Você está na página 1de 2

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

CÂMPUS DE PATOS
UNIDADE ACADÊMICA DE MEDICINA VETERINÁRIA
DISCENTES: Emilly Mariana Oliveira Fernandes
Mariana Ferreira Torres

AS DIFERENTES NARRATIVAS ALIMENTARES NO AGRONEGÓCIO

O artigo analisa as narrativas alimentares de agentes do agronegócio, especialmente


aquelas relacionadas à segurança alimentar e nutricional, assim como à promoção da
alimentação saudável. Ele explora como essas narrativas são utilizadas politicamente e como
mudam durante controvérsias alimentares. Apesar dos avanços nas políticas públicas, o estudo
destaca desafios evidentes, como os recentes bloqueios em políticas alimentares. Além disso,
identifica influentes agentes, como líderes corporativos e organizações ligadas ao
agronegócio, e examina suas abordagens em relação à segurança alimentar.
Utilizando a Antropologia do Político e conceitos de Boltanski & Chiapello, o artigo
analisa como as narrativas corporativas variam em resposta às críticas alimentares e às
influências político-econômicas. Os materiais utilizados na análise incluem cartas
programáticas, posicionamentos de líderes empresariais e documentos estatais. Antes de
examinar as narrativas específicas, o artigo fornece uma contextualização do agronegócio no
Brasil em relação às questões alimentares globais.
A análise destaca a relação entre o agronegócio brasileiro e as questões alimentares
globais, destacando a importância das exportações de commodities agropecuárias para a
economia do país, mas também ressaltando as fragilidades dessa dependência, como a não
inclusão de importações de insumos no cálculo das exportações líquidas. O texto aponta para
a histórica subordinação do Brasil na economia global e a necessidade de uma estratégia de
desenvolvimento.
O debate sobre segurança alimentar e nutricional no Brasil teve início nos anos 1990,
coincidindo com uma maior atenção internacional ao tema. A proposta de políticas nesse
sentido ganhou destaque com a Conferência Internacional sobre Nutrição de 1992 e a criação
do Conselho Nacional de Segurança Alimentar em 1993. Inicialmente, houve resistência por
parte de setores ligados ao agronegócio, mas ao longo dos anos, houve uma mudança gradual
nas narrativas, com a adoção de uma abordagem mais integrada entre oferta e acesso aos
alimentos.
As narrativas em torno da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) são exploradas,
destacando dois principais focos: o uso da noção de SAN em contexto internacional,
especialmente relacionada à ideia de "alimentar o mundo", e sua instrumentalização por
interesses corporativos, especialmente no contexto brasileiro. O texto destaca como essas
narrativas foram empregadas tanto para fins de política externa, visando à expansão das
exportações agrícolas brasileiras, quanto para influenciar a política interna, justificando
medidas que favorecem os interesses do agronegócio em detrimento da proteção ambiental e
dos direitos das populações tradicionais.
O artigo também discute a mudança na abordagem do agronegócio brasileiro em
relação à saúde pública, especialmente à alimentação saudável. Anteriormente, havia pouca
menção à conexão entre alimentação e saúde, mas isso mudou com iniciativas de algumas
organizações do setor. No entanto, as empresas de alimentos ultraprocessados têm pouca
representação nos órgãos decisórios. A partir dos anos 2010, surgiram políticas e iniciativas
para promover uma alimentação mais saudável, o que levou a uma reação defensiva das
indústrias de alimentos. Elas se organizaram para enfrentar regulamentações e políticas de
saúde pública, enquanto também buscavam influenciar a agenda política em seu favor. Essas
mudanças refletem um conflito entre os interesses econômicos das empresas e as
preocupações com a saúde pública, especialmente em relação à obesidade e outras doenças
relacionadas à alimentação.

Você também pode gostar