a própria lei não apresenta o Vacatio Legis.
→ 5 dias- Continente
→ 15 dias- Açores e Madeira.

Cassação do termo da vigência da lei: art. 7º C.C.

a) Caducidade: consiste na extinção automática da vigência da lei como consequência de algum evento a que se
atribui esse efeito.
b) Revogação: tem lugar quando surge uma nova lei que vem substituir a lei anterior.
i. Expressa: quando a nova lei indica inequivocamente qual a lei ou quais as leis que deixarão de vigorar.
ii. Tácita: quando a nova lei não indica quais as leis que deixarão de vigorar, mas estabelece preceitos da
lei anterior, pelo que prevalece à vontade mais recente do legislador.
iii. Total ou Ab-rogação: quando a nova lei atinge sem exceção todas as disposições da lei anterior (é
revogada a lei x).
iv. Parcial ou derrogação: quando a nova lei atinge apenas algumas das disposições da lei anterior,
mantendo-se as restantes em vigor (é revogado o art. 1 e 2 da lei x).

Aplicação da lei do tempo:

Senhor A- crime de furto- lei x- pena de prisão até 3 anos. Passado 1 ano entra em vigor a lei y, pena de prisão até 2
anos.

Regra geral: Princípio da não retroatividade da lei (art. 12º, nº 1 C.C. e art. 2º, nº 1 do C.P.)

Exceções:

1) Aplicação da lei penal mais favorável ao arguido- art. 2º, nº 4 C.P.


2) Lei interpretativa: tem por objetivo esclarecer o sentido ou alcance de uma lei anterior- art. 13º C.C.- tem
eficácia retroativa.
3) Lei processual: ação imediata; tem eficácia retroativa.
Hierarquia das leis:

Ordenação das leis de acordo com a sua importância, partindo da mais importante até chegar à menos
importante. A hierarquia das leis estabelece-se por quatro princípios fundamentais:

1) As leis especiais prevalecem sobre as leis gerais.


2) Dentro das leis gerais, as leis formais prevalecem sobre as leis não formais.
3) As leis provenientes dos órgãos da administração geral prevalecem sobre as demandas da administração
autárquica.
4) Dentro de cada uma das referidas categorias, a hierarquia das leis estabelece-se de harmonia com a hierarquia
dos órgãos respetivos.

Leis especiais:

São aquelas que resultam da vontade soberana do Estado Português tanto de cariz nacional como
internacional e que servem de modelo às leis gerais.

1) C.R.P.- não pode ser contrariada.


2) Tratados ou convenções internacionais: acordos celebrados entre o Estado Português e outros estados da
comunidade internacional sobre as mais diversas matérias.
→ Art. 8º C.R.P.
→ As convenções têm de ser aprovadas pelo governo ou pela A.R. e depois ratificadas pelo P.R.
3) Decretos especiais:
→ Governo: quando aprova convenções internacionais.
→ P.R.: quando nomeia ou demite o primeiro ministro ou outros membros do governo.

Leis gerais:

Leis formais: são aquelas que provêm do poder legislativo e enunciam os princípios gerais dos regimes jurídicos. Art.
112º, nº 1 C.R.P.

4) Leis propriamente ditas: provêm da A.R.


5) Decretos lei: provêm do governo
6) Decretos legislativos regionais: provêm das Assembleias legislativas regionais dos Açores e da Madeira.

Leis não formais: são aquelas que se destinam a pormenorizar os regimes jurídicos enunciados pelas leis formais.

7) Decretos regulamentares: provêm do governo e visam pormenorizar tanto as leis propriamente ditas como os
decretos lei.
8) Decretos regionais regulamentares: governos regionais dos Açores e da Madeira e visam pormenorizar os
decretos lei legislativos regionais.
9) Resolução do Conselhos de Ministros: normais criadas pelo C.M.
→ C.M: 1º ministro; todos os ministros; secretários de Estado; subsecretários de Estado, etc.
10) Portarias: ordens inibidas em nome do governo, mas da exclusiva responsabilidade do ministro ou ministros
signatários.
11) Despachos: ordens dadas por um ministro ou ministros aos subordinados dos respetivos ministérios (ex:
situações de mobilidade).
12) Regulamentos locais: provêm das autarquias (câmaras municipais; juntas de freguesia).

Interpretação da lei: art. 9º C.C.

Engloba dois momentos da lei:

1. Interpretação literal, textual ou gramatical da lei- consiste em retirar do texto lei em significado(s) possíveis
tendo em conta a construção das frases, o significado das palavras utlizadas e até a própria pontuação usada.
(Letra da lei)
2. Interpretação lógica, racional ou do espírito da lei- consiste num segundo momento em o intérprete procurar
atingir aquilo que estava no espírito do legislador quando ele criou a lei. O espírito da lei engloba 3 elementos:
i. Elemento teológico- consiste na consideração dos objetivos e/ou finalidades visadas com a criação da
lei.
ii. Elemento histórico- consiste na consideração das circunstâncias histórico-sociais que presidiram à
criação da lei.
iii. Elemento sistemático- consiste em interpretar a lei tendo por base a sua relação hierárquica com as
demais leis do sistema jurídico.

Interpretação perfeita: a letra da lei coincide com o seu espírito.

Art. 877º, nº 1 C.C.

Interpretação extensiva: tem lugar quando a letra da lei é menos ampla do que o seu espírito, pelo que o interprete
vai alargar o alcance daquela para a fazer coincidir com este.

Ex 1: Poderá um menor gerir o seu património?

Menores: art. 122º C.C.; menos de 18 anos.

Casamento- pelo menos 16 anos

Art. 123º C.C.

→ Os menores não têm capacidade de exercício de direitos.


→ Menores não emancipados: Interpretação restritiva- tem lugar quando a letra da lei é mais ampla do que o
seu espírito, pelo que o interprete vai reduzir o alcance daquela para a fazer coincidir com este.
→ Emancipação: pode administrar o seu património; é necessária a autorização.

Art. 124º C.C.

→ Representantes legais – pais (não são quando são inibidos das responsabilidades parentais ou já faleceram);
tutores.
Ex 1: Pode o senhor A vender algo ao G sem o consentimento dos restantes?

→ De acordo com a letra da lei, não. Contudo temos de analisar o espírito do legislador. Logo,
o senhor A não pode vender algo ao G sem o consentimento dos restantes.

Lacunas da lei: consiste na falta de disposições legais que regulem uma determinada situação.
→ Art. 10º C.C.- consagra critérios de integração das lacunas da lei.
Critérios de Integração das lacunas da lei:
Analogia consiste em aplicar a um caso omisso na lei uma norma ou um princípio que regule juridicamente um caso
semelhante.

Não é possível recorrer a Analogia perante estas exceções:

1. Normas excecionais (Art. 11º C.C.)


2. Normas penais incriminadoras (Art. 1º, nº3 do C.P.)
3. Normas de incidência dos impostos (art. 103º, nº 2 C.R.P.)

Quando não for possível à analogia, o juiz deve procurar resolver a questão como se fosse o legislador, criando uma
norma ad hoc e enquanto legislador deve procurar atender aos princípios fundamentais do direito natural.

Capítulo IV- A Relação Jurídica


Relação jurídica- é toda a relação da vida social disciplinada pelo direito mediante a atribuição a uma pessoa de um
direito subjetivo e a imposição a outra pessoa de um dever jurídico ou de uma sujeição.

→ Sujeito ativo: direito subjetivo.


→ Sujeito passivo: tem a seu cargo um dever jurídico ou uma sujeição.

Direito subjetivo:

→ Direito subjetivo propriamente dito: traduz-se no poder jurídico de livremente exigir ou pretender de outrem
um determinado comportamento positivo (uma ação) ou negativo (uma abstenção ou omissão).

Trespasse: incide sobre um objeto comercial.


Fica com obrigação de não concorrência- o comprador fica com o direito subjetivo de impedir que o outro abra um
restaurante perto durante um determinado período de tempo.

→ Direito potestativo: traduz-se no poder jurídico de por um ato livre de vontade só por si ou integrado por uma
decisão judicial produzir efeitos jurídicos que inevitavelmente se impõe à outra parte.
1. Direito potestativo constitutivo: produz a constituição de uma relação jurídica por ato unilateral do
seu titular.
▪ Art. 1550º C.C.- constituição de uma servidão de passagem.
▪ Compropriedade- 3 pessoas podem comprar uma casa (comproprietário)
▪ O comproprietário tem direito de preferência (art. 1409º C.C.) - os outros têm de tomar
conhecimento.
▪ Art. 416º, nº 2 C.C.- prazo para os comproprietários serem aceites e reclamarem o seu
parecer.
2. Direito potestativo modificativo: tende a produzir uma simples modificação numa relação jurídica pré-
existente e que continuará a existir embora modificada.
▪ Art. 1568º C.C.- pode-se solicitar a alteração do local da servidão, sem prejudicar o outro.
3. Direito potestativo extintivo: visa produzir a extinção de uma relação jurídica existente.
▪ Denúncia do contrato de arrendamento pelo arrendatário: art. 1098º C.C.
▪ Direito de obter o divorcio: art. 1773º C.C.
▪ Direito de denúncia do trabalho
▪ Art. 1569º, nº 2 e nº 3 do C.C.

Ao direito subjetivo propriamente dito opõem-se o dever jurídico, que consiste na necessidade de realizar o
comportamento a que tem direito o titular ativo da relação jurídica. Ao direito potestativo opõem-se a sujeição que
consiste na situação de necessidade em que se encontra a outra parte de ver produzir-se forçosamente uma
consequência na sua esfera jurídica por mero efeito do exercício do direito pelo seu titular.

Personalidade jurídica: traduz-se na aptidão para ser titular autónomo de relações jurídicas, ou seja, para ser titular
de direitos e deveres.

▪ Art. 66º, nº 1 C.C.- a personalidade adquire-se no momento de nascimento completo e com vida.
▪ Art. 68º, nº1 C.C.- A personalidade jurídica cessa com a morte.

Caso: Acidente- morreu o António, a Beatriz e o Carlos.


O António e a Beatriz deixaram duas casas. Quem vai ficar com as casas? Art. 2013º C.C.
▪ O Carlos faleceu 2 minutos após o falecimento do António e da Beatriz. Ficou vivo o pai do António e a Daniela.
▪ Depende da hora que as pessoas faleceram porque a sucessão abre-se no momento da morte.
▪ 1 casa para a Daniela e outra para o avô.
▪ Os pais faleceram então os bens são divididos de igual forma entre os dois irmãos, no entanto o Carlos também
faleceu no acidente. Se a autópsia determinar que este morreu antes dos pais, os bens dele são herdados
pelos seus ascendentes (porque não tem descendentes) e o avô Emanuel herda os bens do Carlos. Caso na
autópsia não se determine a hora exata da morte dos pais do Carlos e do Carlos, todos os bens são herdados
pela Daniela.
▪ Art. 68º, nº 2 C.C. – Em caso de dúvida presume-se que todos faleceram no mesmo momento.

Capacidade de exercícios de direito:

▪ traduz-se na aptidão para atuar juridicamente, exercendo direitos ou cumprindo deveres, adquirindo direitos
ou assumindo obrigações por ato próprio e exclusivo ou mediante um representante voluntário ou
procurador, ou seja, um representante escolhido pelo próprio através de uma procuração.

Quem tem capacidade de exercícios de direito:

▪ Age pessoalmente porque não carece de ser substituído na prática dos atos que movimentam a sua esfera
jurídica por um representante legal.
▪ Age autonomamente porque não necessita do consentimento anterior ou posterior ao ato de outra pessoa.
Venda de
A B
terreno

Art. 875º C.C.- imóvel (compra e venda)

▪ Escritura pública- notários


▪ Documento particular autenticado- advogados ou solicitadores.

Incapacidade de exercícios de direitos:

Pessoas que não têm capacidade de exercícios de direitos:

▪ Menores- art. 122º a art. 133º do C.C.


▪ Maiores acompanhados- art. 138º a 156º do C.C.

As formas de ultrapassar a incapacidade de exercícios de direitos são:

▪ Representação legal: tem lugar quando a lei não admite o incapaz a agir, carecendo de ser substituído por um
representante legal (o incapaz não está presente no ato).
▪ Assistência: tem lugar quando a lei admite o incapaz a agir, mas exige o consentimento de certa pessoa ou
entidade.

Pais- mesmo que sejam


divorciados

Têm representantes legais-


Menores
art. 124º C.C.
Tutores- quando os pais já
faleceram ou estão inibidos
das responsabilidades
parentais.

Representante legal- regime


de tutela

Têm acompanhantes- art.


Maiores Acompanhados
145º C.C.

Assistência

Menoridade: art. 122º a 133º do C.C.

▪ Art. 132º C.C.- Emancipação- casamento (idade mínima é 16 anos- 1601º, a) C.C.).
▪ Art. 123º C.C.- regra geral, os menores são incapazes.
▪ Exceções:
▪ Casamento- art. 1601º C.C.
▪ Testamento (tem de ser emancipado) - 2189º C.C.
▪ Art. 127º C.C.
Art. 124º C.C. – Representação legal:

▪ Pais- art.1877º e seguintes do C.C.


▪ Tutor- art. 1927º e seguintes do C.C.
▪ os pais designam o tutor ou é designado pelo tribunal.
▪ Art. 1937º C.C.- divorciados não podem ser tutores.

Art. 1889º C.C. (pais) e art. 1938º C.C. (tutor)- listagem dos atos que precisam ser autorizados pelo tribunal.

▪ Onerar um bem: hipotecá-lo


▪ Locação: arrendamento (bens imoveis) e aluguer (bens móveis)

Invalidade dos atos: art. 125º e 126º C.C.

▪ Anulabilidade- atos anuláveis (art. 125º C.C.): são aqueles que produzem efeitos após a sua celebração, mas
deixarão de os produzir se forem anulados pelo tribunal dentro de um determinado prazo (1 ano).
▪ Nulidade- atos nulos (art. 286º C.C.): são aqueles que não produzem qualquer efeito- qualquer pessoa pode
pedir o anulamento a qualquer momento.
▪ Exemplos: art. 892º C.C.

Menoridade- art. 125º C.C.- atos anuláveis

Quem tem legitimidade para pedir a anulação dos atos?

a) Representantes legais (pais e tutores): têm 1 ano a partir do momento em que os representantes tomam
conhecimento do ato em causa.
b) Menor: tem 1 ano a partir de quando atinge a maioridade (18 anos) ou a partir da sua emancipação.
c) Herdeiros: têm 1 ano a partir da morte, desde que o eventual prazo anterior não tenha expirado.

Art. 126º C.C.:

▪ Se o menor mentiu (se se fez passar por maior ou emancipado) e os representantes legais pedirem a anulação,
sabendo da mentira, o juiz terá de fazer uma interpretação extensiva da lei (do art. 126º C.C.).

Maiores acompanhados: art. 138º C.C.

▪ Art. 143º C.C.


▪ Nº 1) – o acompanhante é escolhido pelo acompanhado ou pelo representante legal
▪ Nº 2) – Na falta de escolha:
a) Ao cônjuge não separado, judicialmente ou de facto.
b) Ao unido de facto.
c) A qualquer dos pais.
d) À pessoa designada pelos pais ou pela pessoa que exerça as responsabilidades parentais, em
testamento ou em documento autêntico ou autenticado.
e) Aos filhos maiores.
f) A qualquer dos avós.
g) À pessoa indicada pela instituição em que o acompanhado esteja integrado.
h) Ao mandatário a quem o acompanhado tenha conferido poderes de representação.
i) A outra pessoa idónea.
▪ Art. 139º C.C.
▪ O juiz tem de ouvir o maior acompanhado.
▪ Processo judicial.

Início do Termo do Registo da


processo processo sentença

Início do processo:

▪ Art. 141º C.C.- legitimidade para dar início ao processo.

Termo da sentença: art. 145º e 147º C.C.

▪ Quem vai ser o acompanhante?


▪ O que o acompanhado pode ou não fazer.
▪ O que o acompanhante pode fazer. – art. 147º, nº1, nº2 do C.C.

Art. 145º C.C.:

▪ Nº 1) - o acompanhamento limita-se ao necessário.


▪ Nº 2) – os acompanhantes podem exercer responsabilidades parentais.
▪ Nº 3) – para transmitir bens imóveis é necessária uma autorização prévia do tribunal.
▪ Nº 4) – tutela.

Art. 153º C.C.:

▪ Conhecimento público
▪ Diário da República- na II série- Tribunais

Art. 154º C.C.:

▪ Nº 1) – Registo da sentença
▪ Conservatória do registo civil ou averbamento.
▪ O ato só pode ser anulável depois do registo da sentença, depois de ser publicado em Diário da
República.
▪ Só são anuláveis, se forem atos prejudiciais ao acompanhado.
▪ Nº 2): o prazo (1 ano) para requerer a anulação só começa a contar após o registo da sentença.

Art. 287º, nº 1 C.C.

Atos anteriores ao início Regime de incapacidade


art. 154º, nº3 C.C.
do processo acidental
Tratando-se de atos praticados antes do início do processo, os mesmos só serão anuláveis caso se verifiquem dois
requisitos cumulativos:

1) É necessário que no momento da prática do ato haja uma incapacidade de entender o sentido da declaração
negocial ou falte o livre exercício da vontade.
Art. 257º C.C.
2) É necessário que o facto seja notório ou conhecido do declaratário.

Art. 149º C.C.: o acompanhamento cessa ou é modificado:

▪ Tem de haver sentença; Art. 143º, nº 2 C.C.


▪ As causas reduziram ou desapareceram.

Art. 155º C.C.: as medidas de acompanhamento devem ser revistas pelo tribunal uma vez decorrido o prazo afixado
na sentença e, no mínimo, pelo menos de 5 em 5 anos.

Negócios jurídicos:

São aos jurídicos constituídos por uma ou mais declarações de vontade dirigidas à realização de certos efeitos práticos
com intenção de os alcançar sob a tutela do direito, determinando um ordenamento jurídico, a produção de efeitos
jurídicos conformes à intenção pelo declarante ou declarantes.
Negócios jurídicos

Inconformidade entre a declaração e a vontade: os atos anuláveis.


Declaração
Intensão/Vontade
negociável

Verbal Escrita

Classificação dos negócios jurídicos:

a) Negócios jurídicos unilaterais: são atos jurídicos constituídos por uma declaração de vontade ou várias
declarações de vontade, mas paralelas, formando um só grupo.
▪ Testamento: é válido depois de feito; só produz efeitos após a morte.
▪ Art. 459º C.C.: promessa pública (Ex: a Joana promete 1000€ a quem encontrar o seu cão).
▪ Procuração: O Alexandre e a Ana têm problemas com o vizinho e vão pedir uma procuração. Apesar
de serem 2 vontades (a do Alexandre e da Ana), apontam no mesmo sentido.
▪ Art. 458º C.C.: promessa de cumprimento e reconhecimento de dívida.
▪ Renúncia à herança: art. 2208º, nº 1 e 2 do C.C.
b) Negócios jurídicos bilaterais: são aqueles em que há duas ou mais declarações de vontade de conteúdo
oposto, mas convergente, tendo em vista a produção de um resultado jurídico unitário, embora com um
significado diferente para cada uma das partes.
▪ Doação: doador (eu dou); donatário (eu aceito) - art. 940º C.C.
▪ Contrato de compra e venda: art. 874º C.C.
Proposta
▪ Contrato de trabalho: art. 1152º C.C. Contrato
Aceitação
▪ Contrato de mútuo: art. 1142º C.C.
Art. 224º C.C.: o contrato considera-se perfeito quando a resposta contendo a aceitação chega à esfera de ação do
proponente, ou seja, quando este passa a estar em considerações de conhecer a aceitação. – Cognoscibilidade.

A B
(envia o email com a venda de um bem (envia o email com a
proposta a resposta de aceitação
11/12/2020 a 14/12/2020

▪ O que conta é a data, contendo a aceitação, em que chega à esfera do proponente (Sr. A), 14/12/2020.
▪ O Sr. A só lei o email do Sr. B em 17/12/2020.
▪ Art. 228º C.C.- determinação da duração da proposta contratual.
▪ Art. 230º C.C.- não pode haver alteração do valor, a não ser que o Sr. B concorde com o valor alterado (O valor
que consta na proposta do Sr. A é 1000 €, contudo ele enganou-se e o valor do bem a vender é 1500€)

Contratos ou Bilaterais:

▪ Unilaterais: são aqueles que só geram obrigações para uma das partes.
▪ Contrato de doação- só o doador tem a obrigação (doar), o donatário tem um direito (aceitar).
▪ Bilaterais: são aqueles que geram obrigações para ambas as partes, obrigações essas ligadas entre si por um
nexo de causalidade ou de correspetividade.
▪ Contrato de compra e venda;
▪ Contrato de mútuo.
▪ Bilaterais imperfeitos: são aqueles que inicialmente há apenas obrigações para uma das partes, surgindo,
eventualmente, mais tarde, obrigações para a outra parte, em virtude do comprimento das primeiras.
▪ Art. 1185º C.C.- contrato de depósito.

António - deposita Pedro - guarda o


guardar o carro
o bem- depositante bem- depositário

▪ O Pedro tem a obrigação de guardar o carro até que o António lhe peça a restituição.
▪ Contudo, o António paga-lhe uma quantia por o Pedro lhe ter guardado o carro. - esta obrigação pode
ou não surgir.

Negócios Jurídicos:

▪ “Inter-vivos”: são aqueles que se destinam a produzir efeitos em vida das partes.
▪ “Mortis causa”: são aqueles que se destinam só a produzir efeitos após a morte da respetiva parte ou de
algumas delas.
▪ Testamento;
▪ Seguro de vida.
Negócios Jurídicos:

▪ Consensuais ou não solenes: são aqueles que podem ser celebrados por quaisquer meios declarativos aptos
a exteriorizar a vontade negocial, não estando sujeitos à forma escrita, ou seja, podem ser meramente
verbalizados.
▪ Art. 219º C.C.- princípio da consensualidade: em regra, os negócios jurídicos não estão sujeitos à
forma escrita, salvo nos casos especiais previstos na lei.
▪ Formais ou solenes: são aqueles para os quais a lei prevê a necessidade da observância da forma escrita.
▪ Precisam de um documento.

Documentos

c) Autênticos ou
b) Particulares
a) Particulares escrituras
autenticados
públicas

a) São aqueles que são realizados pelas próprias partes e que não carecem da certificação, reconhecimento ou
autenticação de qualquer entidade pública ou privada.
▪ Art. 1143º C.C.- contrato de mútuo de valor superior a 2500€ e igual ou inferior a 25000€.
▪ Art. 1069º C.C.- contrato de arrendamento.
▪ Art. 410º, nº 2 C.C.- contrato promessa- tem de ser feito por escrito.

A entrega do bem
acompanha o contrato,
Verbal
ou seja, a entrega tem
de ser imediata.
Art. 947º, nº2 C.C. Doação de coisas móveis
O contrato não é
Escrito acompanhado pela
entrega do bem.

b) Podem ser realizados pelas partes, mas carecem de autenticação por parte de advogados ou solicitadores.
c) São documentos exarados perante os notários.
▪ Exemplos de b) e c):
▪ Art. 875º C.C.- compra e venda de bens imóveis.
▪ Art. 1143º C.C.- contrato de mútuo (superior a 25000€).
▪ Art. 947º, nº 1, C.C.- doação de imóveis.

Art. 220º C.C.- é nulo o negócio jurídico cuja celebração não obedeça à forma legalmente prescrita. – ver art. 286º C.C.

Negócios jurídicos:

▪ Onerosos: são aqueles que pressupõem atribuições patrimoniais de ambas as partes, existindo, segundo a
perspetiva destas, um nexo de causalidade ou de correspetividade entre essas atribuições patrimoniais.
▪ Compra e venda.
▪ Contrato de trabalho.
▪ Art. 1145º C.C.- contrato de mútuo- pode ser oneroso ou gratuito. Em caso de dúvida é oneroso, ou
seja, exige o pagamento de juros.
▪ Gratuitos: são aqueles em que existe apenas atribuição patrimonial de uma das partes sem qualquer sacrifício
ou contrapartida da outra parte.

Em suma:

Onerosos Inter- vivos


Negócios Jurídicos
Gratuitos Mortis causa

Unilaterais Bilaterais ou
Consensuais ou Formais ou
contratos
não solenes solenes

Unilaterais Bilaterais
Bilaterais Documentos
imperfeitos

Particulares Particulares Autenticados ou


autenticados escrituras públicas

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