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GERENCIAL I

DA ASSISTÊNCIA
TÉCNICA E GERENCIAL
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Presidente do Conselho Deliberativo


João Martins da Silva Júnior

Entidades integrantes do Conselho Deliberativo


Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA
Confederação dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG
Ministério do Trabalho e Emprego - MTE
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA
Ministério da Educação - MEC
Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB
Agroindústrias / indicação da Confederação Nacional da Indústria - CNI

Diretor Geral
Daniel Klüppel Carrara

Coordenação de Assistência Técnica e Gerencial


Matheus Ferreira Pinto da Silva
Módulo 2
Gerencial I da Assistência
Técnica e Gerencial
Módulo 2

Sumário
Introdução do módulo................................................................................................................ 6

Tema 1: O agronegócio.............................................................................................................10
Introdução...............................................................................................................................10
Tópico 1: Introdução ao agronegócio................................................................................12
Tópico 2: Cadeias produtivas...............................................................................................20
Tópico 3: Teoria geral de custos..........................................................................................31
Tópico 4: Economia de escala..............................................................................................41
Tópico 5: Elasticidade de preços.........................................................................................48
Encerramento do tema.........................................................................................................54
Atividade de Passagem.........................................................................................................56

Tema 2: Introdução ao gerenciamento................................................................................57


Introdução...............................................................................................................................57
Tópico 1: Conceitos administrativos...................................................................................59
Tópico 2: Gestão e gerenciamento da propriedade rural...............................................67
Tópico 3: Características peculiares em uma empresa rural..........................................74
Tópico 4: Fatores que interferem na gestão de uma empresa rural.............................82
Tópico 5: Aplicação do gerenciamento em uma empresa rural....................................89
Encerramento do tema.........................................................................................................97
Atividade de Passagem.........................................................................................................99

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Módulo 2

Tema 3: Renda bruta da atividade...................................................................................... 100


Introdução.............................................................................................................................100
Tópico 1: Componentes da renda.....................................................................................102
Tópico 2: Critérios de definição de custos entre as atividades....................................110
Tópico 3: Cálculo da renda bruta.......................................................................................116
Tópico 4: Peculiaridades no cálculo da renda bruta.......................................................121
Tópico 5: Aplicação do cálculo da renda bruta...............................................................129
Encerramento do tema.......................................................................................................141
Atividade de Passagem.......................................................................................................143

Encerramento do módulo..................................................................................................... 144

Final de etapa.......................................................................................................................... 146

Gabarito das Questões......................................................................................................... 148

Referências............................................................................................................................... 151

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Módulo 2

Introdução do módulo

Bem-vindo! Você está iniciando o módulo Assistência técnica e as


propriedades rurais. Observe no infográfico a sua posição no curso e atente-
se ao seu progresso!

Calcular e
interpretar
indicadores técnicos
e econômicos nas
principais cadeias
Módulo 5
produtivas da Planejamento
pecuária ou da da Propriedade
Reconhecer os Módulo 3 agricultura. Rural
Início da conceitos gerenciais
Gerencial II
da Metodologia de Gerencial II Definir em
jornada da Assistência da Assistência que consiste o
Final da
Assistência Técnica
e Gerencial.
Técnica e Técnica e planejamento jornada
Módulo 1 Gerencial Gerencial estratégico da
Gerencial I da Contextualizar os propriedade rural
Metodologia da Assistência Módulo 4 assistida pela
conceitos gerenciais
Assistência Técnica Técnica e Metodologia de
da Metodologia de
e Gerencial Gerencial ATeG, facilitando
Assistência Técnica
sua compreensão e
Aprimorar conhecimentos Módulo 2 e Gerencial.
aplicabilidade.
metodológicos para o
desempenho necessário
de ações de assistência
técnica, destacando as
competências requeridas
ao exercício da atividade.

Você está aqui!

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Módulo 2

Na prática, este módulo tem o objetivo de apresentar a você, os conceitos


gerenciais da Metodologia de Assistência Técnica e Gerencial, deixando
claro o diferencial da metodologia, que focaliza o trabalho e não fica apenas
na transferência de conhecimentos técnicos, mas também traz informações
administrativas e gerenciais.

Para isso, o módulo foi dividido em três temas:

Tema 1 Tema 2 Tema 3


O Agronegócio Introdução ao Renda Bruta
Gerenciamento da Atividade

Nossa expectativa é que, ao final do módulo, você entenda os conceitos


referentes à teoria geral de custos e aos efeitos da economia de escala
no custo unitário de um produto, as dinâmicas de mercado e o reflexo
das demandas e ofertas sobre o preço de um produto. Esperamos
também que você fique familiarizado com conceitos importantes para o
entendimento do gerenciamento do meio rural e sua correlação com a gestão
de uma empresa rural, identificando suas peculiaridades.

Tudo isso para que você possa se tornar um autêntico educador agente de
transformações no campo, capaz de:

• identificar os fatores de produção em uma propriedade rural que compõem a


renda da atividade,

• definir a alocação de custos da atividade de acordo com os critérios indicados


na metodologia de ATeG,

• calcular a renda bruta identificando os cenários de normalidade e de


subatividade,

• identificar o momento de usar a variação de inventário para correção de


eventuais anomalias matemáticas,

• aplicar o conceito de renda bruta na análise econômica de uma propriedade


rural.

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Módulo 2

Praticando…
Agora que você conhece os temas que serão trabalhados no módulo, o que
acha de ver esses conceitos de forma mais prática?

Assista ao vídeo de Introdução no Ambiente de


Estudos e entenda como poderá praticar e refletir
durante todo o módulo, acompanhando a história
do Técnico Marcelo e da Fazenda Santa Felicidade.

Desafios da jornada
Vale lembrar que o conteúdo é todo interligado. Por isso, você precisa conhecer
o primeiro tema com todos os tópicos e realizar a Atividade de Passagem,
para depois iniciar o tema seguinte.

Veja os ícones e relembre os tipos de desafios que você encontrará ao longo


do módulo!

Pense e Decida
Situações práticas e objetivas em que você deve analisar o
cenário e tomar uma decisão. Não possui valor para a certificação.

Atividade de Passagem
Tem objetivo de verificar se você teve um bom aproveitamento
em relação ao conteúdo do tema correspondente e libera o
acesso ao tema seguinte.

Estudo de Caso
Obrigatório e de valor avaliativo, o Estudo de Caso consiste em
uma questão reflexiva, relacionada aos temas estudados.

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Módulo 2

Simulado
Depois de passar por todos os temas do módulo e tiver completado
a última atividade, você deverá responder o Simulado.

Avaliação
A Avaliação é obrigatória e tem como objetivo verificar o seu
desempenho em cada módulo.

Fórum
O Fórum proporciona o debate e a troca de conhecimento entre
você e o tutor. Existe um Fórum por módulo, que fica aberto
durante todo o seu período de estudos nesta fase.

Ah, não se esqueça:

• Realize, no Ambiente de Estudos, a pesquisa de satisfação.

• A nota do módulo é composta por uma média simples.

• Para passar: Avaliação + Estudo de Caso / 2 = 6 ou mais.

Tenha uma ótima jornada de conhecimento e crescimento. Bons estudos!

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Módulo 2

Tema 1: O agronegócio
Introdução

Você está iniciando o primeiro tema do módulo. O objetivo é que você


conheça a evolução do agronegócio, entendendo sua importância hoje
para obter a melhor gestão da propriedade rural. Além disso, é essencial
que você compreenda os conceitos relativos à metodologia de ATeG, como
o funcionamento das cadeias produtivas, a teoria geral de custos,
a economia em escala e a elasticidade de preço – conhecimentos
fundamentais para uma boa gestão.

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Módulo 2

Ao final deste tema, você será capaz de:

• reconhecer o histórico e a evolução do agronegócio,

• analisar o setor rural brasileiro diante do contexto apresentado,

• reconhecer a composição e a importância das cadeias produtivas,

• identificar os conceitos da teoria geral de custos e os efeitos da economia de


escala no custo unitário de um produto,

• reconhecer o reflexo da demanda e da oferta em seu preço.

Estrutura do tema
Grandes são os desafios enfrentados pelos agentes da assistência técnica, por
isso é necessário que todos estejam preparados e munidos de informações
e conhecimentos. Para facilitar o entendimento deste conteúdo e garantir o
acesso, cada tema é dividido em tópicos.

Observe o esquema abaixo e conheça o objetivo de cada um dos tópicos.

Introdução ao agronegócio
Compreender a origem do agronegócio e
a partir de quando ele passou a ter essa
denominação.

Tópico 1

Elasticidade de preços Tópico 5 Tópico 2 Cadeias produtivas


Compreender as dinâmicas Desenvolver a visão sistêmica
de mercado, uma vez que da cadeia produtiva.
os produtores rurais, em
sua maioria, são tomadores Tema 1
de preços, não formadores.

Tópico 4 Tópico 3

Economia de escala Teoria geral de custos


Identificar corretamente os custos Conhecer os conceitos sobre
de produção, especialmente os custos de produção e a divisão
de natureza fixa, associados às clássica dos custos, de acordo
quantidades produzidas. com sua natureza.

Tópicos legais, não é mesmo? Entendido o que esperar de cada um,


siga em frente!

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Módulo 2

Tópico 1: Introdução ao agronegócio

Afinal, o que é o agronegócio?

No decorrer deste tópico você vai conhecer a origem do conceito


de agronegócio, a sua história, abrangência e importância para a
movimentação econômica, em escala nacional e mundial.

Com a diversificação da base produtiva das criações de animais e do


desenvolvimento tecnológico, ocorreu a integração entre atividades
agropecuárias, atividades industriais e serviços.

Essa integração envolve atividades de produção agropecuária com indústrias


de suporte para as demais atividades de apoio e é chamada de agronegócio.

Indústrias responsáveis pelo fornecimento de máquinas e equipamentos, insumos,


processamento, armazenamento e comércio de alimentos.

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Módulo 2

O começo
Até meados da década de 1950, o negócio rural era
entendido apenas como processos de transformação
que aconteciam dentro das propriedades rurais. Ou
seja, a produção de produtos primários que seriam
ofertados ao mercado consumidor.

Em 1957, os pesquisadores da Universidade de


Harvard John Davis e Ray Goldberg usaram o termo
“agribusiness”.

Derivado de “agricultura”, esse termo abrange um conjunto de operações


que envolve a produção, passa pela armazenagem e o processamento e
se estende à distribuição de produtos agrícolas e derivados.

Davis e Goldberg reconheceram que não era mais adequado analisar a


economia rural nos moldes tradicionais (com setores isolados que fabricavam
insumos, processavam os produtos e os comercializavam), mas sim como o
conjunto de operações de todos os segmentos que contribuem para a
produção rural.

O termo “agribusiness” se espalhou.

1957

1980

Na década de 80,
essa nova visão Nessa época surgiram a Associação
da agropecuária Brasileira de Agribusiness (Abag) e o
começou a ser Programa de Estudos dos Negócios do
usada no Brasil. Sistema Agroindustrial da Universidade
de São Paulo (Pensa/USP).

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 13


Módulo 2

Foi somente a partir da segunda metade da década de 1990 que o termo


“agronegócio” começou a ser aceito e adotado nos livros-textos e na mídia,
culminando com a criação dos cursos superiores de agronegócios em nível de
graduação universitária.

Pare para pensar


Imagine uma propriedade familiar que produz frangos
caipiras e hortaliças para vender nas feiras locais. Agora,
pense em uma fazenda de gado para venda em grande
escala a indústrias exportadoras. Em sua opinião, ambas
podem ser consideradas agronegócios?

Escreva aqui o que acha e revisite sua resposta depois


de finalizar este tema!

Hoje em dia
Atualmente, o termo “agronegócio” é estigmatizado em determinados
segmentos da sociedade, pois tem sua imagem vinculada diretamente a
grandes áreas de cultivo e a grandes empresas.

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Módulo 2

Indústria

Cultivam a terra
Criam animais

Serviços

Porém, o termo é abrangente e engloba todos aqueles que cultivam a terra e


criam animais, em qualquer escala, além de qualquer indústria e serviço
de apoio à produção de alimentos.

O agronegócio na economia brasileira


Para você entender melhor a importância do agronegócio dentro da economia
brasileira, veja os números do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma
dos valores monetários de todos os bens e serviços que um país produz em
determinado período.

No Brasil, uma parte significativa da economia vem do agronegócio, que


representa 21,46% do PIB nacional, conforme mostra o gráfico a seguir.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 15


Módulo 2

Participação do PIB do Agronegócio no PIB Total - Brasil


(% PIB Agro)

27.00
24.07
27.00
22.47 21.79
24.00 21.46
20.83
19.82 20.24 20.50
21.00

18.00

15.00

12.00

9.00

6.00

3.00
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
(% PIB Agro)
Fontes: Cepea (PIB Agro) e IBGE (PIB Total): elaboração Cepea

Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada / Cepea / Esalq / USP / Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil / CNA – 2016

Os processos de operações
Entendida a importância do agronegócio para a economia brasileira, siga
agora a lógica das operações contínuas.

Por meio de uma visão sistêmica, é possível avaliar os processos que ocorrem
antes da propriedade rural, os que ocorrem dentro dela e também os
posteriores. Nessa visão, esses processos são denominados:

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Módulo 2

Antes da produção
Produção e fornecimento de insumos, máquinas,
equipamentos e serviços especializados.

Durante a produção
Preparo e manejo de
solos, tratos culturais,
irrigação, colheita e
criação animal.

DISTRIBUIDORA

Depois da produção
Transporte, industrialização,
distribuição e comercialização.

Entenda melhor cada conceito!

Antes da produção
Os segmentos deste conceito se referem a tudo que ocorre antes da
atividade na propriedade rural. Destacam-se os insumos, que podem ser
conceituados como os fatores de produção que propiciam a produção
primária.

Aplicando esse conceito básico à atividade agropecuária, podemos chamar de


insumos todos os bens e serviços que propiciam a produção do setor
agropecuário, ou seja, tudo o que facilita, melhora ou aumenta a produção.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 17


Módulo 2

Insumos também são caracterizados por exigirem despesas consideradas


diretas (pagamentos), pois é necessária sua aquisição.

Exemplos de alguns insumos do agronegócio

• Sementes • Implementos
• Energia • Fertilizantes
• Água • Sais minerais
• Rações • Produtos veterinários
• Equipamentos • Equipamentos de irrigação
• Máquinas • Embalagens

Além desses fatores, existe o segmento de indústrias e empresas especializadas


em seu fornecimento.

Durante a produção
Este segmento agropecuário, por sua vez, se refere à produção
propriamente dita e engloba desde o preparo inicial do solo até a
obtenção do produto para ser comercializado.

Essa etapa é aquela em que o produtor que possui domínio define:

• cultura a ser implantada,

• volume ou nível de intensificação/tecnificação,

• período e escalonamento da safra,

• armazenamento,

• comercialização.

A tomada de decisões gerenciais feitas pelo produtor nessa etapa, em


parte se refletirá nas demais (antes e depois da produção). Isso porque pode
gerar menor ou maior demanda de insumos e, consequentemente, maior ou
menor oferta de produtos ao mercado consumidor.

Depois da produção
Este segmento é constituído pelos atos de processamento e distribuição
dos bens ou serviços, desde aqueles produzidos pela atividade
agropecuária até os produtos que chegam aos consumidores finais.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 18


Módulo 2

Geralmente, o comércio, as agroindústrias e os prestadores de serviços


(como assistência técnica, pesquisa, crédito, marketing etc.) são os agentes
envolvidos nesse processo.

Cabe destacar que esta etapa também está sujeita a certas características
que não estão sob seu controle, por exemplo:

• sazonalidade de culturas,

• ataque de pragas e doenças,

• intempéries climáticas,

• alterações da demanda,

• políticas públicas ligadas ao setor.

A visão sistêmica do agronegócio potencializa benefícios para um


desenvolvimento mais intenso e harmônico da sociedade brasileira. Para
isso, é necessário vencer alguns desafios e conhecer as inter-relações
das cadeias produtivas, de forma a indicar os requisitos para melhorar a
competitividade, a sustentabilidade e a equidade.

Resumindo o tópico
Neste primeiro tópico, você:

Conheceu a origem Reconheceu a Entendeu como


e a evolução do importância do funcionam os
agronegócio no Brasil agronegócio para a processos das
e no mundo. economia brasileira. operações na prática.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 19


Módulo 2

Tópico 2: Cadeias produtivas

Você sabe efetivamente o que é uma cadeia produtiva na


prática?

Neste tópico você verá o que são cadeias produtivas e como


analisá-las, entendendo sua estrutura, sua organização e seus
melhores arranjos.

A globalização, a evolução dos mercados consumidores e os avanços


tecnológicos de processos produtivos têm refinado cada vez mais o conceito
de cadeia produtiva.

Inicialmente, ela foi definida como:

Um conjunto de elementos que interagem em um processo produtivo


para a oferta de produtos ou serviços ao mercado consumidor.

O conceito de cadeia produtiva foi criado na França na década de 1960,


quando foi definida como as sucessões de atividades ligadas à produção
agropecuária.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 20


Módulo 2

Especialmente no agronegócio, as cadeias produtivas podem ser vistas com


a inter-relação de vários segmentos sob a lógica da oferta de bens e serviços
ao mercado de produtos agropecuários in natura ou beneficiados.

Nelas, o ciclo produtivo possui os processos já conhecidos: antes, durante


e depois da produção.

Antes da produção
Produção e fornecimento de insumos, máquinas,
equipamentos e serviços especializados.

Durante a produção
Preparo e manejo de
solos, tratos culturais,
irrigação, colheita e
criação animal.

DISTRIBUIDORA

Depois da produção
Transporte, industrialização,
distribuição e comercialização.

Ao analisar uma cadeia produtiva, é preciso ter uma visão sistêmica de todas
as interligações, elos coordenados por diferentes estruturas sob a pressão
exercida pelos consumidores. Apenas dessa maneira será possível identificar
os pontos críticos do setor produtivo em questão e usar essa visão como
ferramenta para gerar melhorias do início ao fim da cadeia.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 21


Módulo 2

Você sabia?

O termo “elo” no conceito da cadeia produtiva é uma


alusão aos elos de uma corrente, que necessitam
estar atrelados firmemente uns aos outros. Isso deve
acontecer da mesma forma nos processos presentes na
cadeia produtiva.

Quanto maior for a integração entre os agentes identificados como elos das
cadeias produtivas, nas mais diferentes etapas do trabalho, melhores serão
os resultados alcançados, a qualidade do produto final e a eficiência do uso
dos recursos físicos e financeiros.

A figura a seguir representa esquematicamente uma cadeia produtiva com o


exemplo de um produto de origem agropecuária. Observe!

Ambiente institucional (leis, normas, resoluções, padrões de comercialização)

Agricultores
Fornecedores Sistemas Processadores Comerciantes Comerciantes Mercado
de insumos produtivos Agroindústrias Atacadistas Varejistas consumidor
(1,2,3,4...)

Ambiente organizacional (órgãos do governo, instituições de crédito, empresas de pesquisa, agências credenciadoras)

Fluxo de Capital Fluxo de Mercadoria

É possível entender a visão sistêmica do agronegócio por meio do conceito


de cadeia produtiva. Repare que existem vários elementos interligados e
interdependentes, como:
• os fornecedores de insumos (fertilizantes, defensivos e rações, por exemplo),
crédito e sementes,

• os agricultores,

• os processadores,

• os comerciantes atacadistas e varejistas,

• o mercado consumidor.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 22


Módulo 2

No esquema apresentado, os elementos da cadeia produtiva estão sujeitos a


influências de dois ambientes: institucional e organizacional. Entenda!

Ambiente Institucional
Refere-se ao conjunto de normas, regulamentos, mecanismos,
políticas, leis ambientais, trabalhistas, tributárias e comerciais,
cujas características afetam significativamente a competitividade
das cadeias produtivas. Esses são instrumentos que regulam as
transações comerciais, ambientais e trabalhistas.

Ambiente Organizacional
É composto pelas próprias empresas (fornecedoras e
agroindústrias), pelos agricultores/pecuaristas e pelas
estruturas criadas para dar suporte ao funcionamento das
cadeias produtivas, compreendidas por universidades, órgãos
de pesquisa e normalização, órgãos de fiscalização e controle,
associações, cooperativas e sindicatos.

Os arranjos das cadeias produtivas não seguem padrões preestabelecidos,


pois dependem de inúmeras variáveis que normalmente estão associadas aos
contextos regionais e às exigências de mercado. Vejamos, por exemplo, a
cadeia produtiva da carne.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 23


Módulo 2

FRIGORÍFICO

Insumos para Distribuição Consumidor


produção Distribuidor, final
Genética, atacado, varejo,
suplementos Pecuaristas Indústria indústria de
minerais, brincos Produção de animais frigorífica alimentos e food
para rastreabilidade, para abate. Carnes in natura, service, grandes
sementes couros, miúdos, redes varejistas e
forrageiras etc. glândulas e outros lojas próprias dos
subprodutos da frigoríficos.
carne.

A análise da cadeia produtiva


A exigência dos consumidores aumentou, forçando o agronegócio a avançar
nas operações de processamento e preservação de seus produtos. Isso
resultou na expansão da atividade agropecuária, ultrapassando as divisas da
propriedade rural e tornando as cadeias produtivas mais complexas.

Por isso, é tão importante que você entenda bem o conceito de cadeia produtiva
e saiba que ele não diz respeito somente ao setor produtivo e à propriedade
rural, mas também a todos os componentes antes e depois da produção.

Saiba Mais

O termo “cadeia produtiva”, em outras metodologias,


pode ser tratado como cadeia de valor.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 24


Módulo 2

A abordagem sistêmica reconhece a importância de ações que afetam


a competitividade da cadeia produtiva de maneira ampla e dos agentes
que a integram. Assim, oferece o embasamento teórico necessário para a
compreensão da forma como a cadeia funciona e aponta as variáveis que
prejudicam o desempenho do sistema.

De forma objetiva, a análise sistêmica permite identificar os gargalos


ou elos fracos da atividade produtiva pertencente a essa cadeia. São
esses elos que impedem o seu pleno desenvolvimento!

A competitividade de uma cadeia produtiva é expressa pela sua capacidade de


implementar um planejamento estratégico que lhe possibilite uma inserção
sustentável no mercado. Portanto, as intervenções tecnológicas e as melhorias
organizacionais obtidas por meio de boa coordenação são imprescindíveis para
sua permanência, melhor inserção e estabilização no mercado.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 25


Módulo 2

Assim, dentro da empresa rural, intervenções tecnológicas e melhorias


organizacionais aumentam sua capacidade de obter maior vantagem
competitiva.

Organização e gerenciamento
Quanto mais organizada e tecnologicamente desenvolvida for uma cadeia
produtiva, mais competitividade terão os produtores rurais que dela
participam.

Gerenciar os segmentos de uma cadeia é determinante para a melhoria


da produtividade. Entenda!

É essencial
considerar os itens
que determinam a
forma de
coordenação da
cadeia.

Estão inclusos:
logística, sistema
de produção,
preços praticados São fatores que
e controles envolvem decisões,
exercidos. relações, estrutura e
mecanismos
administrativos, padrões
de qualidade e eficácia
de cada segmento.

Essa competência não é atribuída a determinado elemento da cadeia, mas ao


conjunto articulado de ações e relações que promovem a governança.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 26


Módulo 2

A governança também está presente na coordenação de uma cadeia produtiva,


principalmente na estrutura dominante dentro dessa cadeia, que orienta e
interfere em todo o processo produtivo e comercial. Essa interferência pode
ser mais ou menos frágil ou intensa, o que determina o modo de produção e
de comercialização dos produtos.

Entenda!

Na piscicultura, o
frigorífico é quem decide a
Na produção leiteira, quantidade de toneladas de
a indústria de laticínios pescado que vai comprar de
determina a qualidade do cada produtor, o qual deve
produto que vai adquirir, atender ao mínimo viável
restando ao produtor para que a indústria retire
atender aos padrões de os peixes no cultivo. Ou
qualidade exigidos. seja, são os frigoríficos que
controlam o volume a ser
comercializado.

Isso quer dizer que em um ambiente de liberdade econômica, a coordenação


da cadeia produtiva geralmente é feita pelo mercado. Conheça um exemplo
prático de coordenação!

O termo “mercado” não é restrito ao espaço físico onde produtos são comercializados; ele se
refere também ao momento de interação entre compradores e vendedores de produtos ou
serviços.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 27


Módulo 2

Na prática

Brenzan e Souza (2012), ao estudarem a cadeia produtiva


de frangos no Oeste Paranaense, chegaram à conclusão
de que é a agroindústria o segmento que exerce a maior
influência no mercado, como mediadora dos processos.

Esse exemplo é bem clássico, especialmente quando


se trabalha em sistema de integração entre produtor e
indústria, em que o primeiro se compromete a fornecer
alojamento e mão de obra, e o segundo fornece todos os
insumos (pintinhos, ração, medicamentos e assistência
técnica) e se compromete a comprar toda a produção ao
final do ciclo.

Em alguns ambientes, o mercado é extremamente agressivo. Em outros,


é regulamentado por governos e normas internacionais. Existe também o
ambiente saudável, em que o mercado é autorregulável, como será visto no
tópico elasticidade de preço.

Nesse ambiente saudável, o lado que predomina na coordenação da cadeia


produtiva é o que for mais organizado, mais forte.

Por exemplo: se os vendedores são organizados e unidos, é provável


que a coordenação da cadeia produtiva caiba a eles. Em situação oposta,
são os compradores que poderão coordenar a cadeia.

No ramo do agronegócio, os produtores rurais não se enquadram na posição


de coordenadores das cadeias produtivas, mas como meros tomadores
de preços e não formadores de preços. Isso ocorre por causa da grande
concorrência existente na produção rural.

Diante disso, é fundamental que esses produtores conheçam a gestão


da propriedade rural e das estruturas de custos de produção, para
que mantenham a sua competitividade. Essa situação fica nítida quando
percebemos que o cenário médio que se apresenta, dependendo da cadeia
produtiva analisada, é o seguinte:

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 28


Módulo 2

20%
do faturamento bruto
do agronegócio fica na
propriedade rural e

80%
80% fica no setor de
transformação, transporte,
comércio e serviços de apoio.

Na prática

Um exemplo prático disso ocorreu nos anos 1990, quando


ocorreu a eliminação do tabelamento governamental de
preços dos produtos lácteos.

Naquela época, foi possível observar que no resultado do


aumento dos preços praticados no mercado prevaleceram
os interesses das indústrias sobre os dos produtores e
consumidores.

Houve aumentos reais de preços ao consumidor que


não foram acompanhados na mesma proporção pelos
reajustes dos preços pagos ao produtor.

Entendendo melhor o que são cadeias produtivas, o que acha de pensar um


pouco mais sobre isso?

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 29


Módulo 2

Pense e decida

Você começou a atender uma atividade produtiva dentro de uma propriedade


usando a metodologia de ATeG. Ao se aprofundar na gestão da atividade,
percebeu que alguns pontos impactam diretamente na produtividade da
propriedade. Concluiu então que uma análise precisa ser feita para gerar
mudanças. Que tipo de análise é a ideal para esse caso?

Através de uma análise sistêmica da Através de uma análise geral apenas


atividade produtiva. da propriedade.

Justifique aqui a sua escolha!

Feedback

Lembre-se: A análise sistêmica da atividade produtiva permite identificar


os gargalos ou elos fracos dela, pois são eles que impedem o seu pleno
desenvolvimento. A fragilidade ou a inexistência de elos que compõem a
atividade pode resultar no seu insucesso, seja ela qual for.

Já a atribuição do técnico é exclusiva para o atendimento da atividade


produtiva dentro da propriedade rural. Uma análise geral da propriedade
não faz parte das suas atribuições, além de não trazer informações
necessárias para as mudanças que precisam acontecer.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 30


Módulo 2

Resumindo o tópico
Neste segundo tópico, você:

Conheceu meios
Compreendeu Entendeu como analisar
de gerenciamento
o que é e como uma cadeia produtiva,
e organização,
funciona uma cadeia explorando suas
identificando gargalos
produtiva. peculiaridades.
e melhorias.

Tópico 3: Teoria geral de custos

Muito se fala em custos em todo esse processo, mas você


entende o que são custos e qual é a real importância deles?

A partir de agora, você verá o que são custos e a sua forma de


classificação, entendendo como usá-los para melhor planejamento
da sua propriedade.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 31


Módulo 2
De forma geral, custos são despesas monetárias com os quais uma
organização, uma pessoa ou um governo precisam arcar para atingir seus
objetivos. Basicamente, são a soma dos valores monetários dos produtos
e serviços usados na produção de outros bens ou serviços.

A determinação e a avaliação dos custos na agropecuária apresentam


características próprias, que precisam de muita atenção. O correto
entendimento do custo de produção é complexo, por causa de alguns fatores
da produção rural. São eles:

Possibilidade de
Produção diversificada estocagem do
na mesma propriedade produto
Plantação simultânea de café e cereais e criação Os custos podem variar de safra
de animais para produção de leite ou corte. para safra.

Comercialização
Comercialização em formatos de troca
por insumos ou mercado futuro.

Elevada participação da
mão de obra familiar Altos investimentos em
A apropriação dos custos é subjetiva.
terras, benfeitorias e
máquinas
Ciclos diferenciados Em diferentes períodos, em que a apropriação
dos custos é mais complexa.
entre culturas
Em periodicidades anual,
diária e mensal.

Assim, para que o custo de produção seja o mais próximo da realidade, é


fundamental ter um nível elevado de conhecimento e de registros da rotina
da propriedade analisada. Isso porque a observação do processo é uma
etapa fundamental para a apropriação correta de custos, realização de
intervenções tecnológicas e auxílio no planejamento da atividade.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 32


Módulo 2

Identificação dos custos


De modo geral, as empresas buscam minimizar os custos e a maximizar
os lucros, seja no meio urbano seja no rural, já que o maior objetivo é se
perpetuar no mercado. Porém, muitas vezes os produtores culpam os baixos
preços pagos pelos seus produtos no mercado ou os altos custos de
aquisição de insumos pelo fraco desempenho econômico das suas empresas
ou ramo de atividade.

Esses dois fatores, em determinados cenários, podem sim contribuir


para o problema. Mas não devem ser vistos como os únicos!

A falta de clareza por parte do administrador sobre os seus reais custos e/


ou sobre a gestão eficiente dos seus recursos físicos e financeiros também
causam insucessos.

o patamar mínimo
de produção;

A correta identificação
das estruturas e a obter o equilíbrio
quantificação dos custos de suas receitas;
de produção definem:
os preços que a
empresa deve
obter para:
avaliar a maneira
mais adequada de
utilizar seus recursos
produtivos, físicos e
financeiros.

Tome nota

É importante ressaltar a necessidade de realizar as


análises dentro de um espaço de tempo (ou ciclo
produtivo) bem definido, uma vez que qualquer custo
de produção deve ser atribuído a um período específico.
Na metodologia de ATeG utilizada pelo Senar, a análise é
realizada considerando um período de 12 meses.

O custo total é subdivido em custos variáveis e custos fixos. Conheça


melhor cada um deles!

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 33


Módulo 2

Custos variáveis
Em nossa metodologia, esse custo é conhecido como custo operacional
efetivo (COE).

São custos com os quais o produtor tem desembolso direto, sobre os quais
ele possui total domínio.

Se uma propriedade não tiver produção, os custos variáveis podem ser


evitados. Assim, podemos afirmar que esses custos se alteram diretamente
com a variação da produção. Ou seja:

Mais produção, mais


custo variável

Menos produção,
menos custo variável

Além disso, os custos variáveis são consumidos dentro do mesmo ciclo de


produção, em rações, fertilizantes, silagens, medicamentos etc.

Na prática

Analise o exemplo!

Um piscicultor tem a sua produção anual de tilápias


utilizando 200 sacos de ração em todas as fases de cultivo.

Caso ele receba uma proposta para fornecer a um


novo cliente e tiver de dobrar a quantidade de tilápias
produzidas, terá que também dobrar a quantidade de
ração, ou seja, 400 sacos.

Assim, fica claro que o aumento no uso de ração será


devido a um aumento da produção e dentro do ciclo de
produção dos peixes.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 34


Módulo 2

Custos fixos
Esses custos existem mesmo que o bem não seja utilizado e permanecem
inalterados no curto prazo, independentemente do nível de produção. Não
estão sob o controle direto do produtor.

Na maioria das vezes, eles são negligenciados pelos produtores – alguns nem
mesmo sabem da sua existência. Quando isso acontece, a propriedade pode
ficar sucateada, ou seja, o produtor não consegue renovar ou reformar suas
benfeitorias, máquinas, equipamentos e permanece com uma lavoura já exaurida.

Na metodologia de custos de produção, os custos fixos são originários de


três fontes:

Mão de obra Depreciação Remuneração


familiar do capital
Reserva destinada
Na mão de obra familiar, à substituição dos Custo de oportunidade*
é preciso obter o bens por motivo de sobre o capital empregado
comparativo de valores desgaste. na atividade.
quanto ao que o produtor Na análise da remuneração
receberia se executasse do capital, caso ocorra
para terceiros a mesma antes da instalação
atividade que exerce do empreendimento,
para si. Dessa forma, ele o empresário poderá
pode decidir se é mais optar entre diversas
atrativo continuar como possibilidades de
empresário ou passar a investimentos e retornos
vender sua capacidade possíveis para o seu
de trabalho e tornar-se capital. Uma vez que se
empregado. investe em determinada
atividade, a oportunidade
continua existindo
enquanto houver capital
empatado na atividade –
máquinas, equipamentos e
benfeitorias, que passarão
a ter menor remuneração
conforme forem esgotando
sua vida útil.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 35


Módulo 2

O termo “custo de oportunidade” refere-se a toda e qualquer possibilidade de rentabilização


de um capital ou força de trabalho em outras atividades em comparação à que está sendo
analisada. O que é efetivamente gerado pela empresa em resposta ao que foi ou será investido
é comparado a outras possibilidades de investimentos dessas mesmas referências em outras
atividades. Assim, o empreendedor consegue perceber as alternativas mais atrativas e obtém
subsídios para tomar sua decisão administrativa. O custo de oportunidade corresponde a um
percentual aplicado sobre o capital, determinado como a remuneração mínima esperada por
disponibilizar o capital para realizar o processo produtivo.

Vale destacar que no cenário da remuneração do capital, mesmo que se


torne mais difícil a recuperação parcial desse capital com uma venda,
ou mesmo que não se deseje deixar de exercer a atividade, esse custo
continuará existindo.

Na metodologia de ATeG, para essa finalidade comparativa é utilizada a


remuneração média histórica da poupança, considerando-se então 6% como
base referencial. Desse modo, o custo de oportunidade do capital investido
corresponde, em média, 6% ao ano do valor do investimento.

Isso é o que seria obtido com a aplicação do valor investido em caderneta de


poupança, sem os riscos inerentes à produção.

Custo unitário (CT)


É o custo de cada unidade produzida, que chamamos de custo total unitário
(CT unitário). O CT unitário é obtido pela divisão do custo total pela quantidade
total de itens produzidos.

No gráfico a seguir, é possível observar o comportamento básico das estruturas


de custos e suas inter-relações. Ou seja, o comportamento de custos fixos
(CF), custos variáveis (CV) e custos totais (CT) diante do volume produzido
nas atividades agropecuárias. Observe!

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 36


Módulo 2

Sabendo que o CF é parte


integrante do CT, dá para
notar que ele começa a
Custo (R$) partir do valor mínimo
identificado do CF.
CT

CV Ele também será alterado


de acordo com as
variações do CV, atrelado
diretamente ao volume
produzido.

O custo fixo, como o


CF próprio nome diz, será
sempre igual, mesmo que
a produção se modifique
para mais ou para menos.
Produção

Custo (R$)
Observe que a curva do CT
CT se torna mais inclinada,
ou achatada, em relação
ao CV, à medida que o
volume de itens CV
produzidos aumenta.

Isso só é possível devido à diluição


do CF em uma quantidade de itens
maior. Quanto mais se produz,
menor é o custo fixo médio (CFM).

CF

Produção

Custo (R$)
CT

CV

Essas linhas não se cruzarão, pois à


medida que o CV aumenta, o CT
Da mesma forma, o CT também aumenta. O primeiro é
jamais iniciará abaixo do componente intrínseco do
CF e o CFM também jamais segundo e causa reflexos diretos
será menor do que o CV. em sua curva.
CF

Produção

Em relação ao CV, é possível observar


dois momentos em sua curvatura.
Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 37

Custo (R$)
será menor do que o CV. em sua curva.
CF

Módulo 2
Produção

Em relação ao CV, é possível observar


dois momentos em sua curvatura.

Custo (R$)
Primeiro: próximo a zero,
com a concavidade
CT
voltada para baixo.
Ele aumenta a uma taxa
decrescente e isso se CV
reflete no CVM do produto,
devido a um ganho de Segundo: concavidade
escala gerado pelo voltada para cima.
aumento da produção. O CV passa a crescer; esse
efeito é chamado de Lei
dos Rendimentos
Decrescentes.

CF

Produção

Para deixar os conceitos de custo variável e custo


fixo mais claros, acesse o seu Ambiente de Estudos
e assista ao vídeo Na voz do Especialista, no qual
o Prof. Erno explica cada um deles para reforçar esse
conhecimento.

Lei dos Rendimentos Decrescentes


A Lei dos Rendimentos Decrescentes trata do momento em que a quantidade
de um recurso é aumentada em quantidades iguais por unidade de tempo,
enquanto a de outros recursos permanece constante.

A quantidade total do produto vai aumentando, porém, ao chegar a determinado


ponto, o acréscimo resultante no produto se tornará cada vez menor, até
atingir um patamar e passar a decrescer. Esse movimento é chamado de
produto marginal, seja ele crescente, decrescente ou negativo.

Ele nos diz o quanto vai variar a quantidade de produto final dado o aumento
de algum insumo. Observe o gráfico!

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 38


Módulo 2

12 G H
F I
10 E
8 D
6
4 C
2 B
A
0 1 2 3 4 5 6 7 8

Produto marginal crescente


Produto marginal decrescente
Produto marginal negativo

Ele mostra a análise dos rendimentos decrescentes por meio do produto


marginal (pontos de “A” até “I”), em diversos níveis de inserção de um fator
de produção (eixo x: de “1” até “8”).

Para esclarecer, será retomado o exemplo da piscicultura. Entenda!

O produtor notou que, ao Então, ele aumentou ainda mais a quantidade de ração
aumentar a quantidade de diária e também obteve aumento do ganho de peso, porém
ração no trato diário, os peixes menor do que o aumento anterior, gerando um rendimento
responderam com maior ganho de econômico menor.
peso, gerando um aumento do Assim, o produtor observou que o aumento no custo foi
rendimento econômico. maior do que o rendimento econômico gerado pelo
ganho de peso dos animais.

Ao continuar aumentando o
No primeiro momento, o Porém, ao aumentar mais
fator de produção (ração),
produtor obteve um produto ainda esse fator, também
ocorria a elevação excessiva
marginal crescente, pois o ocorreu crescimento, mas
de custos e que não
lote respondeu em ganho de não tão acentuado como
correspondia ao aumento da
peso ao acréscimo de um fator antes, resultando no produto
produção, resultando num
de produção (ração). marginal decrescente.
produto marginal negativo.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 39


Módulo 2

Fica claro, então, que existe um limite na resposta econômica ao aumento no


custo (ração) e que, a partir desse ponto, o produtor passa a gastar mais e
ganhar menos.

O que acha de entender melhor tudo isso? Então,


acesse o seu Ambiente de Estudos e assista aos
dois vídeos do Senar em Campo sobre custo da
produção, para complementar tudo o que você já
viu sobre esse assunto!

Resumindo o tópico
Neste terceiro tópico, você:

Entendeu o conceito da
Conheceu a Teoria Geral
Compreendeu o que são Lei dos Rendimentos
de Custos, assimilando
e como são compostos Decrescentes e sua
a importância do correto
os custos variáveis, fixos relevância na busca por
entendimento do custo
e unitários. resultados de produtos
de produção.
marginais crescentes.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 40


Módulo 2

Tópico 4: Economia de escala

Você já ouviu falar sobre economia de escala? Qual será


a relação desse conceito com o gerenciamento de uma
propriedade?

No decorrer deste tópico, você aprenderá sobre economia de


escala, seus desdobramentos e como pensar no gerenciamento
de custos para manter uma propriedade produtiva.

A economia de escala é definida como a redução dos custos médios de


produção de um bem na medida em que a quantidade produzida
aumenta.

Nas atividades agropecuárias, é muito comum ver essa redução devido à


diluição de vários componentes de custos fixos, como mão de obra, animais,
terra, máquinas e benfeitorias.

Até certo limite, tais fatores não precisam ser aumentados para elevar a
produção. Assim, até esse limite, o aumento da produção resultará na redução
do custo médio total.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 41


Módulo 2

Entenda melhor!

O aumento na produção de leite pode reduzir o custo fixo


médio de um item por litro produzido. Para isso, basta
calcular os custos, considerando apenas o custo de
resfriamento do leite, que representa a depreciação
anual do tanque de resfriamento.

Depreciação do tanque de leite – um tanque de resfriamento


com depreciação: R$ 1.500,00/ano

Observe dois cenários.

1º Caso 2º Caso

Se a produção anual for de 36.000 Se a produção anual for de 72.000


litros litros

Custo de resfriamento por litro de Custo de resfriamento por litro de


leite: 1.500/36000 = R$ 0,04 leite: 1.500/72000 = R$ 0,02

Veja que ao dividir o custo da Veja que ao dividirmos o custo da


depreciação do bem pela produção depreciação do bem pela produção
obtida, o custo do produtor será obtida, concluímos que custará ao
de R$ 0,04 a cada litro de leite produtor R$ 0,02 a cada litro de leite
produzido. produzidos.

Assim, quanto maior for a produção obtida, mantendo os mesmos custos


com a depreciação, menor o impacto do custo por litro, ou seja, diluindo
este custo em um maior volume de produtos, tornando-o mais barato ao
produtor.

É bem simples e fácil de calcular!

Variação da escala
Essa redução no custo unitário, em primeiro plano, é alcançada se a elevação
da produção não vier acompanhada do aumento nos custos fixos. Ou seja, se
a infraestrutura produtiva continuar sem alterações.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 42


Módulo 2

O aumento da escala traz, potencialmente, a melhor utilização dos


recursos disponíveis, mas somente até o limite da capacidade de
utilização do bem.

De maneira geral, o que diferencia a estrutura de custos de um empreendimento


em pequena escala e em maior escala é o custo fixo, que se dilui com o
aumento da produção.

Por exemplo, um mesmo trator pode trabalhar na produção de 10 hectares


ou de 50 hectares.

Seu custo de depreciação por hectare será menor se trabalhar em 50 hectares,


pois mantém o mesmo custo se trabalhar em 10 hectares.

• Custo de depreciação / 10 = X

• Custo de depreciação / 50 = menor que X

Acompanhe um caso prático que ocorreu na propriedade do Sr. Ariovaldo!

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 43


Módulo 2

Fazenda Santa Felicidade

Além da diluição dos custos fixos, é


possível comprar insumos e contratar
serviços a preços mais baixos, se
maiores quantidades forem adquiridas

Analisando os custos da
Fazenda Santa Felicidade,
o técnico Marcelo viu a
possibilidade de reduzi-los.
Assim, ele sugeriu ao Sr. Ariovaldo fazer parte da
organização de produtores em “pool de compras”.

Ou seja, entrar em cooperativas e associações ou


outros grupos, que compram e contratam em conjunto,
usufruindo da economia das compras em escala.

Aumentar a escala até o limite de uso dos custos fixos é fundamental para
determinar o sucesso de qualquer atividade agropecuária. Em diversos casos,
o maior gargalo no setor produtivo pode ser o baixo volume de produção
diante do volume de recursos mobilizados para que a produção ocorra.

Observe o gráfico!

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 44


Módulo 2

Representação da diluição do custo total médio de


acordo com o volume produzido

Custo
Custo total total
médio total médio
médio
Custo

0 q Produção

O “ponto q” representa a escala de qprodução ótima, em que é possível


0 Produção
alcançar a produção máxima com os custos mínimos
total médio

0 q Produção
Custo
Custo total médio médio
Custo
total

0 q Produção

0 q Produção

q
total médio

Os pontos à esquerda0 do “q” indicam Produção


que a produção deve ser ampliada para
que se alcance o ótimo econômico.
Custo
Custo total médio médio
Custo
total

0 q Produção

0 q Produção

0 q Produção

Os pontos da direita indicam que a produção


deve ser readequada à estrutura produtiva,
pois está sendo antieconômica.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 45


Módulo 2

A compreensão da economia de escala e da gestão econômica, especialmente


dos indicadores zootécnicos, agronômicos e econômicos, é necessária para
acompanhar o cenário internacional, que pode apresentar alta nos custos.

Os custos aumentam porque são pressionados principalmente pela


inflação e pelas variações cambiais. Porém, esse mesmo aumento não
ocorre nos preços pagos pelos produtos.
Fusões e incorporações não são corriqueiras no setor rural, portanto, cabe a
cada produtor melhorar a eficiência do seu processo produtivo para que
não seja “forçado” a sair de suas atividades. Essa questão está estritamente
atrelada à qualidade da gestão da propriedade, aos índices zootécnicos e
agronômicos e à organização da cadeia produtiva.

Circunstâncias da escala
Podemos analisar a escala de produção em três diferentes circunstâncias:
constante, crescente e decrescente.

Ganhos Ganhos Ganhos


constantes crescentes decrescentes

Ocorre quando a Neste cenário, a variação Também chamado de


variação do produto na quantidade do produto deseconomia de escala,
total é proporcional à total é maior do que a neste cenário a variação
variação da quantidade variação da quantidade do produto não é
dos fatores de produção dos fatores de produção proporcional à variação
utilizada. utilizada. da quantidade dos
fatores utilizada.
Por exemplo: Por exemplo:
aumentando a utilização aumentando a utilização Por exemplo: se a
de todos os fatores de todos os fatores utilização de todos os
de produção em 5%, de produção em 5%, fatores de produção
o volume do produto o volume do produto aumentar em 10% e
também aumentará aumentará em 15%. o volume produzido
em 5%. crescer em apenas 5%,
observa-se uma queda
na produtividade
dos fatores.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 46


Módulo 2

A economia de escala atrelada aos custos e ao correto gerenciamento das


cadeias produtivas pode trazer muito sucesso ao seu trabalho.

Resumindo o tópico
Neste quarto tópico, você:

Conheceu as três
Entendeu a definição Compreendeu a
circunstâncias da escala
de economia de relevância da variação
e sua relação com a
escala nas atividades da escala para a melhor
correta gestão das
agropecuárias. utilização dos recursos.
cadeias produtivas.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 47


Módulo 2

Tópico 5: Elasticidade de preços

O que você sabe sobre elasticidade de preços?

Neste tópico você conhecerá a elasticidade de preços da demanda,


entendendo como calcular e como aplicar todos esses conceitos
numa visão holística da economia e do agronegócio.

A elasticidade permite a previsão de vendas e receitas que determinado setor


pode obter. Isso possibilita a projeção do comportamento da demanda
dos consumidores em relação:

• às alterações de preços do mercado,

• a produtos substitutos,

• a produtos complementares,

• à renda do consumidor.

A elasticidade acontece porque existem equações de demanda e de oferta,


que são os instrumentos utilizados para representar o comportamento do
mercado dos produtos agrícolas.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 48


Módulo 2

Entenda melhor observando o quadro a seguir Assuntos do Campo sobre


oferta e demanda!

Assuntos do campo

Oferta e demanda

Podemos definir oferta como a quantidade de


itens que os produtores estão dispostos a vender
por determinado preço, mantendo constantes os
demais fatores que influenciam a oferta.

Ela representa uma relação positiva entre o preço e


a quantidade ofertada.

Isso é importante, pois os produtores tendem a


oferecer maiores quantidades de um produto em
resposta aos aumentos persistentes dos preços
desse produto.

Já demanda é definida pela quantidade de produtos


que os consumidores desejam e podem comprar à
medida que muda o preço unitário.

Nesse caso, de acordo com a lei da demanda, as


quantidades demandadas tendem a diminuir em
resposta ao aumento de preços.

No ponto em que a demanda e a oferta se igualam,


temos o equilíbrio do mercado.

Nessa condição, os preços e as quantidades do


produto no mercado são determinados e tendem a
permanecer assim.

Desse jeito fica mais simples entender essa relação,


não é mesmo?

Finalizamos este episódio aqui e até o próximo!

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 49


Módulo 2

Os efeitos da demanda e da oferta


Os produtos agrícolas largamente comercializados no mercado internacional,
de maneira geral apresentam características semelhantes ao redor do mundo
(commodities), globalizando seus mercados.

A palavra “commodities” é de origem inglesa e significa “mercadoria”. O termo é aplicado para


descrever produtos que possuem padrões internacionais e mercado globalizado, geralmente
bens brutos que não passaram por agregação de valor (processamento). São exemplos de
commodities agrícolas: milho, soja, suco de laranja, trigo, algodão etc.

Assim, um efeito repentino em determinado país, grande exportador ou


consumidor, poderá causar efeito contrário em outro.

Um exemplo disso ocorreu em 2019 por


causa da peste suína africana ocorrida
na China. Essa situação tumultuou o
mercado de proteína animal em nível
global, gerando altas nos preços das
carnes de modo geral.

A partir desse evento, como o Brasil


é um grande fornecedor de proteína
animal para aquele país, entramos
numa espécie de desabastecimento,
especialmente de carne bovina,
fazendo com que os preços sofressem
uma elevação brusca e expressiva.

O mesmo acontece quando países com grandes produções têm suas safras
afetadas por estiagens ou outros eventos. Ou ainda, que alcançam
produções acima da média e acabam afetando outros países e continentes,
por interferirem na oferta ou na demanda de algum produto.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 50


Módulo 2

Na prática
Esses cenários reforçam a importância da atualização
constante, tanto do técnico quanto do produtor. É essencial
entender as dinâmicas do mercado internacional que podem
impactar diretamente em sua produção em nível local.
Entender a elasticidade faz parte disso, pois ela mostra
a resposta do mercado às alterações de preço e pode
ser utilizada para mensurar também a sensibilidade da
demanda em relação às variações de preços de mercado.
Informações ajudam a se preparar!

Elasticidade de preço da demanda


Essa elasticidade é definida com base na Lei da Demanda, que é a relação
de aumento ou redução da demanda com referência no preço, quando
reduções de preços implicam em aumento da demanda e vice-versa.

A elasticidade no preço da demanda permite verificar quanto o consumo de


determinado produto poderá variar quando acontecer variação em seu preço,
o que pode ocorrer de forma elástica, unitária ou inelástica. Entenda!

Demanda Elástica

A demanda elástica significa que uma alteração percentual do preço


provoca uma demanda para o produto superior à registrada no preço.
Preço

Preço aumenta =
Receita total diminui

De
ma
nd
a Preço diminui =
Receita total sobe

Quantidade

Por exemplo: uma redução de 10% no preço ocasionou um aumento de 25% na demanda.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 51


A demanda unitária representa uma equiparação na
alteração do preço e da demanda. / Receita total sem
alterações
Módulo 2

Preço
Demanda Unitária

Receita total sem


D
alterações em uma equiparação na
A demanda unitária representa
a / Receita total sem
alteração do preço e da demanda.
alteraçõesnd
a
Receita total sem

Preço
alterações

Quantidade
Receita total sem
D
Por exemplo: uma redução de 10% noem
alterações
preço aumentou em 10% a demanda.
an
da
Receita total sem
alterações

Quantidade

Por exemplo: uma redução de 10% no preço aumentou em 10% a demanda.

Demanda Inelástica

Na demanda inelástica, a alteração percentual no preço


provoca uma demanda para o produto inferior à registrada
no preço.
Preço

Preço aumenta =
De

Receita total sobe Na demanda inelástica, a alteração percentual no preço


provoca uma demanda para o produto inferior à registrada
m

no preço.
and
a

Preço diminui =
Preço

Receita total diminui

Quantidade
Preço aumenta =
De

Receita total sobe


Por exemplo: uma redução de 10% no preço ocasionou um aumento de 5% na demanda.
m
and
a

Preço diminui =
Gerencial I da Assistência
Receita Técnica e Gerencial pg. 52
total diminui
Módulo 2

Para deixar ainda mais claro, acompanhe um exemplo prático! Analise a


seguinte situação sobre a oferta de pescado ao longo do ano.

Na prática

Entre os produtores de pescado, é possível observar


grande concentração de vendas durante a Semana
Santa – festividade comemorada pelos cristãos – que
consomem apenas carne de peixe como fonte de proteína
animal na dieta.

Para analisar a tabela a seguir, considere as seguintes


informações:
• Valor básico do pescado: R$ 10,00

• Volume básico comercializado: 2.000 kg

• Receita total: R$ 20.000,00

Considerando respostas positivas e negativas à alta e à


queda dos valores, ocorrem as seguintes situações:

Tipo de demanda versus Volume


Preços
receita total comercializado

Elástica Inelástica Unitária % Quantidade

R$
- - +30% 2.600
23.400,00
Queda de R$
- - +5% 2.100
10% 18.900,00
R$
- - +10% 2.200
19.800,00

R$
- - -30% 1.400
15.400,00
Alta de R$
- - -5% 1.900
10% 20.900,00
R$
- - -10% 1.800
19.800,00

No primeiro cenário, em que os preços baixaram de R$


10,00 para R$ 9,00 (-10%), existem respostas superiores,
inferiores e iguais na demanda, caracterizando os três
ambientes de elasticidade (elástica, inelástica e unitária).

No cenário de aumento de preços, existe resposta


negativa na demanda.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 53


Módulo 2

Resumindo o tópico
Neste quinto tópico, você:

Entendeu como funciona


Conheceu o conceito Compreendeu a
a relação entre oferta
de elasticidade de elasticidade de preço
e demanda, além
preços e como ele da demanda, que pode
dos efeitos dela no
permite a previsão de ocorrer de forma elática,
agronegócio a nível local
vendas e receitas. unitária e ineslástica.
e internacional.

Encerramento do tema

Você chegou ao final deste primeiro tema e, durante os estudos, pôde perceber
a importância de identificar corretamente o custo de produção de
um produto agropecuário e conhecer todos os conceitos envolvidos.
Agora, finalizada esta etapa, será capaz de:

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 54


Módulo 2

Abordar a noção
de custos gerais,
escala e elasticidade,
Reforçar a importantes
importância da cadeia para a análise
produtiva e de cada de tendências de
Destacar a origem do elo para o sucesso do mercado e gestão da
agronegócio e como conjunto. propriedade rural.
essa extensa rede de
agentes econômicos
funciona, abrangendo
as etapas de “antes,
durante e depois da
produção”.

Esta primeira etapa, recheada de conceitos fundamentais para a gestão no


campo está no fim. Embora seja um conteúdo denso, é essencial para a
excelência do seu trabalho na propriedade atendida!

E, para finalizar, acesse o seu acesse o seu Ambiente


de Estudos e assista ao vídeo de encerramento do
tema, com a história do Marcelo e o seu trabalho na
Fazenda Santa Felicidade.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 55


Módulo 2

Atividade de Passagem
Chegou a hora de colocar em prática o que aprendeu!

Você deve responder uma questão relacionada ao conteúdo


estudado até aqui para passar para o próximo tema, ok?

Atenção! Se você estiver com alguma dúvida quanto ao


assunto, retorne ao conteúdo do módulo ou, se preferir, entre
em contato com o tutor.

Questão
Neste tema você estudou a introdução ao agronegócio, cadeias produtivas,
teoria geral de custos e economia de escala. Com base no que foi visto
até o momento, analise as afirmações abaixo e indique quais alternativas
apresentam opções corretas:

a. O conceito de agronegócio adotado atualmente não engloba os pequenos


produtores rurais da agricultura familiar.

b. Para estabelecimento e solidificação de uma cadeia produtiva, é necessária


uma visão sistêmica do negócio.

c. Segundo a Teoria Geral dos Custos, o custo total pode ser dividido em
basicamente dois segmentos: fixos e variáveis.

d. Mantendo a mesma infraestrutura produtiva e as tecnologias adotadas, ao se


elevar a produção total, eleva-se também o custo fixo.

e. Tanto a demanda quanto a oferta atuam fortemente sobre a dinâmica de


preços praticados no mercado.

I A, B e C

II B, C e E

III A, B e E

IV B, C e D

V BeD

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 56


Módulo 2

Tema 2: Introdução ao
gerenciamento
Introdução

Você está iniciando o segundo tema do módulo. O objetivo é que você


reconheça o gerenciamento como um trabalho contínuo que envolve coletar
dados, analisá-los, tomar decisões técnicas e administrativas e monitorar os
resultados com uma nova coleta de dados, que inicia um novo ciclo.

Ao final deste tema, você será capaz de:

• dominar os conceitos que envolvem a gestão, o gerenciamento e a análise dos


ambientes interno e externo,

• identificar as peculiaridades do meio rural, que tornam a gestão no agronegócio


um grande desafio.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 57


Módulo 2

Estrutura do tema
O produtor rural, muitas vezes, por causa da rotina de trabalho na fazenda,
tem dificuldades para aplicar técnicas administrativas em seu negócio. São
poucas as pessoas que dominam esses conceitos e técnicas como uma
metodologia de cálculo de custo de produção. Diante desse cenário, você
técnico de campo, precisa obter tais conhecimento para repassar ao produtor.

Sendo assim, para facilitar o entendimento desse conteúdo, o tema está


dividido em tópicos. Observe o esquema abaixo e conheça o objetivo de cada
tópico.

Conceitos administrativos
Compreender alguns conceitos de gestão, gerenciamento,
assistência técnica e sistema de produção, com seus níveis de
intensificação – base para a sua formação.

Tópico 1

Aplicação do Tópico 5 Tópico 2 Gestão e gerenciamento


gerenciamento em uma na propriedade rural
empresa rural
Entender como aplicar
Aprofundar os conhecimentos os conceitos de gestão e
através do caso da Fazenda Tema 2 gerenciamento nas cadeias
Santa Felicidade, utilizado no do agronegócio.
decorrer de todo o curso.

Tópico 4 Tópico 3

Fatores que interferem na Características peculiares de


gestão no meio uma empresa rural
Entender a influência dos Ampliar seus conhecimentos acerca
ambientes interno e externo das características peculiares de
no desenvolvimento das uma empresa rural e de como cada
estratégias da empresa rural e uma delas influencia na rotina do
no gerenciamento. gerenciamento.

Agora que você conhece o objetivo de cada um, siga em frente e ótimos
estudos!

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 58


Módulo 2

Tópico 1: Conceitos administrativos

Você entende a importância de separar e diferenciar


a função de gestão da função de gerenciamento nas
propriedades rurais?

No decorrer deste tópico, você se aprofundará na forma de realizar


a gestão do negócio rural, compreendendo as diferenças entre
gestão e gerenciamento e os sistemas de produção existentes.

No meio rural, muitas vezes o empresário, o gerente e o operador são a


mesma pessoa. Em alguns momentos, eles se veem atuando em qualquer
uma das funções.

Especialmente em pequenas propriedades isso é relevante, pois a figura


do empresário e gerente, na maioria das vezes, dá lugar à figura do
“funcionário”. Ou seja, o produtor se envolve nas operações e tem dificuldades
de gerir seu negócio.

Por isso, é essencial diferenciar essas posições, conhecendo a diferença entre


gestão e gerenciamento.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 59


Módulo 2

Gestão
O termo “gestão” originou-se entre os séculos 18 e 19 em decorrência do
processo de industrialização da economia.

Nessa época, foram criadas O conjunto formado por fábricas,


fábricas, máquinas a máquinas e trabalhadores demandou
vapor e, junto com isso, o desenvolvimento de uma ferramenta
apareceram problemas capaz de definir objetivos e formas de
que até então não eram atingi-los por meio do uso racional dos
conhecidos. recursos disponíveis.

Nesse sentido, a gestão poderia ser entendida como um “senso de direção”.


Ou seja, a capacidade de identificar a situação em que uma pessoa ou
empresa se encontra e os resultados que ela pretende obter.

É possível dizer que gestão é um conjunto de pensamentos e atitudes


que fundamentam a administração e a condução de um sistema de
produção.

Além disso, a gestão abrange também os aspectos técnicos, tecnológicos, de


recursos humanos e, sobretudo, de valores e crenças que baseiam a tomada
de decisão.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 60


Módulo 2

O gestor tem a função, em nível Nesse sentido, é fundamental identificar:


estratégico, de:
• as potencialidades e os limites da
• analisar resultados, infraestrutura local,

• ajustar o presente, • os agentes com ação de interferência


na produção agropecuária e como
• projetar o futuro, eles agem,

• equacionar os ambientes internos e • a tendência de evolução da região


externos do negócio. onde a propriedade está situada.

Para que o produtor acompanhe as mudanças frequentes na economia


mundial, a eficiência tecnológica e a gestão das atividades agrícolas
são fundamentais. É preciso que ele:

Produza com base em


Conheça os ambientes
modelos de produção
internos e externos da
economicamente viáveis,
propriedade e o “antes” e
ambientalmente corretos
o “depois” da produção.
e socialmente justos.

Gestão e Planejamento
A agricultura e a pecuária são influenciadas por diversos fatores, internos
e externos. Acompanhar constantemente as oportunidades e as ameaças do
meio externo é um fator-chave para a definição das melhores estratégias.
Dessa forma, é criado um planejamento correto para o controle das forças
e fraquezas da empresa, sendo definidas as melhores estratégias.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 61


Módulo 2

A gestão de propriedades rurais tem por objetivo permitir que o produtor dirija
sua propriedade otimizando o uso dos recursos físicos, naturais e econômicos
e adote medidas e decisões assertivas com base na sua realidade.

O processo de gestão das propriedades


rurais implica em:

• Planejamento.

• Construção de metas.

• Administração dos processos produtivos com


base no conhecimento do ambiente externo,
inclusive antes e depois da produção.

A gestão não se refere somente à ação, mas também à tomada de decisões


corretas compreendendo todos os elementos relevantes para que ela seja
a melhor possível naquele contexto. Dessa forma, o processo de gestão da
propriedade rural se torna mais eficiente, com decisões assertivas sobre
o que, quando e como produzir, além da avaliação dos resultados obtidos.

Pare para pensar


Considerando o que foi visto até aqui, pense: você acredita
que é necessária uma mudança de comportamento e de
postura do produtor em relação à administração de sua
propriedade durante a transição de “propriedade rural”
para “empresa rural”?
Escreva sua opinião aqui e a reveja, depois de obter
mais informações sobre esse assunto!

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 62


Módulo 2

Gerenciamento
O gerenciamento é a execução da administração na rotina de um negócio.
O gerente atua de forma setorizada em nível operacional, conduzindo a
interação entre as pessoas, os processos e os ambientes internos e externos
ao negócio. Também é possível dizer que:

O gerenciamento consiste na utilização das técnicas de gestão


direcionadas ao uso do tempo e às atividades adequadas a uma
administração assertiva.

O processo de gerenciamento é cíclico: inicia com a coleta de dados


transformados em indicadores que medem o esforço e os resultados.
Posteriormente, os indicadores devem ser analisados e interpretados, pois
serão a base para a tomada de decisões mais assertivas. Observe o ciclo!

Coleta de dados

4 2

Desisões assertivas Indicadores de


esforço e resultado

Análise e
interpretação

Todas as decisões tomadas na empresa devem ser monitoradas, o que dá


início a um novo ciclo do gerenciamento.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 63


Módulo 2

Podemos dizer que esse processo é contínuo, pois ao longo do tempo o


ambiente em que a empresa está inserida muda e as próprias características
peculiares do meio rural fazem com que cada ciclo de produção seja único.

Entenda melhor com o exemplo a seguir!

Na prática

Um produtor de frangos de corte possui em sua fazenda


um manejo refinado, com boa biosseguridade e excelente
controle sanitário.

Mesmo assim, recentemente teve um galpão de frangos


atacado por um novo vírus. A mortalidade foi de 100%.

Ele já tinha notícias sobre esse novo vírus pela televisão


e ouviu relatos sobre granjas vizinhas, porém não
acreditou que isso chegaria até ele.

É possível concluir que o que deu certo em anos anteriores


não necessariamente dará certo neste ano.

Nesse exemplo, fica clara a necessidade do


acompanhamento constante do que acontece no mundo
e no seu negócio, para que sejam desenvolvidas as
melhores estratégias de gestão.

Sistemas de produção
Na agropecuária, a forma de associação dos recursos de produção aos
processos nos quais eles são utilizados é chamada de sistemas de produção,
que podem ser extensivos, semi-intensivos e intensivos. Conheça!

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 64


Módulo 2

Sistema de produção extensivo

Existe baixa exploração dos fatores de


produção e processos não definidos. Não
se promove alinhamento entre os fatores
de produção, as tarefas são aleatórias e,
normalmente, a atividade é praticamente
extrativista.

Por exemplo: criação de boi a pasto


natural, sem acompanhamento do
desenvolvimento do rebanho e da
pastagem.

Sistema de produção semi-intensivo

É um sistema intermediário, em que se


inicia a implementação de técnicas e
de tecnologia. Os produtores começam
a utilizar a mecanização, capacitação
da mão de obra e técnicas de produção
de rebanho bem definidas. Porém,
operam em produtividade intermediária,
especialmente no que diz respeito à terra.

Sistema intensivo de produção

O empresário rural explora ao máximo os


recursos de produção. A implementação
de tecnologia é o meio de aumentar o
desempenho e os resultados econômicos.

Exemplo: animais de alto mérito


genético são criados em ambiente
confortável, alimentação balanceada,
água limpa e abundante e controle
sanitário rigoroso, para que expressem o
melhor desempenho.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 65


Módulo 2

Assistência Técnica e Gerencial no meio rural


Antes de finalizar o tópico, vale destacar a importância da Assistência Técnica
e Gerencial no meio rural. Ela auxilia os produtores rurais:

• na identificação e na solução de problemas na gestão e na produção


agropecuária;

• na definição de tecnologias para aperfeiçoar a utilização de recursos, aumentar


a produtividade e contribuir para a melhoria da qualidade de vida do homem
do campo.

Resumindo o tópico
Neste primeiro tópico, você:

Entendeu que a
Conheceu as Compreendeu
origem do conceito
funções do gestor o conceito de
de gestão ocorreu no
e a importancia do gerenciamento e o
decorrer do processo
planejamento neste que o diferencia da
de industrialização
processo. gestão.
econômica.

Conheceu os sistemas
de produção e a sua
relevância para o melhor
gerenciamento da
propriedade rural.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 66


Módulo 2

Tópico 2: Gestão e gerenciamento


da propriedade rural

Como unir os conceitos de gestão e gerenciamento em


uma propriedade rural?

Neste tópico, você verá como gerir a propriedade rural de


forma alinhada ao seu gerenciamento, conhecendo os recursos
envolvidos, identificando e resolvendo os maiores problemas.

Atualmente, a competitividade do mercado, por causa da globalização do setor,


da modernização tecnológica e das exigências do mercado consumidor, está
forçando o produtor a repensar suas estratégias, modernizar o processo
de produção e implantar o gerenciamento eficiente da propriedade rural.
Só dessa forma ele se manterá na atividade em médio e longo prazo.

Propriedades rurais tecnificadas e bem geridas, a cada dia estão se


especializando, produzindo em grande escala e diluindo os custos,
principalmente os fixos.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 67


Módulo 2

Você sabia?

Não são apenas os custos fixos que são diluídos com


o aumento da escala de produção, alguns variáveis
também.

Por exemplo: um funcionário (COE) faz o manejo de


20 vacas com produção média de 10 litros/vaca/dia.

Porém, ele ajusta a dieta das vacas e a produtividade


passa para 15 litros/vaca/dia.

O custo do funcionário será diluído, o que pode ocorrer


também com mais alguns componentes do COE e com
todos os fixos.

Isso resulta em uma agropecuária competitiva no mercado nacional


e mundial. Determina que todo o setor agropecuário e agroindustrial
caminhe para a inserção competitiva nos mercados, com amplo uso de
tecnologias e modelos de gestão eficientes.

O tradicionalismo no meio rural causou reflexos diretos em sua estrutura


organizacional, que durante muitos anos foi caracterizada como uma
gestão patronal.

Isso significava pouca ou nenhuma


tecnologia, tornando os resultados Essa gestão precária somada a
incertos e ainda mais dependentes fatores culturais fez com que muitos
de variações climáticas, como produtores, ao longo do tempo,
precipitação e umidade. tivessem resultados econômicos
insuficientes, desestimulando a
atividade e comprometendo a
sucessão familiar.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 68


Módulo 2

Junto com o gerenciamento rural, também surgiu a utilização sistemática das


ferramentas administrativas na rotina de uma atividade agropecuária. No
meio rural, o gestor/gerente/sócio/administrador, que muitas vezes é a mesma
pessoa, passou a se preparar para organizar os recursos e processos
produtivos, e a dispor de capacidade gerencial para encontrar alternativas
diante das alterações de mercado.

Qualquer tipo de empresa rural, familiar ou não, é composta por um conjunto


de recursos, conhecido como fatores de produção.

O que acha de conhecer mais detalhes sobre esse


assunto?

Então, acesse o seu Ambiente de Estudos e assista ao


vídeo sobre as categorias dos fatores de produção!

O processo de gestão da propriedade requer muita “habilidade com caneta


e calculadora” e demanda diversas anotações e análises para que se tome
decisões assertivas, que promovam a eficiência econômica do negócio.

Etapas da gestão
A gestão pode ser dividida em etapas, todas essenciais para o processo.
Conheça, a seguir, cada uma delas!

Monitoramento
Análise
dos
Análise problemas
das
informações

Registros Ação
de corretiva e
problemas Plano padronização
de ação
e execução

O primeiro passo é fazer registros sistemáticos para definir os controles a serem


realizados. Na implementação da gestão, é interessante que se comece pelo que é
básico, e que o refinamento dos controles aconteça com a maturidade do gestor.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 69


Módulo 2

Monitoramento
Análise
dos
Análise problemas
das
informações

Registros Ação
de corretiva e
problemas Plano padronização
de ação
e execução

As informações registradas, técnicas e econômicas, permitem ao gestor produzir


indicadores para serem analisados. Ou seja, medidas que mostram se o negócio
segue no rumo previsto.

Monitoramento
Análise
dos
Análise problemas
das
informações

Registros Ação
de corretiva e
problemas Plano padronização
de ação
e execução

A definição e a avaliação dos indicadores permitem ao gestor identificar problemas


? no seu negócio, como um desvio nos indicadores – resultados não esperados para
determinada medição.
Veja mais alguns exemplos de problemas mostrados pelos indicadores:

Pela tecnologia O gestor planejou O gestor esperava


aplicada, esperava- comprometer até 35% um ganho de peso do
se um rendimento no de seu faturamento com rebanho de corte de 600
milho de 150 sacos/ fertilizantes, mas o real g/dia, mas o resultado
hectare plantado, mas a foi de 52%. obtido foi de 345 g/dia.
produção obtida foi de
120 sacos/hectare.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 70


Módulo 2

Monitoramento
Análise
dos
Análise problemas
das
informações

Registros Ação
de corretiva e
problemas Plano padronização
de ação
e execução

Em uma propriedade rural, com todos os seus setores funcionando ao mesmo tempo,
diversos desvios de indicadores podem acontecer. Então, o que corrigir primeiro?
O fato é que, por limitação de recursos (financeiros, mão de obra, terra etc.), não
se consegue corrigir tudo de uma vez. Dessa forma, é necessário analisar os
problemas e priorizar as ações. De maneira geral, devemos nos preocupar primeiro
com o que mais impacta economicamente o negócio.

“Administrar nada mais é do que atender a necessidades ilimitadas com recursos escassos.”

Monitoramento
Análise
dos
Análise problemas
das
informações

Registros Ação
de corretiva e
problemas Plano padronização
de ação
e execução

Definidos o problema e a sua causa, o gestor monta um plano de ação para resolver
o desvio do indicador. Ou seja, organiza:
• o que precisa ser feito,
• quem é o responsável pela execução,
• como deve ser feita a correção,
• quanto deve ser investido nessa correção,
• quando deve ser feita a intervenção
• com qual frequência deve ser realizada essa intervenção.
O gestor deve sempre designar a equipe para a implementação do plano de ação
e selecionar as pessoas mais compatíveis com a proposta.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 71


Módulo 2

Monitoramento
Análise
dos
Análise problemas
das
informações

Registros Ação
de corretiva e
problemas Plano padronização
de ação
e execução

O monitoramento é um ponto crítico do processo de gerenciamento nas


empresas rurais.
O gestor, ao tomar determinada decisão, não deve supor que o problema está
resolvido. Muitas vezes, o desafio está apenas começando. Dessa forma, o gestor
deve, periodicamente, voltar aos indicadores e identificar se eles seguem dentro
do esperado.
Cada atividade possui sua frequência de monitoramento, pois os ciclos produtivos são
muito diferentes. Por isso, é muito importante que o gestor tenha bem estruturado
seu programa de monitoramento e a frequência de análise muito bem definida.

Monitoramento
Análise
dos
Análise problemas
das
informações

Registros Ação
de corretiva e
problemas Plano padronização
de ação
e execução

Como os desafios e os desvios estão sempre presentes, sempre será necessário um


novo ciclo de análise para correções mais assertivas.
Porém, quando a intervenção realizada no problema é dada como assertiva, ou seja,
a correção do indicador ocorreu efetivamente, é preciso padronizar essa intervenção.
A ação corretiva deve fazer parte dos processos de produção da empresa.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 72


Módulo 2

Essas etapas serão mais aprofundadas nos demais módulos do curso.


Continue firme nos estudos para ver esses conceitos aplicados na
prática.

O processo cíclico do gerenciamento


O gerenciamento é um processo contínuo, mas o que deu certo no ciclo
produtivo ou safra anteriores pode não dar certo no atual! Isso ocorre porque
na agropecuária existem algumas características peculiares e efeitos adversos
que tornam cada ciclo produtivo único.

É sempre importante que o gestor monitore não apenas os resultados, mas


também todos os processos empregados no ciclo produtivo para que, ao final,
o resultado não decepcione.

Resumindo o tópico
Neste segundo tópico, você:

Conheceu a importância
da gestão e do Entendeu quais são as
Compreendeu o processo
gerenciamento para categorias dos fatores
da gestão e suas etapas.
uma agropecuária de produção.
competitiva.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 73


Módulo 2

Tópico 3: Características peculiares


em uma empresa rural

Você sabe quantos aspectos relativos ao seu negócio


devem ser observados durante uma gestão?

A partir de agora, você conhecerá vários fatores que podem


influenciar o seu gerenciamento e a sua gestão na propriedade
rural, além dos tipos de produção, riscos envolvidos e produtos
resultantes.

A gestão do agronegócio exige que o gestor esteja preparado para as


imprevisibilidades que fazem parte da realidade do setor. É preciso aprender
a reconhecer fatores que podem fazer toda a diferença para sua gestão
e gerenciamento. Veja quais fatores podem ser previstos e entendidos!

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 74


Módulo 2

Dependência do clima
É a característica peculiar mais citada pelos pesquisadores e muitas outras
dependem dela. O clima condiciona a maior parte das explorações
agropecuárias e influencia as decisões sobre a época de plantio, os tratos
culturais, as colheitas e a escolha de variedades e espécies vegetais e animais.

As condições climáticas interferem em:

Questões sanitárias, Lixiviação do


tanto na agricultura solo (extração ou Catástrofes naturais,
quanto na pecuária, solubilização dos como geadas,
pois condições nutrientes do solo, que alagamentos, chuvas de
de excesso de são carreados pela granizo ou ventos fortes.
umidade favorecem água para camadas
o aparecimento de mais profundas do solo,
doenças fúngicas e via infiltração, ou para
bacterianas – frio e cursos de água).
seca podem favorecer
doenças virais.

Desempenho dos animais, pois as condições


podem afetar o consumo de alimentos, a
reprodução e outros aspetos.

Disponibilidade de água.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 75


Módulo 2

Dependência de condições biológicas


Por mais que sejam aplicadas
tecnologias para a melhoria do
desempenho dos animais e vegetais,
as condições biológicas estão
sempre presentes e são limitantes para
o processo produtivo agropecuário.

Mesmo em condições climáticas


adequadas, as pragas e doenças
são uma constante na produção
agropecuária.

A terra como fator da produção


Na agropecuária, a terra é fator de produção. Por isso, é importante
conhecer bem a sua, pois em diversas situações o fator terra pode ser um
limitante na produção.

Analise as condições
químicas, físicas, biológicas
e topográficas.

Tome decisões racionais


para sua adequada
utilização.

Veja um exemplo da importância da terra para a produção, mesmo que seja


na pecuária.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 76


Módulo 2

Na prática

Raças especializadas na produção de leite têm dificuldade


de se deslocar em locais com topografia acidentada, o que
pode comprometer muito o desempenho dos animais.

Já as condições de fertilidade, acidez ou alcalinidade


podem ser corrigidas – processo que se inicia pela
análise de solo.

Dessa forma, é essencial conhecer a área (a terra), para


só então definir a raça a utilizar.

Tempo de produção maior do que o tempo


de trabalho
O processo produtivo agropecuário se desenvolve, em algumas de suas fases,
independentemente da existência do trabalho. Em outros setores da economia,
como na indústria, por exemplo, somente o trabalho modifica a produção.

É possível concluir que, na produção agropecuária, o tempo de produção não


é igual ao tempo de trabalho consumido para a obtenção do produto final.

Pense no exemplo da bovinocultura de corte:

... o embrião se
desenvolve na
matriz durante a
gestação

Independentemente da
presença de mão de
obra, do proprietário,
gerente ou operário
na propriedade…
...os a imais
precisam de
alimento e água ...o boi continua
para viverem e se crescendo no
desenvolverem. pasto

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 77


Módulo 2

Trabalho disperso e ao ar livre


No setor agropecuário, normalmente não existe fluxo contínuo de produção
e uma tarefa pode também não depender de outra, como ocorre na
indústria.

As atividades estão dispersas por toda a empresa e podem ocorrer em locais


distantes uns dos outros, dependendo do ambiente natural da propriedade.
Não há relação, por exemplo, entre o trabalho executado por uma equipe que
reforma as cercas da propriedade e o de “limpeza” das pastagens.

Outra característica que se apresenta no setor rural é o trabalho ao


ar livre. Positiva sob certos aspectos (sem existência de poluição, por
exemplo), essa característica se reveste de aspectos negativos, como a
sujeição ao frio, ao calor e às chuvas.

Incidência de risco
Toda e qualquer atividade econômica está sujeita a riscos. Na agropecuária, os
riscos assumem proporções ainda maiores, pois as explorações podem
ser afetadas por problemas causados por:

Clima Ataque de pragas Grandes flutuações de


(seca, geada, granizo) e moléstias preços que caracterizam
o setor

Sistema de competição econômica


A agropecuária está sujeita a um forte sistema de competição que tem as
seguintes características:

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 78


Módulo 2

Produtos

Normalmente apresentam
pouca diferenciação entre si

Entrada e saída de
produtores no negócio Grande número de
produtores e consumidores
Por maior que seja a
produção de uma Isso faz da agropecuária um
propriedade, ela pouco A união desses fatores mercado próximo à
significa na oferta global do significa que o empresário concorrência perfeita.
produto. rural não consegue controlar
os preços de seus produtos,
ditados pelo mercado, que
podem até ser inferiores aos
custos de produção.

A realidade do campo

Ao trabalhar em uma propriedade rural, você


pode se deparar com a questão dos produtos
não uniformes.

Na agropecuária, ao contrário da indústria, existem


dificuldades em se obter produtos uniformes quanto
à forma, ao tamanho e à qualidade. Esse fato é
decorrente das condições biológicas.

Para o empresário rural, isso acarreta custos


adicionais com classificação e padronização, além
de receitas mais baixas, devido ao menor valor
dos produtos que apresentarem pior qualidade.

Alto custo de saída e/ou entrada


No negócio agropecuário, algumas explorações exigem altos investimentos
em benfeitorias, máquinas e, consequentemente, enfrentam condições
adversas de preço e mercado. Estas devem ser suportadas a curto prazo, pois
o prejuízo, ao abandonar a exploração, poderá ser maior. Entenda!

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 79


Módulo 2

A cultura de café e a pecuária leiteira As culturas anuais de milho


podem ser consideradas explorações e soja são explorações de menor
de alto custo de entrada. custo de saída.

O empresário rural deve levar em consideração tudo o que foi apresentado e,


dessa forma, assumir ações administrativas eficazes para atenuar e modificar
os efeitos prejudiciais dessas características.

Vale reforçar que as teorias da administração, ao serem transferidas ao setor


rural, devem ser adaptadas a condições específicas.

Pense e decida

Imagine a seguinte situação em uma granja:

Os preços dos insumos, comparados ao preço pago pelos ovos, está


inviabilizando a atividade.

Não é possível “desligar” as galinhas até que a atividade volte a


ser rentável, então elas precisam dos insumos para sobreviverem e
produzirem ovos.

Sem os insumos necessários, as condições fisiológicas dos animais


farão com que as galinhas botem apenas um ovo por dia. Assim, não
haveria como o preço dos insumos ser suplantado pelo valor recebido
com a produção dos ovos.

Diante desse cenário, o que deve ser feito?

Encerrar o ciclo Continuar o ciclo

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 80


Módulo 2

Justifique aqui a sua escolha!

Feedback

Encerrar o ciclo é uma medida muito extrema. É importante sempre buscar


alternativas para melhorar a situação e garantir que o produtor mantenha a
sua atividade com eficiência e sustentabilidade econômica.

Então, a solução é concluir o ciclo, independentemente do comportamento


do mercado, e implementar ações de controle, como a seleção de animais,
ajustar as despesas extras e a alimentação de acordo com cada categoria
e exigência dos lotes, além de realizar outras ações adequadas para uma
ocasião como essa.

Resumindo o tópico
Neste terceiro tópico, você:

Compreendeu a
Conheceu os fatores
Entendeu como funciona relevância do alto
que influenciam
o sistema de competição custo de saída e
a gestão e o
econômica e suas de entrada para a
gerenciamento da
características. eficiencia econômica
propriedade.
da propriedade rural.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 81


Módulo 2

Tópico 4: Fatores que interferem na


gestão de uma empresa rural

Os vários fatores que afetam a gestão de um


empreendimento agropecuário podem ser de natureza
externa ou interna. Você já parou para pensar quantos
deles podem influenciar o seu planejamento?

No decorrer deste tópico, você vai acompanhar mais de perto as


características que podem comprometer a gestão e o gerenciamento
da propriedade, conhecendo os sistemas de produção.

Todo gestor precisa entender e dominar as questões e os fatores que envolvem


o ambiente externo. Isso porque, mesmo sem poder controlar, é possível
organizar a tomada de decisões internas para obter melhores resultados.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 82


Módulo 2

Ambiente externo (da porteira para fora)


Existem diversos fatores, da porteira para fora, que influenciam a tomada de
decisões e os resultados do negócio agropecuário. Conheça os principais!

Variações cambiais

A alta no dólar aumenta a atratividade das exportações e pode elevar os


preços. O valor do dólar influencia tanto o preço dos insumos quanto o dos
produtos exportados.

Entenda acompanhando o exemplo do valor do saco de milho e a variação


do dólar!

Saco de milho US$ 12,00

Dólar × R$ 4,00
Saco de milho em reais = R$ 48,00

Saco de milho US$ 12,00


Dólar × R$ 5,00 Cenário com a
alta do dólar
Saco de milho em reais = R$ 60,00

Este cenário favorece o produtor de milho, mesmo que a moeda desvalorizada (o real) faça com que os
preços dos insumos importados aumentem.

Safra/entressafra e variações climáticas

A sazonalidade da produção faz com que, nos períodos de colheita, os preços


dos produtos agrícolas caiam devido à alta oferta. Esse é um comportamento
do mercado conhecido por todos.

Sazonalidade é a situação em que a produção se dá, ou então é menor ou maior em


determinados períodos do ano, relativamente rígidos.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 83


Módulo 2

Se o produtor se organizar e se estruturar, ele pode armazenar sua produção


nesse período e vender no período de escassez/entressafra, quando os preços
são mais altos. Assim, na prática, o produtor pecuarista:

compra e
nesse período consegue
se organiza e estoca grãos
os preços são melhor resultado
se estrutura no período
mais baixos financeiro
de safra

Além disso, o empresário rural deve saber lidar com o fator clima, pois com
o uso de previsões e do histórico do comportamento climático, ele pode tomar
as melhores decisões de plantio, colheita, estoque e comercialização.

Políticas agrícolas, legislação e aspectos culturais

O empresário rural não cria as políticas, mas deve compreender as que


existem para melhorar os resultados da propriedade rural. Entre outras ações
do governo, há políticas de:

• crédito subsidiado,

• assistência técnica,

• incentivos fiscais.

É importante estar ciente de que mudanças legais podem influenciar a


utilização da terra (restrições ambientais) e a exigência de qualidade dos
produtos (legislação sanitária), havendo ainda outras implicações.

Além disso, o empresário rural deve considerar os aspectos culturais, que


podem ultrapassar os limites econômicos e científicos. Muitas decisões de
produção são tomadas com base na tradição, e não na busca pelo melhor
resultado econômico.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 84


Módulo 2

Na prática

Um bom exemplo desse aspecto na pecuária é a criação


de bezerros machos de raças especializadas em leite.

A prática não é economicamente adequada, ainda as-


sim, muitos produtores investem nessa criação, pois
não concordam em descartar o animal ainda jovem.

Vale destacar mais alguns fatores da porteira para fora. São eles:

Economia Disponibilidade
Tecnologia
do país de fornecedores

Situações de crise Acompanhar o avanço Ficar na dependência de


ou de crescimento da tecnologia também é poucos fornecedores,
econômico podem muito importante para ou até mesmo de um
promover diversas a sustentabilidade de só, certamente reduz
alterações no qualquer negócio, pois a competitividade do
consumo dos produtos utilizar tecnologias produtor rural, já que o
agropecuários, afetando adequadas à sua preço dos insumos será
a disponibilidade de mão realidade pode ditado pelo fornecedor.
de obra no meio rural, resultar em redução
entre outros rearranjos do custo de produção Para evitar isso, o
nas forças do mercado. e, consequentemente, produtor pode buscar
melhorar os resultados novos fornecedores
econômicos do negócio. no mercado ou, em caso
de pequenos produtores,
se organizar em
associações, cooperativas
e clubes de compra para
reduzir seus custos.

Ambiente interno
O ambiente interno é o nível de ambiente da empresa rural ou de outro
setor, contido internamente que, normalmente, tem implicação imediata e
específica na administração.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 85


Módulo 2

Também representa o conjunto de recursos de produção que estão sob


a tomada de decisão do gestor. Ou seja, é o que ele constantemente vai
monitorar, agir e corrigir para que a empresa alcance seus objetivos.

Alguns aspectos fazem parte do ambiente interno e devem ser monitorados.

Aspectos de produção: layout e


Aspectos organizacionais: rede de
disposição das instalações da
comunicação; estrutura da propriedade; uso de tecnologia;
organização; registro dos sucessos;
aquisição de insumos; controle de
hierarquia de objetivos; política, custos; controle de estoques; uso de
procedimentos e regras; habilidade subcontratação.
da equipe administrativa.

Aspectos pessoais: relações


trabalhistas; práticas de
recrutamento; programas de Aspectos financeiros: liquidez;
treinamento; sistema de avaliação de lucratividade; atividades;
desempenho; sistema de incentivos; oportunidades de investimento,
rotatividade e absenteísmo. remuneração do capital, ponto de
equilíbrio.

Aspectos de marketing e
comercialização: compradores
existentes; estratégias do produto,
de preço, de negociação e de
distribuição.

Muitas vezes, os gestores acreditam que o ambiente interno da empresa se


encontra limitado à área de produção, porém ele engloba muito mais do
que isso. Um diagnóstico detalhado e setorizado dos aspectos acima citados
é fundamental para a boa gestão da empresa rural.

No diagnóstico e análise do ambiente interno são elencados os pontos


fortes e fracos daqueles aspectos citados. Isso deve ser realizado de
forma setorizada, pois permitirá uma análise profunda sobre cada setor.

Com base nesse diagnóstico, o gestor poderá elaborar um plano de ação que
alinhe os recursos aos objetivos da empresa.

Análise dos ambientes e tomada de decisão


Para obter sucesso na gestão de um negócio, é necessário que o gestor
acompanhe as mudanças nos ambientes externo e interno de forma
contínua, observando todos os aspectos.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 86


Módulo 2

Essa análise contínua permite ao gestor:

Dimensionar
Explorar a produção
oportunidades de de acordo com
Minimizar riscos melhores negócios os períodos mais
de compra e venda atrativos para o
negócio

Na prática

Uma propriedade produtora de leite tinha, historicamente,


altos gastos com concentrado. Para resolver esse problema,
a propriedade contratou um consultor.

Junto com o proprietário, o consultor fez uma análise do


ambiente interno e do ambiente externo.

INTERNO EXTERNO

Identificaram que o grande Identificaram a possibilidade de


consumo de concentrado ocorria captar um financiamento de custeio
devido à baixa disponibilidade a juros baixos, para comprar
de alimento volumoso. grande parte do milho destinado às
vacas no período da safra, quando
os preços estão mais baixos.

Criaram um planejamento Viram a oportunidade de


estratégico para melhorar estocar o milho utilizando
os resultados das áreas a tecnologia de ensilagem
de produção de volumoso via reidratação. Essa
da propriedade e reduzir estratégia possibilitou uma
o volume de concentrado forte redução do consumo
dado ao rebanho. de concentrado.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 87


Módulo 2

É importante ter em mente que o produtor não consegue mudar os preços de


mercado dos produtos, porém, conhecendo bem o mercado, ele pode escolher
a melhor época para comprar ou vender.

Fazer a análise pode demandar experiência, por isso você, técnico, deverá
fazê-la junto com o produtor. O Senar em Campo tem um vídeo mostrando
como essa parceria no momento da análise é essencial para o gerenciamento
e melhoria da propriedade rural.

Então, acesse o seu Ambiente de Estudos e assista


ao vídeo de uma história de sucesso em uma
propriedade de bovinocultura de leite em Goiás.

Resumindo o tópico
Neste quarto tópico, você:

Conheceu os fatores
Entendeu que os fatores Conheceu os fatores
relativos ao ambiente
internos e externos são relacionados ao ambiente
interno de uma
os principais agentes de externo, também
propriedade rural,
interferência em uma conhecido como “da
também conhecido como
empresa rural. porteira para fora”.
“da porteira para dentro”.

Compreendeu a
importância da análise
desses ambientes para
uma gestão eficiente.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 88


Módulo 2

Tópico 5: Aplicação do
gerenciamento em uma
empresa rural

E como funciona essa análise em uma propriedade rural?

Neste tópico, você conhecerá alguns dados importantes da Fazenda


Santa Felicidade, que vão basear a análise da propriedade, com
cálculos de custos e o levantamento de fatores internos e externos
para um gerenciamento completo.

Para começar, que tal relembrar algumas informações importantes sobre a


Fazenda Santa Felicidade? Vamos lá!

Vale dizer que a Fazenda Santa Felicidade é uma propriedade produtora de leite.
Esse ramo de produção foi escolhido para ser usado como exemplo, por ter
uma cadeia produtiva com cálculos que apresentam algumas peculiaridades.

Embora essa cadeia seja a escolhida, todos os conceitos estudados


neste curso podem ser aplicados em qualquer cadeia produtiva.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 89


Módulo 2

Fazenda Santa Felicidade


Visto o contexto da fazenda, agora conheça os números!

A produção de leite que a propriedade destina à venda variou nos últimos


12 meses.

MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS
Leite (litros)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Processado 3.100 2.800 3.100 3.000 3.100 3.000 3.100 3.100 3.100 3.000 3.100 3.000

Vendido 5.810 6.145 5.783 5.907 5.824 5.944 5.823 6.182 6.245 6.445 6.460 6.432

Total 8.910 8.945 8.883 8.907 8.924 8.944 8.923 9.282 9.345 9.445 9.560 9.432

Observe agora os preços de mercado praticados para o litro do leite, a cada mês.

Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês
Leite
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Preço R$ 1,12 1,14 1,30 1,35 1,40 1,50 1,45 1,40 1,28 1,25 1,21 1,20

Esta tabela mostra o consumo da família e aleitamento dos bezerros em cada mês.

Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês
Leite
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Aleitamento 480 300 210 570 480 450 300 300 390 390 410 400

Consumo 31 28 31 30 31 30 31 31 31 30 31 30

Diante desses números, é possível observar algumas informações financeiras


importantes.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 90


Módulo 2

Descartes
Os machos nascidos na propriedade, na maioria das vezes são
descartados, ou seja, são repassados a frigoríficos que buscam
esses animais gratuitamente.
No último ano, também foram descartadas duas vacas no valor
de R$ 2.200,00 cada e foram vendidas duas novilhas excedentes,
pelo valor de R$ 3.800,00 cada.

Valorização
O rebanho da propriedade se valorizou:
• há 12 meses = R$ 116.900,00
• atualmente = R$ 128.900,00.
Essa valorização é decorrente da retenção de animais para o
crescimento da produção, mais uma bezerra Girolanda comprada
por R$ 2.000,00 para produzir animais meio-sangue no futuro.

Mão de Obra
A mão de obra nessa propriedade é familiar, com contratação de
serviços temporários esporadicamente. Nos últimos 12 meses,
foram contratadas 30 diárias do Joaquim, um diarista da região.
O serviço realizado pelo senhor Ariovaldo e família, se fosse
contratado, foi avaliado em R$ 1.600,00/mês na média.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 91


Módulo 2

Inventário de benfeitorias
Observe na tabela todas as benfeitorias que ocorreram na propriedade.

Valor
Utilização Valor total Vida útil Idade
Item Quantidade unitário
no leite (R$) (anos) (anos)
novo (R$)

Pista de
1 100% 30.000,00 30.000,00 40 10
alimentação

Curral de
1 50% 8.000,00 4.000,00 40 15
manejo

Sala de
1 100% 30.000,00 30.000,00 40 43
ordenha

Cercas
1.000 m 50% 12,00 6.000,00 15 20
perimetrais

Cercas
1.000 m 100% 10,00 10.000,00 10 13
internas

Bebedouros 4 100% 500,00 2.000,00 20 5

Bezerreiro 1 100% 2.000,00 2.000,00 20 15

Depósito de
1 80% 80.000,00 64.000,00 40 15
ração

Cochos de sal
12 100% 500,00 6.000,00 15 10
mineral

TOTAL 154.000,00

Analisando a tabela, temos:

• O custo de uso das cercas perimetrais é de 50%, porque sua manutenção é


dividida com os vizinhos.

• O curral de manejo também é utilizado para o gado de corte.

• No depósito de ração também ficam estocados outros itens que não são de
interesse da atividade leiteira. Por isso, parte desse custo foi transferida para
a atividade de corte.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 92


Módulo 2

Inventário de máquinas e equipamentos


Agora, observe o inventário das máquinas e equipamentos da Santa Felicidade.

Valor
Utilização Valor total Vida útil Idade
Item Quantidade unitário
no leite (R$) (anos) (anos)
novo (R$)

Ordenhadeira
1 100% 8.000,00 8.000,00 15 5
mecânica

Irrigação 1 100% 23.000,00 23.000,00 15 3

Aparelho de
1 100% 200,00 200,00 5 4
cerca elétrica

Carroça 1 80% 2.300,00 1.840,00 10 12

Picadeira 1 80% 2.500,00 2.000,00 15 16

Bomba de água 1 100% 500,00 500,00 10 11

Roçadeira
2 100% 2.000,00 4.000,00 5 4
costal

Latões 3 100% 200,00 600,00 15 20

Tanque de
1 100% 12.000,00 12.000,00 15 8
resfriamento

TOTAL 52.140,00

Neste cenário, a picadeira e a carroça também auxiliam na atividade de


corte, por isso seus custos não foram destinados em 100% para o leite.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 93


Módulo 2

Inventário de forrageiras e outras áreas


Você também pode acompanhar os números do inventário de forrageiras e
outras áreas. Observe!

Custo de
Valor total Vida útil Idade
Especificação Área (ha) formação
(R$) (anos) (anos)
(R$/ha)

Canavial 1 5.000,00 5.000,00 5 6

Pasto
Mombaça 2.3 3.000,00 6.900,00 20 5
intensivo

Área de milho
4 -
silagem

Pasto
Brachiaria 6 2.500,00 15.000,00 15 20
extensivo

Construções e
1,2 -
estradas

Reservas e
5,5 -
APP

TOTAL 20 26.900,00

Veja que:

• No item Pasto Mombaça intensivo, a a pastagem intensiva foi considerada


com uma vida útil maior (20 anos), devido aos tratos culturais aos quais ela
se submete.

• As áreas de construções, estradas, reservas e de área de preservação


permanente (APP) são colocadas no inventário apenas para compor a área
total destinada para a atividade. O valor da terra nua na região é de R$
10.000,00/hectare.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 94


Módulo 2

Inventário animal
Veja agora o levantamento dos animais da Santa Felicidade.

Categoria Quantidade Preço médio Valor total Vida útil

Vacas em lactação 20 R$ 3.200,00 R$ 64.000,00

Vacas secas 4 R$ 2.500,00 R$ 10.000,00

Bezerras em aleitamento 3 R$ 800,00 R$ 2.400,00

Novilhas em recria 10 R$ 1.500,00 R$ 15.000,00

Novilhas em reprodução 12 R$ 2.500,00 R$ 30.000,00

Reprodutor 1 R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 4

Animais de serviço 1 R$ 1.500,00 R$ 1.500,00 10

TOTAL 50 R$ 128.900,00

Na tabela a seguir você pode observar os gastos realizados nas operações da


fazenda e as despesas com a família nos últimos 12 meses.

Despesas de custeio (Custo Operacional Efetivo) Valor anual (R$)

Mão de obra temporária 3.000,00

Manutenção de pastagens 5.750,00

Manutenção de canavial 2.000,00

Manutenção de capineira 200,00

Silagem 14.000,00

Concentrado 42.705,00

Gastos com alimentação da família 11.543,00

Aleitamento artificial 6.086,90

Minerais 3.950,00

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 95


Módulo 2

Despesas com vestuário da família 500,00

Medicamentos 6.000,00

Hormônios 800,00

Material escolar para filhos 1.000,00

Material de ordenha 2.300,00

Energia e combustível 2.400,00

Inseminação artificial 2.115,00

INSS + Impostos + Contribuição Sindical 4.350,00

Reparos de benfeitorias 1.870,00

Reparos de máquinas e equipamentos 2.350,00

Outros gastos de custeio 1.535,00

Total 114.454,90

O que em outras metodologias é chamado de despesas de custeio ou


custos variáveis, na metodologia de ATeG, chamamos de Custo Operacional
Efetivo (COE).

Todos esses dados da Fazenda Santa Felicidade se referem à realização


do resgate, por isso o levantamento de dados foi dos últimos 12 meses de
produção e foram apurados pelas notas fiscais de compra.

A análise do Custo Operacional Efetivo deverá ser feita tomando como


base o período de 12 meses, ou seja, trata-se de um indicador anual.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 96


Módulo 2

Resumindo o tópico
Neste quinto tópico, você:

Compreendeu que os
Entendeu como os conceitos de gestão
Conheceu dados
resultados podem ser e gerenciamento
importantes da Fazenda
analisados na realidade podem ser utilizados
Santa Felicidade.
de uma empresa rural. em qualquer cadeia
produtiva.

Encerramento do tema

Você chegou ao final do segundo tema e, durante os estudos, pôde conhecer as


características peculiares da empresa rural e os fatores que interferem
na gestão no meio rural, entendendo que os conceitos administrativos
são fundamentais para o gerenciamento. Agora, finalizada esta etapa,
será capaz de:

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 97


Módulo 2

Abordar a noção
de custos gerais,
escala e elasticidade,
Reforçar a importantes para a
importância da cadeia análise de tendências
produtiva e de cada de mercado e gestão
Destacar a origem do elo para o sucesso do da propriedade rural.
agronegócio e como conjunto.
essa extensa rede de
agentes econômicos
funciona, abrangendo
as etapas de “antes,
durante e depois da
produção”.

Esta etapa, recheada de conceitos essenciais para a gestão no campo, está no


fim. Embora seja um conteúdo denso, é muito importante para o seu trabalho
na propriedade rural!

E, para finalizar, acesse o seu Ambiente de Estudos


para assistir ao vídeo de Encerramento do Tema e
acompanhar o Marcelo e o seu trabalho na Fazenda
Santa Felicidade.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 98


Módulo 2

Atividade de Passagem
Chegou a hora de colocar em prática o que aprendeu!

Você deve responder uma questão relacionada ao conteúdo


estudado até aqui para passar para o próximo tema, ok?

Atenção! Se você estiver com alguma dúvida quanto ao


assunto, retorne ao conteúdo do módulo ou, se preferir, entre
em contato com o tutor.

Questão
Com base no que foi estudado neste tema, escolha a alternativa que apresenta
as afirmações corretas.
a. A gestão pode ser entendida como o senso de direção do negócio, ou seja,
coletar dados, analisá-los e tomar decisões que permitam alcançar os
resultados esperados.

b. Atualmente, a globalização do setor agrícola e a modernização tecnológica


são fatores que permitem que os produtores não se preocupem com a gestão
do negócio, uma vez que as atividades agropecuárias estão sendo muito
lucrativas para eles, não sendo necessário que se preocupem com os custos
da atividade.

c. Gerenciar negócios no meio rural é mais fácil, pois as decisões do gestor é


que definem o resultado, não existindo influência de clima, solo, aspectos
biológicos ou econômicos.

d. A agropecuária está submetida a um sistema de competição no qual a entrada


ou saída de produtores pouco altera a oferta, devido ao seu grande número.

e. O ambiente externo influencia os resultados do negócio: flutuações cambiais,


variações na política agrícola, variações climáticas, mudanças legais e aspectos
culturais podem mudar a rota do gestor que busca um bom resultado para o
negócio.

1. A, B, C, D e E

2. B, C e E

3. A, D e E

4. B, C e D

5. BeD

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 99


Módulo 2

Tema 3: Renda bruta da


atividade
Introdução

Você está iniciando o terceiro tema do módulo. O objetivo é que você conheça
os componentes da renda, entendendo os critérios para definição dos
custos nas atividades, as peculiaridades no cálculo da renda bruta na
bovinocultura de leite, e que também aprenda a realizar o cálculo da renda
bruta. São conhecimentos fundamentais para a realidade financeira de
qualquer propriedade rural.

Ao final deste tema, você será capaz de:

• compor de forma correta a renda de uma atividade;

• usar critérios para alocar os custos entre atividades e dentro de uma mesma
atividade.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 100


Módulo 2

Estrutura do tema
É muito comum, nas propriedades rurais, trabalhar com mais de uma atividade
agropecuária ou mesmo com atividades secundárias ao negócio principal da
propriedade. E, muitas vezes, a gestão do negócio fica comprometida, pois o
produtor não consegue separar o custo e a renda dessas atividades distintas.

Isso pode fazer com que uma atividade lucrativa esconda o prejuízo da outra e
a atividade mais onerosa esconda o lucro da atividade lucrativa. Compreender
esses aspectos financeiros é essencial para a renda da propriedade.

Dessa forma, para facilitar o entendimento do conteúdo, esse tema está


dividido em tópicos. Conheça o objetivo de cada um deles, a seguir.

Tópico 1 - Componentes da renda


Conhecer os componentes da renda bruta das
atividades e os conceitos que os envolvem.

Tópico 1

Tópico 5 – Aplicação do Tópico 5 Tópico 2 Critérios para definição


cálculo da renda bruta dos custos nas atividades
Aplicar conceitos sobre Entender os critérios para
renda em um estudo de alocação dos custos entre
caso da Fazenda Santa Tema 3 atividades diferentes e dentro
Felicidade. de uma mesma atividade.

Tópico 4 Tópico 3

Peculiaridades no cálculo da renda Tópico 3 - Cálculo da renda bruta


bruta na bovinocultura de leite Ampliar seus conhecimentos acerca
Reconhecer as peculiaridades que dos conceitos de renda bruta e ver a
envolvem o cálculo da renda bruta na sua aplicação em um estudo de caso.
bovinocultura leiteira, entendendo o
conceito, a função, a aplicação e as
vantagens do cálculo da variação do
inventário animal como componente
dessa renda.

Agora que você conhece o objetivo de cada um, siga em frente e ótimos
estudos!

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 101


Módulo 2

Tópico 1: Componentes da renda

Afinal, o que é renda na realidade de uma propriedade rural?

No decorrer deste tópico, você aprenderá o que é a renda bruta, como


calcular essa renda e os fatores e produtos que fazem parte dela.

A primeira coisa a saber, para seguir em frente no módulo, é a fórmula para


obtenção da renda bruta. Observe!

Produção Subprodutos
total × Preço do sistema de
Renda Bruta
médio ponderado produção
(PMP) (RSub)

O preço médio ponderado – também conhecido como preço médio real


– ao ser apurado, não se baseia apenas nos preços diferentes recebidos no
período analisado (12 meses), mas leva em consideração as quantidades
comercializadas em cada preço recebido.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 102


Módulo 2

Entenda o cálculo, acompanhando um exemplo prático!

Na prática
12 meses
três preços diferentes

3 meses 4 meses 5 meses

Uma propriedade de
produção de leite
recebeu durante o Preço 1
R$ 1,20
Preço 2
R$ 1,35
Preço 3
R$ 1,40
período analisado:
Produção 1 Produção 2 Produção 3
TOTAL TOTAL TOTAL
8.500 litros 14.000 litros 15.500 litros

Para calcular o preço médio ponderado, essas informações não são suficientes.
Então, seguem mais algumas.

Veja como ficou o preço médio ponderado, usando a fórmula:

((preço 1 × produção 1)
((1,20 × 8.500)
+
+ 10.200
PMP: (preço 2 × produção 2)
(1,35 × 14.000) +
+
(preço 3 × produção 3))
+ 18.900
(1,40 × 15.500) +
(produção 1 + produção 2 21.700
+ produção 3) (8.500 + 14.000 + 15.500) 50.800
38.000
38.000
Resultado Resultado
Resultado PMP = R$ 1,3368

Seguindo essa fórmula, é possível apurar com segurança o preço médio


ponderado.

Porém, a forma de cálculo usada normalmente lá no campo é a inversa:


apuramos o total recebido no ano e dividimos pela quantidade total
comercializada.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 103


Módulo 2

Agora que sua matemática foi testada, você consegue dizer se identificou
quais são todos os itens que compõem uma renda bruta? Pode ter certeza de
que você se depara com eles quase todos os dias.

Então, conheça cada um deles melhor!

Produção
A produção é o somatório das unidades produzidas em uma atividade em
determinado período de tempo, ou seja, o total produzido na área destinada
para a atividade. Para a análise de rentabilidade, a produção é medida
anualmente, permitindo um comparativo entre as atividades de um mesmo
período.

Especialmente na agricultura, por exemplo, existem atividades com ciclos


produtivos superiores e inferiores a um ano. Nesses casos, a análise de
rentabilidade é feita para o ciclo produtivo e os indicadores são ajustados
para um ano, permitindo comparação com outras atividades.

Veja alguns exemplos:

Caixas de
laranja

Leite Metros
produzido no cúbicos de
mês ou dia madeira

Sacas de
milho por
área
Toneladas
de silagem
Arrobas
na área de
de boi
plantio de
milho

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 104


Módulo 2

Produtividade
A produtividade é um indicador medido em relação a um dos fatores de
produção em determinado período de tempo.

Por exemplo, o fator “terra” pode determinar alguns indicadores de


produtividade em relação a uma unidade de área (hectares ou metros
quadrados).

Leite: Silagem: Milho: Boi: Frango:


litros/ha/ano toneladas/ha/ano sacas/ha/ano arrobas/ha/ano kg/m²/ano

No gerenciamento das atividades agropecuárias, é sempre bom se atentar


aos fatores de produção que influenciam na produtividade e representam
maior estoque de capital ou maior custo operacional.

Os fatores de produção que representam maior estoque de capital nas


atividades agropecuárias normalmente são a terra ou as construções.
Dessa forma, os indicadores de produtividade da terra (hectares) ou
das construções (m²) são importantes insumos para a comparação de
eficiência das atividades na utilização da área de produção.

A mão de obra é outro importante componente do custo. Ela tem sua


produtividade medida quando dividimos a produção total pelo número de
colaboradores ou pela quantidade de outros fatores de produção que um
colaborador é capaz de cuidar.

Por exemplo:

Leite = litros/ha/ano -> litros/dia/homem

Também são indicadores de produtividade da mão de obra:

matrizes/dia/homem vacas em lactação/dia/homem

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 105


Módulo 2

Na pecuária, também é medida a produtividade animal, para poder avaliar o


desempenho dos animais mediante a sua genética e as condições de produção.

Por exemplo:

Litros/vaca em lactação Arrobas/boi Leitões/matriz

Produtos consumidos pela mão de obra


É importante destacar a necessidade de se contabilizar, na renda e nas
despesas, os produtos consumidos na propriedade, que muitas vezes
são desconsiderados pelo produtor.

Cada unidade produzida e consumida na propriedade teve um custo de


produção, que não pode ser desprezado.

Pare para pensar


Considere uma propriedade que tem produção diária de
200 litros de leite e a mão de obra consome 2 litros por
dia. Ao final de um ano, o leite consumido (730 litros)
representa uma produção de 3,65 dias da propriedade.
Como contornar isso?

Escreva o que acredita ser uma medida para essa


situação. Depois de passar pelos tópicos, volte e reveja
sua resposta!

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 106


Módulo 2

Na bovinocultura e na ovinocaprinocultura de leite, a produção destinada


ao aleitamento das crias deve ser contabilizada como um componente
de renda e de custo da atividade, pois é um produto que deixa de ser
comercializado e se torna um custo de produção das crias.

Subprodutos
Os subprodutos são produtos gerados em consequência de uma atividade
principal e devem compor a renda e os custos da atividade, quando são
consumidos na propriedade. Observe!

Venda de vacas
para descarte

Subprodutos
Venda de cama
das atividades Venda de
de frango*
leiteira e machos
para esterco
avicultura

Venda de
esterco

A cama de frango é um subproduto da produção de carne de frango.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 107


Módulo 2

Atividades secundárias
As atividades secundárias são as que interagem com a atividade principal
da propriedade, porém não se destinam ao mercado. A decisão da sua
existência está sob domínio do produtor.

As atividades secundárias não devem compor a renda, porém seus custos de


produção devem ser considerados como despesa da atividade principal.

Observe um exemplo de atividades secundárias associadas à produção de leite.

Produção de silagem de milho

Destinação de bezerros para


engorda na bovinocultura de corte

Produção de milho

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 108


Módulo 2

Qual é a diferença entre subproduto e atividades secundárias?

Subproduto Atividade Secundária

O subproduto A atividade
não se desvincula secundária pode ter
do produto ou não ter ligação
principal. Ou seja, com a atividade
se a atividade principal, mas sua
principal existir, existência depende
o subproduto do produtor.
também vai existir.
Exemplo:
Se existe vaca -> existe esterco
Produção de silagem de milho para
O nível de exploração do subproduto alimentação volumosa animal
depende da capacidade e do
interesse do produtor, mas sua
existência não.

Resumindo o tópico
Neste primeiro tópico, você:

Conheceu melhor os
Entendeu a importância Conheceu o Preço Médio
componentes da renda
da renda bruta, a sua Ponderado (PMP) e como
bruta e a importância
fórmula e a forma de realizar análises a partir
de cada um deles para
realizar o cálculo. do seu cálculo.
a propriedade rural.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 109


Módulo 2

Tópico 2: Critérios de definição de


custos entre as atividades

Como saber quanto deve ser destinado para o custo do


produto e para o custo da produção?

Neste tópico, você vai entender como funciona o rateio de custos e


seu cálculo, assim como a melhor forma de alocação das receitas
da propriedade.

Dentro das diversas cadeias produtivas do agronegócio, a alocação de custos


se torna um desafio, já que, muitas vezes, é difícil separar os valores de
determinados itens com total isenção.

Para que se possa analisar com coerência os diversos tipos de sistemas dentro
de uma mesma atividade, a metodologia de ATeG utiliza a seguinte lógica:

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 110


Módulo 2

Para determinar e dividir os


custos entre atividades:

rateio de custos com base na


participação de cada produto alocação de receitas e custos
na renda da propriedade

Entenda melhor cada uma das formas apresentada!

Rateio de custos com base na participação de cada


produto na renda da propriedade
O método de rateio é indicado para análise de atividades que possuem um
produto principal e outros subprodutos, com uma separação dos centros de
custos complexa. Observe os exemplos.

Apicultura
Em uma propriedade em que o mel é o produto principal, como
contabilizar o custo com depreciação das caixas melgueiras, já
que na mesma instalação existe produção de mel e de própolis?
Como essa separação é muito difícil por meio de critérios
simples, os custos de depreciação são rateados entre mel e
própolis na proporção da renda gerada por esses produtos.
O mesmo pode ser pensado para a mão de obra, o combustível
e outras despesas da apicultura.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 111


Módulo 2

Caprinocultura de leite
Na mineralização das cabras, quanto de mineral deve ser
contabilizado para a produção de leite e quanto para gerar a cria?
Assim como na apicultura, o melhor método é a ser adotado é o
rateio de acordo com a receita gerada por produto.

O rateio consiste em assumir que o custo de um produto é proporcional


à renda gerada por ele para toda a atividade. Isso pode ser expresso pela
fórmula a seguir:

Renda do produto P
Custo do produto P Custo da atividade
Renda da atividade

Entenda o conceito, acompanhando o exemplo!

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 112


Módulo 2

Na prática

Uma propriedade, cuja atividade é a apicultura, vende:

Própolis R$ 3.000,00

Mel R$ 7.000,00

Custo Total = R$ 5.000,00

Como calcular o custo de produção do mel?

A renda da atividade é a soma da renda do mel com a renda da própolis.

Entenda o cálculo:

Renda total
da atividade Custo do Mel
apicultura
R$ 5.000,00
+

R$ 7.000,00 R$ 7.000,00 R$ 5.000,00


+
+

R$ 3.000,00 R$ 10.000,00 R$ 700,00

R$ 10.000,00 R$ 700,00 R$ 3.500,00

Custo do mel = R$ 3.500,00


(o mel representa 70% da renda)

Muitos se questionam se esse método define com precisão os custos de cada


produto ou subproduto.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 113


Módulo 2

É importante ressaltar que esse critério não permite ao gestor definir


com precisão os custos inerentes a cada produto ou subproduto. Porém,
como a distribuição dos custos é feita de forma proporcional e a renda
gerada por produto é contabilizada efetivamente, o gestor pode inferir
na relação custo-benefício de cada atividade.

Alocação de receitas e custos


Essa metodologia de cálculo de custos consiste em registrar custos e
receitas para cada atividade, seja principal ou secundária. Em outras
palavras, consiste em separar o controle de cada atividade.

Entenda!

Considere uma propriedade


que produza leite com os
seguintes dados:

Para calcular a renda do leite, deve ser


considerado que:
Produção diária: 300 litros
vende o
Produção vendida ao laticínio
produto
na forma in natura: 200 litros atividade principal segunda atividade
a uma
produção de leite produção de queijo
Produção destinada à segunda
fabricação de queijo: atividade
100 litros
Preço de venda do leite:
R$ 1,00/litro
Preço de venda do queijo:
R$ 12,00/kg
São gastos 10 litros de leite Nesse caso, deve-se utilizar o preço de mercado
para produzir 1 kg de queijo do leite. Ou seja, o leite entra na queijaria com o
custo de R$ 1,00/litro, que é componente do custo
Custo total: R$ 0,80/litro. de produção do queijo.

A separação de valores permite que o produtor avalie as duas atividades de


forma independente, identificando situações críticas e tomando as decisões
mais assertivas.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 114


Módulo 2

Pense no exemplo do infográfico:

Se o custo de produção Se o valor do queijo for


do leite for maior do que menor em relação ao
seu preço de mercado, o custo com o seu processa-
produtor poderá tomar a mento, o produtor poderá
decisão de manter apenas decidir entregar toda sua
a atividade de produção produção de leite para o
de queijo e adquirir o leite laticínio.
de outro produtor.

Resumindo o tópico
Neste segundo tópico, você:

Entendeu como definir


Conheceu os critérios Entendeu como definir
e dividir os custos
para definição de custos e dividir os custos por
alocando receitas e
entre as atividades e a sua meio de rateio com base
custos, registrando e
importância para a renda na participação de cada
separando o controle
da propriedade rural. produto.
de cada atividade.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 115


Módulo 2

Tópico 3: Cálculo da renda bruta

Você sabe como calcular a renda bruta?

A partir de agora, você conhecerá a melhor forma de calcular


a renda bruta, aplicando todo o conhecimento que construiu ao
longo deste curso.

A renda bruta de uma atividade corresponde ao somatório das riquezas


produzidas por ela, isto é, são os preços multiplicados pelas quantidades.

Algumas atividades agropecuárias possuem um produto principal e outros


secundários – nesses casos, a renda bruta é calculada conforme a fórmula
a seguir.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 116


Módulo 2

Quantidade Somatório das


produzida do produto quantidades produzidas
principal de subprodutos
Renda Bruta
X X
Preço médio Preço unitário dos
ponderado subprodutos

É comum ocorrerem vários eventos de venda de produtos agropecuários ao


longo do ano. Nesse caso, a renda bruta daquele ano é obtida pela soma da
renda em cada evento.

Estudo de caso: a bovinocultura de corte da


Fazenda Santa Rita
Nos últimos anos, o Brasil alcançou excelentes índices de produção e
exportação de carne bovina. Isso se deve, além de inúmeros outros fatores,
à qualidade do sistema produtivo nacional e à confiança crescente no conceito
de alimento saudável, especialmente pela produção de carne de qualidade.

Muitas propriedades obtiveram resultados positivos por causa dos índices de


produção. Um exemplo é a Fazenda Santa Rita. Conheça!

Fazenda Santa Rita*


É a propriedade do Sr. José Maria.
A atividade principal é a bovinocultura de corte.
No ano passado, ela produziu muito bem e o
Sr. José Maria está “só sorrisos”!
* Propriedade hipotética para exemplificar os
cálculos de renda bruta da atividade.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 117


Módulo 2

O resultado de todo o esforço, uma grande produção, foi a venda da forma


que você verá na sequência.

Tabela de vendas da Fazenda Santa Rita


A tabela mostra o resultado das vendas referentes à produção de bovinos de
corte. Observe!

Venda de animais Venda de esterco Valor unitário Valor total


Mês
(@) (T) (R$) (R$)

Janeiro

Fevereiro

Março 686 143,00 98.098,00

Abril

Maio 114 146,00 16.644,00

Junho

Julho 25 80,00 2.000,00

Agosto 1.015 152,00 154.280,00

Setembro

Outubro 622 149,00 92.678,00

Novembro

Dezembro 563 150,00 84.450,00

Total 3.000 25 448.150,00

Ao analisar os dados apresentados, é possível ver que ainda não foi


calculado o preço médio, obtido pela divisão da renda bruta anual pela
produção total do ano.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 118


Módulo 2

Então, veja o passo a passo desse cálculo.

Primeiro, analise os dados:

Produção em arrobas = 3.000

Renda bruta total com venda das arrobas = R$ 446.150,00

Preço médio/arroba

= R$ 446.150,00 ÷ 3000

= R$ 148,7166/arroba

Para calcular a renda bruta da atividade:

Renda bruta do produto principal = Venda das arrobas no ano

= 3.000 × R$ 148,7166

= R$ 446.150,00

Renda bruta do subproduto = Venda de esterco no ano

= 25 × R$ 80,00

= R$ 2.000

A soma desses valores é a renda bruta da atividade:

= R$ 446.150,00 + R$ 2.000,00

= R$ 448.150,00

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 119


Módulo 2

Caso algum animal seja abatido para o consumo da família, o valor desse
produto deve compor a renda bruta da atividade. Para calcular o valor, o
preço recebido no período será a base.

O mesmo se aplica no caso de utilização de esterco (subproduto) na


adubação de lavouras. A atividade bovinocultura de corte deverá ser
remunerada considerando o preço praticado no mercado, enquanto o custo
deste produto é atribuído à atividade agricultura.

Agora, para concluir esse conhecimento, reflita um pouco.

Pare para pensar


Entendido como calcular a renda bruta quando o assunto
é bovino de corte, você consegue dizer se esse mesmo
tipo de cálculo se aplica a outros tipos de cultura?

Resumindo o tópico
Neste terceiro tópico, você:

Compreendeu o
Viu o resultado das passo a passo do
Conheceu a Fazenda
vendas da propriedade cálculo da renda
Santa Rita e sua
relativo à produção de bruta da propriedade
atividade.
bovinos de corte. considerando a sua
atividade principal.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 120


Módulo 2

Tópico 4: Peculiaridades no cálculo


da renda bruta

Existem diferenças nas culturas que impactam na renda


bruta da atividade?

No decorrer deste tópico, você entenderá como as peculiaridades


da cultura de bovinos de leite impactam no cálculo da renda bruta
da atividade.

Na bovinocultura de leite, a renda é gerada principalmente pela venda de


leite e de animais.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 121


Módulo 2

Em alguns casos, com o


objetivo de aumentar a
Pode ocorrer uma situação
produção em decorrência
contrária, em que o produtor
do baixo desenvolvimento
pode reduzir seu rebanho
da recria ou por decisão
por decisão estratégica ou para
estratégica, o produtor
pagar dívidas.
aumenta o número de
animais.

Esses animais são uma


riqueza produzida pela
O fato é que se o patrimônio
atividade e geraram um custo
animal diminuiu, esse cenário
contabilizado. Logo, seu valor
também precisa ser expresso
precisa ser inserido na renda,
na análise de rentabilidade.
para uma correta análise de
rentabilidade.

O nome dado para isso é variação do inventário animal, que é um


componente da renda.

Normalidade da participação da renda do leite na


renda da atividade da bovinocultura de leite
Na renda da atividade leiteira, em rebanhos estabilizados, existe uma
normalidade no faturamento anual, no qual a receita que vem do leite e da
venda de animais tem uma participação esperada.

Essa normalidade é balizada na produção média por vaca em lactação, na


especialização do rebanho. Então, quanto mais especializado na produção
de leite for o rebanho, mais o leite participa da renda da atividade.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 122


Módulo 2

Para caracterizar a renda de uma propriedade como dentro da normalidade,


é importante considerar:

Média de produção por vaca em lactação


Renda do leite / renda da atividade leiteira
(em litros/dia)

5a8 60 a 70%

9 a 12 70 a 80%

13 a 18 80 a 90%

Maior do que 18 Maior do que 90%

Em alguns casos, é possível observar variações consideráveis na renda


anual, por causa da venda de animais acima do esperado ou da decisão de
reter animais no rebanho. Nesses casos, a análise de rentabilidade será
impactada.

Já nos casos que fogem da normalidade, deve ser aplicado o conceito de


variação de inventário animal.

Analise alguns possíveis cenários para entender melhor por que a média
de produção diária da vaca influencia na participação do leite na renda da
atividade.

Para começar, observe os quatro cenários apresentados.

Cenário Vacas Produção média (L) Quantidade de crias

A 40 5 40

B 20 10 20

C 16 12,5 16

D 10 20 5

Entenda melhor cada cenário!

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 123


Módulo 2

Cenário A – Rebanho de baixa especialização

Neste cenário, normalmente as crias


(machos e fêmeas) são recriadas ao pé
da vaca e comercializadas logo após a
desmama. São mantidas no rebanho apenas
as novilhas para a reposição das matrizes.

• Como a média de produção de leite de cada vaca é baixa, os machos e


as fêmeas têm um expressivo valor para corte.

• O comércio de animais participa, proporcionalmente, muito mais da


renda total da atividade.

• Ainda ocorre maior longevidade das matrizes, o que diminui a demanda


de reposição e faz com que sobrem mais animais para comercialização.

Assim, nesse cenário, a composição da renda da atividade foge da


normalidade, pois a venda de animais tem forte participação na renda total.

Cenários B e C – Vacas com produção média em nível intermediário

Nestes cenários, normalmente existe a necessidade de um número menor de


vacas para produzir uma quantidade de leite prefixada.

Consequentemente, é gerado
um número muito menor de
crias por ano.

Alguns animais são vendidos


como matrizes para produção
de leite e acabam tendo um
valor mais alto.

Outros animais são vendidos


para propriedades de corte.

Este cenário reduz a participação da venda de animais na renda total da


atividade leiteira.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 124


Módulo 2

Cenário D – Vacas com média de produção alta

Quando se trata de animais especializados na produção de leite,


normalmente os machos são descartados ao nascerem. Por isso, no cenário
D, o número de crias é a metade da quantidade de vacas. Os animais
especializados na produção de leite…

…o que
aumenta
…têm baixa
a taxa de
longevidade…
reposição de
matrizes,…

…mas reduz a
quantidade de animais
destinados à venda.

A reunião desses fatores explica a redução expressiva da participação da


venda de animais na renda da atividade leiteira.

Em casos em que os rebanhos não estão estabilizados, a participação da


renda do leite na renda da atividade tende a sair da normalidade. Para
promover uma estabilização do rebanho, será preciso adicionar à renda da
atividade leiteira a variação do inventário animal (VIA) – que é calculada
da seguinte forma:

Valor do Valor dos


Valor atual do
VIA rebanho no animais
rebanho
ano anterior comprados

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 125


Módulo 2

O resultado obtido com a aplicação dessa fórmula deve ser incluído como
renda bruta da atividade leiteira.

Para clarear o entendimento de renda bruta, acesse


o seu Ambiente de Estudos e assista ao vídeo Na
voz do Especialista, com o Prof. Erno explicando
com maior detalhamento esse conceito!

Entenda melhor conhecendo um exemplo. Acompanhe!

Na prática

Dados da fazenda

• Valor atual do rebanho: R$ 413.400,00

• Valor do rebanho no ano anterior: R$ 380.000,00

• Compras de animais: R$ 10.000,00

• Produção por vaca em lactação: 7 litros por vaca/dia

• Renda bruta do leite: R$ 150.000,00

• Renda bruta da atividade: R$ 200.000,00

• Renda do leite/renda da atividade = R$ 150.000,00 / R$ 200.000,00 = 75%

Contexto

Essa participação do leite na renda, de 75%, está fora da normalidade, pois


de acordo com o quadro, com a produção de 7 litros/vaca em lactação/dia, a
renda do leite/renda da atividade deveria estar entre 60% e 70%.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 126


Módulo 2

Assim, é preciso adicionar a variação do inventário animal na renda da


atividade leiteira.

Cálculo

Nova relação renda do


VIA - Variação de Inventário Animal Nova renda bruta da atividade leite/renda da atividade

Valor atual do rebanho 413.400,00 R$ 150.000


- - Renda
Valor do rebanho no ano anterior 380.000,00 da atividade RS 200.000,00 R$ 223.400
- -
Valor dos animais comprados 10.000,00 VIA 23.400,00 100

Resultado 23.400,00 23.400,00 RS 223.400,00 67%


Dentro dos limites
de normalidade
estabelecidos

A implementação da variação de inventário animal (VIA) tem suas vantagens


e desvantagens. Vale sempre analisar a realidade da produção. Conheça esses
aspectos:

Vantagens

Permite ao produtor:

• identificar o aumento no patrimônio em animais


como riqueza.
• estimar a relação benefício-custo do investimento
em recria.
• expressar a redução do patrimônio como perda na
riqueza (no caso da venda excessiva de animais).

O inventário animal diminuiria seu valor final, resultando em variação do


inventário animal negativa, o que reduziria a renda bruta da atividade.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 127


Módulo 2

Desvantagens

• O valor do rebanho parte de uma avaliação e não


de uma transação efetiva. Se os valores estimados
não tiverem liquidez no mercado, o empresário
rural pode ser iludido por uma falsa renda.

• O valor estimado na VIA não entra no fluxo de


caixa, o que dificulta o entendimento por parte
do produtor, pois em alguns cenários ele pode
estar enriquecendo, mesmo que não visualize o
dinheiro no bolso.

Na análise de rentabilidade da atividade leiteira, a tomada de decisão de reter


ou vender animais fora da normalidade afeta a composição dos custos. Logo,
a riqueza produzida em animais retidos ou a desvalorização do patrimônio por
animais vendidos devem ser expressas na composição da renda.

Resumindo o tópico
Neste quarto tópico, você:

Conheceu a variação
Entendeu como realizar
do inventário animal
o calculo da VIA,
(VIA), entendendo sua
gerando uma nova renda
importância para a
bruta da atividade.
normalidade da renda.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 128


Módulo 2

Tópico 5: Aplicação do cálculo da


renda bruta

Como compor a renda da propriedade incluindo esses


novos conceitos?

Neste tópico, você vai analisar os dados da Fazenda Santa


Felicidade para aplicar a metodologia de ATeG.

Entendida a situação da propriedade, agora será preciso compreender como


é a composição da renda dessa propriedade.

Juntos, o Sr. Ariovaldo e o Técnico de Campo Marcelo fizeram seus cálculos, a


partir dos dados que você acabou de ver.

Para calcular a renda bruta de uma atividade, é preciso somar a renda


obtida por produto dessa atividade no intervalo de 12 meses a qualquer
outra renda gerada, por exemplo, a venda de sucatas.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 129


Módulo 2

Na atividade leiteira, para calcular a renda, primeiramente devemos calcular


a produção. A produção é o resultado da soma dos componentes.

Leite para
Leite Leite para Leite de Leite usado
Produção produção de
vendido aleitamento descarte no consumo
derivados

Uma vez definida a produção, encontramos a renda do leite multiplicando os


componentes.

Preço
Renda do Leite do leite
leite produzido vendido no
período

Vale destacar que é preciso fazer a multiplicação da produção pelo preço do


leite vendido, pois ele reflete a oportunidade de mercado para o restante da
produção (leite de consumo, aleitamento, produção de derivados e descarte).

Por fim, para definir a renda da atividade leiteira somamos a renda do leite com
a renda da venda de animais e outras receitas (venda de esterco, excedente
de silagem, sucatas e outros).

Renda da
Renda Venda de Outras
atividade
do leite animais receitas
leiteira

Para facilitar o entendimento, as rendas de cada item serão obtidas


separadamente e depois somadas.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 130


Módulo 2

Renda da venda de leite in natura


Esta renda é obtida somando as rendas mensais -> a renda mensal é
obtida multiplicando o volume vendido em cada mês pelo preço praticado
naquele mês.

Observe a tabela!

Mês Leite (L) Preço (R$) Renda mensal (R$)

1 5.810 × 1,12 = 6.507,20

2 6.145 × 1,14 = 7.005,30

3 5.783 × 1,30 = 7.517,90

4 5.907 × 1,35 = 7.974,45

5 5.824 × 1,40 = 8.153,60

6 5.944 × 1,50 = 8.916,00

7 5.823 × 1,45 = 8.443,35

8 6.182 × 1,40 = 8.654,80

9 6.245 × 1,28 = 7.993,60

10 6.445 × 1,25 = 8.056,25

11 6.460 × 1,21 = 7.816,60

12 6.432 × 1,20 = 7.718,40

Somatório das rendas mensais = R$ 94.757,45

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 131


Módulo 2

Renda do leite processado


Esta renda é calculada da mesma forma, multiplicando o volume pelo preço de
mercado, pois é considerado que o produtor vendeu o leite para ele mesmo.

A renda é calculada dessa forma para que o leite entre como insumo
da produção de queijo a preço de mercado, ou seja, é um custo de
oportunidade desse leite.

Isso permite que o produtor analise as atividades separadamente, podendo


gerir melhor cada uma delas, e até mesmo abandonar a atividade menos
lucrativa. Observe na tabela, o cálculo da renda do leite processado na
fazenda para a produção de queijo.

Mês Leite (L) Preço (R$) Renda mensal (R$)

1 3.100 × 1,12 = 3.472,00

2 2.800 × 1,14 = 3.192,00

3 3.100 × 1,30 = 4.030,00

4 3.000 × 1,35 = 4.050,00

5 3.100 × 1,40 = 4.340,00

6 3.000 × 1,50 = 4.500,00

7 3.100 × 1,45 = 4.495,00

8 3.100 × 1,40 = 4.340,00

9 3.100 × 1,28 = 3.968,00

10 3.000 × 1,25 = 3.750,00

11 3.100 × 1,21 = 3.751,00

12 3.000 × 1,20 = 3.600,00

Somatório das rendas mensais = R$ 47.488,00

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 132


Módulo 2

Renda inerente ao aleitamento dos bezerros


O valor do leite utilizado no aleitamento de crias é contabilizado como se
fosse renda, para que na análise de rentabilidade, ele possa ser lançando
como custo.

Isso permite analisar o valor aplicado no aleitamento dos animais como


um componente do custo de produção de bezerros. Observe!

Mês Leite (L) Preço (R$) Renda mensal (R$)

1 480 × 1,12 = 537,60

2 300 × 1,14 = 342,00

3 210 × 1,30 = 273,00

4 570 × 1,35 = 769,50

5 480 × 1,40 = 672,00

6 450 × 1,50 = 675,00

7 300 × 1,45 = 435,00

8 300 × 1,40 = 420,00

9 390 × 1,28 = 499,20

10 390 × 1,25 = 487,50

11 410 × 1,21 = 496,10

12 400 × 1,20 = 480,00

Somatório das rendas mensais = R$ 6.086,90

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 133


Módulo 2

Renda do leite consumido pela família


Este leite, assim como o leite de aleitamento de bezerros, é contabilizado na
renda, para que se possa fazer o débito nos custos que estão sendo calculados.
Acompanhe!

Mês Leite (L) Preço (R$) Renda mensal (R$)

1 31 × 1,12 = 34,72

2 28 × 1,14 = 31,92

3 31 × 1,30 = 40,30

4 30 × 1,35 = 40,50

5 31 × 1,40 = 43,40

6 30 × 1,50 = 45,00

7 31 × 1,45 = 44,95

8 31 × 1,40 = 43,40

9 31 × 1,28 = 39,68

10 30 × 1,25 = 37,50

11 31 × 1,21 = 37,51

12 30 × 1,20 = 36,00

Somatório das rendas mensais = R$ 474,88

Renda obtida com a venda de animais


Esta renda consiste na soma dos valores obtidos com a venda de animais,
multiplicando o preço pela quantidade de animais vendidos em cada evento
de venda.

No caso, foram vendidas:

Categoria Quantidade Preço (R$) Total (R$)

Novilhas 2 × 3.800,00 = 7.600,00

Vacas de descarte 2 × 2.200,00 = 4.400,00

Renda total da venda de animais = R$ 12.000,00

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 134


Módulo 2

Variação do inventário animal (VIA)


Consiste em converter em renda a riqueza produzida ou perdida no inventário
animal, permitindo que o produtor analise se o investimento para reter animais
está sendo lucrativo ou se a receita da venda de um animal foi obtida por
redução do patrimônio.

Para adicionar a VIA à renda da atividade, devemos verificar se a relação


da renda do leite sobre a renda da atividade está ideal, de acordo com
os intervalos de normalidade.

A média de produção das vacas pode ser obtida dividindo a produção total do
ano por 365 dias, depois dividindo a produção diária pelo número de vacas
em lactação.

A produção total de leite no ano considera os leites “vendidos, consumidos e


processados”, no plural. No caso da Fazenda Santa Felicidade, está da seguinte
forma:

Mês Produção em litros

Mês 1 9.421

Mês 2 9.273

Mês 3 9.124

Mês 4 9.507

Mês 5 9.435

Mês 6 9.424

Mês 7 9.254

Mês 8 9.613

Mês 9 9.766

Mês 10 9.865

Mês 11 10.001

Mês 12 9.862

Total 114.545

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 135


Módulo 2

Como calcular a média de produção por vaca (MPV):

20 vacas
114.545
MPV 365 dias em
litros
lactação

15,69 litros/
MPV
vaca/dia

Cálculo da participação da renda do leite na renda


da atividade
Agora, devemos calcular separadamente a renda em leite da renda da
atividade.

Renda em leite

Renda Valor (R$)

Renda de leite do mês 1 10.551,52

Renda de leite do mês 2 10.571,22

Renda de leite do mês 3 11.861,20

Renda de leite do mês 4 12.834,45

Renda de leite do mês 5 13.209,00

Renda de leite do mês 6 14.136,00

Renda de leite do mês 7 13.418,30

Renda de leite do mês 8 13.458,20

Renda de leite do mês 9 12.500,48

Renda de leite do mês 10 12.331,25

Renda de leite do mês 11 12.101,21

Renda de leite do mês 12 11.834,40

Total 148.807,23

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 136


Módulo 2

Renda da atividade
A renda da atividade, como já foi visto, é obtida da seguinte maneira:

Renda em leite R$ 148.807,23 (92,53%)

Venda de animais R$ 12.000,00

Renda da atividade R$ 160.807,23

Definição de utilização da VIA


A Fazenda Santa Felicidade conta com uma média de produção por vaca em
lactação de 15,69 litros. A relação entre a renda do leite e a renda da
atividade deveria ser de 80 a 90%.

No entanto, no exemplo mostrado, o valor está superior a isso. Sendo assim,


devemos adicionar a variação do inventário animal na renda da atividade
leiteira para obtermos os dados corretos.

Cálculo da VIA
Como já visto, o cálculo da VIA é feito subtraindo os componentes. Portanto,
o cálculo da Fazenda Santa Felicidade fica dessa forma:

Valor atual do rebanho R$ 128.900,00

Valor do rebanho no ano anterior R$ 116.900,00

Valor dos animais comprados R$ 2.000,00

VIA - Variação do R$ 10.000,00


Inventário Animal

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 137


Módulo 2

Somatória das rendas ou riquezas produzidas pela


atividade leiteira
Para finalizar os cálculos, são consideradas as riquezas que foram produzidas
pela atividade leiteira da Santa Felicidade. Observe!

Produto Valor (R$)

Renda do leite vendido 94.757,45

Leite processado na fazenda 47.488,00

Leite utilizado no aleitamento 6.086,90

Leite consumido pela família 474,88

SUBTOTAL 148.807,23

Venda de animais 12.000,00

Variação do inventário animal 10.000,00

TOTAL 170.807,23

Este novo cálculo mostra a relação entre a renda do leite e a renda da atividade:

• renda do leite: R$ 148.807,23 = 87,11%

• renda da atividade: R$ 170.807,23

Assim, é possível observar que a Fazenda Santa Felicidade está dentro da


normalidade.

Análise resumida da composição da renda


A composição da renda foi apresentada de forma separada para cada item,
para ajudar a desenvolver um raciocínio ponderado. Porém, essa composição
pode ser realizada de maneira mais simples.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 138


Módulo 2

Em cada mês, é possível fazer o seguinte cálculo:

soma do
valor parcial resultado
leite
mensal do preço
produzido

valor parcial renda de vendas de


via renda
mensal 12 meses animais

Observe a tabela para entender melhor!

Leite Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4

Processado 3.100 2.800 3.100 3.000

Vendido 5.810 6.145 5.783 5.907

Aleitamento 480 300 210 570

Consumo 31 28 31 30

Total 9.421 9.273 9.124 9.507

Preço (R$) 1,12 1,14 1,30 1,35

Renda em leite (R$) 10.551,52 10.571,22 11.861,20 12.834,45

Leite Mês 5 Mês 6 Mês 7 Mês 8

Processado 3.100 3.000 3.100 3.100

Vendido 5.824 5.944 5.823 6.182

Aleitamento 480 450 300 300

Consumo 31 30 31 31

Total 9.435 9.424 9.254 9.613

Preço (R$) 1,40 1,50 1,45 1,40

Renda em leite (R$) 13.209,00 14.136,00 13.418,30 13.458,20

Leite Mês 9 Mês 10 Mês 11 Mês 12

Processado 3.100 3.000 3.100 3.100

Vendido 6.245 6.445 6.460 6.432

Aleitamento 390 390 410 400

Consumo 31 30 31 30

Total 9.766 9.865 10.001 9.862

Preço (R$) 1,28 1,25 1,21 1,20

Renda em leite (R$) 12.500,48 12.331,25 12.101,21 11.834,40

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 139


Módulo 2

Analise também!

Renda Valor (R$)

Renda de leite do mês 1 10.551,52

Renda de leite do mês 2 10.571,22

Renda de leite do mês 3 11.861,20

Renda de leite do mês 4 12.834,45

Renda de leite do mês 5 13.209,00

Renda de leite do mês 6 14.136,00

Renda de leite do mês 7 13.418,30

Renda de leite do mês 8 13.458,20

Renda de leite do mês 9 12.500,48

Renda de leite do mês 10 12.331,25

Renda de leite do mês 11 12.101,21

Renda de leite do mês 12 11.834,40

Venda animal 12.000,00

VIA 10.000,00

Total (R$) 170.807,23

Dessa forma, podemos dizer que a renda do leite foi composta por toda a
produção, inclusive a destinada ao aleitamento e ao consumo, pela venda de
animais e pela variação do inventário animal (VIA).

Resumindo o tópico
Neste quinto tópico, você:

Retornou aos dados Entendeu como


Conheceu todas as
da Fazenda Sanata realizar o passo a
rendas relacionadas
Felicidade para passo desses cálculos,
à produção da
acompanhar o cálculo da analisando tabelas
propriedade.
renda da propriedade. essenciais.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 140


Módulo 2

Encerramento do tema

Você chegou ao final do terceiro tema e, durante os estudos, pôde entender


como compor a renda de uma atividade, incluindo toda produção obtida,
mesmo a que foi doada, utilizada como insumo ou consumida por colaboradores.
Compreendeu que depois, cada um desses itens será contabilizado como
custo, possibilitando enxergar quanto da renda foi comprometido em
descarte, perda, consumo ou doação. Agora, finalizada essa etapa, você
será capaz de:

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 141


Módulo 2

Inserir a variação
do inventário animal
na composição da
Identificar os renda, corrigindo o
critérios para rateio acúmulo ou perda de
e alocação de custos riqueza animal.
Calcular a renda importantes para a
bruta de uma avaliação separada
propriedade rural, de subprodutos
considerando os e atividades
componentes que secundárias.
fazem parte dela e
as peculiaridades
de cada cadeia
produtiva.

Você está no final de mais uma etapa completa de informações importantes


para um gerenciamento financeiro eficiente. O conteúdo é intenso, mas
essencial para o seu trabalho na propriedade rural!

E, para finalizar, acesse o seu acesse o seu Ambiente


de Estudos e assista ao vídeo de Encerramento do
Tema, para acompanhar o Marcelo em seu trabalho
na Fazenda Santa Felicidade.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 142


Módulo 2

Atividade de Passagem
Chegou a hora de colocar em prática o que aprendeu!

Você deve responder uma questão relacionada ao conteúdo


estudado até aqui para passar para o próximo tema, ok?

Atenção! Se você estiver com alguma dúvida quanto ao


assunto, retorne ao conteúdo do módulo ou, se preferir, entre
em contato com o tutor.

Questão
A renda de um negócio deve ser dimensionada corretamente, assim como
o rateio dos custos, para que possamos avaliar o resultado econômico de
um negócio. Com relação à renda bruta, analise as proposições e assinale a
alternativa que contém a sequência correta:

a. A renda de um negócio é o somatório das riquezas por ele produzida.

b. A renda obtida com a venda de subprodutos de um negócio é considerada um


dos componentes da renda dele.

c. As rendas das atividades secundárias, assim como seus custos, devem ter
uma contabilidade separada da atividade principal, para que se possa avaliar
a viabilidade dos diferentes negócios. Exemplo: separar renda e custo do leite
de renda e custo do queijo.

d. Nas atividades de produção animal de ciclo fechado, nas quais a ampliação das
matrizes dos rebanhos é feita pela própria fazenda, o crescimento do rebanho
NÃO deve ser considerado uma riqueza do negócio no ano da avaliação.

e. Um subproduto não se desvincula do produto principal, ou seja, existindo a


atividade principal, haverá o subproduto. Explorá-lo ou não é uma decisão do
administrador (um exemplo disso é o esterco que pode ser descartado, usado
em lavouras ou vendido), ao passo que ter uma atividade secundária é outro
negócio, que parte integralmente da decisão do administrador.

1. A, B, C e E

2. B, C e D

3. A, C, D e E

4. C, D e E

5. A, B e C

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 143


Módulo 2

Encerramento do módulo

Durante este módulo foram abordados conceitos importantes, que ajudam


a compreender o agronegócio sob uma visão holística, assim como o
gerenciamento da empresa rural. Dentro de cada tema, foram aprofundados
assuntos fundamentais. Relembre!

As mudanças ocorridas
na agropecuária
brasileira nas últimas
O entendimento
décadas, em um
financeiro relativo
cenário no qual foi
à renda bruta da
possível observar as
atividade, aspecto
margens de lucro
A transformação do essencial para a gestão
se estreitando e
agronegócio brasileiro e o gerenciamento
passando a exigir um
em uma extensa rede de uma propriedade
comportamento mais
de agentes econômicos, rural, considerando as
profissional do produtor
antes, dentro e depois diversas peculiaridades
rural habituado com
da porteira, em um existentes em cada
gestão e mão de obra
processo intersetorial atividade da cadeia
familiares.
chamado de “cadeia produtiva.
produtiva”.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 144


Módulo 2

O objetivo é que você seja capaz de atribuir corretamente o que foi apurado
de renda bruta para o seu negócio, sempre considerando os conceitos
preconizados pela metodologia de ATeG.

A partir de agora você está preparado para realizar um amplo


diagnóstico da cadeia produtiva onde atua, podendo encontrar de
maneira mais eficiente pontos de estrangulamentos antes, dentro ou
fora da porteira.

E, para concluir esta etapa, acesse o seu acesse


o seu Ambiente de Estudos e assista ao vídeo de
Encerramento do Módulo 2.

Siga em frente e, no Ambiente de Estudos, acesse o Estudo de Caso, o


Simulado e a sua Avaliação.

Sucesso e até o próximo módulo!

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 145


Módulo 2

Final de etapa

Parabéns pelo seu percurso até aqui!

Este é mais um momento para você aplicar os seus conhecimentos! Então, para
finalizar o módulo, você deverá realizar as três atividades abaixo, que estão
disponíveis no seu Ambiente de Estudos. Veja o que deve ser feito!

Estudo de Caso
Será apresentada para você uma situação-problema relacionada
aos temas estudados no módulo. Responda, fazendo uma análise
da situação. A partir deste módulo, você deverá responder ao
estudo de caso em forma de texto, ok? Essa atividade será
corrigida pelo tutor, que dará uma nota e um feedback.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 146


Módulo 2

Simulado
São 17 questões objetivas sobre os três temas deste módulo.
Você pode realizar o Simulado três vezes, permitindo que você
se prepare bem para a Avaliação.
A realização dessa atividade é obrigatória, porém não vale nota.
Ela é uma ótima oportunidade para verificar o seu conhecimento,
estudar e ter uma prévia de como será a Avaliação. Aproveite!

Avaliação
Depois de realizar o Simulado, você terá acesso à Avaliação.
Ela também é composta por 17 questões objetivas de múltipla
escolha e é composta por todo o conteúdo estudado no módulo.
Essa atividade é obrigatória e vale nota.
O seu desempenho nela será contabilizado na sua média. A
correção é automática, ou seja, é o LMS que fará a correção
da atividade.

Onde acessar?
Para acessar essas atividades, vá até o seu Ambiente de Estudos, e entre no
menu “Minhas Avaliações”.

Início | Ambientação | Conteúdo | Biblioteca | Minhas Avaliações | Turma | Comunicação |

Importante! A Avaliação estará disponível somente depois


que você passar pelo Simulado. Comece apenas quando tiver a
segurança e a confiança necessárias nos seus estudos, pois você
terá somente uma tentativa de acerto.

Para obter informações mais detalhadas sobre o acesso ou se tiver


qualquer dúvida, por favor, entre em contato pelo Tira-Dúvidas ou pelo
e-mail faleconoscoead@faculdadecna.com.br ou ainda pelo telefone
0800 006 4849 de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h,
no horário de Brasília.

Até o próximo módulo!

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 147


Módulo 2

Gabarito das Questões


Tema 1
Resposta correta: B, C e E.

Feedback:

Com relação à primeira afirmativa, entende-se que, ao adotar uma visão


sistêmica e holística, os gestores devem compreender que todos os que atuam
para o fornecimento de um produto ou serviço fazem parte do agronegócio,
mesmo os de menor escala, como é o caso da agricultura familiar. Tal
compreensão corrobora com a perenidade das cadeias produtivas a longo
prazo, tornando o negócio sustentável econômica, social e ambientalmente.
Com relação à terceira alternativa, custos de produção, podemos dividi-
los basicamente em Custos Variáveis e Custos Fixos. Este último possui a
característica de não se alterar em curto e médio prazos, mantendo a mesma
infraestrutura e tecnologias de produção, mesmo que eleve ou reduza a
produção (tópicos 3 e 4). No que tange ao mercado, os preços pagos pelos
produtos sofrem elevada influência, tanto pela demanda quanto pela oferta,
de acordo com seus deslocadores. É o que os especialistas chamam de “lei da
oferta e da demanda”.

Tema 2
Resposta correta: A, D e E.

Feedback

A afirmativa “A” está correta. Ela contempla a definição do que é gestão.

A afirmativa “B” está incorreta. A globalização e a modernização no setor


vêm tornando os produtores capazes de abastecer o mercado com um custo
menor. Isso aumenta o desafio gerencial para todos os produtores. Aqueles
que não estão se adequando acabam forçados a sair do mercado.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 148


Módulo 2

A alternativa “C” também está incorreta. A tomada de decisões do gestor


define os rumos dos negócios. Isso não é diferente no meio rural, porém, no
agronegócio as previsões feitas pelos gestores podem não se realizar, pois
nesse meio o gestor está submetido a condições praticamente incontroláveis,
como condições biológicas (ex.: surgimento de uma nova doença) e condições
climáticas (ex.: geada ou chuva de granizo).

A afirmativa “D” está correta. No mercado de commodities agrícolas, existe


um grande número de produtores e a entrada ou saída de um nada afeta na
oferta do produto, independentemente do volume por ele produzido.

A afirmativa “E” também está correta. O ambiente externo influencia muito


nos resultados da empresa rural. É necessário que o gestor esteja atento
ao comportamento de fornecedores e clientes, flutuações cambiais (essas
influenciam muito nos preços dos principais insumos), mudanças legais e outros.
Um exemplo disso é que uma falha ambiental pode fechar um negócio rural.

Tema 3
Resposta correta: A, B, C e E.

Feedback

A afirmativa “A” está correta. A renda de um negócio é exatamente a somatória


de toda a riqueza por ele produzida. O produto da multiplicação é produção x
preço de comercialização. É importante que se adicione à renda os resultados
obtidos com a venda dos subprodutos (também frutos da multiplicação
produção de subprodutos x preço) e a variação do inventário animal, ou
seja, quanto de riqueza foi produzida em animal, porém, não comercializada
no período em que está contabilizando renda/custo. Lembrando que, essa
avaliação é feita anualmente.

A afirmativa “B” está correta. Conforme citado acima, a renda proveniente da


venda dos subprodutos é considerada no cálculo da renda total da atividade
principal. Isso se dá porque o subproduto é uma consequência da atividade
principal, na qual dificilmente conseguiríamos separar os custos. Por exemplo,
quanto do custo de produção das aves foi destinado à produção da cama,
lembrando que a cama vendida não é a cama que entrou nova no sistema.
Outro exemplo: quanto do custo do sêmen para uma vaca parir e produzir
mais leite e quanto do custo do sêmen é para ela gerar a cria (subproduto).

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 149


Módulo 2

A afirmativa “C” está correta. As atividades secundárias em uma propriedade


rural podem ter seus custos contabilizados em separado. A existência delas
independe da atividade principal. Por exemplo, um produtor de queijos pode ir
ao mercado comprar o leite e não precisará produzir. Outro exemplo seria que
o produtor de leite pode comprar o milho em grão para alimentar suas vacas;
ele não precisa ser produtor. Em todos os exemplos citados o produtor deve
contabilizar em separado, para que uma atividade não cubra a ineficiência da
outra. Sabe-se que, no mercado, o produtor tem a alternativa de buscar pelo
outro produto.

A afirmativa “D” está incorreta, pois a variação do inventário animal em um


determinado período deve ser contabilizada como renda. O custo necessário
para produzir esses animais estará contabilizado junto aos demais custos
do negócio, logo, essa riqueza também deve ser avaliada. Lembrando que
no cálculo da variação do inventário animal retiramos o valor das compras
realizadas no período, pois essa riqueza veio do caixa da empresa rural, não
foram animais produzidos com o custo da fazenda.

A afirmativa “E” está correta. Na semelhança das explicações das alternativas


B e C é que se explica que essa alternativa também é verdadeira. O subproduto
também é resultado de uma atividade qualquer, obtido pelos mesmos custos
que ela precisa para ter o produto principal, mais os custos de explorá-lo. As
atividades secundárias não dependem da principal para existir, logo, podem e
devem ter sua contabilidade separada.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 150


Módulo 2

Referências
BAHIA, J. Veja a importância de um bom gerenciamento para a empresa.
Revista Gestão em Negócios. Disponível em: http://revistagestaoenegocios.
uol.com.br/artigos/veja-a-importancia-de-um-bom-gerenciamento-para-a-
empresa/3016/#. Acesso em 11/01/2017.

BERNARDO, L. T.; QUEIROZ, A. M. Revista de Economia. Anápolis. v. 7, n. 2,


p. 48-65, jul./dez. 2011. ISSN 1809 970-X. Disponível em: http://www.nee.
ueg.br/seer/index.php/economia. Acesso em: 13 out. 2016.

BRENZAN, C. K. M.; SOUZA, J.P. de. Coordenação e governança na cadeia


produtiva

de frango: um estudo de caso de uma cooperativa no oeste paranaense.


XXXII encontro nacional de engenharia de produção. Bento Gonçalves- RS,
2012.

DALCIN, D; OLIVEIRA, S. V.; TROIAN, A. Gestão rural e a tomada de


decisão: estudo de caso no setor olerícola. In: 48. Congresso da SOBER
– Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural.
Tecnologias, desenvolvimento e integração social. Campo Grande, 2010.

UECKER, G. L.; BRAUN, M.; UECKER, A. D. A gestão dos pequenos


empreendimentos rurais num ambiente competitivo global e de
grandes estratégias. In: XLIII Congresso da SOBER – Sociedade Brasileira
de Economia e Sociologia Rural. Anais […] Ribeirão Preto, 2005.

Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial pg. 151

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