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Ginecologia
2023/2024
Índice
T1 – Malformações do Aparelho Genital Feminino ............................................................................................ 2
T2 – Puberdade, ciclo reproduCvo e menopausa ............................................................................................... 9
T3 – Contraceção .............................................................................................................................................. 22
T4 – Hemorragias Uterinas Anormais ............................................................................................................... 34
T5 – Algias Pélvicas em Ginecologia.................................................................................................................. 42
T6 – Amenorreia e Síndrome do Ovário PoliquísCco ........................................................................................ 50
T7 – Vulvovaginites, Cervicites e Doença Inflamatória Pélvica ......................................................................... 65
T8 – Infeção por HPV e Transformação Neoplásica........................................................................................... 79
T9 – Cancro do Colo do Útero ........................................................................................................................... 89
T10 – Cancro do Endométrio ............................................................................................................................ 95
T11 – InferClidade e Reprodução .................................................................................................................... 100
T12 – Tumores do Ovário ................................................................................................................................ 115
6ª
EMBRIOLOGIA DA GÓNADA
Estadio indiferenciado – 3ª a 6ª semana da vida fetal. IdênNco em ambos os sexos.
DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO
2ª SEMANA à ferNlização
EMBRIOLOGIA DA GÓNADA
SUG = seio
urogenital
Migração dos
canais de Müller
em direção ao SUG
20ª SEMANA
• IdenNficação da junção útero-tubar e da musculatura uterina
• Miométrio quase definiNvo; ovário completamente diferenciado, já com a quanNdade de células germinaNvas
primordiais que a mulher vai transportar toda a vida até à menopausa
40ª SEMANA à início da anteversão uterina; relações peritoneais e anatómicas idênFcas à do adulto
Durante a 9ª e 10ª SEMANAS, pode ocorrer ausência ou fusão incompleta dos Canais de Müller à úteros bicórneos ou
bicorpóreos, porque os Canais se vão desenvolver independentemente um do outro. Basically, a mulher terá 2 úteros
que funcionarão tão bem como 1 só.
Entre 11ª e 12ª SEMANAS, pode ocorrer ausência/paragem da reabsorção do septo intermülleriano à úteros septados.
Este acontecimento é muito mais grave, porque tem consequências obstétricas (abortos de repeNção, mortes fetais
precoces), pelo que é necessária intervenção cirúrgica.
Classificação ESHRE/ESGE
(European Society of Human Reproduc5on and Embriology/European Society of Gynecological Endoscopy)
Qualquer momento a mais na atuação do agente teratogénico pode originar uma malformação inteligente, daí que em
2013 tenha sido feita uma classificação que divide as malformações uterinas em 5 grupos. O grupo 0 é o útero normal.
Esta classificação foi importante para uniformizar as técnicas cirúrgicas dentro desses grupos.
Classes:
U1 – útero dismórfico
U2 – útero septado
U3 – útero bicorpóreo
U4 – hemi-útero
U5 – útero aplásico
U6 – útero não classificado
3. Laparoscopia – introduzimos óNca no umbigo e vamos ver o fundo dos hemiúteros, (neste caso é o direito com
um corno rudimentar à esquerda em cavidade fechada).
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4. Durante a menarca, a rapariga começa a menstruar. O hemiútero normal menstrua perfeitamente para a vagina.
Os hemiúteros rudimentares em cavidade fechada menstruam para a própria cavidade. Ao longo das
menstruações, a jovem começa a ter dismenorreia intensa, devido à acumulação excessiva mensal (acumulação
catamenial mensal).
Chama-se, então, hematometra à dismenorreia primária intensa, podendo exigir internamento por quadro de
ventre agudo (hemoperitoneu) ao fim dos primeiros meses após a menarca.
Como se resolve? Tem de ir para o bloco, reNra-se esse útero “doente” e fica com hemiútero normal.
5. Quando há 2 úteros que menstruam para 2 vaginas, podemos fazer uma histerossalpingografia, introduzindo o
produto de contraste na hemivagina e opacificamos o hemiútero direito, e depois fazemos o mesmo à esquerda.
Isto pode resultar numa gravidez gemelar com uma diferença mínima gestação, e pode resultar em gémeos de
raças diferentes se houver fecundação por pais de raças diferentes.
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ÚTEROS SEPTADOS
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1. Ecografia transvaginal 2D. É uma forma de fazer diagnósNco diferencial entre úteros bicórneos e úteros septados.
Temos apenas 1 útero.
Vemos 2 endométrios trilaminares, xpicos da fase peri-ovulatória da mulher. O endométrio hiperecogénico é da
2ª fase do ciclo, sob ação da progesterona.
Vemos fundo uterino único, de um útero único com um septo. É um útero que não está bem formado.
É a anomalia uterina mais frequente e surge pela não reabsorção do septo da linha média entre as 11 e 12 SEMANAS.
3. Ressonância magnéNca. É muito úNl em raparigas mais novas em que não conseguimos fazer ecografia
endovaginal (aka transvaginal) porque ainda têm hímen integro. A ecografia suprapúbica é muito pouco
informaNva, então faz-se RM.
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4. Para o diagnósNco, em vez de laparoscopia (em que vemos um fundo uterino normal, porque o problema está
dentro da cavidade uterina), fazemos histeroscopia que é uma endoscopia uterina. Vemos o início do septo e 2
hemiúteros de cada lado. Visualizamos a cavidade uterina sempre que suspeitamos de um útero septado.
Esta mulher até pode engravidar, se não Nver problema ovulatório, mas depois o ovo fecundado chega a esta zona, cresce
durante 1 ou 2 semanas, e depois não há ambiente para nidar perfeitamente e manter a viabilidade, acabando por
abortar. Outras complicações são: RCF (restrição de crescimento fetal) e malformações fetais (raro).
Como resolvemos?
5. Através da via histeroscópica, vamos com uma tesoura, ou outro instrumento (cada ginecologista uNliza a técnica
com que se sente mais confortável) e cortamos o septo, done J
A técnica chama-se Septotomia histeroscópica, em que o resultado é praNcamente sempre 100% sucesso.
MALFORMAÇÕES
Agentes teratogénicos que provocam não fusão dos canais de Muller na 9ª e 10ª SEMANAS à úteros bicorpóreos
Agentes teratogénicos que provocam não reabsorção do septo na 11ª e 12ª SEMANAS à úteros septados
Os úteros bicorporais raramente são responsáveis por inferNlidade, mas podem originar quadros graves de ventre agudo
e hemoperitoneu.
Os úteros septados são clinicamente silenciosos, mas frequentemente responsáveis por desfechos obstétricos
desfavoráveis, por exemplo abortamentos de repeNção.
EXAMES
Ø Ecografia endovaginal., parNcularmente 3D, permite uma forte suspeição de malformações uterinas e o formato
do fundo uterino permite o diagnósNco diferencial.
Ø Ressonância magnéFca é o exame preferencial (não invasivo) para a caraterização das malformações uterinas!
TRATAMENTO
Os úteros bicorporais são tratados por laparoscopia (no caso de hemi-útero cego e hemoperitoneu).
As malformações da vulva e do 1/3 inferior da vagina têm origem embriológica diferente e mais tardia.
PUBERDADE
Processo endócrino que consiste numa transição osica, emocional e sexual da infância para a idade adulta.
Processo gradual e com etapas bem definidas.
Desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários com aquisição de capacidade reproduNva.
Antes da puberdade, temos alguns pulsos de GnRH que é libertada pelo hipotálamo e atua na hipófise, para a libertação
das gonadotrofinas (FSH, LH) que atuam no ovário. São de baixa intensidade e irregulares.
A parNr da puberdade, essa produção de GnRH vai aNvar o eixo hipotálamo-hipófise-ovário para provocar a ovulação
todos os meses. A nível do ovário, à custa das gonodotrofinas, haverá produção de hormonas esteróides, fundamentais
para o ciclo reproduNvo e aparecimento de caracteres sexuais secundários.
Todo este processo da puberdade começa na adrenarca, que consiste na produção de androgénios pela supra-renal e
acontece aos 6-8 anos. Nesta altura, começa a aparecer algum Npo de pilosidade (púbica e axilar).
Tudo isto se explica pelo fluxograma de conversão de androgénios. Todas as hormonas esteroides derivam do colesterol
e, a nível da suprarrenal, há produção de desidroepiandosterona (DHEA), que depois é converNda em androstenediona
ou testosterona:
O aparecimento do botão mamário é o marco do início da puberdade, porque é um sinal osico +/- objeNvo que marca
esse início.
Curiosidade: desde o início do séc 20 até ao final do séc 20, a idade média da menarca encurtou cerca de 9 meses. Foi
considerado um marcador de evolução sócio-económico, daí os fatores ambientais também terem influência.
Por influência dos estrogénios produzidos pelo ovário e conversão dos androgénios, há proliferação do endométrio. Isto
ocorre 2,6 anos após o início da puberdade. Nesta fase, os estrogénios são responsáveis pelo encerramento das epífises
e há desaceleração do crescimento.
Numa fase inicial após a menarca, os ciclos menstruais são anovulatórios, ou seja, ciclos irregulares e abundantes. Ocorre
mais prolongadamente quanto mais tarde acontecer a menarca.
Hemorragias uterinas da puberdade – fluxos abundantes e irregulares em fases iniciais, resultante dos ciclos
anovulatórios por imaturidade do eixo HHO. Existem causas orgânicas e hematológicas, mas são mais raras.
Puberdade precoce
Mais comuns
O grande perigo da puberdade precoce é o encerramento precoce das placas epifisárias, que culmina com baixa estatura
na idade adulta, em relação ao previsto geneNcamente.
Tratamento
• Causas dependentes de GnRH: administrar fármacos agonistas da GnRH
• Causas independentes da GnRH: suprimir a esteroidogénese
Atraso pubertário
Pode haver caracteres sexuais secundários ausentes aos 13 anos ou ausência de menarca aos 15-16 anos ou 5 anos após
o início da telarca.
Atraso consFtucional
• 20% dos casos
• Variante do normal
• Tendência familiar
• Atraso na maturação sexual e baixa estatura
Síndrome de Kallmann
• Hipoplasia do trato olfaNvo e ausência de
secreção de GnRH pelos núcleos arcuatos
• Anósmia e ausência de desenvolvimento mamário
Ciclos regulares ovulatórios: 3º ano após a menarca à perimenopausa (ocorre a parNr dos 45 anos)
Fase folicular
Menstruação à pico LH que precede ovulação em 36h.
Folículo é recrutado no ciclo menstrual prévio
14 dias (variável).
Ovulação
30-36 horas após pico LH (14º dia).
Fase luteínica
Pico de LH à menstruação
14 dias (constante)
Eixo HHO
• Desenvolvimento ovocitário
• Ovulação
• Desenvolvimento endometrial
• Implantação embrionária
• Menstruação
GnRH
• Secreção pulsáNl (60 minutos a 4h)
• Hipófise anterior: sistema vascular portal
Existe, portanto:
• Retrocontrolo negaNvo FSH
• Retrocontrolo posiNvo LH
Muitos entram em atrésia. Para um folículo ovular, é necessário o contributo de vários que acabam por entrar em atrésia
para haver produção estrogénica suficiente para o retrocontrolo posiNvo.
As células da granulosa envolvem o ovócito e, posteriormente e perifericamente, surgem as células da teca. As células da
teca têm influência de LH para a produção de androgénios que, depois, são aromaNzados nas células da granulosa sob a
influência de FSH.
Fase proliferaFva
• Crescimento endometrial
• Espessamento do estroma
• Proliferação glandular
Fase secretora
• Progesterona promove diferenciação
endometrial
• Edema do estroma
• Enrolamento dos vasos sanguíneos
• Glândulas tortuosas e com secreções
SISTEMATIZANDO
Endocolo
• Estrogénios: secreção glandular de muco fino, claro e aquoso
• Máximo na ovulação
• Progesterona: reduz a produção muco
Mama
• Estrogénios: desenvolvimento pubertário
• Progesterona: alterações no ciclo reproduNvo, tensão mamária na fase luteínica
Vagina
• Estrogénios: crescimento do epitélio e maturação das células epiteliais superficiais
• Progesterona: secreções diminuem
STRAW
Stages of Reproduc5ve Aging Workshop (2001)
ReSTAGE recommendaFons
Passando a incluir:
• FSH
• Estradiol
• HAM
• Inibina B
• Sintomas
• FerNlidade
• Contagem de folículos antrais (CFA)
HAM = hormona anN-mulleriana. É produzida pelos pequenos folículos antrais e é constante. Quando temos diminuição
da reserva ovária, ela aparece diminuída de forma constante e sem influência do ciclo menstrual.
Exclusão:
• SOP (síndrome de ovário
poliquísNco)
• QT (agentes alquilantes)
• TMX
• Perda de massa gorda
• HIV/SIDA
• Doenças crónicas
Histerectomia ou ablação endometrial à torna-se diocil aplicar estas recomendações em mulheres que não menstruam:
• DH 3 meses após cirurgia
• RepeNr
MENOPAUSA
Climatério
Período de alterações da menopausa.
Sem influência:
• Idade da menarca
• Número de ovulações
• Gravidez
• Lactação
• ContraceNvos hormonais
• Raça
• Nível socioeconómico
• Peso
SINAIS E SINTOMAS
SINTOMAS VASOMOTORES
• Calores e afrontamentos 75% das mulheres.
• Etnias africanas (45%), chinesas (20,5%) e japonesas (17,6%)
• Influenciada do IMC
• Recorrentes, episódios transitórios
• Parte superior do tronco e face
• Por vezes arrepios
• Suores noturnos – perturbações do sono
• Encurtamento do sono
• Excluir patologia da Nróide, epilepsia, infeção ou uNlização de fármacos
• Resolução espontânea em 2-3 anos (mais de 10 anos)
• Sob TH: resolução em 3-6 semanas
Atrofia vulvovaginal
• Epitélio vaginal mais fino
• Secura vaginal
• Diminuição líbido e dispareunia
• SusceNbilidade do epitélio vaginal à irritação/infeção
Fatores de risco
• Antecedentes de fratura patológica
• IMC baixo
• Fármacos e doenças associadas a perda de massa óssea
• História familiar de fratura da anca
• Tabagismo
• Alcoolismo
• Artrite reumatoide
Abordagem na menopausa
A. Terapêu*ca hormonal
Indicações
• Sintomas vasomotores moderados a graves
• Atrofia vulvovaginal moderada a grave
• Tratamento do hiperestrogenismo devido a hipogonadismo, castração ou insuficiência ovárica prematura
• Prevenção da osteoporose
Seleção das mulheres
Contraindicações < 60 anos
• Hemorragia de causa desconhecida < 10 anos da menopausa
• Antecedentes ou suspeita de cancro da mama Sem contraindicação
• Tumor hormonodependente (c. da mama, meningioma) Sem ↑risco CV / cancro da mama
• Antecedentes ou TVP, TEP aNvas
• Antecedentes ou doença arterial TE aNva (ex: AVC, EAM)
• Reação alérgica ou angioedema ao fármaco
• Insuficiência ou doença hepáNca
• Trombofilias conhecidas (Défice proteína C, S e anN-trombina
• Gravidez
Precauções/Contraindicações relaNvas:
• Doença da vesícula biliar, diabetes
• Hipercalcémia, perda de visão, hipertrigliceridémia grave, icterícia colestáNca
• Elevado risco cardiovascular
Riscos e beneocios
Cardiovascular
Beneocios
• Função vascular
• Perfil lipídico
• Metabolismo da glicose (↓ diabetes de novo)
• Cardioproteção se iniciado <10 anos após menopausa
Riscos
• Tromboembolismo venoso
• (idade, IMC, trombofilias, cirurgias e imobilização)
OsteoarFcular
• ↓ todas as fraturas e a necessidade de cirurgias ortopédicas
Cancros
The Lancet 2019
• Não influencia o cancro do colo, ovário e pulmão
Metanálise
• ↓ cancro colorretal ↑ risco c. da mama com estroprogestaOvos
• Proteção endometrial com progestaNvo ↑ risco menor com estrogénios isolados
MODALIDADES TERAPÊUTICAS
1. Estrogénios isolados
Oral, transdérmico, percutâneo e vaginal
Via não oral
• Alteração fatores de coagulação
• HTA
• Hipertrigliceridémia
• Obesas
• Polimedicadas
Histerectomizadas ou sob sistema intrauterino com levonorgestrel (52 mg)
2. EstroprogestaFvos
Evitar a hiperplasia e carcinoma endometrial.
Histerectomizadas com antecedentes de endometriose.
ObjeFvos
• Alívio dos sintomas
• Restaurar e manter a função vaginal normal
Tratamento:
• Hidratantes e lubrificantes vaginais
• TerapêuNca hormonal: local e sistémica
• Moduladores seleNvos recetores estrogénios (SERMs): Ospemifeno
• Dehidroepiandrosterona (Prasterona) vaginal
• Laser vaginal
• Outros
T3 – Contraceção
Método contraceNvo ideal, que previne a gravidez com 100% eficácia e com 0 efeitos colaterais, NÃO EXISTE.
MÉTODOS NATURAIS
Estes métodos são altamente falíveis. A mulher tem de conhecer muito bem os seus ciclos.
Os fenómenos peri-ovulatórios são relaNvamente raros/dioceis de detetar.
TAXA DE INSUCESSO
Abs5nência sexual 0%
Coito interrompido >25%
Métodos baseados em sintomas >20%
Métodos baseados em calendário 10-25%
Métodos do calendário
O que se supõe (e que é mais confiável) é que entre o 8º e o 19º dia, a ferNlidade está no extremo.
Mas tudo depende da duração do ciclo, sendo que os interlúneos influenciam esta
contagem.
Método de billings
Filância e transparência do muco cervical na fase peri-ovulatória.
Coito interrompido
• Casais altamente moNvados e capazes de o uNlizar com eficácia.
• MoNvos religiosos ou filosóficos
• Coito não planeado sem possibilidade imediata de contraceção
• Relações sexuais muito esporádicas e fortuitas
• Método temporário (para iniciar um método contraceNvo hormonal ou não)
Métodos de barreira
• PreservaNvo masculino e feminino
• Diafragma/capa cervical
O diafragma é usado exclusivamente pela mulher e não existe à venda na Península Ibérica. É muito usado nos EUA.
Protege parcialmente contra DSTs.
Mecanismo de ação:
• Membrana dos espermatozoides – diminuem a tensão superficial, provocando um desequilíbrio osmóNco que
conduz à lise.
• Muco cervical – torna-se mais espesso, consNtuindo uma verdadeira barreira à progressão dos espermatozoides
• Taxa de insucesso > 30%
Pela baixa eficácia, os espermicidas devem ser associados a outros métodos de barreira.
CONTRACEÇÃO INTRA-UTERINA
Cobre ProgestaFvo
• Trompas (↓ moNlidade e contraNlidade) • Trompas (↓ moNlidade e contraNlidade)
• Endométrio (reação inflamatória) • Endométrio (atrofia)
• Espermatozoides (↓ moNlidade) • Muco cervical (↑ espessura)
EFEITOS SECUNDÁRIOS
DIU SIU-LNG
• Dismenorreia • Irregularidades menstruais
• Algias pélvicas • Amenorreia
• Menorragias • Quistos funcionais do ovário
Contraindicações DIU/SIU-LNG
• Gravidez!
• Pré-parto/pós-aborto
• Doença do trofoblasto gestacional
• DIP (doença inflamatória pélvica) aguda/infeções vulvo-vaginais e cervicites recidivantes
• Elevado risco para DST
• Miomas com distorção da cavidade endometrial (sub-mucosos)
• Anomalias uterinas anatómicas congénitas (malformações/hipotrofia uterina)
• Hemorragias uterinas anormais de causa desconhecida
• Cancro ginecológico (colo/endométrio)
• Trombocitopenia
• Diabetes descompensada/complicada
• Imunodepressão endógena/imunossupressores
Contraindicações ESPECÍFICAS
DIU SIU-LNG
• Doença de Wilson • Doença hepáNca aguda
• Alergia ao cobre • Tromboflebite, TEP
• Cancro da mama
Devemos eliminar possibilidade de ter patologia infeciosa do TGI (trato genital inferior), porque podemos causar
inferNlidade permanente, pelviperitonite com consequências graves ou até a morte.
CONTROLO
A senhora tem de vir a consulta no mês seguinte, após a menstruação, porque a menstruação poderá ser abundante e
provocar a movimentação do disposiNvo.
Durante esse tempo, deverá usar um método adicional contraceNvo (p.e. preservaNvo).
O controlo deve ser feito de 12 em 12 meses, durante 5 anos (ou 3 anos, no caso do SIU de 8 µg/dia).
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1. Podemos fazer uma ecografia transvaginal para confirmar o bom posicionamento do disposiNvo.
2. Se o disposiNvo não esNver perfeitamente bem colocado (está rodeado o espaço de endométrio livre para haver
fecundação e nidação do ovo), pode culminar numa gravidez.
CONTRACEÇÃO HORMONAL
Mecanismos de ação
1. Colo do útero – espessamento do muco cervical (progestaNvo)
2. Endométrio – atrofia endometrial (progestaNvo)
3. Trompas – redução da moNlidade tubar (progestaNvo)
4. Ovários – inibição da ovulação (estroprogestaNvo)
Ao final dos 3 anos, muitas vezes causa fibrose e, ou porque foi mal introduzido ou porque migrou no músculo, é
necessário levar para o bloco para o reNrar and that’s fucked up e a prof mostrou desagrado neste método.
CONTRACETIVOS ORAIS
As COC são as mais usadas. Dentro dessas, as monofásicas são as mais usadas.
As trifásicas estão reservadas para casos especiais.
RELEMBRANDO:
Se uma mulher Nver um ciclo menstrual normal e regular, é suposto pensar que a ovulação ocorre no 14º dia.
Os níveis estão baixos e constantes. Até pode haver recrutamento de alguns folículos, mas não há ovulação e o folículo
não cresce. Na segunda fase do ciclo não acontece nada.
Insucessos dos CO
• Interações medicamentosas
o Redução/anulação da eficácia dos CO
§ AnNconvulsivantes/anNpsicóNcos
§ AnNbióNcos
§ Sulfamidas
§ Laxantes
§ AnN-fúngicos
• Esquecimento da pílula
• Diarreia/vómitos
• Má-absorção intesNnal
A associação de vários fatores de risco para doença vascular obriga à suspensão imediata dos COC.
>35 anos + fumadora + diabetes + HTA + dislipidemia + trombofilia + COC = game over, ur dead
CH E DOENÇAS DA MAMA
Os contraceNvos hormonais estão contraindicados em mulheres com antecedentes de:
• Cancro da mama
• Mutações em genes de susceNbilidade para cancro da mama
• Lesões benignas proliferaNvas com aNpia
• Adenose esclerosante
• Fibroadenomas gigantes ou de crescimento rápido
• Tumores filoides benignos, borderline ou malignos
COC E PÓS-PARTO
Os contraceNvos orais combinados são permiNdos imediatamente após o parto quando a mulher não pretende (ou não
pode) amamentar e não apresenta evidência de risco aumentado para acidentes trombóNcos ou tromboembólicos.
Não tem contraindicações à mobilização precoce.
COC E AMAMENTAÇÃO
A uNlização de COC durante a amamentação é, ainda, controversa (segundo a prof, estão PROIBIDOS)
• Não existem evidências absolutas de efeitos secundários ou consequências para a saúde do RN, embora existam
suspeitas de efeitos sobre o SNC e o sistema hepatobiliar durante a infância.
• Existem meta-análises evidenciando o efeito negaNvo no tempo de amamentação e na qualidade do leite
materno
Mecanismo de ação:
• Efeito anN-gonadotrópico
• Efeitos periféricos
o Espessamento do muco cervical
o Atrofia endometrial
o Diminuição endometrial
o Diminuição da moNlidade tubar
Os progestaNvos sob a forma de SIU-LNG apenas deverão ser uNlizados 6 semanas após o parto vaginal/cesariana pelo
risco de sepsis e perfuração uterina, uma vez que até às 6 semanas, o útero ainda não adquiriu o seu tamanho normal.
Vantagens Inconvenientes
J Sem efeitos colaterais dos estrogénios L Hemorragias uterinas anormais/amenorreia
L Efeito anN-estrogénico
L Menor eficácia contraceNva
L Maior risco de cancro da mama (>40 anos, uso muito
prolongado)
Contraindicações
• Risco moderado/severo para DCV
o HTA
o TVP/TEP
o EAM/AVC
• LES/vasculite/eritema nodoso
• Doença hepatobiliar
• Diabetes descompensada
• HUA
• Doenças da mama
Antes da prescrição:
• Tensão arterial/membros inferiores
• Peso/IMC
• Exame ginecológico/teste HPV
• Exame mamário
VIGILÂNCIA
Consultas – 3 meses; 12/12 meses
Interrogatório – tolerância
Exame tsico – exame gineco com citologia do colo e exame mamário, TA, peso, insuficiência venosa dos MI
Exames laboratoriais – hemograma com plaquetas, glicémia e ficha lipídica
CONTRACEÇÃO DE EMERGÊNCIA
Indicação:
• Relação sexual em período férNl na ausência de contraceção
• Falha no método contraceNvo
• Violação
DIU de cobre
Mecanismos de ação
• Inibição ou atraso da ovulação
• Inibição da implantação por alteração do endométrio
• Inibição da fecundação/transporte dos gâmetas
• Regressão do corpo amarelo
Pode ser adquirida gratuitamente na consulta de planeamento familiar, venda livre nas farmácias a baixo custo.
É recomendável a vigilância ginecológica após a uNlização da CE.
CONTRACEÇÃO IRREVERSÍVEL
Esterilização feminina
Esterilização feminina:
Esterilização masculina
Vasectomia – consiste na laqueação dos canais deferentes sob anestesia local, sedação ou anestesia geral
Taxa de insucesso: 0.2-2%
Terminologia
Menorragias são menstruações muito abundantes e/ou muito prolongadas. Só existem em idade fértil!
Metrorragias são hemorragias anormais que surgem fora da menstruação. Podem surgir em qualquer altura do ciclo,
inclusive em período férNl ou após menopausa.
• Idade fértil – em qualquer altura do ciclo, entre as menstruações, de duração e quantidade variável, podendo
ser orgânicas ou fisiológicas
• Antes da menarca (hemorragias uterinas da puberdade / metrorragias da puberdade) geralmente hemorragias
não orgânicas (funcionais / hormonais +++)
• Após a menopausa (hemorragias uterinas da pós-menopausa / metrorragias pós-menopausa) geralmente
hemorragias orgânicas (atrofia / tumores +++)
Por vezes, em idade férNl, as menorragias ou metrorragias são tão abundantes, que se transformam em
menometrorragias.
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1. Hemorragia do colo do útero – cancro do colo
2. Hemorragia da vulva – cancro ulcerado
3. Hemorragia da vulva – carúncula uretral
Palm Coein
Hipertensão arterial – doentes hipertensas têm, como primeira manifestação clínica, uma hemorragia uterina anormal.
CAUSAS HORMONAIS
OLIGO-OVULAÇÃO/ANOVULAÇÃO
Ciclos anovulatórios.
INSUFICIÊNCIA LUTEÍNICA
Ciclos ovulatórios.
1. Insuficiência luteínica por regressão precoce do corpo lúteo (antes de 13-14 dias)
2. Hemorragias cíclicas (menstruação) com ciclos muito curtos (<23 dias)
HEMORRAGIA PERI-OVULATÓRIA
Ciclos ovulatórios.
ProgestaFvos cíclicos (acetato de medroxiprogesterona) na segunda fase do ciclo (10 a 14 dias) – hemorragia menstrual
surge após 7-10.
Estrogénios em doses elevadas (3 dias) + ácido tranexâmico – controlo de hemorragias muito abundantes em fase aguda
(metrorragias da puberdade +++)
Sistema intra-uterino de levonorgestrel (52 mg) – hemorragia menstrual cíclica pouco abundante, oligomenorreia ou
amenorreia, durante 5 anos.
CAUSAS ESTRUTURAIS
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MIOMAS UTERINOS
CLÍNICA
• AssintomáNcos (50%)
• HUA:
o Hemorragias acíclicas/metrorragias (miomas submucosos ++)
o Hemorragias cíclicas/menorragias (miomas intersNciais ++)
o Hemorragias cíclicas + acíclicas/menometrorragias
• InferNlidade
• Desconforto abdominal/algias pélvicas
• Perturbações urinárias/intesNnais
DIAGNÓSTICO
• Ecografia transvaginal ou supra-púbica (apenas em virgens ou com CI
para a transvaginal)
• Histeroscopia (submucosos)
• RM pélvica
ADENOMIOSE
CLÍNICA
• HUA
o Hemorragia cíclica/menorragias (+++)
o Menstruações muito abundantes e/ou muito prolongadas
• Dismenorreia secundária ou primária agravada
• Útero globoso, aumentado de volume
• Algias pélvicas crónicas
• Distensão abdominal
• Anemia
DIAGNÓSTICO
Atenção tho: o diagnósCco
• Ecografia transvaginal
• RM pélvica
definiCvo é retrospeCvo
TRATAMENTO da Adenomiose
• Sistema intra-uterino de libertação lenta de levonorgestrel NOTA:
• Histerectomia total NÃO HÁ BIÓPSIAS DO MIOMÉTRIO!!
• Salpingectomia bilateral também pode ser considerada
PÓLIPOS/HIPERPLASIA
CLÍNICA
• HUA
o Hemorragias acíclicas/metrorragias
o Hemorragias cíclicas/menorragias (idade férNl)
o Hemorragias cíclicas + acíclicas/menometrorragias (idade férNl)
o Coitorragias (pólipo pediculado)
DIAGNÓSTICO
• Ecografia transvaginal
• Histerossonografia
• Histeroscopia (faz diagnósNco)
• Biópsia (guiada por histeroscopia)
1 2
1. Hiperplasia em idade jovem, com endométrio fofinho com ondulações, que sofreu muita aNvidade
proliferaNva.
2. Zonas de transformação maligna em endométrio claramente “mais perigoso”.
ATROFIA ENDOMETRIAL
CLÍNICA
• HUA
o Hemorragias uterinas pós-menopausa/metrorragias
pós-menopausa (MPM)
• Secura das mucosas uro-genitais
• Prurido/ardor/desconforto vulvar
• Dispareunia vulvo-vaginal
• Coitorragias
• InconNnência urinária
DIAGNÓSTICO
• Ecografia transvaginal
Mulher na pós-menopausa tardia + hemorragia uterina anormal + endométrio < 4mm = atrofia endometrial
CANCRO DO ENDOMÉTRIO
CLíNICA
• Metrorragias pós-menopausa (~90%) 1
o Corrimento Npo “água de lavar carne” (+++)
• Aumento do volume uterino ao toque vaginal (70-80%)
• Dor pélvica (30%)
• Distensão abdominal
• Formação polipoide do colo (10%)
• Metrorragias na pré-menopausa (<10%)
DIAGNÓSTICO
• Ecografia transvaginal (com Doppler a cores +++)
• Histeroscopia com biópsias(s) dirigida(s)
• RM abdominal e pélvica
1. Endométrio irregular. Parede posterior espessada e irregular mas que se mantem na sua localização com
preservação do endométrio. Parede anterior com crescimento do tumor que provavelmente se desenvolveu a
parNr de uma zona de hiperplasia do pólipo.
2. Situação mais grave. Parede anterior do útero, carcinoma já ultrapassou endométrio, já invadiu miométrio e está
quase na serosa. Nesta situação, vai formar carcinomatose peritoneal em que o prognósNco é péssimo. Está
perto de invadir a bexiga.
Oligo-ovulação/anovulação
• Perturbações da hemóstase
• HemolinfopaNas
• Medicação/hormonas exógenas
• Tumores do ovário produtores de estrogénio ESTUDO DA DOENTE COM HUA
5. TerapêuFca
Outras
Causal, após estudo adequado à determinação da eNologia
• Iatrogénica (doentes polimedicadas!)
• Doenças sistémicas
Dor localizada nos quadrantes inferiores do abdómen (infra-umbilical) com duração superior a 6 meses e com intensidade
suficiente para causar incapacidade funcional e/ou exigir tratamento médico ou cirúrgico.
Ø Dismenorreia: dor pré, trans o pós-menstrual ou associação de 2 ou 3 destas. Intensidade ligeira, moderada,
intensa ou muito intensa (incapacitante)
o Dismenorreia primária – idiopáNca (provável excesso de PGF2alfa)
o Dismenorreia secundária – causa clínica (estrutural) idenNficada
ETIOLOGIA
HISTÓRIA CLÍNICA
Exame objeNvo
• Geral
• Abdominal
• Ginecológico: inspeção dos genitais externos, exame ao espéculo, toque bimanual, exame retal ou reto-vaginal.
DIAGNÓSTICO
Ecografia transvaginal
• Acessível, inócuo, indolor, não invasivo, não necessita de preparação.
• Fácil execução e resultados imediatos.
• IdenNficação rápida de massas pélvicas não detetáveis ao toque.
• Caracterização das massas pélvicas – ecogenicidade (sólidas / líquidas / mistas), dimensões, origem e localização,
limites, vascularização (Doppler).
• IdenNficação de derrame pélvico / ascite.
• Suspeição de malignidade.
Imagens de laparoscopia
diagnósNca. Vemos
miomas que crescem na
serosa para fora do útero e
podem provocar
compressão de estruturas
adjacentes.
TRATAMENTO
Dor súbita, de instalação rápida, geralmente de elevada intensidade, duração variável, podendo regredir de forma
espontânea ou necessitar de tratamento imediato e que pode ser acompanhada de:
• Mecanismos reflexos nocicepNvos: cardíacos, vasculares, nervosos, respiratórios
• Sinais inflamatórios e/ou infeciosos: febre, leucocitose, elevação de PCR e VS
• Estado de pré-choque ou choque
ETIOLOGIA
História clínica
Caracterização da dor à data da úlNma menstruação!!
Exame Tsico
Avaliar parâmetros vitais e eventuais sinais de pré-choque.
Exame ginecológico
Efetuar sempre que possível.
DIAGNÓSTICO
• Análises ao sangue (hemograma, bioquímica, PCR, beta-HCG)
• Exame rápido de urina (Combur Test, TIG)
• Ecografia transvaginal
• Laparoscopia
• Outros: ECG-angio-TC, RM, Rx abdómen e pélvico
TRATAMENTO
Tratamento imediato de complicações infeciosas/hemorragia.
Tratamento dirigido ao fator causal
• Médico
• Cirúrgico
• Combinado
ENDOMETRIOSE
Endometriose é uma doença (Npicamente) da adolescência e mulheres em idade reproduNva caraterizada pela presença
de mucosa endometrial normal (glândulas e estroma) fora da cavidade uterina. Este endométrio ectópico é
funcionalmente semelhante ao endométrio eutópico e igualmente responsivo às hormonas ováricas.
Esta doença acompanha-se, geralmente, de dor pélvica crónica cíclica (dismenorreia) e, em fases mais avançadas da
doença, acíclica e pode ser causa de inferNlidade. Pode ser assintomáNca.
Localização:
• Peritoneal superficial
• Peritoneal profunda
• Ovárica (adenomiose)
• Miométrio (adenomiose)
• Extra-peritoneal
ETIOPATOGENIA à DESCONHECIDA
No estado atual do conhecimento, apenas uma causa mulNfatorial pode explicar todos os Npos de endometriose.
Teoria da menstruação retrógrada à mais frequente em jovens com menstruações muito abundantes (geralmente
nulíparas), existe algum grau de estenose do oriocio externo do colo, o útero enche-se de sangue à medida que menstrua.
O sangue não é escoado o suficiente, então sofre refluxo através das trompas. O refluxo arrasta endométrio (estroma e
glândulas) que são lançados na cavidade peritoneal e este endométrio cola em determinadas superocies (porque é que
cola na trompa e não no ovário? We don’t know).
SINAIS E SINTOMAS
• AssintomáNcas (30%)
• Dismenorreia (60%)
• Dor pélvica crónica (57%)
• Dispareunia profunda (40%)
o Disquesia (dificuldade em evacuar)
o Disúria
o Dor abdominal/lombar
o Dor inguinal
o Dor pélvica com o exercício osico
o Menstruações abundantes
o Diarreia/obsNpação
o Náuseas e vómitos
o Polaquiúria
EXAME FÍSICO
• Inspeção – nódulos azulados ou avermelhados no colo do útero ou FS (fundos de saco vaginais).
• Palpação bimanual – útero em retroversão, fixo, doloroso à mobilização, massa anexial uni ou bilateral, dolorosa
(endometrioma).
• Palpação da parede posterior da vagina – tensão e modularidade dos LUS (ligamentos útero-sagrados).
• Toque retal e vaginal – espessamento do espaço reto-vaginal, nodular e doloroso.
Podem exisNr sinais osicos sugesNvos de endometriose extra-pélvica a nível abdominal superior, pleuro-pulmonar,
pericárdio, vaginal ou em cicatrizes abdominais ou do períneo.
Laparoscopia meio de dx mais adequado e é o único que pode dar dx definiNvo. O achado clínico mais
comum na endometriose
à sensibilidade 97% e especificade de 77%
é um desconforto pélvico
inespecífico
Em laparoscopia são encontradas alterações em variadas localizações:
• Fundo de saco posterior
• Ovários
• Ligamento largo
• Ligamentos útero-sagrados
• Serosa do reto sigmoide
• Bexiga
• Porção distal do ureter
• Peritoneu parietal
DIAGNÓSTICO DEFINITIVO
A demonstração de tecido endometrial (glândulas e estroma) em fragmentos de biópsia obNdos fora da cavidade uterina
é necessária para o diagnósNco definiNvo de endometriose.
LAPAROSCOPIA – nódulos de endometriose, aderências entre várias estruturas pélvicas, alteração da arquitetura pélvica,
fenómenos de hipervascularização e inflamatórios marcados.
Os focos de endometriose pélvicos respondem às hormonas sistémicas tal como o endométrio eutópico e “menstruam”
para a cavidade abdominal, provocando derrame de sangue (hemoperitoneu), parNcularmente no FSD (FS Douglas).
1. Laparoscopia onde vemos fundo uterino muito inflamado, com vascularização intensa, aderências firmes
aderentes à parede posterior da bexiga e um derrame Npo chocolate (sangue escuro, velho).
Orientação médica
Dado que a endometriose aNva depende da produção cíclica de hormonas ováricas, o bloqueio das mesmas é considerado
o suporte do tratamento médico da endometriose (atrofia do tecido endometrial).
Nas mulheres que estão a tentar engravidar, a medroxiprogesterona oral diária (em conxnuo) é uma opção a considerar,
dado que não tem efeito contraceNvo, embora com eficácia reduzida na dor.
Orientação cirúrgica
O tratamento cirúrgico da endometriose pode ser necessário ab ini5o ou na ausência de eficácia do tratamento médico.
Orientação na inferGlidade
O tratamento da inferNlidade como consequência da endometriose pode obrigar ao recurso de técnicas de reprodução
assisNda:
• FIV – ferNlização in vitro
• ICSI – microinjeção intracitoplasmáNca de espermatozoide
Malignização de endometriomas
ADENOMIOSE
É uma forma de endometriose caracterizada pela presença de glândulas e estroma endometrial no seio do miométrio
(endometriose “uterina” ou “interna”). Este endométrio intra-miometrial é igualmente responsivo às hormonas ováricas.
Esta doença surge, geralmente, em mulheres mais velhas do que as doentes com endometriose acima dos 35 anos, e é
parNcularmente frequente nas mulxparas.
Temos ilhas de endométrio a sangrar dentro do músculo liso do miométrio. Assumem uma estrutura nodular (em vez de
dispersas no miométrio, estão agrupadas).
FATORES DE RISCO
• MulNparidade
• Abortamentos espontâneos induzidos
• Endometriose
• Curetagem endometrial
• Cirurgias intra-uterinas
• Parto prematuro
SINAIS E SINTOMAS
• Dismenorreia
• Menorragias
• Distensão abdominal pré-menstrual
• Dor pélvica crónica com exacerbação pré-menstrual
• Sintomas de compressão de órgãos adjacentes (bexiga, intesNno)
EXAME GINECOLÓGICO
• Inspeção – normal
• Palpação bimanual – útero em anteversão fisiológica e indolor, que
se torna mais volumoso e amolecido, quando em fase pré-
menstrual (útero “em harmónio”)
Quando não acompanhada de endometriose pélvica, não existem outros sinais detetáveis ao exame osico.
DIAGNÓSTICO
Os exames imagiológicos são importantes no estabelecimento do diagnósNco, embora a clínica seja da maior importância.
• Ecografia transvaginal +++
• RM pélvica – diagnósNco diferencial
1 2
1. Ecografia onde vemos parede posterior do útero muito mais espessa que a anterior (cerca do triplo).
Várias zonas quísNcas (as zonas que sangram dentro do miométrio), rodeadas pelo verdadeiro endométrio.
Estrias xpicas por todo o miométrio até à serosa.
DiagnósGco definiGvo
É sempre retrospeNvo dado necessitar de confirmação histológica na peça de histerectomia (útero).
• InferNlidade
• Anemia crónica
AMENORREIA
DEFINIÇÃO
Ausência ou cessação anómala de menstruação.
Ausência de menstruação
durante um intervalo de 3
ciclos ou 6 meses, em mulher
que já menstruou
previamente
FISIOPATOLOGIA
1. Hipotálamo tem de estar funcionante e produzir GnRH (hormona libertadora das gonadotrofinas).
2. GnRH atua sobre a hipófise.
3. Hipófise produz FSH e LH (gonadotrofinas). FSH é a hormona esNmuladora dos folículos. LH é a hormona
luteinizante. Ambas atuam nos ovários.
4. Ovários produzem estrogénios e progesterona.
5. Estrogénios e progesterona atuam no útero e vagina.
6. Ocorre menstruação.
Amenorreia eugonadotrófica - vai menstruar, mas os níveis de gonadotrofinas não estão muito normais.
Ø Isto significa que o defeito é a nível do útero e vagina ou glândulas endócrinas (Nroide ou suprarrenal).
Resumindo:
DIAGNÓSTICO
História clínica
• Padrão menstrual (regularidade, duração, fluxo...)
• Sintomas associados
o Hiperandroginismo (acne, hirsuNsmo, alopecia), virilização
o Sintomas vasomotores, secura vaginal
o Alteração da visão, cefaleia, galactorreia, alteração de peso, astenia, dor pélvica cíclica
• Medicação habitual, contraceção
• Antecedentes
o Médicos: doença sistémica (DM, DRC, DII, TB), RT, QT, infeções, stress, aNvidade osica, anorexia nervosa,
traumaNsmo, doença Nroideia
o Cirúrgicos: instrumentação uterina, cirurgia anexial
• História familiar (IOP, doença AI, morte neonatal, atraso cogniNvo)
Exame objeGvo
• Exame geral
o Peso, altura, IMC (<17,5 kg/m2 ou >30kg/m2), TA
o Acne, hirsuNsmo, acantose nigricans, alopécia
o Estrias abdominais, adiposidade supraclavicular, HTA
• Caracteres sexuais secundários (Estadio de Tanner)
• Exame mamário (Estadio de Tanner, galactorreia)
• Exame ginecológico: sinais de virilização, baixa impregnação estrogénica, estenose/agenesia vaginal/cervical,
ambiguidade genital
• Palpação abdominal, Nroide
• Exame neurológico sumário
Exames complementares
• Excluir gravidez (beta-HCG)
• FSH, LH (N = 5-20 IU/L)
• Estradiol sérico (E2 – N > 40 pg/mL)
• ProlacNna (25ng/mL), TSH
• Androgénios (testosterona livre e total, androstenediona, DHEA-S, 17-HO-progesterona)
• Ecografia transvaginal
• Prova progesterónica (se suspeita de anovulação: 10-14d medroxiprogesterona PO à hemorragia confirma
anatomia, endométrio e estrogénio N)
CLASSIFICAÇÃO
Classificação clássica:
• Erros de diagnósNco eNológico
• Sem valor prognósNco
Classificação eFológica:
• Tem maior interesse práNco
CLASSIFICAÇÃO CLÁSSICA
As amenorreias primárias mais frequentes são:
• Atraso pubertário consNtucional
• Disgenesia gonadal
• Agenesia mülleriana
Pode surgir numa fase mais tardia da vida da mulher, ou numa fase mais precoce (ainda antes da primeira menstruação).
CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA
Ø Causas anatómicas
Obstrução do trato genital
Amenorreia primária + caracteres sexuais secundários normais + dor pélvica cíclica.
CONGÉNITAS ADQUIRIDAS
• Agenesia mülleriana • Sinequias intrauterinas
(parcial ou total) (Síndrome de Asherman)
• Septo vaginal transverso • Estenose do colo uterino
• Atresia cervical
• Hímen imperfurado
APANHADO:
Agenesia mülleriana significava que as estruturas inseridas na caixa a picotado da imagem acima não exisNam.
A mulher não teria trompas, útero e parte da vagina (1).
15% das mulheres com amenorreia primária têm agenesia mülleriana.
Sinéquias intrauterinas são bandas fibróNcas na sequência de traumaNsmos (ex: procedimentos cirúrgicos, cesariana,
histeroscopia cirúrgica, infeção como tuberculose), que fazem com que a menstruação não ocorra (2).
Também conhecida como Síndrome de Asherman, é caracterizada por dismenorreia, hipomenorreia, inferNlidade,
abortamentos de repeNção. Na ecografia, vemos endométrio fino, hiperecogénico e irregular. As aderências impedem a
distensão da cavidade endometrial.
TerapêuGca: adesiólise por histeroscopia, mas há risco de recorrência significaNvo.
Uma estenose no canal cervical (3) é uma complicação rara de EZT/terapêuNca ablaNva
cervical/curetagem/infeção/neoplasia. Dismenorreia agravada, spo•ng pós-menstrual, hematometra à ecografia.
TerapêuGca: dilatação cervical.
Um septo vaginal transverso (4) na vagina, também impede que a menstruação seja exteriorizada, pelo que se acumula
acima.
Num hímen imperfurado (5) também se verifica que o sangue é produzido, mas não exteriorizado.
Atualmente está em estudo a possibilidade de transplante uterino, mas no nosso país ainda não é feito.
Os indivíduos produzem androgénios, mas há um defeito nos recetores (a tal insensibilidade), havendo desenvolvimento
como se fossem do sexo feminino.
Défice de 5-alfa-reductase
Incapacidade de converter testosterona em di-hidrotestosterona (mais potente).
CarióNpo 46,XY; gónadas masculinas + ambiguidade genital + desenvolvimento pubertário masculino N.
Hímen imperfurado
• Associado a hematocolpos (sangue reNdo na vagina), hematometra (sangue reNdo
no útero) e/ou hematossalpinge (sangue reNdo nas trompas)
• Podem originar dor pélvica/abdominal cíclica
Ø Causas hormonais/endocrinológicas
Uma das causas mais comuns de amenorreia secundária.
Disfunção da secreção de GnRH à foliculogénese compromeNda, anovulação crónica.
HIPOGONADISMO HIPOGONADOTROFICO
CONGÉNITO
• Síndrome de Kallmann
o Defeito na migração neuronal a nível olfaNvo e da GnRH
o Associado a atraso no desenvolvimento pubertário, anósmia e outras anomalias (fenda do palato,
agenesia renal unilateral, ataxia cerebelar, epilepsia, surdez neurossensorial, sindacNlia)
• IdiopáNco
o Atraso pubertário consFtucional
o Processo fisiológico
o Atraso pubertário global (menarca, telarca, pubarca)
o 14% das amenorreias primárias
• Hipoplasia da hipófise
ADQUIRIDO
• Doenças crónicas
o Doença renal crónica terminal
o Doença hepáNca
o Cancro
o Síndromes de mal-absorção
o SIDA
CONGÉNITO
Disgenesia gonadal
Ø Normal à agenesia gonadal pura (fenóNpo feminino, estatura normal, atraso na maturação sexual);
o 46, XX (pequenos fragmentos de cromossoma Y no genoma; outras mutações que levam a IOP);
o 46, XY (síndrome de Swyer) – mutação gene SRY (10-20%), SOX9, DAX1, WT-1, SF1, diminuição de
androgénios e HAM, gónadas não funcionantes em fita; amenorreia primária + atraso pubertário +
pubarca presente; genitais femininos + úteros e vagina presentes.
TerapêuGca:
• Acompanhamento psicológico
• Gonadectomia se cromossoma Y (prevenção do gonadoblastoma)
• Indução pubertária à TH com EP cíclico (promover desenvolvimento de caracteres sexuais secundários, pico de
crescimento e DMO
ADQUIRIDO
• Infeção
• Autoimune (responsáveis por 40% dos casos de IOP)
• Iatrogénico
o Cirúrgica (ooforectomia
o Radioterapia pélvica Preservação prévia da ferClidade!
o Quimioterapia
• IdiopáNco
CLÍNICA
o Oligomenorreia ou amenorreia
o Hiperandroginismo (acne, hirsuNsmo, alopécia) Aumento da produção ovárica de
o Insulinorresistência androgénios e estrogénios (LH)
o Obesidade (mas 20-30% IMC normal) Disfunção do desenvolvimento folicular
o InferNlidade à anovulação
Complicações
• InferNlidade (causa ovárica, anovulatória)
• Hiperplasia (carcinoma do endométrio (esNmulação estogénica prolongada não contrabalançada pela
progesterona; risco > se amenorreia prolongada não tratada, maior IMC, DM Npo 2, espessamento endometrial
persistente)
• Anomalias do metabolismo da glicose (DM2)
• Risco CV – HTA, SAOS, mortalidade CV
• Ansiedade, depressão, perturbações do comportamento alimentar
• Distúrbios de auto-imagem, auto-esNma, função sexual e qualidade de vida
• Síndrome de hiperesNmulação ovárica (se indução da ovulação)
HirsuFsmo
• Depilação mecânica, laser
• CHC
• AnNandrogénicos: espironolactona, ciproterona, finasteride (2ª linha)
InferFlidade
• Indução da ovulação: letrozol (1ª linha)/citrato de clomifeno/me–ormina; gonodotrofinas exógenas (2ª linha)
• Drilling ovárico (se resistência à terapêuNca médica)
• FIV/ICSI (2ª linha)
Insulinorresistência
Me–ormina se IMC ≥ 25kg/m2
Síndrome metabólico
• AnN-hipertensores, terapêuNca de diabetes, dislipidemia, terapêuNca SAOS
• Vigilância do perfil lipídico (col T, HDL, LDL, Tg), glicémia/PTGO/HbA1c, TA
• Psicoterapia/terapêuNca psiquiátrica
Tumores ováricos
• Tumores das células da granulosa Pode provocar amenorreia se forem tumores
• Tumores das células da Teca ováricos secretores de estrogénios ou androgénios
• Teratomas quísNcos maduros
CLÍNICA
• Puberdade precoce
• Amenorreia secundária Crianças/adolescentes
• Dor/distensão abdominal
• Irregularidades menstruais
Adultos
• HirsuNsmo/virilização
Ecografia
• Massa anexial (com aspecto variável)
• Espessamento endometrial
Hiperprolac*nemia
Uma das causas mais comuns de amenorreia secundária.
Disrupção da secreção pulsáNl de GnRH.
Disfunção ovulatória, galactorreia (25%), redução da densidade mineral óssea
• Aumento da prolacNna
• LH e FSH: normal ou reduzidas
CLÍNICA
• Amenorreia
• Galactorreia
• Sintomas neurológicos (cefaleias, alteração de campimetria)
ETIOLOGIA
TERAPÊUTICA
• Agonistas dopaminérgicos (cabergolina, bromocripNna)
• Ponderar desconNnuar fármaco causador
• Tratamento da causa, CH/TH, progestaNvo cíclico
Prolac*noma
Até 30% das amenorreias secundárias.
Elevação da PRL à inibição da secreção pulsáNl de GnRH à anovulação
HiperprolacNnemia proporcional ao tamanho do adenoma.
TERAPÊUTICA
• Agonistas dopaminérgicos (++) – cabergolina, bromocripNna
• CHC, indução da ovulação
• Cirurgia transfenoidal (-), RT (-)
Patologia da *róide
Hipo/hiperNroidismo associado a anovulação crónica e amenorreia
Geralmente outros sintomas associados.
Galactorreia possível (hiperprolacNnemia secundária a hipoNroidismo.
Avaliação TSH, T4L, T3
IdenNficação e terapêuNca simples à normalização da função ovárica.
Ausência da
↓ hormonas pulsaNlidade
Nroideias ↑ TRH ↑ prolacNna ↑ dopamina Amenorreia
GnRH
ETIOLOGIA:
• Anomalias cromossómicas (45,X0, mosaico X, disgenesia 46,XY/XX…) RT, QT, cirurgia IdiopáNca (até 90%)
• Pré-mutação X frágil (gene FMR1) Galactosémia Causas genéNcas raras (Déf.
• Doenças autoimunes (SR, DM1, Nroidite, miastenia, Sd poliendócrino) aromatase, mut. LH/FSH,…)
TERAPÊUTICA
• TH/CHC (até idade média da menopausa) + aconselhamento psicológico +/- genéNco
• Terap. osteoporose, cálcio e vitamina D
• Prevenção doença CV, medidas de esNlo de vida, cessação tabágica
• Doação de ovócitos
ORIENTAÇÃO TERAPÊUTICA
Amenorreia primária
• Disgenesia gonadal (h. hipergonadotrófico)
• Agenesia mülleriana (eugonadotrófica)
• Atraso pubertário consNtucional (h. hipogonadotrófico)
Amenorreia secundária
• Síndrome ovário poliquísNco (eugonadotrófico)
• HiperprolacNnemia (eu/hipogonadotrófico)
• Amenorreia hipotalâmica funcional (h. hipogonadotrófico)
• Insuficiência ovárica prematura (h.hipergonadotrófico)
Os lactobacillus devem exisNr no trato genital inferior das mulheres para acidificar o pH, já que são os guardiões contra a
entrada de microorganismos.
Idade férFl – presença constante de lactobacillus que defendem a infeção por anaeróbios (maior colonização após a
menstruação) e fungos (maior colonização antes da menstruação)
• Espessura da mucosa vulvo-vaginal
• Conteúdo em glicogénio
Menopausa - diminuição da concentração de lactobacillus que facilita a infeção por anaeróbios (Escherichia coli, flora
fecal polomicrobiana) e fungos (Candida albicans).
• Atrofia das células epiteliais das mucosas
• Diminuição da espessura da mucosa vulvo-vaginal
Mulheres não devem usar sistemaNcamente os pensos diários, nem produtos de higiene inNma daqueles que parecem
mUiTo BoNs aNd sHiT porque vão facilitar a colonização por bactérias, diminui a produção de ácido láNco (porque diminui
a concentração de lactobacillus e alteram o pH das mucosas).
CANDIDÍASE
INCIDÊNCIA
• 70% das mulheres ao longo da vida NÃO é infeção de transmissão sexual!
• 40-45% das mulheres têm mais de 2 infeções ao longo da vida
• 40% na gravidez
FATORES DE RISCO
• DM
• Gravidez
• AB
• CorNcoterapia
• Imunossupressores
• ContraceNvos orais/anel vaginal
CLÍNICA
• Corrimento branco, grumoso e espesso, Npo “requeijão”, inodoro
• Placas aderentes às paredes vaginais, eritema e edema das mucosas
• Fissuras vulvares
• Prurido acentuado vulvar e/ou vaginal; irritação vulvar
• Dispareunia
DIAGNÓSTICO
Clínica +++ devemos suspeitar imediatamente se o corrimento
vaginal for branco Npo “requeijão”.
Em 99% das vezes, a aparência do corrimento e o prurido das
mucosas é o único sinal necessário.
TRATAMENTO
Indicações à mulheres sintomáNcas (10-20% têm fungos comensais) e parceiro sexual sintomáNco.
Oral e tópico (intravaginal) – eficácia de 80-90%.
Atenção! Os anNfúngicos locais podem diminuir a eficácia do preservaNvo, espermicidas, diafragmas, capas cervicais e do
anel vaginal
Candidíase complicada
Grave Recorrente
• Fluconazol 150 mg, oral, e repeNr após 3 dias (dia Tratamento inicial
1 e 4) • Fluconazol 150 mg, oral, a cada 3 dias, num total
E/OU de 3 tomas (dia 1, 4 e 7)
• TerapêuNca tópica (14 dias) E/OU
• TerapêuNca tópica (7 a 14 dias)
Tratamento de manutenção
• Fluconazol 150 mg, oral, 1 vez por semana
(durante 6 meses)
VAGINOSE BACTERIANA
ETIOLOGIA
Bactérias anaeróbias, Gardenella vaginalis e outras.
A vaginose bacteriana é uma vulvovaginite causada por um desequilíbrio da flora vaginal normal devido ao aumento
exagerado de bactérias anaeróbias como Gardenerella vaginalis, à qual se associam bacilos gram negaNvos anaeróbios,
Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealy5cum, entre outros.
Este aumento de anaeróbios está, necessariamente associado à ausência ou a uma redução significaNva dos lactobacillus
acidophilus aka bacilos de Döderlein, população bacteriana saprófita aeróbica, que mantém a vagina no seu pH ácido,
fisiológico (normal entre 3,8 e 4,5).
A vaginose bacteriana é a causa mais comum de corrimento associado a odor vaginal (35-50%).
Prevalência
• Caucasianas (5-15%)
• Africanas e Americanas (45-55%) Também NÃO é infeção de transmissão sexual!
• AsiáNcas (20-30%)
CLÍNICA
• Corrimento branco-acinzentado, por vezes amarelo-esverdeado, homogéneo, espessura
variável, não muito abundante e que reveste as paredes da vulva e vagina.
• Odor féFdo (Gardenerella) com exacerbação durante ou logo após a menstruação.
DIAGNÓSTICO
Clínica +++ suspeita imediata se corrimento vaginal for branco-acinzentado com mau odor (aminado)
e odor a peixe podre.
TRATAMENTO
ObjeFvo
• Alívio dos sintomas
• Reduzir risco de transmissão ao parceiro
• Reduzir risco de progressão para DIP (imunossupressão +++)
Indicações
• Mulheres sintomáNcas
• Mulheres assintomáNcas
o Antes de manobras intrauterinas
o Antes de cirurgia ginecológica
o Com grave imunossupressão
Não é necessário o tratamento sistemáNco dos parceiros sexuais, no entanto, os parceiros sexuais deverão uNlizar
preservaNvo para prevenir transmissão, mas a doença não é considerada uma DST!
Ajustes ao tratamento AB
• Higiene adequada (água fria com gel/sabonete neutro
• Vestuário adequado
• PreservaNvo (apesar de não ser DST)
• EsNlos de vida saudáveis
TRICOMONÍASE
ETIOLOGIA
Vulvovaginite provocada pelo protozoário flagelado Trichomonas vaginalis.
FATORES DE RISCO
Todos os fatores de risco associados às Infeções Sexualmente TransmiNdas.
CLÍNICA
• Vulvo-vaginite aguda com sensação de queimadura, ardor, raramente prurido.
• Corrimento vaginal abundante, líquido, aspecto espumoso e arejado, podendo ter mau odor.
• Colo com eritema acentuado, “raspberry-like”
• Eritema e edema das mucosas vulvares
• Dispareunia
• Disúria e polaquiúria
• pH vaginal > 6,0
10 a 50% assintomáNcas.
DIAGNÓSTICO
Clínica +++ suspeita imediata se corrimento vaginal arejado e colo em framboesa.
TRATAMENTO
Indicações: mulheres sintomáNcas ou com diagnósNco laboratorial.
Via sistémica
É preferível devido à infeção uretral (não se recomendam tópicos isoladamente).
Proibir relações sexuais até ao final do tratamento e cura clínica completa de ambos os
elementos do casal.
Recorrências
• Confirmar adesão terapêuNca do casal
• Excluir vómitos
• Re-infeção do companheiro
• Infeção por novo companheiro
NOTA: mais raramente poderá tratar-se de T. vaginalis resistente ao metronidazol ou de infeção por mais do que um
agente microbiano.
A toma de Metronidazol obriga à absNnência de álcool para evitar uma reação dissulfiram-like.
As grávidas infetadas devem ser tratadas com Metronidazol; este tratamento na gravidez é seguro embora não se possa
afirmar que evita as complicações da gravidez inerentes à infeção.
Os exames laboratoriais não são necessários para confirmação da cura de Tricomoníase, exceto em doentes com história
anterior de recorrência.
CERVICITES
ETIOLOGIA
Chlamydia trachoma5s – bactéria gram negaNva intracelular obrigatória que infeta mostly o epitélio cilíndrico.
Neisseria gonorrhoeae – diplococo gram negaNvo intracelular.
CLÍNICA
CHLAMYDIA TRACHOMATIS
• Cervicite com ectropion friável (eventual metrorragia ou coitorragia) e muco purulento (corrimento anómalo).
• Uretrite com sintomas urinários e urocultura negaNva.
• ConjunNvite
• Evolução para salpingite e DIP aguda em > 40%.
Ectrópion = colonização do exocolo por células cilíndricas que pertencem ao endocolo. O exocolo é normalmente formado
por epitélio Malpighiano, que é muito resistente não só ao traumaNsmo das relações sexuais como também à entrada de
microorganismos. Nas mulheres em idade férNl (especialmente as grávidas), e em mulheres que tomam ACO ou anel
vaginal, o ectrópion é muito frequente.
No ectrópion, as células do endocolo (epitélio cilíndrico) colonizam parte do exocolo. Assim,
à observação com espéculo, em vez de observarmos o epitélio Malpighiano (rosado), vemos
um epitélio avermelhado, friável e sangrante, hipervascularizado (o tal epitélio cilíndrico)
“fora do síNo” e que não é tão resistente. Pode condicionar metrorragias ou coitorragias.
Por vezes, na infeção por Chlamydia, pode haver corrimento purulento, no entanto não é
muito comum.
NEISSERIA GONORRHOEAE
• Cervicite com muco purulento
• Vulvo-vaginite com infeção/abcesso das glândulas de Bartholin e de Skene
• Uretrite com sintomas urinários, muco uretral purulento e urocultura negaNva
• ProcNte ou faringite com muco purulento
DIAGNÓSTICO
CHLAMYDIA TRACHOMATIS
• Cultura celular – grande acuidade diagnósNca; muito caro
• Imunofluorescência direta
• Métodos imunológicos (ELISA) – baixa sensibilidade e especificidade
• NAAT (teste de amplificação de ácidos nucleicos) de amostras do endocolo e urina* (+++) – elevada
sensibilidade (94%) e especificidade (99-100%).
*As amostras de urina são reservadas para adolescentes que não querem fazer exame ginecológico ou quando este exame
não é possível.
NEISSERIA GONORRHOEAE
• Cultura e coloração gram de amostras de exsudados vaginais, endocervicais, uretrais, retais o faríngeos –
diplococos gram negaNvos
• NAAT de amostras da vagina do endocolo ou urina
TRATAMENTO
O tratamento de infeção por Chlamydia deve ser sempre associado ao tratamento de infeção por Neisseria dada a
presunção de que se encontram associados em mais de 50% dos casos.
O tratamento inadequado, insuficiente ou apenas da mulher leva à recorrência e cronicidade, com evolução para quadro
de inferNlidade.
CHLAMYDIA NEISSERIA
• Doxiciclina 100mg, oral, 12/12H, 7 dias • Ceœriaxone 500mg, im, dose única
OU OU
• Azitromicina 1g, oral, dose única (preferencial na • Gentamicina 240mg, im, dose única +
grávida) à alternaNva é a eritromicina Azitromicina 2g, oral, dose única à alternaNva
no caso de resistência/alergia às cefalosporinas
Um esquema que associe ce„riaxone + azitromicina em dose única é o mais eficaz para cervicite + uretrite
simultaneamente J
COMPLICAÇÕES
Devido às graves consequências da infeção por Chlamydia e Neisseria, o Centers For Disease Control and PrevenNon (CDC)
recomenda o rastreio anual da infeção em todas as mulheres sexualmente aNvas até aos 24 anos.
Em mulheres > 25 anos, o rastreio deve ser efetuado sempre que há fatores de risco:
• MúlNplos parceiros sexuais ou novo parceiro
• Parceiro com múlNplos parceiros ou parceiro sexual com IST, além da não uNlização sistemáNca de preservaNvo
em relações não monogâmicas.
ETIOLOGIA
Síndrome clínica atribuída à ascensão de microorganismos do trato genital inferior, comprometendo endométrio, tubas,
anexos uterinos e/ou estruturas conxguas.
As mulheres diagnosNcadas com DIP aguda devem ser sistemaNcamente rastreadas para HPV, VIH-SIDA, Sífilis, HepaNtes
virais.
Devemos assumir que a maioria das DIP tem origem sexualmente transmissível. Se a mulher ficou doente por 1+
relações infetantes, então pode ter outros microorganismos/doenças.
ETIOPATOGENIA
• Processo infecioso por via ascendente (mais comum)
o Pós-parto
o Pós-aborto
o Manipulação cavidade (inserção DIU, histeroscopia, HSG)
• Perda da barreira imunológica endocervical: manipulação, lesão epitelial, imunodepressão, ascensão dos
agentes patogénicos para a cavidade endometrial e tubas uterinas.
• Via hematogénica (tuberculose genital +++)
• Via linfáNca
EPIDEMIOLOGIA
IDADE
• 1/3 das doentes < 20 anos
• 2/3 das doentes < 25 anos
• Rara antes da menarca e após menopausa
INCIDÊNCIA
• Desconhecida
• Nos EUA a DIP é o moNvo ginecológico mais comum de admissão hospitalar em idade férNl.
FATOR DE RISCO
• Idade jovem (<25 anos)
• Idade precoce do início da aNvidade sexual
• Novo parceiro sexual/múlNplos parceiros sexuais/parceiro com múlNplos parceiros
• Parceiro sexual portador de uretrite
• IST prévia ou atual
• DIP anterior (>23% o risco de nova DIP)
• Antecedentes de manipulação uterina (DIU+++) em mulher portadora de cervicite
Condições associadas
• Doentes com sintomas severos e mais do que um episódio de DIP têm maior risco de abcesso tubo-ovário
• A rotura de abcesso tubo-ovárico pode causar peritonite, sepsis e morte (10%)
• Peri-hepaNte por Chlamydia (+++) ou Neisseria pode ocorrer associada a DIP e consNtui a síndrome de Fitz-Hugh-
CurFs
CLÍNICA
DIP SUBCLÍNICA à sem sintomas específicos ou sugesNvos.
DIP AGUDA à quadro de dor aguda com duração ≤ 30 dias.
DIP CRÓNICA à quadro infecioso com dor crónica/recorrente com duração > 30 dias.
Sinais e sintomas
• Dor à palpação dos quadrantes inferiores do abdómen, das regiões anexiais ou à mobilização do colo do útero
• Massa anexial palpável
• Corrimento vaginal purulento
• Ausência de sinais que surgiram outro diagnósNco
3. Critérios definiFvos
Biópsia endometrial (endometrite específica por Chlamydia ou Neisseria)
Evidência imagiológica de hidro/piossalpinge ou abcesso tubo-ovárico
Achados laparoscópicos compaxveis com DIP
É extremamente raro fazermos uma biópsia do endométrio, uma vez que é perigosa. Isto deve-se ao facto que estaremos
a arrastar ainda mais microorganismos para dentro da cavidade endometrial.
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1. Ecografia transvaginal que mostra estrutura alongada com bordos regulares e conteúdo anecogénico e alguns
septos que parecem ser de salpingite aguda. A trompa está distenNda com paredes espessadas, conteúdo
heterogénio (purulento) e septação incompleta (sugesNvo de trompa dilatada). É caracterísNco de piossalpinge
(processo inflamatório).
(1) Tubas com conteúdo líquido.
(2) Algumas áreas mais ecogénicas, correspondendo a conteúdo purulento.
(3) Septos.
A aparência é comparável muitas vezes a um chouriço (lol ok ginecologia is all about food innit).
O lúmen da trompa está preenchido com material (se for líquido, é hidrossalpinge; se for mais purulento é piossalpinge,
que depois resolve através de anNbioterapia e se transforma num conteúdo líquido). Estas trompas estão
permanentemente compromeNdas do ponto de vista funcional (nunca irá ocorrer uma gravidez espontânea).
2. Salpinge – trompa dilatada (aspeto de chouriço) e hipervascularizada cheia de material provavelmente líquido
(mas que às vezes, infelizmente, pode ser purulento).
ESTADIAMENTO
Estadio 1 – endometrite e salpingite aguda.
Estadio 2 – salpingite com hidrosalpinge e irritação peritoneal.
Estadio 3 – salpingite aguda com oclusão tubária ou compromeNmento tubo-ovárico; abcesso íntegro.
Estadio 4 – abcesso tubo-ovárico roto; exsudato purulento na cavidade peritoneal, peritonite com possibilidade de sepsis
e morte.
DiagnósFco diferencial
Deverá ser efetuado com todas as condições médicas e cirúrgicas de causar abdómen agudo
• Rotura de gravidez ectópica
• Hemorragia/rotura de quisto anexial
• Rotura de endometrioma
• Torção/isquémia anexial
• Degenerescência/necrose miomatosa
• Infeção/lixase do trato urinário
• Apendicite aguda
• Doença inflamatória intesNnal
• Transtorno de somaNzação
TRATAMENTO
Tratamento ambulatório
Doentes com quadro clínico ligeiro, sem sinais de pelviperitonite e não incluídas em nenhum critério de internamento.
Critérios de internamento
• Possibilidade de quadro de ventre agudo cirúrgico
• Dor muito intensa e/ou febre muito elevada, náuseas e vómitos
• Abcesso tubo-ovárico
• Sinais de irritação peritoneal/sépsis
• Incapacidade de cumprimento do tratamento em ambulatório
• Ausência de melhoria após tratamento oral (72h)
• Gravidez
MEDIDAS GERAIS
Recomendações
• Repouso
• AbsNnência sexual durante tratamento
• Observação clínica dos parceiros
• Culturas para idenNficação dos microorganismos
• Serologia para HIV, sífilis, hepaNtes
Medidas sintomáFcas
• Hidratação
• Analgésicos
• AnNpiréNcos
• AINE
Prevenção da Re-infeção
O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG), de acordo com as guidelines do CDC, determina que os
parceiros sexuais sejam sempre tratados após o diagnósNco de DIP por Chlamydia ou Neisseria, quando não pretendem
ou não têm possibilidade de recorrer a consulta médica especializada.
COMPLICAÇÕES
• Elevada mortalidade
• InferNlidade tubária à 15% após o 1º episódio e 75% após o 3º episódio de DIP
• Evolução para abcesso tubo-ovárico à 7-16% dos casos de DIP
• Gravidez ectópica à 10% após DIP
• Algias pélvicas crónicas à 20% após DIP aguda
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2. Doença inflamatória pélvica aguda com inflamação intensa, edema e hipervascularização dos órgãos pélvicos.
3. Doença inflamatória pélvica crónica – aderências entre os órgãos pélvicos, mais exuberantes entre a face
posterior do útero e a sigmoide que podem ser causa de dor pélvica crónica. A distorção anatómica pode causar
inferNlidade.
ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO
• Doença inflamatória pélvica é causada por infeção polimicrobiana do trato genital inferior.
• O envolvimento de agentes sexualmente transmissíveis obriga ao rastreio de outras DST nas doentes e parceiros
• O tratamento deverá ser imediatamente insNtuído se dores à palpação do hipogastro, regiões anexiais ou à
mobilização do colo do útero acompanhadas ou não de corrimento vaginal.
• O tratamento precoce é importante, em invesNgação experimental foi demonstrado que as lesões tubárias não
revertem com anNbioterapia insNtuída 12 dias após a inoculação da clamídia.
• Está estabelecido o potencial da RM no diagnósNco diferencial com outras patologias pélvicas, pelo que a RM
pélvica está recomendada como exame de roNna.
• As quinolonas em geral não devem ser uNlizadas por elevada resistência (exceção – moxifloxacina evidenciou
recentemente elevada eficácia e raros efeitos secundários).
• No ano 2021, o ECDC publicou as guidelines de terapêuNca de DIP resistente aos anNmicrobianos.
• A doxiciclina está indicada de forma empírica nos parceiros das doentes com DIP para reduzir a exposição aos
macrólidos e diminuir a resistência que tem vindo a ser observada no M. genitalium.
As DST são dos problemas mais comuns em ginecologia, em mulheres hétero, homo ou bissexuais.
PAPILOMAVIRUS HUMANO
Prevalência mundial
>300 milhões de mulheres infetadas por HPV com um leque vasto de gravidade de lesões.
Portugal
1 em cada 5 mulheres dos 18 aos 64 anos está infetada pelo HPV.
EsNma-se que cerca de 80% da população sexualmente aNva será infetada em algum momento da vida.
Aproximadamente 80% das primo-infeções ocorrem nos 2 anos após a coitarca.
Quase 80% das infeções genitais nas mulheres ocorrem antes dos 30 anos.
Cerca de 80% das infeções por HPV curam espontaneamente após 2 anos.
Mais de 80% das infeções por HPV são totalmente assintomáNcas.
Apenas uma minoria dos sub-3pos de HPV tem a capacidade de causar cancro!
Embora o CCU seja Npicamente monoclonal, em cada caso apenas um Npo de HPV está envolvido na evolução
carcinogénica, a infeção por mais do que um genóNpo é possível e mais grave.
Entre 20 a 30% das mulheres infetadas apresentam mais do que um subNpo de HPV oncogénico.
A infeção pelos subNpos de HPV de alto risco ou oncogénicos (HPV-HR) aumenta o risco relaNvo (RR) para lesões de alto
grau (HSIL) em cerca de 300 vezes.
Os subNpos de HPV de alto-risco (GPV-HR) são detetados em 93-100% das lesões de alto grau (HSIL) e 99-100% dos
cancros do colo do útero (CCU).
Estão idenNficados mais de 200 subNpos de HPV, dos quais < 30% são oncogénicos.
Podem ser transmiNdos por sexo vaginal, anal e oral, não sendo necessário uma penetração completa mas apenas o
contacto mucosa/mucosa, pele/mucosa, pele/pele, ou transmissão de fluídos orgânicos.
Os subNpos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos cancros do colo do útero, mas outros subNpos têm
adquirido elevada prevalência em lesões de alto-grau.
Além do cancro do colo do útero, o HPV é responsável pela maioria dos cancros da vulva, vagina, ânus, pénis e por uma
elevada percentagem das neoplasias da orofaringe.
FATORES DE RISCO
Comportamentos sexuais de risco:
• Idade precoce dos primeiros contactos sexuais (≤16 anos)
• MúlNplos parceiros sexuais/parceiro com múlNplos parceiros/mudança recente do parceiro
• Não uNlização de preservaNvo
Co-fatores
• Inflamação cervical crónica com ectropion
• ContraceNvos hormonais
• Gravidez
• Tabaco
• Antecedentes de outras DST (VIH, HepaNte B ou C, HSV2, Chlamydia, Neisseria, Trichomonas, Sífilis)
• Compromisso da imunidade celular
o Doenças – transplantes, VIH-SIDA, doença auto-imune, neoplasias
o Fármacos – imunossupressores, citostáNcos, corNcoides
o IdiopáNco
É necessário que haja um ectrópion ou outra solução de conNnuidade ao nível do colo do útero para que o HPV faça
estragos. Se o HPV for colocado junto à superocie do epitélio cervical, não acontece nada, porque não consegue infetar.
É necessário que haja alguma solução de conNnuidade que permita a infiltração do vírus nas camadas profundas junto à
membrana basal.
Os fatores de risco conhecidos como responsáveis pela progressão da infeção por HPV para CCU centram-se na
susceNbilidade individual, na fragilidade da resposta imunológica e em outros fatores complementares que modulam a
resposta do hospedeiro.
Proteção contra infeções HPV 16,18,31,33,45,52,58 e eventual proteção cruzada para outros subFpos?
Segurança? (a questão de sublinhar a necessidade de manter o rastreio)
Eficácia? (como provar a imunidade adquirida?)
Durabilidade? (quanto tempo a imunidade se mantém?)
Quando, como e a quem administrar?
QUESTÕES EM ABERTO
6. Duração da proteção e eventual necessidade/vantagem de reforços
7. Testes serológicos de imunidade e testes de imunidade cervico-vaginais
8. Proteção cruzada para outros genóNpos
9. Alteração da prevalência relaNva dos genóNpos atualmente menos frequentes
10. Desvio etário do pico de incidência das doenças-alvo da vacinação
11. Disponibilidade futura de vacinas de 2ª e 3ª geração/formas orais
12. Diminuição da adesão ao rastreio das mulheres vacinadas
13. O interesse da vacinação dos rapazes
14. A necessidade de incluir no rastreio do CCU os testes de HPV-DNA e de Npificação
15. Estudo de outras doenças/neoplasias relacionadas com o HPV (ongoing...)
DIAGNÓSTICO
COLPOSCOPIA
2º T – filtro verde
Permite idenNficar vasos sanguíneos anómalos associados às neoplasias intraepiteliais e ao CCU.
Lesões acetobrancas (acidófilas) que captam ácido acéNco = lesão intraepitelial, seja de alto ou baixo grau.
CIN 1 – lesão de baixo grau xpica, com mosaico formado pelos vasos
CIN 2 – lesão com mais acidofilia e alterações vasculares intensas
CIN 3 – carcinoma in sito
CIN 4 – carcinoma invasivo
BIÓPSIA DO EXOCOLO
Vemos lesão acidófila em forma de borboleta (2).
TRATAMENTO
Métodos destruFvos
20. Crioterapia
21. Diatermoterapia
22. Vaporização LASER CO2
Métodos excisionais
23. Excisão da zona de transformação
24. Conização
25. Traquelectomia
26. Histerectomia total
VIGILÂNCIA:
Após o tratamento de CIN de alto grau, devemos vigiar com citologia cervical e teste HPV aos 12 meses e 24 meses.
CONDILOMAS VULVARES
TERAPÊUTICA
27. Lesão localizada e focal à imunomoduladores Imiquimod
28. Lesões extensas à vaporização LASER
29. Lesões localizadas e grandes à exérese cirúrgica/cirurgia
LASER
HSIL VULVAR
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Porém, os tratamentos de lesões intra-epiteliais cervicais ou de cancro do colo do útero podem conduzir a subferNlidade
ou inferNlidade.
É na gravidez que o HPV passa de fase latente para patente por causa do ectropion acentuado que condiciona a
gravidez!! Então elas podem ser tratadas nessa altura, porém podem simplesmente só ser vigiadas. A qualquer momento,
se verificarmos uma evolução, podemos fazer biópsia e, em úlNmo caso, devemos tratar.
... e ao RN?
Em casos mais raros foi demonstrada a transmissão perinatal no canal de parto com consequente:
46. Papilomatose respiratória recorrente do RN – infeção do trato respiratório superior (laringe e cordas vocais do
RN que exige cirurgia neonatal)
47. ConjunNvite neonatal por HPV.
É possível, mas rara, a passagem de HPV através do leite materno, tendo sido evidenciado DNA-HPV em 2-8% das
mulheres com infeção conhecida do TGI.
O cancro do colo do útero é o 4º cancro mais comum no sexo feminino a nível mundial!
PosiNvidade para HPV-AR16 e/ou 18 (sem citologia) à sempre que exisNr posiNvidade para HPV 16 ou 18, a doente deve
ser referenciada.
CLASSIFICAÇÃO DE BETHESDA
Avaliação da amostra
Sa,sfatória
o Com Zona de Transformação
o Com os 3 Opos de células
Não sa,sfatória
o Sem os 3 Opos de células
o Sem zona de Transformação à local onde surgem 94% dos casos de CCU
o Obscurecida por inflamação
o Artefactos de fixação
Classificação Geral
b. Nega,va para lesão epitelial ou neoplasia maligna (NILM)
i. Infeção por microorganismos (Vaginose bacteriana, AcOnomyces, Herpes Simplex, Cândida, Trichomonas vaginalis
ii. Outras alterações não neoplásicas
iii. Alterações reaOvas associadas a inflamação/radiação/DIU
iv. Células glandulares pós-histerectomia
v. Atrofia
c. Anomalias das células epiteliais
i. Células escamosas
AOpia das células escamosas de significado indeterminado (ASC-US)
AOpias de significado indeterminado sem excluir lesão de alto grau (ASC-H) Sempre que exisPrem aPpias, onde
Lesão intraepitelial de baixo grau (LSIL) ou alto grau (HSIL) quer que estejam, devemos atuar
Carcinoma espinho-celular de imediato. Há ASC-US que são
detetados através de uma simples
ii. Células glandulares
invasão ou inflamação, mas somos
AOpia de células glandulares de significado indeterminado (AGUS) obrigados a invesPgar. Na ASC-H
Células glandulares aqpicas (AGC) endocervicais ou endometriais ainda mais inquietos devemos ficar
Provável adenocarcinoma in situ do endocolo (AIS) à invesPgar!!!
Adenocarcinoma: endocervical, endometrial ou extrauterino
d. Sem evidência de lesão intraepitelial, mas com presença de células endometriais
e. Outra neoplasia maligna
f. Recomendações
Ensaio ATHENA (Adressing the Need for Advanced HPV Diagnos9cs) – superioridade do teste HPV em relação à citologia.
Citologia cervical associada a teste de HPV sempre que possível ou teste de HPV isolado.
Iniciar aos 20-25 anos (3 anos após o início da aNvidade sexual) ou mais cedo, se fatores de risco.
• 20 a 24 anos – citologia anual
• 25 a 64 anos
o 3/3 anos (citologia) ou 5/5 anos (teste HPV) – ausência de fatores de risco
o Anual/semestral ≥ 1 fator de risco, ou HPV-AR posiNvo, ou lesão citológica
• > 65 anos – individualizar
Ensaio ARTISTIC (A Randomised Trial In Screening To Improve Cytology – UK) – superioridade do teste HPV em relação à
citologia, mesmo com prolongamento do intervalo de rastreio (5 anos).
O rastreio organizado, de base populacional, deve ser incluído nos cuidados primários e a parNcipação dos médicos de
Medicina Geral e Familiar é indispensável.
As mulheres devem ser informadas e sensibilizadas para se submeterem voluntária e periodicamente ao rastreio.
O despacho 8254/2017 (DR de 21 de setembro de 2017) determina que o rastreio organizado de base populacional
deverá:
• Início aos 25 anos
• Teste de HPV de 5/5 anos
• Termina aos 60 anos
O CCU É EVITAVEL!
Rastreio do CCU – genoFpagem do HPV
No futuro, a invesNgação deve incluir:
• A abordagem de mulheres com teste de HPV posiNvo e a citologia negaNva
• O interesse de biomarcadores complementares
• O rastreio primário com testes de HPV em populações vacinadas e não vacinadas em termos de QALY (Quality-
adjusted life-year)
• Estudos serológicos de imunogenicidade
Cerca de 60% das doentes com CCU nunca fizeram citologia ou a úlNma citologia foi realizada há mais de 5 anos. Em 40%
dos casos de CCU, as citologias foram falsos negaNvos ou verificaram-se problemas/erros/impossibilidade no seguimento
destas doentes em fases anteriores à invasão.
EPIDEMIOLOGIA
Incidência – 604 000 novos casos/ano à escala global; 90% dos novos casos em países de baixo e médio desenvolvimento
Mortalidade – 342 000 mortes/ano
Mulheres que vivem com HIV-SIDA têm 6x mais probabilidade de desenvolvimento CCU após a infeção por HPV do que
mulheres sem HIV.
Países desenvolvidos
• Rastreio bem organizado
• IdenNficação precoce de infeção por HPV oncogénico (testes de HPV) Prevenção de 90%
• Tratamento atempado e eficaz de lesões pré-malignas (HSIL) dos casos de CCU!
Países em desenvolvimento
• Ausência de qualquer rastreio
• Idade precoce do início da aNvidade sexual
• Maior número de parceiros sexuais Elevada incidência e
• Diocil acesso ao preservaNvo mortalidade por CCU
• Ausência de sintomas
• Falta de informação
Outros co-fatores
• Imunodeficiência
• Início precoce da aNvidade sexual, múlNplos parceiros sexuais, parceiros com múlNplos parceiros
• Não uNlização de preservaNvo
• MulNparidade
• Co-infeção com outros microorganismos de transmissão sexual (ex: HIV, HSV2 e Chlamydia trachomaNs)
• Contraceção hormonal
• Hábitos tabágicos
• Pré-disposição genéNca
Os vírus do papiloma humano (HPV) oncogénicos estão presentes em > 90% dos CCU.
A infeção persistente por HPV oncogénico é um pré-requisito para a transformação neoplásica.
A co-infeção por mais do que um Npo de HPV oncogénico aumenta a probabilidade de cancro.
CLÍNICA
Formas assintomáFcas frequentes com teste HPV-AR posiFvo e citologia anormal (estádios iniciais)
• Hemorragias discretas ou pequenos coágulos entre as menstruações ou no final destas.
• Fluxo menstrual mais prolongado e mais abundante do que o habitual
• Hemorragia vaginal após as relações sexuais ou após o toque vaginal num exame ginecológico
• Corrimento vaginal abundante, por vezes de aspeto infetado e resistente às terapêuNcas habituais
• Dor durante as relações sexuais
• Hemorragia vaginal após a menopausa
• Dor persistente, espontânea e inexplicada a nível da pélvis ou lombar
DIAGNÓSTICO
Exame ginecológico
Colo uterino: zona vermelha peri-orificial
Lesão vegetante/ulcerada/hemorrágica
Vagina e fundos-de-saco: infiltração tumoral?
Toque vaginal:
• Tamanho e consistência do colo
• Infiltração da vagina e do septo reto-vaginal
• Tamanho e forma do útero
• Avaliação das regiões anexiais
Exames complementares
• GenoNpagem HPV
• Colposcopia
• Biópsia do exocolo/endocolo
• Excisão da ZT (EZT)/conização
• RM
o Avaliação dos paramétrios – se houver invasão, não se pode fazer cx (tem de ser radioterapia)
o Avaliação dos gânglios e para-aórNcos
o Avaliação de extensão extra-uterina do tumor
Qualquer mulher com hemorragia uterina anormal na pós-menopausa, que seja obesa, hipertensa e diabéFca,
tem um cancro do endométrio até prova em contrário.
PREVENÇÃO
Prevenção primária
• Controlo do peso
• Controlo da glicemia
• Controlo da tensão arterial
• PráNca de exercício osico
• Alimentação saudável
As mulheres de grupos de alto risco (S. Lynch, história familiar, mutações genéNcas, devem ser submeNdas a uma ecografia
transvaginal, seguida ou não de histeroscopia e biópsia endometrial, com uma periodicidade anual.
A prevenção primária nestas doentes de alto risco consiste na histerectomia total após projeto reproduNvo concluído.
CLÍNICA
Hemorragias uterinas na pós-menopausa – 90%
• Corrimento Npo “água de lavar carne”
DIAGNÓSTICO
Exame geral – frequentemente normal
Exame ginecológico
• Vulva: normal, frequentemente não atrófica na pós-menopausa
• Colo uterino: normal ou metrorragia exteriorizada através do OE do colo
• Toque vaginal: tamanho, consistência e mobilidade do colo; tamanho, forma, consistência e mobilidade do útero;
regiões anexiais; infiltração da vagina e fundos-de-saco
EXAMES COMPLEMENTARES 1A
3. RM pélvica
Invasão do miométrio.
Invasão dos paramétrios.
Extensão do tumor ao colo, tubas, bexiga ou reto.
Invasão dos gânglios loco-regionais.
Esta informação vai-nos permiNr orientar a cirurgia.
CA-125
VIAS DE DISSEMINAÇÃO
Invasão direta – miométrio, colo e trompas 4
Disseminação trans-tubar – ovários e peritoneu pélvico/abdominal
Invasão linfáFca – gânglios pélvicos e para-aórNcos
Disseminação vascular – metástases sistémicas
• Pulmonares
• HepáNcas
• Ósseas A extensão tumoral na data do diagnósNco
• Cerebrais é o fator mais importante de prognósNco
ESTADIAMENTO
TRATAMENTO
CIRÚRGICO
• Via abdominal à histerectomia total + anexectomia bilateral ± BGS/linfadenectomia pélvica e para-aórNca
• Via vaginal à histerectomia vaginal + anexectomia bilateral
• Via laparoscópica à histerectomia vaginal + anexectomia bilateral ± BGS/linfadenectomia pélvica e para-aórNca
assisNda por laparoscopia (LAVH)
RADIOTERAPIA
• Radioterapia externa pélvica
• Braquiterapia vaginal A braquiterapia à cúpula vaginal diminui a incidência de
recorrências locais em tumores de risco intermédio e alto.
Indicações
• Pós-operatório
• Presença de invasão profunda do miométrio
• Gânglios + outros fatores de alto risco
• Tratamento exclusivo
• Contraindicação cirúrgica
• Invasão dos paramétrios, vagina, bexiga, reto
QUIMIOTERAPIA/HORMONOTERAPIA/IMUNOTERAPIA
Indicações
• Nos estádios avançados (III e IV)
• A xtulo paliaNvo nas recidivas fora da área previamente irradiada
EPIDEMIOLOGIA
É um problema major de saúde pública global e a incidência e prevalência são crescentes devido a alguns fatores:
• Adiamento da maternidade – idade progressivamente mais tardia é uma grande causa de inferNlidade, pois a
reserva folicular ovárica é menor e há aumento de aneuploidias.
• Aumento da prevalência das infeções de transmissão sexual – apesar da vacina HPV, sabemos que a aNvidade
sexual é cada vez mais precoce e o número de parceiros também é crescente
• Sedentarismo
• Obesidade
• Consumo de tabaco e álcool
• Poluição
HISTÓRIA CLÍNICA
HDA: saber o Npo de concepção (homossexual/heterossexual/independente) e tratamentos de PMA prévios (Procriação
Medicamente AssisNda)
Se esNvermos perante relação heterossexual, devemos ter noção da:
• Duração da inferNlidade
• Frequência coital
• Disfunção sexual
ANTECEDENTES MÉDICOS
• Patologia com implicações na gravidez ou no eixo Hipotálamo-Hipófise-Ovário aka endocrinopaNas (HTA,
hipo/hiperNroidismo, DM)
• Patologia oncológica (antecedente de QT e RT)
• Cirurgias prévias
• Medicação atual (compaNbilidade com gravidez)
• EndocrinopaNas (hipo/hiperNroidismo, DM)
Hábitos
• Tabagismo, alcoolismo, consumos tóxicos
• Dieta e exercício
• Profissão a exposição a poluentes
ANTECEDENTES GINECOLÓGICOS
• Menarca
• Regularidade dos ciclos (cataménios e interlúnios, fluxo)
• Hemorragia intermenstrual
• Dismenorreia? Se sim, classificar de 0 a 10. Dispareunia (superficial/profunda)? Disquésia? Disúria?
• Molimina? (aka TPM, que é o conjunto de sintomas que podem ocorrer na fase lútea do ciclo)
• UNlização prévia de contracepção? Método e duração
• DSTs? DIP?
• Data e resultado do úlNmo rastreio do cancro do colo do útero? Antecedentes de rastreios alterados
ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS
• Número de gestações prévias e desfecho
• Se abortos prévios: com ou sem curetagem uterina?
• Se gestações prévias: com parceiro atual? Complicações (restrição do crescimento fetal (RCF), diabetes
gestacional (DG), patologia hipertensiva da gravidez, parto pré-termo (PPT), doenças congénitas)?
• Antecedentes de PMA?
ANTECEDENTES FAMILIARES
• Doenças hereditárias
• Atraso de desenvolvimento (Síndrome X frágil)
• Insuficiência ovárica prematura (< 40 anos) ou menopausa precoce (40-45 anos)
• Malformações congénitas
PARCEIRO
• Filhos de outros relacionamentos?
• Disfunção sexual?
• Antecedentes médicos/cirúrgicos?
• Medicação habitual?
• Hábitos: tabagismo, alcoolismo, outros
• Exercício osico? Consumo de esteroides?
EXAME OBJETIVO
IMC
Baixo peso ó hipogonadismo hipogonadotrofico História Clínica
Obesidade ó síndrome do ovário poliquísNco Oligo/amenorreia
PELE
• HirsuNsmo
• Acne História Clínica Disfunção Ovulatória
• Alopécia androgénica Oligo/amenorreia Síndrome do Ovário PoliquísNco
• Acantose nigricans
TIRÓIDE
• Nódulos História Clínica Disfunção Ovulatória
• Dor Poli/Oligo/amenorreia Síndrome do Ovário PoliquísNco
• AdenopaNas cervicais
MAMA
• Nódulos História Clínica Disfunção Ovulatória
• Dor Poli/Oligo/amenorreia HiperprolacNnemia
• Alterações cutâneas Corrimento mamilar
• Galactorreia
TOQUE BIMANUAL
• Dor História Clínica Endometriose
• Nódulos vaginais Dismenorreia Adenomiose
• Septo rectovaginal Dispareunia DIP
• Massas uterinas Coitorragias Miomas
• Massas ováricas Hemorragia uterina anormal
EXAME TESTICULAR
• Volume
• Massas Na presença de alterações do espermograma
• Dor
• Canais deferentes
Infer/lidade
Para perceber um pouco a eNologia da inferNlidade, basta perceber como ocorre a fecundação “in vivo” para depois
pensar onde poderá estar o problema.
Para o sucesso de fecundação “in vivo” precisamos de:
1. Esperma de qualidade mínima
2. Depositado na vagina
3. Que tenha condições que permitam a ascensão até ao terço externo da trompa
4. Aí encontram-se com o óvulo e originam um embrião inicial
5. Embrião viaja durante 5 dias até à cavidade uterina
6. Nidação na fase de blastocisto
2. Alterações no esperma (disfunção sexual com incapacidade de direção/ejaculação para deposição na vagina OU
espermatozoides não têm qualidade/quanNdade suficiente para fazer o trajeto) à fator masculino
3. Encontro entre gâmetas não ocorre à inferFlidade tubar (trompas obstruídas, ausentes ou disfuncionantes) e
fator peritoneal/tuboperitoneal (infeção prévia, Npo apendicite com peritonite que provoca aderências e
alterações de carater osico que inviabilizam a trompa para captar o ovócito ao ovário).
FATOR OVÁRICO
Fisiopatologia
• Disfunção ovulatória (desde anovulação a oligo-ovulação)
• Anovulação persistente – síndrome do ovário poliquísNco (SOP) – espetro de eNologias e manifestações clínicas
que incluem
• Hiperinsulinémia
• Hiperandroginismo
• Falência ovárica Doseamento de progesterona (>3ng/mL)
Testes de ovulação
História menstrual Ecografia endovaginal
Ciclos anovulatórios – maioria regulares (21-35d) Temperatura basal
Ciclos anovulatórios – oligomenorreia/amenorreia
Molimina (TPM)
DiagnósGco
• Interrogatório
• Espaniomenorreia – ciclos irregulares e longos
• Exame tsico
• Acne
• HirsuNsmo
• Alopécia
• Obesidade
• Hiperinsulinémia
• Hiperandroginismo
• Ecografia transvaginal
• Elevado número de folículos (disposição radiária)
• Aumento do volume ovárico (estroma central denso)
• CFA aka Contagem de Folículos Antrais (marcador específico quanNtaNvo da reserva folicular ovárica) >
20 por ovário e/ou volume ovárico > 10ml, na ausência de corpo amarelo, quisto ou folículo dominante
• Doseamentos hormonais
• LH/FSH > 2
• Elevação dos androgéneos
TerapêuGca
Médica
• Indutor de ovulação (IO) – injetavel (baixa dose) ou oral, com
• Citrato de clomifeno
A. Modulador seleNvo dos recetores de estrogénios
B. Antagoniza recetores hipotalâmicos dos estrogénios
C. Desvantagem: anN-E2 no útero e vagina
• Letrozol
A. Inibidor da aromatase
B. Vantagem: sem efeitos negaNvos no útero e vagina
C. Tratamento de 1ª linha para indução de ovulação em pacientes com SOP
• Gonadotropinas
A. FSH ± LH recombinantes
B. Ação direta a nível ovárico
C. Desvantagem: necessita experiência na prescrição; risco de gravidez múlNpla
D. Indicações: disfunções ovulatórias refratárias a CC/Letrozol; hipogonadismo
hipogonadotrópico
• Me–ormina – quando há hiperinsulinémia
• Inositol
• Dexametasona – quando há hiperandroginismo
Cirúrgica
• Drilling dos ovários por laparoscopia (quando há cauterização em vários pontos) mas não é uma tx definiNva. É
2ª linha para pacientes com SOP refratárias a IO.
Critérios de Roterdão
(pelo menos 2 de 3)
Disfunção ovulatória
• Hipo ou hiperNroidismo à TSH
• HiperprolacNnemia à prolacNna
FATOR UTERINO
EGologia
Patologia da cavidade
• Malformações uterinas – 16% das mulheres inférteis
• Útero septado (++ comummente associado a inferNlidade)
• Útero bicórneo/unicórneo
• Útero em T
• Hiperplasia do endométrio
• Pólipos endometriais
• Miomas com compromeNmento da cavidade (submucosos, intramurais)
• Endometrites
• Sinequias (aderências) – síndrome de Asherman
• Adenomiose
Ausência de útero (síndrome de Rokitansky)
DiagnósGco
• Interrogatório e exame clínico
• Exames complementares de diagnósNco
• Ecografia endovaginal 2D (1) e 3D (2)
• Histerossonografia (histerossalpingografia é usada para estudo da permeabilidade tubar) (3)
• Histeroscopia (4)
• Biópsia do endométrio
• RMN
1 2 3 4
5 6 7
5. Útero septado – ecografia que revela septo corporal quase completo que divide cavidade uterina. Não é um
útero bicórneo porque se nota que é um útero único.
6. Histerossalpingografia em que sabemos que temos 2 hemicavidades, então pode ser um útero bicórneo ou
septado (não se percebe muito bem).
7. Histerossalpingografia (esta técnica é cada vez menos usada tho, apesar de ser a alternaNva a RM), onde vemos
2 hemicavidades e 2 colos. Temos de caracterizar 2 colos, então é uma situação bicervical.
8 9 10
8. Ecografia que mostra espessamento endometrial (que sugere hipertrofia, que é um diagnósNco histológico,
então não podia ser o nome atribuído na eco). Útero cujo endométrio mede 2,15cm (o normal é 7 a 8mm de
espessura mínica e 12 a 14mm espessura máxima).
9. Histerossalpingografia, imagem “em meia Nnta”, aka preenchimento de cavidade heterogénia.
10. Histeroscopia onde se vê revesNmento frondoso, generalizado da cavidade, muito sugesNvo de hipertrofia.
11 12 13
11. Ecografia mostra pólipo, porque a formação intracavitária é iso/hipoecogénico. Aqui vemos um endométrio
trilaminar, xpico da fase proliferaNva. É nesta fase pré-ovulatória que conseguimos diagnosNcar patologia
intracavitária.
12. Histerossonosalpingografia – cavidade uterina com líquido, e vemos a inserção polipoide.
13. Imagem histeroscópica da formação polipoide. O pólipo geralmente é uma formação mole, e quando carregamos
com o histeroscópio, até provoca uma ligeira deformação (ao contrário do mioma, que é uma formação duro-
elásNca e geralmente mais branca.)
14 15
14. Eco que mostra componente intra cavitário
hipoecogénico relaNvamente ao restante endométrio.
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TerapêuGca
Patologia da cavidade
• Histeroscopia cirúrgica para resseção de:
• Septos (septoplasNa)
• Pólipos (polipectomia)
• Miomas (miomectomia)
• Sinequias (lise de sinequias)
• TerapêuNca anNbióNca específica
• Curetagem biópsia total
Ausência de útero
• Transplante de útero (ainda muito experimental)
• Gestação de subsNtuição
FATOR TUBO-PERITONEAL
Fisiologia da trompa
EGologia
Infeciosa:
• Chlamydiae trachoma5s
• Neisseriae gonorrhoeae
• Gérmens anaeróbios
• Mycoplasma tuberculosis
Iatrogénica
• Salpingectomia
• Laqueação tubar
• Apendicectomia
• Intervenções cirúrgicas ginecológicas
Endometriose
Malformações congénitas
DiagnósGco
19 20 21
22 23
22. Endometriose no fundo de saco anterior ou posterior. Temos vários focos de endometriose, várias pontes
fibrosas xpicas, assim como aspecto congesNvo.
23. Quisto de endometriose no ovário, que tem aspecto de conteúdo denso (conteúdo achocolatado).
TerapêuGca
CuraFva
• Laparoscopia/laparotomia
• Adesiólisis
• FimbrioplasNa
• Salpingoneostomia
• Cirurgia proximal
• Cirurgia da endometriose
• Recanalização por cateterismo tubar transcervical
Adjuvante
• AnNaderencial: anNbióNcos, corNcóides
PaliaFva
• Técnicas de PMA
A hidrossalpinge provoca:
• Efeito embriotóxico
• Redução recepNvidade endometrial
• Redução em 50% da taxa de implantação, taxa de gravidez, taxa de RNV após FIV
• Resolve-se com salpingectomia/laqueação proximal
FATOR CERVICAL
EGologia
Muco cervical escasso ou ausente
• Estenose cervical
• Mucosa cervical insuficiente ou ausente
• HipoesNmulação estrogénica
• Perturbações da receNvidade
• Medicação
História clínica
Infeção do muco cervical • Antecedentes de tratamento de patologia cervical
• Leucorreia
Disfunção do muco cervical
• Física Raramente é uma causa isolada de inferNlidade!
• Química
• Imunológica
DiagnósGco
• Interrogatório e exame clínico
• Citologia do exo e endocolo
• Cultura/serologia da Chlamydiae Trachoma5s
• Interação muco-esperma
• Teste pós-coital – não tem metodologia e interpretação normaNzadas e reproduNbilidade é baixa –
deixou de ser recomendado.
TerapêuGca
• Dilatação cervical
• Estrogénios exógenos
• TerapêuNca anNbióNca
• Técnica de PMA
O estudo hormonal, permite invesNgar a existência de ovulação, e estudar androgénios na suspeita de fator ovárico.
Também é úNl para estudar reserva folicular ovárica com a hormona anN-mulleriana, quando há suspeita de insuficiência
ovárica. Ainda é possível estudar a Nroide e prolacNna.
FATOR MASCULINO
• Alterações anatómicas
• Distúrbios endócrinos
• Alterações na espermatogénese
• Disfunção sexual
TERAPÊUTICA GLOBAL
Médica
• Indução da ovulação
• Correção de outros distúrbios hormonais
• AnNbioterapia
Cirúrgica
• Laparoscopia
• Histeroscopia
• Cirurgia convencional
INDICAÇÕES
• InferNlidade
• Prevenção de transmissão de doenças
• GenéNcas – através de testes genéNcos pré-implantatórios, conseguimos selecionar embriões
• Virais
• Prevenção da transmissão de mutações com elevado potencial oncogénico
• Tratamento de familiar doente – “bebé medicamento”, em que selecionamos um embrião compaxvel com o
familiar que queremos tratar.
• Preservação do potencial reproduNvo
PMA:
• Doenças oncológicas
• Coito programamdo
• Doenças genéNcas/autoimunes
• Inseminação intrauterina
• Pessoas transgénero
• FIV/ICSI
• MoNvos sociais • Transferência embrionária
• Famílias uniparentais e homossexuais • DiagnósPco genéPco preimplantatório
• Seleção do sexo fetal por moNvos não médicos • Criopreservação de ovócitos/espermatozóides
• Doação de gâmetas
• Maternidade de subsPtuição
• Transplante de útero
TÉCNICAS
INSEMINAÇÃO INTRA-UTERINA
Indicações
• Fator cervical
• Causa masculina ligeira
• Preservação de transmissão de doença viral
• Mulheres sem parceiro e casais de mulheres
• Casais heterossexuais em que o elemento masculino não produz espermatozoides (azoospermia secretora)
• InferNlidade idiopáNca
Taxa de gravidez
• 10-15% por ciclo, 50-60% taxa cumulaNva após 3 ciclos.
• Taxa de crescimento após IIU do parceiro: 8,8%; IIU de dador: 12,6%
FECUNDAÇÃO IN VITRO
1. EsNmulação ovárica
2. Controlar crescimento folicular
3. Maturação final dos ovócitos com hCG
4. Fármacos (agonista ou antagonista) da GnRH para prevenir pico endógeno de LH, para que quando formos
puncionar o ovário para obter os ovócitos, não tenha ocorrido a ovulação espontânea.
5. Ovócitos são colocados em conjunto com os espermatozoides (do companheiro ou congelados) em laboratório.
6. 16-20h depois faz-se o diagnósNco da aNvação do ovócito para fecundar
7. O desenvolvimento embrionário é monitorizado
8. Transferência feita ao 3º ou 5º dia (em fase de clivagem)
Indicações:
• Fator tubar
• Fator peritoneal/endometriose
• Oligo-ovulação/resposta insuficiente à esNmulação ovárica
• Fator masculino ligeiro
• InferNlidade idiopáNca
• Insucesso de terapêuNcas menos agressivas
Nas situações em que a FIV não acontece de forma espontânea (esperando que eles “se entendam” hahaha), fazemos
uma microinjeção.
Selecionamos os espermatozoides 1 a 1 de acordo com as caracterísNcas morfológicas e mobilidade.
Indicações:
• Fator masculino grave
• Ausência de fecundação por FIV
Tanto a FIV como a ICSI podem ser feitas com esNmulação ovárica (gonadotrofinas e/ou indutores de ovulação), já que
efetuar em ciclo natural é relaNvamente raro.
Punção:
• Infeção à desinfeção vaginal seguida de lavagem; anNbioterapia quando indicado
• Hemorragia/lesão de órgãos anexos à treino e cumprimento de boas práNcas
• Impossibilidade de recolha ovocitária por inacessibilidade dos ovários à agulha de punção à ecografia prévia
para avaliar a acessibilidade ovárica
• Transferência de embriões/inseminação i.u. à impossibilidade de transposição do oriocio interno do colo
• Transferência sob anestesia, GIFT/ZIFT
• Após a punção/transferência de embriões à síndrome de hiperesNmulação ovárica (SHO)
• Cabergolina, subsNtuição de hCG por agonista da GnRH e freeze-all
• Durante a gravidez à torsão do anexo
• AbsNnência sexual e contra-indicação à aNvidade osica
Fatores de risco:
• SOP
• Antecedentes de SHO
• Idade jovem
• IMC baixo
• CFA > 20
• AF de tromboembolismo
DiagnósGco
• Estudo analíFco
• Hemoconcentração
• Leucocitose
• Hipernatremia, hipocaliemia
• Elevação das enzimas hepáNcas
• Hipercoagulabilidade
• Hipoproteinémia
• Ecografia transvaginal, abdominal
Novos paradigmas: novas indicações para PMA à de caracter médico, biológico ou social
Avanços técnicos:
• Vitrificação e meios de cultura
• Incubadoras/Nme-lapses
• ElecNve single embryo transfer (E-SET)
• Novos métodos de avaliação de reserva folicular ovárica
• PreimplantaNon geneNc tesNng for aneuploidy (PGT-A)
DOAÇÃO DE GAMETAS
• Doação de ovócitos
• Insuficiência ovárica prematura (<40 anos)
• Menopausa precoce (40-45 anos)
• Idade materna avançada
• Doação de sémen
• Azoospermia secretora
• Maternidade independente
• Casais de mulheres homossexuais
Na pré-menopausa não se devem designar como “quistos” as imagens ecográficas de formações nodulares
do ovário com conteúdo líquido, simples, com diâmetro < 3cm. Podem corresponder (e correspondem, 💡
frequentemente) a folículos ou corpo lúteo. Pergunta
de
Na pós-menopausa, qualquer que seja o diâmetro da formação anexial ou ovárica em ecografia, o risco de exame!
malignidade deve ser sempre avaliado e excluído, por ser significaNvamente superior. 💡
TUMORES BENIGNOS
Quistos funcionais
Os quistos funcionais surgem principalmente em idade férNl, que não estão a fazer contraceção hormonal.
Crescem lentamente e não malignizam.
Geralmente são assintomáNcos.
Curam espontaneamente na maioria dos casos (COC+++).
Raramente se verificam complicações.
• Quistos foliculares – se surgirem na fase folicular.
• Quistos luteínicos (ou quistos do corpo amarelo) – se surgirem na fase luteínica.
• Quistos da teca luteínico é +/- uma mistura dos dois.
• Luteomas da gravidez – se surgirem durante a gestação.
Quistos foliculares
• Mais frequentes, com diâmetro entre 3-8cm
• Complicações pouco frequentes: rotura/hemorragia
• Resultam da persistência do folículo
• A maioria regride espontaneamente em 3-6 meses
A maior parte das mulheres acaba por ter vários quistos foliculares, se não tomarem COC, mas nem reparam que os têm.
Quistos luteínicos
• Menos frequentes, com diâmetro entre 3-11cm
• Complicações mais frequentes: hemorragia/rotura
• Resultam da não involução do corpo lúteo
• Nas formas assintomáNcas a regressão espontânea é comum, mas usually têm mais sintomas de dor
(nomeadamente dor pélvica).
1 2 3 4
1. Imagem ecográfica supra-púbica de quisto folicular (em jovem virgem que não se pode fazer eco transvaginal) –
à esquerda vemos o útero e um quisto folicular localizado à direita no endométrio; à direita vemos um útero e
um quisto localizado à esquerda no endométrio.
2. Ecografia transvaginal onde vemos um quisto folicular com parede extremamente fina (quase parece um
pseudoquisto) com conteúdo líquido homogéneo anecogénico. Se fizéssemos doppler, não veríamos
vascularização, nem septos nem vegetações, e é isso que define um quisto folicular J
3. Ecografia transvaginal Quisto luteínico pode dar mais dificuldade de diagnósNco diferencial com
4. Peça operatória situações malignas, pois são quistos largos com várias locas separadas por
septos, paredes bastante espessas, que não é xpico de lesões benignas.
Se, após toma de COC durante 3-6 meses, o quisto não regredir, é necessário operar.
Cistoadenomas epiteliais
Cistadenoma seroso
• 25% dos tumores benignos
• Maior incidência entre 30 a 40 anos
• Uniloculares, paredes finas, sem septos ou vegetações, com
conteúdo líquido, anecogénico e vascularização discreta na
periferia, sem septos nem vegetações
• Têm, portanto, um aspeto semelhante aos quistos foliculares
Cistadenoma mucinoso
• 15% dos tumores benignos
• Maior incidência entre os 35 e os 50 anos – o que é preocupante, porque à medida
que a mulher se aproxima da menopausa, a probabilidade de vir a ter um cancro do
ovário é maior
• MulNloculares, volumosos, com paredes finas e septos finos e incompletos, conteúdo
líquido finamente ecogénico, vascularização mais acentuada – a disNnção entre
benignidade e malignidade é mais diocil.
5 6 7
Não convém romper os quistos dentro do peritoneu, uma vez que, se forem malignos, estamos a aumentar a
disseminação e a aumentar o estadio da doença. Numa mulher que inicialmente apenas precisava de fazer anexectomia,
passa a precisar de uma cirurgia radical e quimioterapia.
5. Imagem de laparotomia onde vemos um cistadenoma seroso do ovário, durante uma laparotomia.
6. Imagem de laparoscopia onde vemos um cistadenoma seroso do ovário direito.
7. Cistadenoma mucinoso do ovário, que possui vários septos a separar as várias locas. Tem áreas de hemorragia
intraquísNcas (regiões mais roxas).
Endometriomas
• RevesNdos por tecido endometrial (endométrio ectópico na superocie
do ovário vai “menstruar” todos os meses, provocando a acumulação
de sangue no ovário e originando o quisto aka o endometrioma).
• Associados ou não a endometriose pélvica disseminada.
Por vezes existem de forma totalmente isolada, e nesse caso, não há sintomas a
menos que haja rotura.
Nas situações em que ocorre rotura, há libertação de sangue velho, o chamado
“fondue de chocolate”, como mostra a imagem. Nessa situação, a primeira
manifestação é com um quadro de ventre agudo, pois o sangue em contacto
com o peritoneu provoca irritação peritoneal (peritonite).
No entanto, na maioria das vezes, o endometriome está associado a endometriose pélvica disseminada, apresentando os
sintomas prévios de endometriose (dispareunia, dismenorreia, e até inferNlidade).
• ECO – geralmente uniloculares, com conteúdo hemáNco finamente ecogénico e homogénio mas mais espesso
(chamam-no de aspecto “vidro fosco”), paredes espessas, sem septos nem vegetações.
• Clínica – geralmente sintomáNcos (aderências pélvicas e micro-roturas)
8 9 10 11
8. Endometrioma que, na ecografia, tem aspeto muito sugesNvo de vidro fosco, com conteúdo líquido homogénio,
ligeiramente ecogénico, paredes um pouco mais espessas do que no cistadenoma seroso.
9. Endometrioma com sangue velho, mais espesso (o tal fondeu de chocolate), decorrente das várias menstruações
que a mulher sofreu desde que tem o quisto.
10. Ecografia de teratoma quísNco maduro, onde vemos alguma gordura e zonas um pouco mais densas (músculo
ou osso).
11. Teratoma aberto em que encontramos ossos, dentes, tecido muscular... lindo.
Fibromas
• Tumores benignos derivados das células do estroma
• Por vezes bilaterais e com calcificações
• Podem associar-se a síndromes de Meigs – fibroma do ovário benigno,
associado a ascite e derrame pleural (tal como os tumores malignos), pelo
que sempre que estamos perante um fibroma deste Npo, é obrigatório
operar imediatamente e fazer a excisão para ter a certeza,
histologicamente, que não estamos perante malignidade.
• São tumores completamente sólidos, o que torna mesmo muito diocil
diferenciar do cancro do ovário.
DIAGNÓSTICO
• Exame ginecológico
• Ecografia transvaginal (1ª linha) e/ou supra-púbica – estabelece índice de suspeição de malignidade.
• Doppler a cores – dá uma indicação de benignidade/malignidade mais exata do que a ecografia isolada, através
do índice de resistência.
• TC/RM pélvica
• CA-125, CEA, alfa-fetoproteína, beta-HCG
• Laparoscopia (+++) que é diagnósNca e terapêuNca e é quase sempre mandatória, exceto nos tumores funcionais
(tratados com COC).
Benignos Malignos
• Quisto simples < 10cm de diâmetro • Tumor sólido ou misto!!
• Ausência de septos/vegetações • Septos espessos e vegetações
• Parede fina < 3mm • Parede espessa (≥ 3mm)
• Avascular ou com escassa vascularização (IR > 0,5) • Hipervascularização (IR ≤ 0,5)
• Unilateral • Uni ou bilateral
• Ausência de ascite • Presença de ascite
NOTA:
Tumor misto = componente sólido e componente líquido. A maioria dos tumores são mistos e o componente sólido > 50%
do volume do tumor.
IR (índice de resistência) mede a neovascularização. Um maior índice equivale a ausência de neovascularização, pois
significa que os vasos têm formação normal e completa com resistência preservada.
Um padrão “caóNco” vascular é indicaNvo de malignidade.
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12. Quisto simples (tumor benigno) – vemos um liiiiigeiro septo com conteúdo líquido hemogénio
13. Quisto complexo com vegetações (tumor borderline) – há um componente sólido muito pequeno quando
comparado com o componente líquido, daí ser borderline
14. Tumor misto com hipervascularização (tumor maligno) – muito mais componente sólido, com área quísNca e
vascularização acentuada. Aqui, o IR < 0,5.
KEY POINTS
Ø Os quistos funcionais tendem a ser de menor diâmetro (< 3cm), ocorrem em mulheres pré-menopausicas e têm
resolução espontânea ou sob EP (estroprogesterona)
Ø Quistos funcionais e tumores benignos do ovário são, geralmente, assintomáNcos e detetados em ecografia de
roNna
Ø É obrigatório excluir gravidez ectópica através de um teste de gravidez (TIG ou beta-HCG) perante uma formação
ovárica/anexial em idade férNl
Ø As massas anexiais com caracterísNcas ecográficas de malignidade (ex: componente sólido e líquido, vegetações
à superocie ou internas, septos grossos, aspeto mulNlocular, forma irregular, vascularização axpica) devem ser
excisadas com urgência.
Ø Devem ser excisados todos os quistos e tumores com caracterísNcas de benignidade, mas que não regridem
espontaneamente ou sob EP ao fim de 3 meses.
TUMORES BORDERLINE
Tumores epiteliais do ovário com quadros histopatológicos e comportamento biológicos intermédios entre tumores
claramente benignos e tumores francamento malignos.
HISTOPATOLOGIA
• Os tumores borderline são comuns, representando atualmente cerca de 15% de todas as neoplasias epiteliais do
ovário.
• A sobrevivência global e livre de doença é excelente, com taxas de 85 a 90% aos 5 anos.
• As mulheres com tumores borderline são mais jovens em comparação com as pacientes com carcinoma invasivo.
A idade média de diagnósNco dos tumores borderline é de 45 anos VS os 63 anos dos tumores invasivos.
• O prognósNco dos tumores borderline do ovário é muito bom, embora 10-15% das doentes possam ter
recorrências e venham a morrer da doença.
EPIDEMIOLOGIA
Como são assintomáNcos e não há rastreio de cancro do ovário, eles não são diagnosNcados em fase inicial e, portanto,
são muito letais.
Família das neoplasias derivadas das células do epitélio de revesNmento, das células germinaNvas, das células dos cordões
sexuais.
Os cancros epiteliais do ovário representam 80-85% de todas as neoplasias malignas (borderline ou invasivas) primiNvas
do ovário.
ETIOPATOGENIA
Hipótese de Fathalla
A carcinogénese ovárica está relacionada com o traumaNsmo
repeNdo da ovulação e respeNvo esxmulo mitóNco (reparaNvo) a
nível do epitélio de revesNmento do ovário.
Origem tubar
A carcinogénese ovárica está também relacionada com refluxo tubar de agentes carcinogénicos provenientes do TGI
(microorganismos, asbestos, talco...).
TROMPAS
• Local de origem de grande percentagem dos carcinomas serosos diagnosNcados nos ovários
• ParNcularmente consistente nas mulheres com mutações dos genes BRCA1/BRCA2
• Início da transformação neoplásica na zona de transição entre o epitélio de revesNmento (ciliar) nas ombrias e o
mesotélio peritoneal.
GENÉTICA
• Na população geral, 5-15% dos cancros do ovário são decorrentes de mutações em BRCA1 ou BRCA2.
• Em mulheres com mutação confirmada no gene BRCA1 ou BRCA2, o risco de desenvolver cancro do ovário ao
longo da vida é de 45-60%
• A anexectomia bilateral profiláNca aos 35 anos ou após projeto reproduNvo concluído previne 85-95% dos
cancros do ovário nestas mulheres
• A salpingectomia bilateral parece prevenir a maioria destas neoplasias com a vantagem de preservação da função
ovárica.
• Em 5-17% das peças de anexectomia profiláNca está presente um carcinoma seroso in situ, sub-clínico nos
ovários ou nas trompas.
Cerca de 10 a 15% das doentes com cancro do ovário apresentam mutação em BRCA1 ou BRCA2.
Genes supressores tumorais BRCA1 (CR 17) e BRCA2 (CR 13) são os mais frequentemente implicados e responsáveis por
cancro do ovário em idades mais jovens (média de 10 anos antes dos tumores esporádicos).
Mutações nos genes de reparação do ADN relacionados com o S.Lynch – MLH1, MSH2, MSH6, PMS2 – podem ser
detetadas.
Mutações em BRIP1, PAB2, RAD51C, RAD51 e BARD1, entre outras, contribuem com 20% das mutações idenNficadas em
cancro do ovário e conferem um risco de desenvolver esta doença de 5 a 15% ao longo da vida.
RASTREIO
Os testes disponíveis para idenNficar cancros do ovário sub-clínicos carecem de sensibilidade e especificade adequadas.
A uNlidade do uso combinado da ecografia transvaginal e do doseamento sérico do marcador tumoral CA-125/outros,
conNnua em avaliação.
Acabamos por ter de operar muitas doentes que não teriam nada, porque os testes dão alguns falsos posiNvos.
MARCADORES TUMORAIS
Os marcadores tumorais para o cancro do ovário são mais úteis na vigilância pós-cirurgia e monitorização da resposta ao
tratamento (ex: QTA).
A sensibilidade, especificidade e valores prediNvos dos marcadores tumorais são muito baixos, não lhes conferindo valor
prediNvo.
Está comercializado um painel de 5 testes que parece conferir maior valor na determinação da necessidade de cirurgia
por traduzir maior probabilidade de malignidade.
• Beta-2 microglobulina
• CA-125 II
• Apolipoproteína A-1
• Pre-albumina
• Transferrina
CA-125
Falsos posiNvos do CA125:
• Gravidez
• Endometriose
A sensibilidade aumenta nas mulheres pós-menopausa e, • Doença Inflamatória Pélvica
parNcularmente, quando associado a sintomas relevantes e achados
• Miomas uterinos
ecográficos, sugesNvos de malignidade.
• Peritonite
• ColecisNte
Está elevado em 80% da totalidade das doentes com cancro epitelial
• Gastrite
do ovário, mas apenas 50% das doentes com doença em estadio inicial
(estadio 1) • PancreaNte
Nos cancros mucinosos, o seu valor é muito inferior. • Doença Inflamatória IntesNnal
• Outros cancros epiteliais abdominais
Se o cut-off de CA125 baixar para 30 U/ml (N< 35 U/mL) a
sensibilidade aumenta.
HE4
• HE4 (Human epididymis protein 4), precursor da proteína E4 do epidídimo humano, é uma glicoproteína
idenNficada no epitélio do epidídimo. No ovário normal existe apenas uma produção e expressão muito residual
de HE4.
• Como marcador tumoral isolado, HE4 evidenciou a sensibilidade mais elevada na deteção de cancro do ovário,
parNcularmente na deteção precoce de estádios iniciais da doença.
• A associação CA125 e HE4 tem maior valor prediNvo de cancro do ovário do que qualquer um deles isoladamente
ou associado a outros marcadores.
• Valores de HE4 (> 70 pM) verificou-se estarem elevados em mais de 50% das doentes com cancro do ovário com
valores normais de CA125 (< 35 U/ml).
• A determinação de HE4 num grupo de doentes pré-menopausa com massas tumorais anexiais evidenciou a
capacidade de discriminar tumores benignos e tumores malignos.
Tumores secundários (MTX) à mama, endométrio, estômago, colon, apêndice ileo-cecal à tumores de Krukenberg
CLÍNICA
Os sinais e sintomas de cancro do ovário são tardios e não são específicos!
O exame ginecológico pode evidenciar um ovário aumentado de volume.
Um ovário palpável numa mulher pós-menopáusica é patológico e devera ser sempre invesNgado (e a invesNgação nestas
mulheres é através da operação, e esperar ter a sorte de encontrar para remover).
Nas mulheres mais jovens, um quisto do ovário com diâmetro de ≥ 10 cm, deverá ser sempre invesNgado (não só porque
pode romper como a probabilidade de ser maligno é maior), assim como a existência de caracterísNcas ecográficas
suspeitas em formações quísNcas de qualquer dimensão.
Sintomas gastro-intesNnais, genito-urinários e pélvicos só ocorrem quando os tumores são volumosos e/ou surge
disseminação intra-abdominal da doença
• Pressão / dor abdominal, pélvica, lombar, membros inferiores Varável, tardia e inespecífica!
• Aumento do volume abdominal sem aumento da gordura corporal
• TVP dos membros inferiores / síndrome varicoso
• Enfartamento pós-prandial, náuseas, vómitos, flatulência, obsNpação
• Astenia inexplicável e persistente 15
• Dispneia
• Polaquiúria
• Metrorragias pós-menopausa (t. produtores de estrogénios)
• Quadro sub-oclusivo!!!
• Oligo-anúria!!!
• Falência mulNorgânica!!!
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DIAGNÓSTICO
• Ecografia transvaginal/abdomino-pélvica
• Doppler a cores
• CA125 sérico
• RM abdomino-pélvica/TC abdomino-pélvica
• Exames “específicos” 17
o RSC/colonoscopia
o EDA
o Citoscopia
o TC torácica
o PET
• Laparoscopia com biópsias!!
18
15. Imagem ecográfica transvaginal onde vemos um tumor do ovário, enorme, mas
cuja cápsula parece não ter rompido. Vê-se uma vegetação que foi aumentando
à altamente maligno.
16. Ecografia transvaginal e doppler a cores onde já nem conseguimos disNnguir o
ovário, é o chamado “cake pélvico”, porque envolve todas as estruturas pélvicas,
apresenta áreas sólidas e líquidas, muito vascularizado (IR baixo), lagos
sanguíneos. 19
17. Ecografia transvaginal onde vemos ovário com fundo hipoecogénico que parece
granulado. MúlNplos nódulos de carcinomatose.
18. Ecografia transvaginal onde vemos componente líquido predominante, no
entanto era um tumor maligno.
19. PET 18F-FDG que mostra o que acontece no tumor do ovário – na grande maioria
das vezes ele metasNza apenas intra peritonealmente e não tanto com mtx à
distância (mas também pode acontecer).
FATORES DE PROGNÓSTICO
Parâmetros aceites como capazes de influenciar o aparecimento de recorrências e a sobrevivência incluem:
• Volume do tumor residual após a cirurgia (cut-off = 2 cm)
• Estadio da doença
• Tipo histológico do tumor
• Idade da doente
A cirurgia, quando exequível, deve ser “de máximo esforço cirúrgico” e de “descalabro total”. Podemos ter de fazer
colectomias parciais, cistectomias, gastrectomias, all types of stuff porque o prognósNco vai depender da massa tumoral
residual que fica depois da cirurgia.
TRATAMENTO
A cirurgia e a terapêuNca primária recomendada.
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20. Mostra o “cake peritoneal” que engloba tudo: ureteres, grandes vasos, ovários (que
às vezes nem conseguimos encontrar).
A cirurgia representa a primeira aNtude de todos os protocolos realizada com objeNvo de:
• DiagnósNco – necessidade frequente de estudo extemporâneo
• Estadiamento/prognósNco – avaliação da extensão tumoral
• TerapêuNco – remoção tumoral máxima
Cirurgia primária
• Máxima redução tumoral
o Cirurgia conservadora
o Cirurgia radical
• Cirurgia secundária
o Cirurgia de intervalo
o Cirurgia de “second look”
Estadiamento completo à Estadios IA1 e IA2 (ainda não ultrapassaram cápsula do ovário) são os únicos que permitem
tratamento com manutenção de ferNlidade (através de anexectomia unilateral)
Cirurgia conservadora (anexectomia unilateral e linfadenectomia pélvica) em centro com experiência em cirurgia
oncológica, de preferência laparoscópica.
Completar a cirurgia após projeto reproduNvo terminado (histerectomia total, anexectomia restante, linfadenectomia).
QUIMIOTERAPIA
Cancro inicial
• QT adjuvante
o Nas doentes que pretendem engravidar – esperar 6 meses entre o final da QT e a gravidez, e administrar
análogos de GnRH simultaneamente à QT
Cancro avançado
• QT adjuvante
• QT neo-adjuvante
• QT paliaNva
Quimioterapia intraperitoneal
Só em protocolos de invesNgação!
Vantagens teóricas: doses significaNvamente mais elevadas, sem toxicidade sistémica excessiva.
Radioterapia
Não está indicada no tratamento primário ou adjuvante do cancro do ovário.
• Elevada toicidade imediata e tardia
• Pode ser usada com fins paliaNvos em doença localizada e sintomáNca (exemplo: massa pélvica, metasNzação
óssea ou cerebral).
Novas abordagens
• Imunoterapia e terapias genéNcas com: inibidores da angiogénese, inibidores da PARP e inibidores de check
points.
• Cirurgia robóNca.