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Iluminação pública e urbana
Capítulo I Novo!
Conceitos fundamentais I
Por Plinio Godoy*
Nesta edição iniciamos uma série de 12 Este trabalho é um processo vivo, Na história científica, foram
artigos sobre iluminação pública e urbana, assim, sugestões e comentários são bem- formuladas diferentes teorias para explicar
objetivando levar ao leitor uma visão vindas a fim de aprimorar sempre a a luz, sendo a primeira tentativa efetuada
geral dos aspectos técnicos, normativos e informação e a busca pela qualidade da por Isaac Newton no século XVII com a
de soluções, possibilitando melhorar sua iluminação em nossas cidades, visando a chamada Teoria Corpuscular, com base
capacidade crítica e permitindo uma análise iluminação social. em três premissas: 1. Os corpos luminosos
mais embasada nos conceitos fundamentais, Parte do material a ser utilizado nestes emitem energia radiante em formas de
conhecimentos, dicas e detalhes técnicos que capítulos foram desenvolvidos no livro partículas; 2. Estas partículas propagam-se
muitas vezes passam despercebidos dos olhos “Iluminação Urbana”, escrito por mim, em linhas retas; 3. Estas partículas atuam
destreinados. Plinio Godoy, e por Paulo Candura. sobre a retina, estimulando uma resposta
Não temos aqui a pretensão de que produz uma sensação visual.
desenvolver um curso de iluminação, mas Conceitos básicos Já no final do século XVII, o holandês
sim levantar alguns assuntos importantes, Christiaan Huygens lançou a Teoria
aguçando a curiosidade daqueles interessados Define-se “luz” como a energia Ondulatória da Luz, com base nas premissas
para aí sim buscar um aprofundamento. radiante que é capaz de excitar a de que a luz é resultado das vibrações
Como diz o nome deste fascículo, retina do olho humano e produzir, por moleculares no elemento luminoso e de
abordaremos a iluminação pública e urbana, consequência, uma sensação visual, que as vibrações são transmitidas em um
pois entendemos a existência de questões desencadeando o processo de percepção meio denominado “Éter”, com movimento
específicas nestas duas áreas, lembrando o visual. A compreensão completa da luz ondulatório em forma similar às ondas da
entendimento mais abrangente da iluminação implica não somente o conhecimento água. E estas vibrações assim transmitidas
como um todo: a Iluminação das cidades! das leis físicas sobre sua natureza como atuam sobre a retina do olho humano,
Dividimos assim os assuntos a serem também as respostas do ser humano estimulando uma resposta que produz a
discutidos neste espaço: perante esse fenômeno. sensação visual.
Capítulo 1 Conceitos fundamentais I Mais adiante, no século XIX, o físico
Capítulo 2 Conceitos fundamentais II escocês James Clerk Maxwell estabelece
Capítulo 3 Fotometria básica a Teoria Eletromagnética, partindo da
Capítulo 4 Iluminação urbana
ideia de que os corpos luminosos emitem
Capítulo 5 Fontes de luz na iluminação urbana
luz por meio de energia radiante. Esta
Capítulo 6 Luminárias na iluminação urbana
Capítulo 7 Eletrônica na iluminação urbana energia se propaga em forma de ondas
Capítulo 8 Iluminação viária eletromagnéticas, que atuariam sobre
Capítulo 9 Iluminação de áreas verdes a retina do olho humano, estimulando
Capítulo 10 Iluminação de valorização urbana uma resposta que produz a sensação
Capítulo 11 Poluição luminosa
visual. As ondas eletromagnéticas são
Capítulo 12 Plano mestre de iluminação urbana
campos elétricos e magnéticos paralelos
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se propagando no espaço e têm velocidade século XX, dirigiu sua atenção ao que Unificando as teorias acerca da luz, os 29
c = lf, em que c é a velocidade da luz, l o era, todavia, um problema não resolvido cientistas Louis De Broglie e Heisenberg
comprimento de onda, que é a distância pela física do século XIX, e que consistia estabeleceram as premissas de que cada
entre os picos, e f é a frequência (o na distribuição entre os diversos elemento de massa em movimento tem
inverso do período de uma oscilação). comprimentos de onda da energia associado uma onda cuja longitude é
As diferentes frequências de oscilação calorífica irradiada por um corpo quente. definida pela equação:
estão associadas a diferentes tipos de Sob certas condições ideais, a energia
radiação. Por exemplo, ondas de rádio se distribui de um modo característico. l=h/mv
têm frequências menores, a luz visível tem Planck demonstrou que podia ser
frequências intermediárias e a radiação explicada supondo que a radiação Em que l é a longitude de onda associada
gama tem as maiores frequências. eletromagnética era emitida pelo corpo ao movimento de onda; h é a constante de
A Teoria do Eletromagnetismo foi o em pacotes discretos aos quais chamou Planck; m é a massa da partícula; e v é a
que permitiu o desenvolvimento da Teoria “quanta”. velocidade da partícula.
Restrita (ou Especial) da Relatividade por O postulado de Planck parte do ponto
Albert Einstein, em 1905, descrevendo de que a energia é emitida e absorvida
a física do movimento na ausência de em quantidades definidas (Fótons) e A radiação visível
campos gravitacionais. A noção de que o valor energético de cada fóton é
variação das leis da física no que diz determinado pelo produto de: A energia radiante na parte visível
respeito aos observadores é a que dá nome do espectro está inserida entre duas
à teoria, à qual se acrescenta o qualificativo hxv longitudes de onda, 380-770 nanômetro
de especial ou restrita, por limitar-se (IESNA, 1993). Isso significa que os olhos
apenas aos sistemas em que não se têm em Em que: h = 6,626 x 10-34 (Constante de humanos estão aptos a enxergar a radiação
conta os campos gravitacionais. Plank) e v = frequência da vibração do dentro destes comprimentos de onda, é o
O físico Max Planck, no início do fóton (Hz). que chamamos de luz (Figura 1).
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Iluminação pública e urbana
Figura 2 – Refração.
32 Fluxo luminoso
Sensibilidade espectral do por E, sua unidade de medida é o Lux e é
olho humano calculada pela relação lm/m2.
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Intensidade luminosa
34 é a luz que se propaga numa dada direção, sendo uma medida relativa à percepção de aparência diante de uma fonte de luz. A luz
dentro de um ângulo sólido unitário e sua luminosidade da luminância. artificial, como regra, deve permitir ao olho
Iluminação pública e urbana
36 analisar os efeitos psicológicos da luz nas direta ou indireta das fontes de luz em
pessoas – uma abordagem qualitativa. intensidades que possam atrapalhar ou
Iluminação pública e urbana
Fontes de luz 37
As lâmpadas incandescentes produzem somente este fato não conseguia produzir Para uma especificação perfeita, devem ser
luz através da incandescência de um luz por longos períodos de tempo em conhecidos certos aspectos de uma lâmpada
filamento confeccionado a partir dos metais função da queima do filamento. incandescente como potência (W); tensão de
de transição tungstênio e molibdênio. Verificou-se que, inserindo este operação (V); bulbo; e base. A potência de
O inventor e empresário americano filamento em um ambiente sem ar, ou uma lâmpada, definida em watts (W), equivale
Thomas Edison, o precursor da lâmpada seja, no vácuo, ele produzia luz por mais à potência consumida pela lâmpada em uma
incandescente, verificou que, para o tempo. E o desenvolvimento tecnológico da hora de operação. Assim, uma lâmpada de 100
filamento produzir luz, bastava aquecê-lo lâmpada possibilitou chegar no que hoje é watts equivale a um equipamento que consome
utilizando-se da energia elétrica. Porém, uma lâmpada incandescente. 100 watts por hora.
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