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Vivendo a cultura

corporal de movimento no Ensino Médio


COMPETÊNCIA 2 | COMPETÊNCIA 3 | COMPETÊNCIA 5
Área(s): Linguagens.
Apresentar a cultura corporal de movimento como uma possibilidade concreta
para qualquer pessoa, a fim de que ela conheça e reconheça cada
conteúdo de forma não instrumental e para além dos mitos e preconceitos.

Ficha técnica
Quando:
Durante o ano letivo.

Materiais:
Materiais relacionados às práticas esportivas descritas.

Competências específicas:

LGG – Competência 2; Competência 3; Competência 5

Habilidades trabalhadas: EM13LGG201; EM13LGG202; EM13LGG203;


EM13LGG204; EM13LGG301; EM13LGG303; EM13LGG501; EM13LGG503
Créditos
Professor(a) responsável:
André Luiz Cyrino Oliveira.

Escola:
EEEM Mariano Martins, Fortaleza (CE).

O que é:
O relato aqui proposto trata da efetivação da cultura corporal de movimento no
currículo de Educação Física nas três séries do Ensino Médio. Os diversos
conteúdos foram distribuídos com base em algumas premissas, dentre elas, a
diversidade, a criatividade, a complexidade e a ludicidade.
Como fazer:
O trabalho relatado aqui se desenvolveu na EEM Mariano Martins, com as 20
turmas da 2ª e 3ª séries do Ensino Médio. O projeto foi desenvolvido durante
as aulas semanais da disciplina de Educação Física. Uma condição atuante no
trabalho foi o tempo reduzido (apenas uma hora por semana).

Na execução do projeto, dividi os conteúdos da cultura corporal de movimento


por bimestres, para que o desenvolvimento do trabalho se desse da forma mais
completa possível.

Na 2ª série, tivemos os jogos, os esportes, as danças e as ginásticas. Na 3ª


série, foram as lutas e as práticas corporais de aventura e alternativas. Nesse
modelo, a distribuição de atividades foi a seguinte:

 dois bimestres para os jogos e os esportes (populares e de massa;


coletivos e individuais; de oposição, de marca, de rede divisória) e
diálogos relacionados (diferenças, semelhanças, importância
na vida social e afetiva, técnicas individuais, tática e a equipe,
esportivização, opressões no jogo e no esporte etc.);
 um bimestre para as ginásticas (olímpica, rítmica, acrobática etc.) e
diálogos relacionados (preconceito de gênero, saúde e exigências do
cotidiano, esportivização, trabalho em equipe, valores humanos etc.);
 um bimestre para as danças (coletivas, individuais, em pares;
populares, de salão, de massa etc.) e diálogos relacionados
(preconceito de gênero, corpo mecânico, expressividade e afetividade,
sociedade, julgamentos etc.). A aula de danças populares (que iniciou o
conteúdo dança) buscou proporcionar uma experiência
brincante de dança, por meio da qual a técnica e a noção rítmica fossem
relativizadas, para que os estudantes se sentissem confortáveis com a
vivência;
 um bimestre para as lutas, para a capoeira (patrimônio histórico nacional
[...] para a capoeira (patrimônio histórico nacional, discussões de raça,
movimentação gingante e musicalidade etc.) e diálogos relacionados
(valores éticos, preconceito de gênero, violência e agressividade,
história do ser humano como sobrevivente e lutador etc.);
 um bimestre para as práticas corporais de aventura (slackline,
corrida de orientação, parkour, escalada etc.), para as práticas
alternativas (ioga, meditação, tai chi chuan, pilates etc.) e diálogos
relacionados (preservação ambiental, exclusão econômica nas práticas
corporais, corporeidade, autoconhecimento etc.).

Os outros dois bimestres de trabalho na 3ª série tiveram como conteúdos


específicos temas próprios ao corpo. Foram eles: a sexualidade humana
(debates de gênero/orientação sexual, de respeito à diferença, sobre anatomia
sexual e o prazer, fertilidade e métodos contraceptivos, doenças sexualmente
transmissíveis etc.) e diálogos sobre saúde (nutrição humana, dietas,
indústria de alimentos, exercício e saúde física, beleza, saúde mental etc.).

Os dois conteúdos também foram trabalhados com metodologias corporais e


dinâmicas em grupo. As aulas buscaram ampliar o nível de complexidade, mas
sempre valorizando o processo, e não o resultado final. A minha observação
constante do cotidiano escolar apontou para a
necessidade de metodologias de ensino que se afastassem da
tradicional educação bancária citada pelo educador Paulo Freire.

Todavia, essa não é uma discussão apenas do campo teórico educacional,


mas, acima de tudo, uma visão de mundo.

O planejamento inicial é apenas um norte do trabalho, que vai se efetivando


com o caminhar natural dos conteúdos nas aulas. De outra forma, ele também
sofre influências de imprevistos do calendário (feriados, eventos escolares
etc.).

Todavia, um ponto central trata de garantir a todas as turmas similares


direitos de aprendizagem. É inviável pensar que serão iguais, mas o trabalho
desenvolvido tenta transitar por experiências próximas, garantindo, assim, que
todos tenham acesso à diversidade dos conteúdos.

As aulas não buscam tão somente trabalhar a técnica exata dos movimentos.
Procuram também descobrir/criar novas formas de jogar, de se movimentar e,
assim, de conhecer as potencialidades do próprio corpo.
Em todos os conteúdos, as atividades visam estimular o contato com outros
colegas, em duplas, trios e em grupos.

Os alunos desenvolvem o cuidado com os colegas (cuidar da segurança do


outro), a humildade (aprender com o outro e dividir materiais), o protagonismo
(ensinar ao outro), o respeito (valorizar o conhecimento do outro) e a amizade
(conhecer o outro).

O contato inicial com as atividades é facilitado por serem aulas mais simples e
que buscam avançar na complexidade das exigências.

A manutenção de um ambiente de aula atrativo também passa pelo respeito às


diferenças (e possibilidades individuais) e por atitudes positivas em relação aos
colegas. Isso faz, por exemplo, que alunos com mais facilidade auxiliem e
incentivem os outros.

Alguns elementos significativos me fizeram perceber que estou num caminho


positivo na Educação Física escolar. Foi comum, por exemplo, escutar dos
alunos que só haviam ido à escola naquele dia "por causa da aula” ou que a
consideravam "a melhor aula da semana”.

Houve aqueles que, ao ouvirem o professor anunciar o fim da aula, afirmaram


não ter sentido o tempo passar, que gostariam de mais tempo e que a
disciplina deveria ter carga horária dobrada.

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