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É de concepção do tipo return-on-request, inovadora e realista, para os usuários de experimentos

científicos e tecnológicos de pequeno porte, e para Indução de Reentrada


os propósitos e domínio tecnológico das instituições 300 km

participantes, por não ser tripulada, sendo definida


como: Fase de
Reentrada

um satélite de pequenas dimensões, operando Abertura de


Pára-quedas

em órbita baixa, com capacidade de


transportar experimentos científicos ou
tecnológicos de pequeno porte, com
permanência orbital de até 10 dias, sendo
posteriormente conduzido à Terra, recuperado
Estação Terrena
de Monitoração
Recuperação
em solo e, reutilizado. L ançamen to em Solo

No desenvolvimento do sistema, os maiores desafios estão relacionados com:


€ Especificação, desenvolvimento e projeto do sistema de proteção térmica (escudo térmico):
O escudo térmico terá por função proteger a plataforma do alto fluxo térmico e das altas
temperaturas que se estabelecerão sobre sua estrutura durante o seu retorno à Terra. Este
deverá ser parcialmente ablativo (material que se decompõe sob ação de intenso calor), com
subestrutura de proteção térmica permanente, objetivando atender ao requisito de
reusabilidade.
€ Aerotermodinâmica de reentrada:
Na determinação das variáveis aerotermodinâmicas
(temperatura, fluxo térmico, etc.) devem ser considerados
aspectos relativos aos efeitos termo-químicos do vôo a grande
velocidade e grande altitude, ao severo aquecimento
aerodinâmico e à radiação térmica de alta intensidade que se
estabelece à frente do veículo, bem como aos efeitos oriundos
da decomposição parcial da proteção térmica (camada
ablativa). Aqui se faz necessária a condução de ensaios em
túneis hipersônicos e de alta entalpia (quantidade de energia
térmica).
€ Projeto do sistema de recuperação em solo:
A recuperação em solo da plataforma será feita por um sistema
de alto desempenho constituído por pára-quedas de múltiplas
fases, com abertura em média altitude e a alta velocidade. A
fim de reduzir o impacto do mesmo com o solo adotar-se-á uma
estrutura fragilizada complementada por um “air-bag”.
€ Dinâmica de reentrada:
Quando em órbita e no seu retorno, os maiores problemas situam-se
nos aspectos relativos ao controle de atitude e à impulsão para
reentrada da plataforma. A impulsão e o ângulo de reentrada são
parâmetros extremamente importantes quanto à precisão do local de
recuperação em solo, bem como ao nível de aquecimento no corredor
de reentrada.
Para consecução do projeto do SARA haverá necessidade de realização de diversos ensaios em
solo e em vôo.
Os ensaios em vôo consideram lançamentos suborbitais e orbitais, antes que o veículo seja
considerado operacional.
Uma primeira oportunidade surge com a possibilidade de utilização do foguete de sondagem VS-
40/MV03 para uma trajetória de vôo suborbital, durante o qual seriam realizadas diversas medidas
durante o vôo e feita a qualificação, em vôo, de
subsistemas embarcados, tais como o sistema de
recuperação, o módulo de experimentação, e as
estruturas.
Também seria verificado o desempenho da
cápsula durante as trajetórias de vôo ascendente,
atingindo um apogeu de 400 km, e de vôo
descendente. Nesta segunda fase do vôo, e após
atingir sua altitude máxima (apogeu), a cápsula
inicia um retorno lento, ganhando inicialmente
velocidade, e sendo depois freada ao atingir as
camadas mais densas (a partir de 50 km de
altitude) da atmosfera terrestre. Ao alcançar 6
km de altitude é acionado um sistema de
recuperação constituído por pára-quedas, o qual
reduz a velocidade da cápsula de 150 m/s (540
km/h) para 10 m/s (36 km/h), quando então essa
encontra a superfície do mar. Após penetrar
quase que totalmente no mar, retorna
parcialmente à superfície e oscila neste
movimento até que se estabilize e permaneça
flutuando e a equipe de resgate venha içá-la.
Entre a decolagem e o impacto no mar ocorre
um período de apenas 20 min, sendo que o
tempo de exposição à microgravidade é de
aproximadamente 8 minutos.
O tempo de microgravidade oferecido por
foguetes de sondagem é determinado quando
estes ultrapassam, tanto na subida como na
descida, a linha dos 100 km de altitude. Nesta
altitude e acima dela a atmosfera já é bastante rarefeita (por exemplo, o caminho médio entre as
moléculas de ar é de aproximadamente 1 m, havendo assim bem pouco adensamento ou colisões
entre elas) e dessa forma as forças externas, de natureza aerodinâmica, já não perturbam o
movimento do foguete, não gerando qualquer perda de aceleração (devido à ação do arrasto).

4. Conclusões

O artigo discorreu sobre a importância da microgravidade para obtenção de um melhor


entendimento de fenômenos físico-químicos, biológicos, botânicos, etc. Conceituou e caracterizou
um ambiente de microgravidade e os meios necessários para sua obtenção. Exemplificou
experimentos que fazem uso desse ambiente e os resultados científicos, tecnológicos e sócio-
econômicos que deles podem advir. Posteriormente apresentou um projeto que vem sendo
executado no IAE/CTA o qual tem por objetivo desenvolver um meio complementar para permitir a
condução de experimentos de média duração em ambiente de microgravidade, Projeto SARA.
Objetiva também esse projeto oferecer à comunidade científica brasileira e internacional um meio
acessível, tecnologicamente e do ponto de vista de custos, para que esta não fique dependente do
uso de plataformas mais complexas.
5. Referências

As informações contidas no presente artigo tiveram origem em documentos de projeto e de


divulgação do Projeto SARA. Para obtenção de informações mais detalhadas sobre aspectos
apresentados no artigo, sugere o autor que sejam pesquisadas as seguintes referências:
ο www.iae.cta.br/projetosara.htm
ο www.aeb.gov.br [Programa Microgravidade]
ο http://www.nasa.gov/centers/glenn/research/microgex.htm
ο http://www.itaspace.com/microgravity.html
ο www.google.com [Descritor: “microgravity”]
ou que seja feito contato com:
ο Paulo Moraes Jr.
CTA/IAE/AVE, 12228-904 São José dos Campos-SP
Tel.: 12 – 3947 4615
E-mail: paulo.moraes@iae.cta.br
ο Luís Eduardo Vergueiro Loures da Costa
CTA/IAE/ASE, 12228-904 São José dos Campos-SP
Tel.: 12 – 3947 4628/4615
E-mail: loures@iae.cta.br

6. Sobre o Autor

Nascido na cidade de Palmeira dos Índios-AL, iniciou e concluiu seus estudos escolares em
Recife-PE. Logo após cursou engenharia aeronáutica na Technische Universitaet Berlin, na cidade
de Berlim, Alemanha. Em seguida tornou-se assistente de ensino e pesquisa no Instituto de
Aeronáutica e Astronáutica da mesma universidade nas disciplinas de Aerodinâmica Transônica e
Aerodinâmica de alta velocidade por quatro anos, tendo participado da execução de um projeto de
pesquisa, através do qual obteve seu doutoramento em aerodinâmica de alta velocidade.
Após treze anos de permanência na Alemanha regressou ao Brasil e iniciou suas atividades
profissionais em setembro de 1982 na equipe de aerodinâmica do atual Instituto de Aeronáutica e
Espaço no CTA. Coordenou e participou do projeto aerodinâmico do VLS, e iniciou e gerencia o
desenvolvimento de uma plataforma orbital recuperável, denominada de SARA, objeto do presente
artigo. Tendo exercido as funções de chefia da Seção de Aerotermodinâmica, da Subdivisão de
Aerodinâmica e da Divisão de Sistemas Espaciais, coordena atualmente a implementação do
programa de veículos lançadores de satélites Cruzeiro do Sul na Vice-Direção de Espaço do IAE.

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