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O objectivo principal de uma empresa é a criação de valor. A criação de valor passa pela
maximização da riqueza da empresa e, por conseguinte, pela maximização da riqueza dos
accionistas. No entanto, se nos restringirmos ao universo das PME, a definição de objectivos
e decisões de financiamento não é tão linear, principalmente devido às características
específicas deste tipo de empresas.
Myers (1984) afirma que a formação da estrutura de capital por parte das empresas está
baseada em uma hierarquia de captação conhecida como Pecking Order Theory (POT),
favorecendo sequencialmente a utilização de recursos internos, emissão de dívida e, por
último, emissão de ações.
A Teoria do Pecking Order, criada em 1984 por Stewart Myers, é uma das mais conhecidas
teorias explicativas da estrutura de capital. De acordo com esta teoria, a estrutura do capital
de uma empresa não se baseia no nível ótimo de endividamento que maximiza o valor da
empresa, mas sim que esta, resulta de decisões ótimas sucessivas, entre as fontes de
financiamento de forma hierárquica, tendo como objetivo minimizar os custos provocados
pela assimetria de informação.
Myers (1984), considerando a existência de assimetrias de informação entre gestores
(insiders) e investidores, afirma que a formação da estrutura de capital por parte das empresas
está baseada na ideia de que estas possuem uma hierarquia, lógica e racional, de captação de
fontes de financiamento
Com à existência de assimetrias de informação, os títulos das empresas podem estar
incorretamente avaliados pelo mercado (subavaliados ou sobreavaliados) – neste contexto, e
face a uma situação de subavaliação, caso a empresa necessite recorrer ao aumento de capital
para financiar um novo projeto, os novos acionistas irão ver sua riqueza aumentar num valor
superior ao Valor Atual Líquido (VAL); pelo contrário, os atuais acionistas irão registar uma
diminuição da sua riqueza, isto porque os seus ativos estavam subavaliados, implicando a
contratação de capital a uma taxa de juro superior àquela que teriam se os seus ativos
estivessem corretamente avaliados.
Myers (1984) explica que quando o fluxo de caixa interno da empresa não for suficiente para
financiar seus custos de capital, a empresa dará preferência para o uso de dívida ao invés de
emitir ações, pelo fato de que, sempre que a ela comunica uma captação de recursos, ela
transmite uma informação ao mercado. Ou seja, quando a empresa anuncia a emissão de
novas ações, o mercado entende que os preços das ações da empresa devem estar
superavaliados, fazendo com que os preços dessas ações caiam em consequência do anúncio
(Nakamura et al., 2007).
Tratando-se do risco, as teorias dos custos de falência e dos custos de agência indicam que o
risco também é um determinante na estrutura de capital das empresas, dado que, quanto
maior for a volatilidade dos resultados da organização (ou o risco do negócio), maior a
probabilidade de seus fluxos de caixa serem insuficientes para honrar as obrigações (Harris &
Raviv, 1991).
Tomando por base as necessidades de financiamento de uma empresa, a informação
assimétrica irá afetar a escolha da fonte de financiamento preferencial a ser utilizada.
Segundo a hipótese da pecking order, surge então, o problema de hierarquizar a escolha a
seguir.
FRANK, M. Z.; GOYAL, V. K. Testing the pecking order theory of capital structure.
Journal of Financial Economics, v. 67, p. 217-248, 2003.
https://congressousp.fipecafi.org/anais/artigos142014/365.pdf