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O abscesso consiste em um acúmulo circunscrito de produtos piógenos e pútridos,

rodeados por uma cápsula de tecido conjuntico. Em bovinos os germer mais


frequentes são Corynebactrium pyogeners, Streptococcus sp, e Staphylococcus sp.
Nas demais espécies domésticas não é raro encontrarem0-se Streptococcus sp.,
Staphylococcus sp., Corynebacterium sp., Pasteurella pseudotuberculosis infectando
os abcessos.
Os abcessos subcutâneos podem invadir todas as áreas do corpo do animal nas
suas formas mais graves, quando persistentes, invadir cavidades e órgãoes afuns,
resultando em transtornos gerais como febre, redução de apetite, prurido,
emagraciemnto, depreciação do couro e ulcerações. Se desenvolve no interior dos
tecidos após um processo de supuração. São circunscritos por uma reação
inflamatória conjuntiva chamada membrana piogênica ou concha do abscesso.
Um fator desencadeante de abscessos são as vacinações. É certo que nãp só as
culturas vicas, como também os adjuvantes vacinais, promovem irritação muscular e
podem levar à abscedação por extensão da contaminação da pele.
Os flegmões não são limitados por essa membrana, apresentando-se de forma
extensiva, com supuração invasiva e com destruição dos tecidos musculares ou dos
espaços subaponeuróticos.
Os abscessos e flegmões observados nos carnívoros apresentam, mais
frequentemente, uma característica inflamatória aguda (abscessos quentes); na
maioria dos casos eles resultam da inoculação de bactérias piogênicas por meio de
pequenos traumatismos (picadas, injeções terapêuticas sépticas, penetração de
pequenos corpos estranhos etc.) Mais raramente, eles aparecem por ocasião de
uma infecção geral piogênica.

Sintomas A evolução anatomopatológica dos abscessos ocorre em quatro fases: •


FASE INFLAMATóRIAAGUDA: edema circunscrito, pouco extenso, quente, doloroso
e com sinal de Godet. • FASE DE COLEçãO: flutuação de líquido provocada por
acúmulo de pus; o edema tende a se acumular em áreas de declive, exceto nos
membros onde há tendência de subir para a raiz do membro. • FASE DE
MATURAçãO: formação de um macerado tecidual podendo conduzir um fluxo
natural de pus a uma fístula espontânea. •
DRENAGEM: precedente ao preenchimento da cavidade do abscesso e sua cura.
Se a drenagem for incompleta, a retenção do pus pode estender o processo
supuroso aos tecidos vizinhos, caso habitual de evolução dos abscessos
subaponeuróticos e dos flegmões, ou a pioemia por reabsorção do pus e formação
de abscessos metastáticos. Imagenologia. Após a drenagem deve ser tratado como
ferida aberta
RADIOGRAFIA: geralmente observa-se apenas uma tumefação dos tecidos, não
permitindo a distinção entre um abscesso e um flegmão. Em contrapartida, a
radiografia permite evidenciar uma eventual periostite (reação periosteal), uma
osteíte (reação periosteal associada a processo lítico centrado na cortical), ou uma
osteomielite secundária (rara: reação periosteal, com lise de tecido ósseo e menor
visualização do limite corticomedular). • ECOGRAFIA: pouco útil nos abscessos ou
flegmões cutâneos, mas essencial quando o processo alcança o abdome (lesões
hepáticas, mesentéricas, prostáticas…). O aspecto dos abscessos varia em função
de suas fases de evolução, mas aparecem, geralmente, como cavidades
hipoecogênicas de contornos irregulares, delimitadas por uma parede mais ou
menos espessa, ecogênica e com conteúdo heterogêneo que pode ser móvel.
Tratamento • AEVOLUçãO NORMAL ESPONTâNEADOS ABSCESSOS é a cura
pelo fluxo de pus e drenagem da cavidade acometida. Esta evolução pode favorecer
o desenvolvimento de imunidade contra as bactérias piogênicas que os causaram. A
intervenção terapêutica deve ter por objetivo dirigir esta evolução, criando,
cirurgicamente, uma fístula de drenagem em um sítio anatômico que limite osdebris
e permita a completa evacuação da cavidade.
• UMASEGUNDAORIENTAçãO TERAPêUTICA tem por objetivo curar um abscesso
no estágio inflamatório por meio de um tratamento medicamentoso associando
antiflogísticos (antiinflamatórios) tópicos à antibioticoterapia de amplo espectro. A
eficácia deste método é limitada pela resistência das cepas bacterianas patogênicas
aos antibióticos. Assim, nos pacientes que apresentam abscessos de repetição, é
indispensável enviar ao laboratório uma amostra de pus para isolamento da bactéria
responsável e realização do antibiograma. Tratamento Curativo Cirúrgico O
tratamento depende do estado evolutivo do abscesso ou do flegmão. Durante a fase
inflamatória inicial, duas orientações terapêuticas podem ser escolhidas.
• O TRATAMENTO ABORTIVO consiste na administração de antibioticoterapia de
amplo espectro; esta terapêutica pode ser eficaz se a origem do abscesso for um
traumatismo banal envolvendo apenas bactérias de poder patogênico ocasional. Os
betalactâmicos (Clamoxyl® 20 mg/kg/dia em 2 administrações) interrompem a
proliferação da maior parte das bactérias anaeróbicas causadoras de gangrenas
gasosas e de tétanos, e sua indicação tem o propósito de evitar as complicações
sépticas de um traumatismo. No entanto, o tratamento pode ser ineficiente, até
mesmo perigoso, se o abscesso resultar de um desenvolvimento de bactérias
piogênicas, com virulência já apresentada em outros animais, condição
frequentemente observada em importantes canis de cães e gatos, pela transmissão
por falhas na assepsia ou por uma hospitalização. Os antiflogísticos tradicionais têm,
sobretudo, uma ação analgésica local. • Nos gatos, considerando as inoculações em
decorrência de uma mordida, é interessante usar antibióticos ativos, utilizados para
estomatite, contra os germes dominantes da flora bucal.
• A ACELERAçãO DAMATURAçãO dos abscessos é obtida pela aplicação de
compressas de água morna (40 a 42°C). É usual adicionar à compressa
especialidades farmacêuticas aromáticas e antissépticas, como o Synthol®* . Nos
abscessos maduros, perceptíveis pela flutuação à palpação, deve-se desbridar
cirurgicamente o abscesso. A anestesia local é desaconselhável em razão de
favorecer o sangramento. Procede-se à tricotomia e à antissepsia da pele ao redor
do local da punção ou do desbridamento. A abertura do abscesso deve ser feita com
um bisturi com lâmina estéril, e a área cirúrgica deve ser limitada por uma
compressa estéril. O pus deve ser cuidadosamente recolhido a fim de evitar a
dispersão dos agentes patogênicos. A cavidade do abscesso deve ser
cuidadosamente desinfetada com uma solução antisséptica: álcool iodado, solução
de polivinilpirrolidona iodada (Vétédine® ); nos casos de flegmões, é indispensável
deixar um dreno no local feito com auxílio de mecha de gaze saturada em iodofórmio
que, além disso, exerce uma antissepsia prolongada.

CADERNO D IDÁTICO DE CIRURGIA (bibliotecaagptea.org.br)

Daniel Roulim Stainki. CADERNO DIDÁTICO DE CIRURGIA VETERINÁRIA. FACULDADE DE ZOOTECNIA,


VETERINÁRIA E AGRONOMIA. UFRA. Belem, 2008

FERIDAS E DISTROFIAS CIRURGICAS EM PEQUENOS ANIMAIS | Passei Direto

BUENO, J.P.R. et al. Bovinos com abscesso em carcaças abatidas e submetidas ao controle do Serviço
de Inspeção Federal, no período de 2006 a 2009. PUBVET, Londrina, V. 5, N. 27, Ed. 174, Art. 1175,
2011.

FIORAVANTI, M. C. S.; SILVA, L. A. F. da; MOREIRA, P. C.; JAYME, V. de S.; BORGES, G. T.; RODRIGUES, N. M. de O. e.
TRATAMENTO DE ABSCESSOS SUBCUTÂNEOS COM ÁCIDO METACRESOLSULFÔNICO ASSOCIADO À
NITROFURAZONA E À APLICAÇÃO PARENTERAL DE ENROFLOXACINA. Pesquisa Agropecuária Tropical, [S. l.], v.
26, n. 2, p. 1–7, 2007. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/pat/article/view/2930. Acesso em: 26 jun. 2021.

MANUAL ELSEVIER DE VETERINÁRIA. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE CÃES, GATOS E ANIMAIS


EXÓTICOS. ROBERT MORAILLON, YVES LEGEAY DIDIER BOUSSARIE E ODILE SÉNÉCAT. 7 EDIÇÃO.
ELSEVIER MASSON, 2010. RIO DE JANEIRO, RIO DE JANEIRO.

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