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Esta aula pretende estudar não a cavidade pélvica propriamente dita, pois ela será onde
se encontram as vísceras, mas sim os músculos que revestem as suas paredes.
Esta zona está compreendida entre o estreito superior da bacia, dirigindo-se
inferiormente até ao diafragma pélvico. Além disso debruçar-se-á sobre o estudo do
períneo, que se localiza desde o diafragma pélvico até à superfície do corpo,
inferiormente.
Aula desgravada por Joana Gomes e Joana Espanhol, em 2002, e revista por Álvaro
Moreira, em 2007.
Pelve
É certo que a cavidade pélvica se vê melhor num feto que num adulto. Quando olhamos
para a cavidade pélvica desde a abdominal conseguimos ver o diafragma pélvico.
1 - Sacro
2 - Ílio
3 - Ísquio
4 - Púbis
5 - Sínfise púbica
6 - Acetábulo
7 - Buraco obturador
Nota: a vermelho
representa-se a linha
terminal.
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Músculos
Na pelve podemos considerar dois grupos de músculos: um formado pelo piriforme e
obturador interno – que encontram as suas inserções fora da cavidade pélvica e são por
isso descritos como músculos do membro inferior – e outro formado pelo elevador do
ânus e coccígeo.
1) Elevador do ânus
Nota: a fáscia que reveste o obturador interno pertence à fáscia pélvica parietal e apenas
tem o nome de fáscia obturador porque reveste o músculo.
1.1) Pubococcígeo
Situa-se no plano antero-posterior e as suas fibras dirigem-se posteriormente para o
cóccix. Origina-se na parte posterior do corpo do púbis (acima do bordo inferior da
sínfise púbica), correndo posteriormente para se inserir numa aponevrose na parte
anterior do cóccix e um pouco para o sacro, continuando-se com o ligamento sacro
coccígeo anterior. Este músculo não dá fibras para a uretra no caso da mulher.
Por sua vez o pubococcígeo divide-se em pubococcígeo propriamente dito,
puborrectal (que forma uma ansa à volta da junção anorrectal), puboanal e elevador
da próstata (no caso do homem) ou pubovaginal (no caso da mulher).
1.2) Ílio-coccígeo
Situa-se num plano antero-lateral. Origina-se na espinha isquiática e parte
posteriormente do arco tendinoso do elevador do ânus. Insere-se no ligamento
anococcígeo.
2) Coccígeo ou ísquio-coccígeo
Este músculo situa-se posterior e superiormente ao elevador do ânus, na face anterior do
ligamento sacroespinhoso. Aliás, visualmente estas duas estruturas são “mais ou menos
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a mesma coisa”, ou seja, olhando pela face externa vemos ligamento sacroespinhoso e
olhando pela face interna vemos coccígeo.
O ligamento sacroespinhoso existe nos bípedes, pois não necessitamos de movimentar
tanto esta zona, devido à ausência de cauda. Além disso, confere a estabilidade
necessária, uma vez que todo o nosso peso se encontra sobre os membros inferiores.
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Fáscias
Na pelve podemos considerar uma fáscia parietal, que reveste os músculos, e uma
fáscia visceral, que reveste as vísceras pélvicas, os seus vasos e nervos.
A fáscia parietal está dividida em fáscia superior e fáscia inferior. A fáscia superior
reveste a superfície superior dos músculos e encontra-se espessada no colo da bexiga,
formando os ligamentos pubovesicais (na mulher) ou ligamentos puboprostáticos (no
homem). A fáscia inferior reveste a superfície inferior dos músculos, formando a parede
medial das fossas isquiorrectais.
Diafragma pélvico
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Períneo
“O períneo é constituído por músculos, fáscia, tecido adiposo, vasos e nervos (sendo de
importante relevância a abordagem desta região, no homem e na mulher, mas
especialmente na mulher sob o ponto de vista obstétrico)”
“Se passarmos, um plano coronal pela linha que une as tuberosidades isquiáticas, o
períneo é dividido em dois triângulos”:
Triângulo urogenital
Fáscia superficial do períneo – de superficial para profundo é constituída por: tecido
adiposo, componente areolar e folheto membranoso da fáscia superficial (que se
continua com o folheto membranoso da fáscia da parede abdominal). Tem como função
a conteção das vísceras abdominais.
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Nota:
Não esquecer
profundo
que no caso
Fáscia superior do diafragma urogenital do períneo
Espaço profundo do períneo uma
estrutura
Fáscia inferior do diafragma urogenital
mais
Espaço superficial do períneo profunda é
Folheto membranoso da fáscia superficial superior.
Componente areolar
Tecido adiposo
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Diafragma urogenital – é o “conjunto de músculos” forrado superiormente pela fáscia
superior do diafragma urogeniral e inferiormente pela fáscia inferior do diafragma
urogenital (ou membrana perineal). O diafragma urogenital é o reforço muscular que
compensa o espaço aberto deixado pelo elevador do ânus.
Corpo perineal – “é uma estrutura nodular, muscular, tendinosa”, localizada num plano
mediano entre o canal anal e o diafragma urogenital, com o qual se funde. O elevador
do ânus, os transversos superficiais e profundos, bulboesponjoso e esfíncter externo do
ânus são músculos que contribuem para a formação deste corpo. Assim, também se
prendem ao nível deste: a fáscia superficial do períneo e dáscias superior e inferior do
diafragma urogenital.
O corpo perineal, na mulher, poderá ser rompido durante o parto. Assim, para evitar esta
lesão aumenta-se a abertura para a passagem da cabeça do feto através da episitomia
(incisão na parede postero-lateral da vagina). A lesão no corpo perineal se não for
evitada pode conduzir à incontinência fecal.
Isquiocavernoso
- Homem: tem origem na face interna
do ramo do ísquio e insere-se no
corpo cavernoso e pilares do pénis,
recobrindo-os.
- Mulher: tem origem na face interna
do ramo do ísquio e insere-se ao nível
do clitóris.
Bulboesponjoso
- Homem: tem origem tanto no corpo perineal, como ao nível de um rafe mediano, face
inferior do bulbo do pénis. Algumas fibras inserem-se na fáscia inferior do diafragma
urogenital, outras na face superior do corpo esponjoso e, ainda, na fáscia profunda do
dorso do pénis.
- Mulher: tem origem no corpo perineal e as suas fibras dirigem-se anteriormente,
circundando a vagina, até aos corpos cavernosos do clitóris.
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Músculos do espaço perineal superficial
Transverso profundo do períneo – tem origem na face medial do ramo do ísquio e
insere-se no corpo penineal. Tem como função a fixação do corpo perineal.
Esfíncter da uretra – tem origem nos ramos do ísquio e vai circundar a porção
membranosa da uretra tendo diferentes inserções no homem e na mulher. Tem como
função comprimir a uretra.
Triângulo anal
A região anal (num corte coronal), de superficial para profundo, é constituída por pele,
fáscia superficial do períneo (espessa, areolar e adiposa) e diafragma pélvico.
As fossas isquiorrectais surgem também nesta região, estando tanto à direita como à
esquerda preenchidas por tecido adiposo entre o elevador do ânus e os obturadores
internos. A fáscia profunda, que reveste a fossa isquiorrectal trata-se da fáscia inferior
do diafragma pélvico e parte da fáscia obturadora abaixo da inserção do elevador do
ânus.
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Limites das fossas isquiorrectais
- Superiormente: diafragma pélvico (contém elevador do ânus)
- Inferiormente: pele
- Lateralmente: fáscia obturadora e tuberosidade isquiática
- Medialmente: esfíncter externo do ânus e fáscia inferior do diafragma pélvico
- Posteriormente: glúteo máximo (fossa parcialmente limitada por esta estrutura, mas
estende-se profundamente a ele e até ao ligamento sacrotuberoso).
- Anteriormente: face posterior do diafragma urogenital (fossa parcialmente limitada por
esta estrutura, mas é contínua acima deste, alcançado quase a face posterior do púbis)
Esfíncter anal externo – encontra-se na região anal, envolve dois terços do canal anal e
é voluntário. É constituído por três porções:
- Porção subcutânea: parte mais baixa, é delgada e envolve o ânus. Possui fibras
anulares, sem fixação óssea, que cruzam o ânus à frente e atrás.
- Porção superficial: tem forma elíptica ou oval. As fibras estendem-se para a frente a
partir da extremidade do cóccix e ligamento anococcígeo ao redor do ânus até ao corpo
perineal, fixando o ânus no plano mediano.
- Porção profunda: é anular, envolvendo o canal anal como um colar. Parte das suas
fibras cruzam para se unirem ao músculo transverso superficial do períneo do lado
oposto. Tem origem no corpo perineal, fundindo-se com o músculo puborrectal.
As fibras do esfíncter anal externo partem do corpo perineal até ao cóccix e ligamento
anococcígeo. Além deste esfíncter, há também o esfíncter anal interno involuntário
(ambos pertecem ao canal anal), que ocupa os dois terços superiores do canal anal, que
são sustentados pelos elevadores do ânus.
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Vascularização do períneo
Artéria ilíaca interna – ramo da artéria ilíaca comum, que passa anteriormente à
articulação sacroilíaca, aproximadamente ao nível da 5ª vértebra lombar e da 1ª vértebra
sagrada (sacro). A artéria é cruzada anteriormente pelo uréter e está separada da
articulação sacroilíaca, posteriormente, pela veia ilíaca interna e pelo tronco
lombossagrado. Esta artéria tem ramos viscerais e parietais, sendo ramos parietais: as
artérias iliolombar, a sacral lateral, a obturatória, a glútea inferior e a pudenda.
Ramos:
- Artérias rectais inferiores – “formam com as artérias rectais superiores e médias uma
rede anastomática (em redor do esfíncter externo do ânus) importante para a irrigação
desta região, quando necessário uma circulação colateral”
- Artéria perineal – “dá ramos musculares para todos os músculos do espaço perineal
superficial e ramos superficiais para a pele dessa região. Esta artéria é acompanhada por
veias com o mesmo nome”
- Artéria dorsal e artéria profunda do pénis ou clitóris
- Artérias posteriores escrotais ou labiais – dirigem-se anteriormente, passando no
espaço perineal superficial entre o isquiocavernoso e o bulboesponjoso.
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Enervação do períneo
Nervo pudendo – é parte do plexo sagrado, sendo formado pelos ramos anteriores do
2º, 3º e 4º nervos sagrados, fornecendo a maior parte da enervação do períneo.
Atravessa o grande buraco isquiático, dirigindo-se para a região glútea e entra no
pequeno buraco isquiático para a fossa isquiorrectal, onde vai circular no canal
pudendo, juntamente com a artéria pudenda.
Ramos:
- Nervo perineal – enervação cutânea dos lábios ou escroto e ramos musculares para
todos os músculos do períneo, auxiliando a enervação do elevador do ânus e esfíncter
externo do ânus
- Nervos rectais inferiores – enervam o esfíncter externo do ânus
- Nervo dorsal do pénis ou clitóris
Para se oferecerem para desgravar uma aula ou para corrigir eventuais erros que
encontrem: alvarosoaresmoreira@gmail.com
Bom estudo
Álvaro Moreira
CC 07-13
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