• Pacientes mais susceptíveis a infecções são nadadores, pacientes com tendência a reter água
no conduto ( devido a estenose, exostose e restos impactados), que moram em climas úmidos
e com história de trauma.
• Fisiopatologia: maceração da pele e/ou acúmulo de debris no CAE .
• patógeno ppal Pseudomonas aeruginosa (e Proteus Mirabilis ) que pode entrar com água
contaminada, ser comensal ou levada por manipulação. Interessante é que a pseudomonas
não afeta outros epitélios, senão o otológico. Parece ser um fenótipo particular.
• QC: desconforto inicial ou prurido que rapidamente evolui para dor. Pode ocorrer
sensação de pressão e plenitude com queda de acuidade auditiva. Otoscopia:
depende do grau da infecção: desconforto c/ a compressão do tragus (sinal de
Vacher??), hiperemia e ausência de brilho. Ausência de cerúmen é um achado
clássico. Com o progredir da infecção o CAE se torna estreito devido a edema,
podendo ter o calibre de uma agulha, em casos severos. Tipicamente não há
otorréia, porém alguma secreção pode estar presente, sendo espessa e podendo
ocluir a luz do conduto. A superfície é extremamente dolorosa, tornando o exame
difícil. Apesar da infecção ser local, pode ocorrer linfadenopatia regional. Mas a
infecção é localizada e não ocorrem sintomas sistêmicos como febre e calafrios. OEDA
• Tratamento: poderia ser baseado em cultura, porém na maioria das vezes presume-se a
existência de Pseudomonas aeruginosa como principal patógeno. Basicamente usa-se terapia
tópica e/ou antibióticos sistêmicos e CTC, pela severidade da infecção.
- não permitir a entrada de água e após a melhora, manter o ouvido seco por 6
semanas
- não manipular
- analgésicos devem ser usados, e s/n, a base de codeína (Tylex). Calor local.
Lembrar do secador de cabelo
- gotas otológicas, sempre com um veículo em solução ácida (ácido acético, com ou
sem corticóides e/ou solução de Burow, ou seja, acetato de alumínio à 3%), que
diminuem o edema do canal, restaura o pH fisiológico e invialbiliza Pseudomonas
Nos nadadores c/ recorrência, utilizar "plug" de silicone e gotas de ácido acético
2% em propilenoglicol (ou 8 gotas de vinagre em 10 ml de álcool comun).
- desvantagens dos ATB tópicos: sensibilidade cutânea ( principalmente neomicina) e
seleção de cepas resistentes e fungos
- desvantagens dos CTC: prolongamento do quadro, pelo efeito antiinflamatório,
permitindo crescimento dos microrganismos.
- gotas oftalmológicas são menos viscosas e podem ser utilizadas quando o CAE está
muito edemaciado. Nestes casos, também pode ser inserido um filete p/ curativo de
gelfoam, algodão, um pedaço de Merocel, por +/- 5 dias e saturada com gotas
várias vezes ao dia. Por capilaridade, atingirá o restante do CAE. Se não há
possibilidade de colocação do curativo, utiliza-se a solução de Burow para diminuir
o edema até ser possível a colocação do mesmo.
- Uso de ATB sistêmicos é controverso. A maioria dos casos de otite externa por
Pseudomonas responde a gotas otológicas. Considere p/ casos severos alguma
quinolona (ciprofloxacina 500mg, EV ou VO, 12/12h x 10 dias) ou
CEFOPERAZONA (Cefobid) , CEFTAZIDIME (Fortaz), IMIPENEM +
CELASTATINA.
- Após a diminuição do edema deve ser realizada limpeza do CAE ao microscópio ou
otoscópio..
.
0tite Externa Aguda Localizada ( Furunculose)
• geralmente é causado por Staphylococcus aureus, que gera pequenos abscessos nos
folículos pilosos, ppte na porção póstero-superior e lateral, à entrada do meato.
• qc: desconforto ao tocar a área acima do tragus, com uma área avermelhada e
elevada na parte lateral do cae, profunda e difusa ou superficial e pontuda, a
depender do momento do exame. não há perda auditiva ou otorréia.
• tratamento: se o abscesso está flutuando, pode ser realizada uma punção com agulha
grossa e a seguir gotas/ cremes com atb. podem ser utilizados atb sistêmicos nos
estágios iniciais, enquanto não ocorreu a drenagem. opções: cefalexina, cefalotina,
ciprofloxacim, sulfa e oxacilina
Impetigo
• S. aureus e menos frequentemente, Streptococcus pyogenes, por manipulação com
dedos contaminados, ocorrendo na entrada do CAE , espalhando-se para a orelha
externa.
• Altamente contagiosa, mais frequente em crianças descuidadas, acompanhado
lesões em outras partes do corpo.
• QC: uma pequena bolha, que após drenar secreção amarelada, resseca e forma uma
crosta.
• Tratamento :
- medidas de higiene (unhas curtas e lavagem das mãos)
- debridamento com antisséptico seguido pela aplicação de cremes com
neomicina + bacitracina (Nebacetim), ácido fusídico (Verutex), ácido
pseudomônico (Bactroban).
.
Erisipela
• Streptococcus pyogene, envolvendo a derme e tecidos mais profundos e por isso,
acompanhados de febre e toxemia.
• é uma celulite estreptocócica, que pode ocorrer pela auto-inoculação ao usar
cotonete ou similar.
• qc: dor, edema, toxemia. a lesão é uma área avermelhada de celulite que se espalha
para face sem respeitar limites anatômicos.
• tratamento:
- se a lesão é extensa e há toxemia importante devemos hospitalizar.
- calor local (compressas, por exemplo)
- atb: peni crist (100.000ui/kg/d, ev, 4/4h x 10d), oxacilina (200mg/kg/d-
máx de 12gr/d- x 10-14d) e peni + oxa.
.
.
Otite Externa Necrotizante Benigna
DISCUSSÃO
• Sua lesão parecia-nos mais semelhante à provocada por radioterapia
(osteoradionecrose) mas o paciente negava este fato. Outra possibilidade seria a
otite externa necrosante maligna, mas o paciente não ser diabético, a cintilografia
com Gálio 67 foi de discreta captação e não se observou o crescimento de
Pseudomonas aeruginoso ou de Stafilococcus aureus, os agentes mais comuns
nessa doença. Sua biópsia foi negativa para qualquer neoplasia e não havia
migração de pele para a mastóide, quer macroscopicamente, quer
histologicamente.
• As descrições na literatura, normalmente, apresentam casos com necrose no osso
timpânico; porém, nosso paciente a apresentava na região do meato
correspondente ao processo mastoídeo.
• Face a isso, levantamos a hipótese de otite externa necrosante benigna.
• não há um consenso acerca de um tratamento que possa ser considerado o mais
adequado. Eventualmente, o uso de gotas auriculares.
• Recentemente, foi proposto um tratamento cirúrgico que consistiria em remover-
se o osso necrosado por meio de curetagem ou pelo uso de brocas, com a
colocação de fáscia do músculo temporal sobre o meato acústico externo, para
promover a reepitelização dessa região.
• O diagnóstico diferencial:
otite externa necrosante maligna
neoplasia maligna do meato acústico externo
osteo-radionecrose do osso temporal
colesteatoma do meato acústico externo.
• Alguns autores afirmaram que a importância de se fazer o diagnóstico preciso
dessa doença residiria no fato de diferenciá-la da otite externa necrosante
maligna, cujo tratamento é totalmente distinto
• COMENTÁRIOS FINAIS
• A otite externa necrosante benigna, também conhecida como osteíte necrosante
benigna do meato acústico externo, é uma doença rara descrita, que acomete
principalmente o osso timpânico
.
Miringite bolhosa
• agente desconhecido (vírus? Micoplasma pneumoniae?), associado à virose
respiratória alta. Por isso, mais comum no inverno.
• Envolve a MT e o canal adjacente, podendo gerar perfuração da MT.
• QC: dor intensa. Há vesículas avermelhadas na superfície da MT, que convergem
para formar bolhas, preenchidas por líquido amarelo. Pode ocorrer formação de
secreção na orelha média e perda NS reversível.
• Tto: tópico, analgésicos e antibióticos (eritromicina). Abertura de bolha com faca de
paracentese pode aliviar a dor em alguns casos.
.
Miringite granular
• etiologiadesconhecida. Infecciosa? Traumática?
• Há granulação discreta ou exuberante sobre a MT e fundo do CAE.
• QC: desconforto e hipoacusia, que podem ser acompanhados otorréia recorrente
discreta.
• Tto:
- Remoção de áreas de granulação por curetagem ou cauterização com
nitrato de prata.
- Lesões mais extensas são piores e apesar de medidas agressivas com ATB
tópicos, CTC, persistem sem mudança. Outros progridem com inflamação
e obliteração do CAE, formando fundo falso após epitelização.
.