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ETEC-PROFESSORA TEREZINHA MONTEIRO DOS SANTOS

ENSINO MÉDIO INTEGRADO AO CURSO TÉCNICO

DE DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS

GIOVANNA CAMPOS

LEONARDO ANDREY RIBEIRO

TÔMAS JOÃO PARAIBA BENEDICTO

VINÍCIUS KAWANISHI ALMEIDA

DISCIPLINA: SOCIOLOGIA

AS POSSIBILIDADES DE REDUÇÃO DA VIOLÊNCIA ESCOLAR:


SISTEMA DE REGISTRO DE SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIAS NAS
ESCOLAS DE CANOAS (RS)

PROFESSOR: AGNELO __________________________

TAQUARITUBA

2023

[
Giovanna Campos

Leonardo Andrey Ribeiro

Tômas João Paraiba Benedicto

Vinicius Kawanishi Almeida

AS POSSIBILIDADES DE REDUÇÃO DA VIOLÊNCIA ESCOLAR:


SISTEMA DE REGISTRO DE SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIAS NAS
ESCOLAS DE CANOAS (RS)

Trabalho sobre a violência escolar com base na


publicação no site do fórum de segurança.
Orientador: Prof.° Agnelo _____________________

Taquarituba – SP

2023
SUMÁRIO
RESUMO..................................................................................................................... 4

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................5

2. A REALIDADE DA VIOLÊNCIA ESCOLAR E A POSIÇÃO DOS SISTEMAS DE


ENSINO....................................................................................................................... 5

3. RECURSOS INSTITUCIONAIS DO SISTEMA ESTADUAL DE ENSINO PARA


O ENFRENTA-MENTO DA VIOLÊNCIA ESCOLAR..................................................6

4. ROVE: UM INSTRUMENTO DE ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA


ESCOLAR NO SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO DE CANOAS (RS)....................8

5. CONCLUSÃO.....................................................................................................13

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 14
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RESUMO

O texto aborda a problemática da violência nas escolas, destacando a


importância de abordagens abrangentes para lidar com esse problema. A violência
escolar compromete não apenas a segurança dos alunos, mas também o ambiente
de aprendizado. A análise abrange várias estratégias, incluindo o registro preciso de
ocorrências, a aplicação das leis como o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), a criação de normas de convivência baseadas em valores como
solidariedade e respeito, e o engajamento de toda a comunidade escolar. A
ferramenta "Rove" é mencionada como uma forma de compreender objetivamente a
realidade da violência escolar e orientar ações futuras.
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1. INTRODUÇÃO

A questão da violência nas escolas é um tema de extrema relevância e


preocupação na sociedade contemporânea. Este problema afeta não apenas a
segurança física dos estudantes, mas também compromete o ambiente de
aprendizado e o desenvolvimento saudável dos jovens. A abordagem desse assunto
envolve não apenas a identificação e compreensão das causas da violência escolar,
mas também a busca por soluções eficazes que promovam um ambiente
educacional seguro, inclusivo e propício ao aprendizado.

Neste contexto, o presente texto analisa diversas perspectivas e estratégias


relacionadas à violência escolar, abordando desde a importância de registros
precisos das ocorrências até a aplicação das leis, como o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), e a criação de normas de convivência escolar baseadas em
valores como solidariedade e respeito. Além disso, destaca a necessidade de
envolvimento de todos os membros da comunidade escolar, incluindo professores,
estudantes, pais e autoridades locais, na busca por soluções efetivas para prevenir e
combater a violência nas escolas.

O texto também enfatiza a importância de abordagens holísticas e


colaborativas, como o sistema "Rove", que integra informações sobre ocorrências de
violência e fornece insights valiosos para orientar ações futuras. Essa abordagem
demonstra que a redução da violência escolar é possível, desde que haja um
compromisso coletivo em criar um ambiente escolar que promova o respeito, o
diálogo e a cidadania plena.

2. A REALIDADE DA VIOLÊNCIA ESCOLAR E A POSIÇÃO DOS SISTEMAS DE


ENSINO

O banco de teses da Capes indica a existência de 1.117 teses e dissertações


com o descritor “violência na escola”; no entanto, o descritor “superação da violência
escolar” registra apenas 82 teses e dissertações. É preocupante como o diagnóstico
sobre a violência excede tão esmagadoramente a pesquisa em propor e identificar
iniciativas existentes nos sistemas de ensino que reduzem a violência na escola. Em
1989, o governo do DF criou na Polícia Militar o Batalhão Escolar, que consistia em
policiais preparados para atuar nos estabelecimentos educacionais, com a intenção
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de resolver a violência escolar, porém isso acabou diminuindo a autoridade escolar e


levando o policial a exercer missões que não são tipicamente suas, reduzindo a
autoridade que o professor teria sobre os alunos (MIRA; PAULY, 2015).

O que mais se destaca nas análises é a delinquência, a falta de valores.


Lamentam-se os professores de que os alunos não reconhecem nem respeitam sua
autoridade. Nas escolas há discussões sobre como tratar as condutas para com
esses alunos, porém as indisciplinas, as condutas e as violências desfocam o
imaginário da profissionalidade docente para a autoridade moral, como se a escola
tivesse de escolher entre ter as competências de um centro de ensino ou de centros
de reabilitação de condutas e valores (MIRA; PAULY, 2015).

A maior ameaça, no entanto, é caracterizar estes alunos de uma forma tão


negativa, demonstrando descrença em sua educabilidade, descrença essa que é a
mais destrutiva para a pedagogia, afinal, não se pode praticar a pedagogia sem crer
na educabilidade do ser humano. E para que a violência possa ser superada, é
necessário que não só o professor, mas também o aluno acredite em sua própria
educabilidade, que o aluno sinta que pertence ao ambiente escolar e seus colegas
(MIRA; PAULY, 2015).

3. RECURSOS INSTITUCIONAIS DO SISTEMA ESTADUAL DE ENSINO PARA O


ENFRENTA-MENTO DA VIOLÊNCIA ESCOLAR

O sistema estadual de ensino dispõe de recursos institucionais para lidar com


a violência escolar. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n° 8069/90, é
um marco legal que garante proteção aos menores de 18 anos, assegurando direitos
fundamentais. Criado durante a ditadura militar, o ECA estabelece responsabilidades
da família, sociedade e Estado na formação do indivíduo, incluindo direitos como
saúde, educação, respeito e proteção contra diversas formas de violência (MIRA;
PAULY, 2015).

O Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul emitiu o Parecer


820/2009, orientando sobre a promoção de um ambiente escolar pacífico. Esse
parecer reforça que o ECA não impede a escola de estabelecer normas de
convivência, mas destaca que essas normas devem ser interpretadas como
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princípios orientadores das relações interpessoais. Isso inclui valores como


solidariedade, ética, diversidade cultural, respeito às diferenças, autonomia e gestão
democrática. Essas diretrizes colaboram para uma convivência harmoniosa e a
prevenção da violência dentro das escolas (MIRA; PAULY, 2015).

O item 14 do Parecer 820/2009 detalha a criação e implementação das normas de


convivência escolar. Essas normas devem:

 Ser poucas e alinhadas com o projeto educativo, baseado no projeto político-


pedagógico;
 Estar formuladas de maneira clara, justificada, proporcional e razoável;
 Ser conhecidas por todos e compartilhadas;
 Ser aprovadas pelo conselho escolar ou instância equivalente;
 Ser efetivamente aplicadas e cumpridas, sendo crucial para sua validade e
aplicabilidade;
 Resultar de um processo de diálogo, ser devidamente registradas e
conhecidas pelos envolvidos, incluindo pais ou responsáveis no caso de alunos
menores de 18 anos. O direito à ampla defesa deve ser garantido, e as medidas
adotadas devem refletir os compromissos assumidos para resolver
Quando há situações que envolvem posse ou uso de drogas ilegais, porte de
armas, casos de violência, negligência, maus-tratos, abuso ou exploração sexual de
crianças ou adolescentes, as direções escolares devem agir imediatamente. Além
de tomar medidas internas de cunho pedagógico, a escola deve notificar e, se
necessário, solicitar a intervenção da autoridade competente para as devidas ações.
Portanto, fica claro que existem instâncias externas às quais a escola pode recorrer
após tomar as medidas internas apropriadas (MIRA; PAULY, 2015).
Em última análise, o parecer não apenas define diretrizes, mas também
representa um esforço abrangente para criar ambientes escolares seguros,
inclusivos e propícios ao aprendizado. A combinação de medidas internas e
externas reflete uma abordagem holística para enfrentar a violência escolar,
promovendo uma cultura de respeito, responsabilidade e diálogo (MIRA; PAULY,
2015).
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4. ROVE: UM INSTRUMENTO DE ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA ESCOLAR


NO SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO DE CANOAS (RS)

Em análise do Rove, foi observado que a Guarda Municipal foi a instituição de


segurança mais requisitadas em encaminhamentos, cerca de 27,8%, mais do que o
dobro da Brigada Militar (10,1%). Portanto, é construído um sentimento de
segurança e de responsabilização na comunidade escolar devido a agilidade ao
acesso de um serviço público de segurança (MIRA; PAULY, 2015).

O Observatório de Segurança Pública surgiu em uma parceria do município


de Canoas com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Esse observatório
processa os registros de situações consideradas pelas escolas como de violência
escolar para a posterior tomada de decisões em termo da política municipal de
segurança pública. O material analisado em questão é o Rove (Relatório Trimestral
do Registro On-line de Violência Escolar), que reproduz esses dados para permitir a
visualização das cenas consideradas como violentas pelas escolas (MIRA;
PAULY, 2015).

O Rove tornou-se importante para subsidiar de maneira empírica, a reflexão


da violência escolar. Com sua síntese de ocorrências registradas, as escolas podem
analisá-lo trimensalmente e planejar o funcionamento de suas aulas, definindo suas
frentes prioritárias para a ação preventiva da violência nas escolas.

De acordo com os gráficos das ocorrências registradas, é nítido que os indivíduos


envolvidos em maior parte são do sexo masculino (68,6%), estudantes de sexta e
sétima série e alunos entre 11 e 15 anos (MIRA; PAULY, 2015).
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A rede municipal de Canoas, conferindo os Resultados Preliminares do Censo


Escolar 2012 do Inep, conclui que a rede municipal atende a quase 33 mil crianças e
adolescentes. Considerando que no primeiro trimestre de 2012 houve 144
ocorrências, tomando por hipótese que cada uma delas compreenda, no mínimo, um
aluno e, no máximo, cinco pessoas, entre 0,4% e 2,2% da população discente
estaria envolvida em fatos considerados violentos, conforme a interpretação do
responsável pela escola em produzir os registros para o Rove (MIRA; PAULY,
2015).

Embora o ideal de um Estado Democrático de Direito é que nenhuma criança


ou adolescente seja vítima ou agente de violência, não é razoável afirmar que as
escolas municipais de Canoas estejam dominadas pela violência. A violência escolar
envolve menos de 10% dos alunos e outro indicador nesse sentido reside na
informação de que os estudantes foram protagonistas ou participantes de 75,3% das
ocorrências registradas, sendo 25% de pessoas desconhecidas, professores e
funcionários da escola, reduzindo a estimativa de alunos envolvidos em atos
considerados violentos entre 0,3% e 1,6% (MIRA; PAULY, 2015).

A violência parece se entrecruzar e exigir análises caso a caso. O papel da


escola parece o de “nadar contra a corrente”, encarando a violência com a não
violência. À comunidade escolar cabe aprofundar-se nas tipologias de violência e
mapear a própria realidade, em busca de soluções através do diálogo (MIRA;
PAULY, 2015).

Um aspecto crucial no enfrentamento da violência no ambiente escolar está


relacionado à legislação, com ênfase no Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA). No contexto gaúcho, o ECA recebeu uma abordagem pedagógica por meio
do Parecer nº 820/2009 do CEED-RS. Além disso, destacamos um exemplo prático
de aplicação da legislação em escolas, proveniente da experiência do município de
Vacaria (RS) e de ações policiais especializadas no Distrito Federal (MIRA;
PAULY, 2015).

Da experiência do sistema "Rove" em Canoas, a primeira lição fundamental é


a necessidade estratégica de registrar e sistematizar as ocorrências de violência
escolar. Esses registros são essenciais para orientar ações futuras. Eles podem ser
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feitos na forma de atas, que devem incluir detalhes como todas as partes envolvidas
e uma descrição clara dos incidentes. Além disso, é crucial envolver os responsáveis
dos alunos, especialmente quando são menores de dezoito anos (MIRA; PAULY,
2015).

O "Rove" é uma ferramenta técnica da política de segurança pública que


precisa ser integrada à política educacional diária. Esse sistema proporciona uma
compreensão mais objetiva da realidade da violência escolar. As informações e
análises obtidas nele podem e devem ser utilizadas por outras políticas públicas
para promover a segurança cidadã, enfrentando a violência em toda sua extensão
social e reduzindo as violações dos direitos humanos e da cidadania. Essa
integração entre políticas públicas e a política educacional é essencial, conforme
observado nos registros do "Rove" (MIRA; PAULY, 2015).

É notável que muitos profissionais da educação se sintam incapazes de lidar


com a violência escolar. No entanto, eles conseguem reduzi-la significativamente
durante os horários de maior supervisão, como o recreio. Isso sugere que uma
organização mais cuidadosa dos espaços de entrada e recreio nas escolas
municipais poderia reduzir consideravelmente os incidentes. Além disso, as escolas
estão adotando uma abordagem mais proativa, encaminhando casos de violência
para as autoridades competentes, rompendo com a prática de resolver esses
problemas internamente. Isso também ajuda a desmistificar a ideia equivocada de
que o ECA não tem efeito quando se trata de menores de idade (MIRA; PAULY,
2015).

Os dados do "Rove" revelam que mais de 70% das ocorrências envolvem


agressões físicas, um número considerável em comparação com a média da cidade.
Os principais motivos são desentendimentos e revanches. Embora não haja ações
de gangues, algumas ocorrências envolvem drogas e até mesmo armas, o que é
menos comum na cidade em geral. Todas as ocorrências resultam em
encaminhamentos, seja para familiares/responsáveis ou para a guarda municipal
(MIRA; PAULY, 2015).

Embora o termo "encaminhamento" possa causar preocupação entre os


educadores da educação infantil e do ensino fundamental, é importante reconhecer
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sua necessidade e utilidade no controle da violência. Essa abordagem se alinha com


a observação de estudiosos, como Chesnais, que destacam o fraco controle sobre
os jovens por instituições como família, igreja e escola como um fator
desencadeante da delinquência (MIRA; PAULY, 2015).

Além disso, pesquisas indicam que a gestão democrática, com participação,


diálogo e normas claras, pode ser fundamental para alterar o quadro de violência
escolar. A mediação pelos pares é uma estratégia sugerida para criar
responsabilidades entre os próprios membros da escola, promovendo um ambiente
solidário, humanista e cooperativo (MIRA; PAULY, 2015).

Em resumo, a redução da violência no ambiente escolar é uma tarefa


desafiadora que requer a colaboração de todos os envolvidos na comunidade
escolar. O diálogo e o registro adequado das ocorrências são fundamentais. As
escolas devem permanecer vigilantes e comprometidas em criar um ambiente de
respeito e reflexão, preparando os alunos para a cidadania plena. O sistema "Rove"
é uma ferramenta valiosa nesse processo, mostrando que a redução da violência é
uma possibilidade real e alcançável (MIRA; PAULY, 2015).
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5. CONCLUSÃO

A conclusão desse debate sobre a violência escolar nos leva a refletir sobre a
complexidade do problema e a necessidade de uma abordagem abrangente e
colaborativa para enfrentá-lo. A violência nas escolas não é apenas uma ameaça à
segurança física dos estudantes, mas também compromete o ambiente de
aprendizado e o desenvolvimento saudável da juventude.

Ao longo deste texto, examinamos diversas perspectivas e estratégias


relacionadas à violência escolar, destacando a importância do registro preciso de
ocorrências, o papel das leis, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a
criação de normas de convivência baseadas em valores, e o envolvimento de toda a
comunidade escolar na busca por soluções efetivas.

Além disso, o texto enfatiza a utilidade de ferramentas como o sistema


"Rove", que proporciona uma compreensão objetiva da realidade da violência
escolar e ajuda a orientar ações futuras. Isso demonstra que a redução da violência
nas escolas é possível quando há um compromisso coletivo em promover um
ambiente de respeito, diálogo e cidadania plena.

Em última análise, enfrentar a violência escolar é um desafio crucial para


garantir um ambiente de aprendizado seguro e saudável para as gerações futuras.
Exige esforços contínuos e colaborativos de toda a comunidade escolar, mas os
benefícios de criar escolas livres da violência são inestimáveis, permitindo que os
estudantes desenvolvam todo o seu potencial e se tornem cidadãos responsáveis e
comprometidos com uma sociedade mais justa e pacífica.
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REFERÊNCIAS
MIRA, Luciane Oliveira de; PAULY, Evaldo Luis. As possibilidades de
redução da violência escolar: Sistema de Registro de Situações de
Violências nas Escolas de Canoas (RS). 2015. Disponível em:
https://revista.forumseguranca.org.br/index.php/rbsp/article/view/
509/216. Acesso em: 31 ago. 2023.

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