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RESUMO: Este artigo buscou analisar e desvendar as demandas atendidas pela Assistência
Jurídica Gratuita do Escritório de Prática Jurídica (EPC) da Faculdade Campo Real, referente
a atendimentos realizados no primeiro semestre de 2012. Objetiva-se também configurar a
atuação do Assistente Social junto ao Escritório de Prática Jurídica, bem como analisar o
perfil socioeconômico dos usuários que buscaram atendimento na instituição. Utiliza-se
metodologicamente para realização deste estudo, o método de investigação dialético, o qual
considera que os fatos não podem ser considerados de forma descolados do contexto
econômico e social, a pesquisa quantitativa para realização da coleta e construção dos gráficos
referente aos dados apresentados e da pesquisa qualitativa, para que possibilitasse a
interpretação dos fenômenos apresentados e atribuição de significados. O total de usuários
atendidos foi de noventa e seis, e o que mais chamou nossa atenção foi o grande número de
atendimentos relacionados a questões familiares, quais podem ser atribuídos aos novos
rearranjos da família nos dias atuais. Analisando a pratica profissional, e constata-se que esta,
se desenvolve de forma multidisciplinar, apontado como um desafio, o desenvolvimento de
um trabalho de forma interdisciplinar na busca de proporcionar um melhor atendimento.
1. INTRODUÇÃO
1
Aluna do Curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO; Endereço: Rua
Salvatore Renna, 875 - Santa Cruz, Guarapuava - PR, 85015-430, Guarapuava – PR. Brasil. E-mail:
hotana25@hotmail.com.
² Pedagoga e Assistente Social, Graduanda em Ciências Sociais - Faculdade Guarapuava, Pós-Graduada em
Docência para o Ensino Superior e Mestranda em Educação – UNICENTRO. E-mail: viibatista@yahoo.com.br.
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O primeiro procedimento realizado para que o cliente possa receber o atendimento, é
o agendamento de uma entrevista socioeconômica com o profissional de Serviço Social. Na
entrevista, o assistente social preenche um questionário com todos os dados econômicos e
sociais dos usuários. A partir dos dados coletados no momento da entrevista, foi possível a
construção e análise dos gráficos e dados que serão apresentados.
O objetivo desta pesquisa é conhecer o público que busca atendimento no Escritório
de Prática Jurídico, bem como avaliar a prática profissional que está sendo desenvolvida,
analisando novas formas que possibilite pensar, e planejar um atendimento qualificado aos
usuários que procuram atendimento junto ao E P J da Faculdade Campo Real.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
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respectivo Plano de Desenvolvimento Institucional com a legislação aplicável,
resolve:
Art. 1 Fica recredenciada a Faculdade Campo Real, com sede na R. Comendador
Norberto, n 1.299, bairro Santa Cruz, no Município de Guarapuava, no Estado do
Paraná, mantida por UB, Campo Real Educacional S. A - Cescareli, com sede no
mesmo endereço, pelo prazo máximo de 5 (cinco) anos.
Art. 2 Nos termos do art. 10, § 7 do Decreto n 5.773, de 2006, os atos autorizativos
são válidos até o ciclo avaliativo seguinte.
Art. 3 Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
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2.4 CONHECENDO O ESCRITÓRIO DE PRÁTICAS JURÍDICAS NA FACULDADE
CAMPO REAL
É a partir das demandas postas pelos sujeitos, sejam elas de caráter coletivo ou
singular, que o Assistente Social, a partir da finalidade assumida como horizonte
para suas ações, define tanto o objetivo quanto o caráter da ação a ser empreendida,
localizando-a dentro dos limites e possibilidades colocados pela natureza dos
espaços sócio ocupacionais. Essa definição é realizada através da investigação e do
conhecimento das necessidades da população, expressa pelas suas demandas e pela
realidade particular de suas condições de vida, e em dialogo com o corpo de
conhecimentos já produzidos sobre as particularidades das situações e coerentes com
a matriz teórico-metodológica que direciona determinado projeto profissional.
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Gráfico 2: Gênero dos usuários que procuram atendimento gratuito no Núcleo de Práticas
Jurídicas.
Ressalta-se nesta pesquisa a baixa escolaridade dos usuários, sendo que 07 dos
entrevistados declararam ser analfabetos, 16 declararam ter concluído o ensino fundamental; a
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grande maioria, 67 usuários declara ter apenas o fundamental incompleto. Dentre estes
usuários, não mensura-se quantos fazem parte dos considerados “analfabetos funcionais”, ou
seja, pessoas que apenas sabem desenhar seu nome, porém, apresentam a incapacidade de
utilizar a leitura, a escrita, a interpretação, e realizarem cálculos básicos. Diante da baixa
escolarização, será possível que estas pessoas, possam realmente ter acesso a melhores
perspectivas de vida? Existem Políticas Públicas que possam dar conta dessa demanda? Esta
questão demanda outro estudo mais específico, para ser analisado.
Para Mészáros (2005, p. 16), pensar em educação é “[...] resgatar o sentido
estruturante da educação e de sua relação com o trabalho, as suas possibilidades criativas e
emancipatórias”. Ou seja, a educação deve ser utilizada para libertar, emancipar os
indivíduos, transformando-o em um agente que pensa e que seja capaz de se transformar em
um agente transformado da realidade.
De que maneira pode-se pensar em uma sociedade de direitos, como pressupõem
nossa Constituição Federal, justa, consciente, com perspectiva se mudanças, se a maioria das
pessoas ainda não possui nem mesmo a educação básica, que poderá possibilitar maior
consciência em busca de seus direitos?
A falta de escolarização refletirá consequentemente na inserção desses indivíduos no
mercado de trabalho, conforme os seguintes dados:
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O gráfico 4 demonstra a situação profissional dos usuários. Referente ao gênero
feminino que procuraram atendimento, 18 mulheres informaram a profissão como “do lar”, ou
seja, mulheres que apenas cuidam da casa e dos filhos, sem renda, e que dependem
financeiramente de seus companheiros, motivo esse, que muitas vezes faz com que e elas,
procurem manter o relacionamento mesmo passando por muitas dificuldades, buscando a
separação ou divórcio, após vivenciarem situações negativas.
As mulheres que trabalharam como diarista e empregadas domésticas totalizaram 15
usuárias, as quais possuem dupla jornada de trabalho, ou seja, além de realizarem seu, ao
retornarem para suas casas ainda precisam cuidar dos seus afazeres domésticos, filhos e
maridos.
Referente aos homens é possível observar que a maioria desempenha funções que
também não necessitam de qualificação profissional, em sua maioria os trabalhadores atuam
na área de serviços gerais, servente de construção civil, agricultor, chacareiro, jardineiro,
montador, entre outros, o que justifica os baixos salários apresentados no gráfico seguir.
Gráfico 5: Renda dos clientes atendimento realizados pelo no Núcleo de Práticas Jurídicas.
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modo de formação de suas relações sociais e das ideias que fluem destas”. Na prática do
trabalho, o homem não transforma somente a natureza, mas sobre tudo o próprio homem se
transforma a partir de suas relações sociais.
No sistema econômico atual vigente o capitalismo se consolida a partir da revolução
tecnológica, flexibilização das relações sociais e do trabalhado, e da necessidade de formação
de um “exército de reserva” para manter poder manter o controle sobre as forças de trabalho,
bem como o preço por meio da lei da oferta e da procura.
Conseguir um trabalho formal é incomum, como se pode constatar nesta pesquisa. O
número de desempregados que procuraram atendimento no Escritório equivalente a 9,60% do
total de atendidos foi 10 usuários. O desemprego acaba afetando e agravando as estruturas
sociais destes indivíduos, de seus familiares e da sociedade como um todo. É válido ressaltar a
constatação de grande número de famílias que não possuem renda e conta apenas com
benefício oriundo do Programa Federal denominado Bolsa família, conforme apresenta o
gráfico 6:
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Esse projeto visa à transferência de renda e acredita “promover o alívio imediato da
pobreza”, porém, tal benefício representa às famílias a única renda familiar, e que, devido ao
baixo valor, não é possível garantia de qualidade de vida mínima para a população usuária.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GARRET, A. Entrevista: seus princípios e métodos. 9. ed. Rio de Janeiro: Editora Agir,
1988.
MARX, K. Contribuição à crítica da economia política. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes,
1983.
SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade,
Universidade Federal do Rio Grande.
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