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Grupo I

Parte A
Correm turvas as águas deste rio,
que as do Céu e as do monte as enturbaram;
os campos florecidos se secaram,
intratável se fez o vale, e frio.
Passou o verão, passou o ardente estio,
ũas cousas por outras se trocaram;
os fementidos Fados já deixaram
do mundo o regimento, ou desvario.
Tem o tempo sua ordem já sabida;
o mundo, não; mas anda tão confuso,
que parece que dele Deus se esquece.
Casos, opiniões, natura e uso
fazem que nos pareça desta vida
que não há nela mais que o que parece.

1. Explique o modo como a passagem do tempo é representada nas


duas primeiras estrofes:
 Nas duas primeiras estrofes, a passagem do tempo é
representada através da referência à sequência das estações do
ano, sendo estas caracterizadas por elementos da natureza,
como: o correr das águas do rio (ll.1-2), que evidencia a chegada
do inverno; a secura dos campos florecidos (l.3), que aponta
para a passagem da primavera para o verão; e o vale que se
tornou frio (l.4), referente ao outono. Além disso, está presente
também a referência aos efeitos que a passagem do tempo
provoca na natureza/a referência às transformações ocorridas na
natureza resultantes da passagem inevitável do tempo (como o
turvar das águas do rio ou o secar dos campos florescidos).

2. «Tem o tempo sua ordem já sabida; / o mundo, não» (versos 9 e


10). Explicite a oposição presente nestes versos, tendo em conta a
globalidade do poema.
 Através dos versos 9 e 10, o sujeito poético visa expor o facto
do tempo ser inevitável, previsível e constante, como que um
ciclo que já sabe o seu destino (diferentes estações do ano). Ao
contrário do mundo, que é incerto e imprevisível, derivado à
natureza humana que é cheia de diferentes questões e
comportamentos, provocando tal desconcerto no mundo que
parece que Deus se esqueceu dele (l.11).

3. Neste soneto, além do tema da mudança, também se destaca o tema


do desconcerto. Perante a realidade que perceciona, o sujeito poético
evidencia um sentimento de descrença.

Parte B

4. Na descrição da fachada e do prédio (linhas 2 a 4), são utilizados


alguns recursos expressivos, nomeadamente, a personificação,
presente em «O próprio prédio parecia dormir, sereno, sorrindo ao
sol». Através deste recurso, o narrador transmite ideias de bem-estar
e de sossego.

5. Analise a evolução do estado de espírito do narrador ao longo do


excerto:
 No começo do excerto, o narrador apresenta-se paciente, porém
perplexo ao constatar que em casa do Fonseca não há indícios
de atividade, pelo que, provavelmente, este não terá feito os
preparativos necessários para a viagem e estará ainda a dormir
(ll.1-2). Á medida que o tempo passa, o estado de espírito do
narrador muda, tornando-se este mais preocupado, inquieto,
impaciente e irritado com o silêncio, a demora e o próprio
comportamento do Fonseca, tendo em conta o atraso que esse
mesmo comportamento irá provocar (ll.19-20). Por fim, o
narrador acaba por tocar à campainha e esmurrar a porta, de
forma violenta, em consequência da fúria obtida pela espera
inútil e inalcançável pelo Fonseca (ll.32-33).

6. Refira duas marcas linguísticas que comprovem o uso de um


registo que se aproxima da oralidade. Transcreva, para cada uma
delas, um exemplo significativo:
 Duas marcas linguísticas que comprovam o uso de um registo
que se aproxima da oralidade, podem ser: as interrogações e
exclamações, aliadas às interjeições (“hum!)/(ll.11-12) e o
registo de língua informal/familiar (“A coisa estava
bonita”)/(ll.32-33).

Parte C

7. Tal como no excerto do conto que acabou de ler o narrador repara


na figura do «padeiro» que distribui «pão fresco», também no poema
«O Sentimento dum Ocidental», de Cesário Verde, o olhar do sujeito
poético se detém, frequentemente, naqueles que trabalham. Escreva
uma breve exposição sobre a «Dor humana» sentida por aqueles que
trabalham, no poema «O Sentimento dum Ocidental»:
 No poema “O Sentimento dum Ocidental”, de Cesário Verde, o
sujeito poético detém o seu olhar, de forma frequente, nos mais
trabalhadores, recorrendo à proteção e à defesa dos mesmos,
valorizando-os e considerando-os os mais puros e cruciais da
sociedade. Desta forma, Cesário Verde retrata de forma “nua e
crua” a dor humana sentida por aqueles que se matam de
trabalhar todos os dias. Dois exemplos de personagens
observadas pelo sujeito poético e que comprovam esse
sofrimento, podem ser: as varinas, que trabalhavam de manhã à
noite, sempre descalças e mal vestidas, enquanto transportavam
os filhos nas canastras e viviam em bairros em condições
degradantes (onde proliferavam as doenças); o antigo professor
de Latim, que dedicou a vida toda ao trabalho, mas pela
inexistência de reformas e falta de uma segurança social, vive
nas ruas a pedir esmola. Estas profundas dificuldades não eram
sentidas no meio daqueles que viviam “à grande e à francesa” e
que faziam uso do seu estatuto superior para humilhar,
ridicularizar e rebaixar os mais pobres, humildes e
trabalhadores.

Grupo II

1. No primeiro parágrafo, o autor cita Pavel Florenskij com a intenção


de...
(D) defender a necessidade de harmonizar a relação com o tempo.

2. Ao longo do texto, o autor defende que a azáfama da vida ativa...


(B) pode impedir o ser humano de se realizar plenamente.
3. De acordo com o texto, o ser humano, por norma, coloca em
primeiro lugar...
(C) o mundo material.

4. Do ponto de vista do autor, a arte de saber viver consiste em...


(B) conciliar o trabalho com a contemplação.

5. Ao recorrer às expressões «alta febre» (linha 6) e «nos atira borda


fora da nossa própria embarcação» (linha 7), o autor utiliza...
(C) metáforas para evidenciar a intensidade da pressão do tempo, no
primeiro caso, e os efeitos perniciosos do tempo, no segundo caso.

6. A oração «que aquela hora não tornará jamais» (linha 5) é...


(D) subordinada substantiva completiva, com função de complemento
do adjetivo.

7. A utilização da expressão «de facto» (linha 5) e do pronome «tua»


(linha 28) contribui para a coesão...
(A) gramatical interfrásica, no primeiro caso, e gramatical referencial,
no segundo caso.

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