Você está na página 1de 51

Jacobe Mateus Manuel Moiana

A Construção de Bases Circulares de Palhotas e o Estudo da Circunferência e do


Círculo: Estudo de Caso no Distrito de Machaze - Chipudje

Licenciatura em Ensino de Matemática com Habilitações em Estatística

Universidade Púnguè

Chimoio

2022
Jacobe Mateus Manuel Moiana

A Construção de Bases Circulares de Palhotas e o Estudo da Circunferência e do


Círculo: Estudo de Caso no Distrito de Machaze - Chipudje

Monografia científica a ser apresentado ao Curso de


Matemática, Faculdade de Ciências Exactas e
Tecnológicas, da Universidade Púnguè-Sede, para
obtenção do grau de Licenciatura em ensino de
Matemática com Habilitações em Estatística.

Supervisor:

Prof. Dr.: Evaristo Domingos Uaila

Universidade Púnguè

Chimoio

2022
ÍNDICE
Declaração ................................................................................................................................. V

Dedicatória................................................................................................................................ VI

Agradecimentos ...................................................................................................................... VII

Resumo .................................................................................................................................. VIII

Abstract ..................................................................................................................................... IX

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO................................................................................................ 10

1. Contextualização ............................................................................................................... 10

1.1. Delimitação .................................................................................................................... 11

1.2. Enquadramento .............................................................................................................. 11

1.3. Descrição da área do estudo .......................................................................................... 11

1.4. Justificativa e relevância do tema .................................................................................. 12

1.5. Problematização............................................................................................................. 13

1.6. Hipóteses ....................................................................................................................... 13

1.7. Objectivos ...................................................................................................................... 14

1.7.1. Objectivo geral: .......................................................................................................... 14

1.7.2. Objectivos específicos: .............................................................................................. 14

CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 15

2. Teorias de base .................................................................................................................. 15

2.1. Algumas teorias de aprendizagem ................................................................................. 15

2.1.1. Behaviorismo ............................................................................................................. 15

2.1.2. Teoria cognitivista: o construtivismo ........................................................................ 16

2.1.2.1. A teoria da aprendizagem significativa de ausubel ................................................ 16

2.2. Saber escolar versus saber local .................................................................................... 17

2.3. Cultura ........................................................................................................................... 18

2.4. Etnomatemática ............................................................................................................. 18

2.5. Palhota ........................................................................................................................... 19


2.6. Circunferência e círculo................................................................................................. 20

2.6.1. Elementos da circunferência ou círculo ..................................................................... 21

2.6.2. Construção de uma circunferência ............................................................................. 22

CAPÍTULO III: METODOLOGIA .......................................................................................... 23

3. Procedimentos metodológicos........................................................................................... 23

3.1. Tipos de pesquisa .......................................................................................................... 23

3.1.1. Do ponto de vista da sua natureza ............................................................................. 23

3.1.2. Do ponto de vista de seus objectivos ......................................................................... 23

3.1.3. Do ponto de vista dos meios ou procedimentos técnicos .......................................... 24

3.1.4. Do ponto de vista da forma de abordagem do problema ........................................... 24

3.2. População e amostra ...................................................................................................... 25

3.2.1. Delimitação da população .......................................................................................... 25

3.2.2. Amostra do estudo ..................................................................................................... 25

3.2.2.1. Técnicas de amostragem ........................................................................................ 25

3.2.2.1.1. Amostragem intencional ou por julgamento .......................................................... 26

3.2.2.1.2. Amostragem bola de neve ...................................................................................... 26

3.3. Técnicas de recolha de dados ........................................................................................ 26

3.3.1. Observação directa: sondagem .................................................................................. 27

3.3.2. Entrevista ................................................................................................................... 28

3.3.2.1. Formulário ................................................................................................................... 28

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ......................... 30

4. Apresentação e discussão dos resultados .......................................................................... 30

4.1. Apresentação dos resultados da observação e da entrevista .......................................... 30

4.2. Discussão dos resultados ............................................................................................... 34

5. CAPITULO V: CONCLUSÕES, SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES .................. 36

5.1. Conclusões ................................................................................................................. 36

5.2. Sugestões ................................................................................................................... 36


5.3. Recomendações ......................................................................................................... 36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 37

APÊNDICES ............................................................................................................................ 40

APÊNDICE A – Guião de observação usado como instrumento de recolha de dados no local de


estudo ........................................................................................................................................ 41

APÊNDICE B – Guião de entrevista dirigido aos construtores de palhotas do bairro Mussocossa


– Chipudje ................................................................................................................................ 44

ANEXOS .................................................................................................................................. 46
V

Declaração
Declaro por minha honra que esta monografia científica é resultado da minha investigação
pessoal e das orientações do meu supervisor Prof. Dr. Evaristo Domingos Uaila, o conteúdo
nela patente é original e todas as fontes consultadas estão devidamente citadas no texto e nas
referências bibliográficas.
Declaro ainda que este trabalho ainda não foi apresentado em nenhuma instituição para
obtenção de qualquer grau académico.

Chimoio, Junho de 2022

____________________________________________________
(Jacobe Mateus Manuel Moiana)
VI

Dedicatória

Dedico esta monografia aos meus familiares, particularmente aos meus tios Moisés Naene e
Rosita Manuel Moiana, aos meus irmãos Simon Moiana, Wilson Moiana, Zacarias Moiana,
Rosita Moiana e Marta Moiana, aos meus primos Samuel Moisés e Meri Moisés e ao meu pastor
Elias Samuel pelo auxílio que fizeram para o alcance dos meus objectivos.
VII

Agradecimentos

Ao meu Deus, que me deu a vida, proteção e sabedoria, vai o meu muito obrigado.
Ao meu supervisor Prof. Dr. Evaristo Domingos Uaila pela sua paciência na orientação, pelas
suas valiosas contribuições, pelos seus conselhos e pela força que me dava durante o
desenvolvimento do trabalho, um apreço muito especial.
Aos docentes do curso de Licenciatura em Ensino de Matemática com Habilitações em
Estatística, uma palavra de gratidão.
Aos familiares, por estarem sempre me apoiando e me incentivando em todos os momentos
dessa caminhada, o meu muito obrigado.
Ao professor Augusto Bene Nguenha, pelo encorajamento, apoio incondicional na minha
formação académica e por ser exemplo de superação, dirigir-se uma palavra muito especial de
gratidão.
Aos meus amigos e colegas, que directa ou indirectamente contribuíram para a concretização
deste trabalho, nomeadamente: Samito, Mateus, Roberto, Santos, Tory, Carlos, Maianga,
Osvaldo, Mupone, Taurai, Beatriz, Alberto, Efremo e Adila, vai uma palavra especial de
gratidão.
VIII

Resumo
Esta monografia descreve os resultados de uma pesquisa que foi feita cujo objectivo essencial é de
relacionar o processo de construção de bases circulares de palhotas e os procedimentos de abordagem
escolar de circunferência e círculo, partindo da identificação dos materiais usados na construção de bases
circulares de palhotas, descrição do processo de construção de bases de palhotas com destaque para
aspectos matemáticos, casos de circunferência e círculo e proposta da abordagem escolar do tema
circunferência e círculo na 7ª classe, incorporando aspectos inerentes a construção de bases de palhotas,
procurando, desse modo, contribuir para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem. Esta
pesquisa foi realizada a partir de uma amostra constituída por cinco (5) construtores locais de palhotas
residentes no Bairro Mussocossa, Localidade de Chipuje, Distrito de Machaze. Usou – se a revisão
bibliográfica de trabalhos realizados por alguns estudiosos da matemática onde fizeram parte alguns
autores moçambicanos. Trata – se duma pesquisa qualitativa, aplicada, exploratória e estudo de caso.
Foi utilizada uma observação directa e uma entrevista estruturada, na forma de um formulário, como
instrumentos de recolha de dados. Os resultados obtidos na pesquisa esclarecem que a demarcação da
base circular da palhota é idêntica ao processo de construção de uma circunferência porque tal como na
construção de uma circunferência, para se construir a base circular da palhota deve – se, em primeiro
lugar, considerar um ponto fixo que é central em relação aos outros pontos da base da palhota e sem
esse ponto não é possível construir rigorosamente a base da palhota circular.

Palavras-chave: Construção. Saber local. Palhota de base circular. Saber escolar. Circunferência.
Círculo.
IX

Abstract
This monograph describes the results of a research that was carried out whose essential objective is to
relate the process of construction of circular bases of huts and the procedures of school approach of
circumference and circle, starting from the identification of the materials used in the construction of
circular bases of huts. , description of the construction process of hut bases, with emphasis on
mathematical aspects, cases of circumference and circle and proposal for a school approach to the
circumference and circle theme in the 7th grade, incorporating aspects inherent to the construction of
hut bases, thus seeking to contribute to the improvement of the teaching and learning process. This
research was carried out from a sample of five (5) local builders of huts residing in the Mussocossa
District, Chipuje Locality, Machaze District. A bibliographic review of works carried out by some
mathematicians was used, which included some Mozambican authors. It is a qualitative, applied,
exploratory research and case study. Direct observation and a structured interview, in the form of a form,
were used as data collection instruments. The results obtained in the research clarify that the demarcation
of the circular base of the hut is identical to the process of building a circumference because, as in the
construction of a circumference, in order to build the circular base of the hut, one must, first of all,
consider a fixed point that is central in relation to the other points of the base of the hut and without this
point it is not possible to rigorously build the base of the circular hut.

Keywords: Construction. Know location. Circular base hut. School knowledge. Circumference. Circle.
10

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1. Contextualização

A matemática é usada diariamente por muitas pessoas, como por exemplo: para relacionar
distância, quantidades, tempo. As pessoas sempre recorrem a esta ciência que simplifica muito a
sua vida. (SARMENTO et al., 2017).
No processo de ensino e aprendizagem é necessário que o professor de matemática relacione o
conteúdo matemático com as actividades do dia-a-dia do aluno, de forma a contribuir para o bom
andamento da educação.
Portanto, ao agregar a matemática vivida no cotidiano tem que saber quais
situações pertencerão àquela realidade local, pois, a matemática faz parte da
cultura, economia, tecnologia, ou mesmo das atividades mais simples do cotidiano
auxiliando o progresso de habilidades matemáticas para integração da matéria.
(SARMENTO et al., 2017).

Contudo, é possível que algumas comunidades possam invalidar e que não tenham interesse pelos
conhecimentos matemáticos ensinados na escola, pois, apesar de sua aplicação prática em diversos
sectores da sociedade, a abordagem académica dada a estes saberes aparenta, ao aluno, muito
distante de sua realidade.
Importa salientar que o ensino de matemática, assim como qualquer campo de conhecimento,
precisa de habilidades que criem motivação ao aluno para a sua aprendizagem, para que possa
assimilar a matéria com facilidade. No entanto, precisa-se de uma firme relação entre
conhecimento prévio do aluno e o conteúdo leccionado em sala de aulas. O presente trabalho busca
relacionar alguma prática exercida no dia-a-dia de alguns alunos e o conhecimento ensinado em
sala de aulas.

A ideia central que se pretende destacar nesta pesquisa é a de procurar saber se é possível, a partir
do saber das comunidades locais, chegar – se ao conceito mais elaborado do currículo, ou seja, ao
conhecimento oficial.

A construção de palhotas apresenta grande potencial para explorar conceitos e relações


geométricas a partir da construção da sua estrutura, assim como a melhoria da percepção visual de
figuras. Portanto, com esta pesquisa, espera-se que o processo de construção de palhotas
11

(particularmente das palhotas circulares na base, cilíndricas na parte intermediária e cónicas no


telhado) tenha alguma relação com o estudo da circunferência e círculo.
Entretanto, este trabalho surge como requisito parcial para a conclusão do curso no grau de
Licenciatura em Ensino de Matemática com Habilitações em Estatística. O mesmo está dividido
em cinco capítulos: O primeiro é o da introdução, que faz uma apresentação, contextualizando a
temática; em seguida, vem o referencial teórico, que mostra aspectos teóricos que explicam
detalhadamente o atendimento dos objetivos específicos e, sobretudo, foi usado para analisar e
interpretar os dados da realidade em estudo; a metodologia faz parte do terceiro capítulo, onde foi
descrito e apresentado o instrumento de colecta de dados; o capítulo seguinte é o da apresentação
e discussão dos resultados conquistados e com os resultados obtidos chegou-se ao capítulo final
que é o de conclusões, sugestões e recomendações.

1.1.Delimitação

O presente trabalho foi realizado na província de Manica, distrito de Machaze, localidade de


Chipudje, bairro Mussocossa, no período de Novembro de 2021 á Junho de 2022.

1.2.Enquadramento

O tema em epígrafe faz parte do programa do ensino de Matemática em todas as classes do ensino
primário e na oitava (8ª) classe. Não só, mas também encaixa-se nas cadeiras de Geometria
Euclidiana, de Matemática na História e Etnomatemática e de Estudos Contemporâneos de
Educação Matemática, leccionadas na Universidade Púnguè, no Curso de Licenciatura em Ensino
de Matemática. No Ensino Secundário Geral, os conceitos de circunferência e círculo evocados
neste trabalho sobre a construção de palhotas são bem detalhados na 5ª Unidade Temática
“Circunferência e Círculo: Seus Elementos” na 8ª classe, razão pela qual serão relacionados os
conteúdos desta unidade e classe com a construção de palhotas.

1.3.Descrição da área do estudo

O distrito de Machaze situa-se no Sul da província de Manica, a 325km da capital provincial


Chimoio, estando separado das províncias de Gaza (Massangena) e de Inhambane (Mabote), a Sul,
pelo rio Save. Tem como limites:

 Norte - distrito de Chibabava, da província de Sofala;


12

 Oeste - República do Zimbabwe e distrito de Mossurize e;


 Este - distrito de Machanga, da província de Sofala.

A cultura local é predominantemente Bantu, falando a língua Ndau (Danda) e o tipo de habitação
modal no distrito é a palhota, com pavimento de terra batida, tecto de capim ou colmo e paredes
de caniço ou paus. Desse modo, as famílias vivem em palhotas.

1.4.Justificativa e relevância do tema

Existem diferentes características presentes na humanidade, como por exemplo: diferentes modos
de pensar, de raciocinar e de trabalhar com quantidades e medidas. Estas características
determinam um modo diferenciado de entender o que se chama de Matemática.
Entretanto, se não entendermos que tais características representam a Matemática, então os
conhecimentos não académicos serão considerados incorrectos e por isso, menos valorizados, pois
não saberemos a sua aplicação no âmbito científico. Para evitar esta discrepância, tornou-se foco
deste estudo os saberes que um grupo étnico possui, analisando a Matemática própria e espontânea
desse grupo, motivada pelos seus ambientes naturais, sociais e culturais. Neste caso, a escolha
deste tema parte das motivações pessoais, de afinidade e interesse pelo assunto, no que tange ao
conhecimento de alguma prática cultural que o autor possui como nativo e residente do distrito de
Machaze. Em alguns manuais, como por exemplo, o de Zavala e Issufo (2004) são apresentados
os elementos da circunferência e a sua construção, porém não é mostrado o exemplo de um
conhecimento tradicional relacionado aos elementos e a construção da circunferência. Sendo
assim, para que esse conhecimento tradicional, em especial, a construção de palhotas circulares,
possa ser transmitido para a geração vindoura, importa integrá-lo nos saberes escolares,
valorizando a cultura local e desenvolvendo os estudos em torno da matemática. Para além disso,
os recursos físicos, materiais e saberes existentes naquele distrito podem contribuir para o avanço
dos estudos em torno da Educação Matemática, no que diz respeito ao estudo da circunferência e
círculo. Portanto, importa aproveitar, neste momento, esses recursos, materiais e saberes
disponíveis naquele local.
13

1.5.Problematização

Partindo da consideração dos saberes locais das comunidades onde a escola se situa podem ser
formados cidadãos capazes de contribuir para a melhoria da sua vida, da vida da sua família, da
comunidade e do país. Na verdade, é possível acreditar que se algumas características do
conhecimento prévio tradicional do aluno se assemelham às do conhecimento transmitido na
escola, então esse conhecimento prévio tradicional pode facilitar a compreensão do conhecimento
moderno escolar.
Basílio (2006) advoga que incluir o currículo local nos programas de ensino ajuda a reduzir a
distância entre a cultura da escola moderna e a cultura tradicional. É notável que muitos saberes
locais podem contribuir no ensino da matemática. O distrito de Machaze é uma das zonas rurais
onde a maior parte da população vive na base dos saberes locais, como é o caso da construção de
palhotas. A marcação da base da palhota circular é idêntica ao processo de construção de uma
circunferência. Tal como na construção de uma circunferência, primeiramente tem – se em conta
um ponto fixo que é central em relação aos outros pontos da base da palhota circular e, sem esse
ponto, não é possível construir rigorosamente a base da palhota circular. Contudo, este saber local
não é levado a cabo pelos educadores, fazendo com que o aluno, quando inserido na cultura da
escola moderna, se distancie da sua cultura tradicional. Perante este cenário, coloca-se como
questão norteadora da pesquisa, a seguinte:

Que ideias podemos aproveitar na construção de bases de palhotas circulares no distrito de


Machaze para o estudo da circunferência e do círculo?

1.6.Hipóteses

Lakatos e Marconi (2003, p. 126) aludem que “a hipótese é uma suposta, provável e provisória
resposta a um problema, cuja adequação será verificada através da pesquisa”.

Portanto, são apresentadas as seguintes hipóteses:


 Existe uma correspondência entre as ferramentas ou instrumentos usados na delimitação
da base circular de uma palhota e os usados na construção de uma circunferência;
14

 Os materiais usados na construção de bases circulares de palhotas podem ser idênticos aos
elementos da circunferência;
 Os procedimentos usados na construção de bases circulares de palhotas podem ser
aproveitados para facilitar a compreensão de construção de uma circunferência.

1.7.Objectivos

Aquilo que se pretende alcançar quando se realiza uma acção “consiste numa descrição clara dos
resultados que desejamos alcançar com a nossa actividade”. (PILETTI, 1991, p. 26).

1.7.1. Objectivo geral:

Relacionar o processo de construção de bases circulares de palhotas e os procedimentos de


abordagem escolar de circunferência e do círculo.

1.7.2. Objectivos específicos:


 Identificar os materiais usados na construção de bases circulares de palhotas;
 Descrever o processo de construção de bases de palhotas com destaque para aspectos
matemáticos, casos de circunferência e círculo;
 Propor abordagem escolar do tema circunferência e círculo na 7ª classe, incorporando
aspectos inerentes a construção de bases circulares de palhotas.
15

CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2. Teorias de base

Para o atendimento dos objetivos específicos, análise e interpretação dos dados da realidade por
estudar, são apresentadas a seguir algumas teorias básicas.

2.1.Algumas teorias de aprendizagem

É também importante antes porém, falar de teorias que influenciam a aprendizagem no aluno.
Desse modo, são consideradas as seguintes teorias: Behaviorismo e Construtivismo.

2.1.1. Behaviorismo

Segundo Bock (1999), o Behaviorismo dedicou-se ao estudo do comportamento na relação que


este mantém com o meio onde ocorre.

Alguns teóricos que se destacaram no Behaviorismo foram: Ivan P. Pavlov, Edward Thorndike,
Marshall Hall, Pierre Flourens, John B. Watson e B. F. Skinner.

De acordo com esta teoria, os indivíduos podiam ser compreendidos, tomando como ponto de
partida que o comportamento não é casual nem arbitrário, mas é um contínuo que pode ser descrito
considerando o ambiente no qual o individuo está inserido. Portanto, o ambiente onde o indivíduo
se encontra exerce influência no comportamento desse indivíduo, podendo assim influenciar a
aprendizagem. Desse modo, o papel da educação é transmitir da melhor forma a cultura de uma
geração a outra, cabendo a escola moldar a criança conforme os conhecimentos, valores e práticas
sociais da cultura a qual pertence.

Tendo em conta esta teoria, é eficaz usar como base o conhecimento de construção de palhotas
circulares para ensinar a circunferência e o círculo ao aluno que se encontra num ambiente onde
são construídas as palhotas circulares. Para esse aluno, será muito importante falar de palhotas e
isso poderá facilitar o processo de ensino da circunferência e do círculo. Fazendo isso, espera – se
que o aluno age influenciado por esse ambiente.
16

2.1.2. Teoria cognitivista: o construtivismo

A teoria cognitivista enfatiza o sistema de conhecimento, a partir do qual o sujeito concede


interpretações à realidade em que se encontra. (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2011).

Nessa corrente, destacam-se autores como Piaget, Brunner, Ausubel, Novak (construtivistas),
Kelly e Rogers. O construtivismo considera que a criança passa por estágios para adquirir e
construir o conhecimento. (PIAGET, 1975).

Portanto, no processo de ensino e aprendizagem a idade é interessante. Na corrente denominada


construtivismo, esta pesquisa está voltada para a teoria da aprendizagem significativa de David
Ausubel.

2.1.2.1. A teoria da aprendizagem significativa de ausubel

De acordo com Ausubel (1968 apud Moreira e Masini, 1982, p.7), a aprendizagem significativa “é
um processo através do qual uma nova informação se relaciona de maneira não arbitrária e
substantiva a um aspecto relevante da estrutura cognitiva do indivíduo”.

Portanto, a aprendizagem só será significativa se existir uma interacção entre a nova informação e
aquela já armazenada na estrutura cognitiva do indivíduo. Desse modo, é importante, no processo
de ensino e aprendizagem, considerar o conhecimento prévio do aluno de tal maneira que haja
relação entre tal conhecimento e o conteúdo a ser transmitido na sala de aulas.

Para reduzir toda a psicologia educacional a um só princípio, pode – se dizer o seguinte: o factor
isolado mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe.
(MOREIRA e OSTERMANN, 1999, p. 45).

Portanto, o conhecimento que o aluno possui (seja de motivação das suas práticas quotidianas
associadas ao seu ambiente sociocultural, seja de conteúdos anteriormente transmitidos pelo
professor) é de grande importância na introdução de um novo conteúdo.

Esta teoria aplica – se há medida em que a criança que possui o conhecimento de construção de
palhotas de bases circulares é levada a compreender o processo de construção de uma
circunferência, tendo como base a construção da base da palhota circular. Fazendo isso, o educador
estará a aproveitar aquilo que o aluno já sabe para lhe ensinar aquilo que ainda não sabe.
17

2.2. Saber escolar versus saber local

Saber escolar é o saber criado pela escola mediante os processos de intervenção didáctica que torna
ensináveis e assimiláveis os saberes científicos. (VENQUIARUTO; DALLAGO; DEL PINO,
2014).
Esses autores sublinham a responsabilidade que a escola, como instituição pública e lugar em que
são transmitidos os conhecimentos científicos, possui na formação de uma geração ciente.

Os três autores acima mencionados aduzem que “o saber tradicional/local ou saber popular
consiste no conhecimento produzido pelo indivíduo em sua prática quotidiana dentro de um grupo
social, cultural e económico que garanta sua vivência e sobrevivência”. (VENQUIARUTO;
DALLAGO; DEL PINO, 2014).

É importante sempre, em sala de aulas, considerar o conhecimento prévio que o aluno possui,
conhecimento oriundo da prática quotidiana do aluno dentro de um grupo social, cultural e
económico que garanta sua vivência e sobrevivência, pois, baseando-se nesse conhecimento o
aluno é capaz de compreender melhor o conteúdo a ser transmitido em sala de aulas, aliás, o
Professor Paulo Freire secunda essa ideia ao apresentar o seguinte interrogatório:

Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a
disciplina cujo conteúdo se ensina, a realidade agressiva em que a violência é a
constante e a convivência das pessoas é muito maior com a morte do que com a
vida? Por que não estabelecer uma necessária intimidade entre os saberes
curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como
indivíduos? (FREIRE, 1996, p.15).

Portanto, neste contexto, o autor apoia a presença do saber local na produção do saber escolar.
Nesse sentido, ele defende que “ensinar exige respeito aos saberes dos educandos” (IBID., 1996,
p.15). Logo, o professor que faz isso pode ser considerado de um invocado para educar.

A matemática é um componente cultural muito importante, solicitado no desenvolvimento da


inteligência humana. Por outro lado, se pretendemos, por esta componente, conduzir uma criança
à abstrair conceitos, isto terá que ser feito numa pedagogia adequada para essa finalidade. Acredito
que a mais adequada é partindo do saber-fazer do aluno, chegar com ele na construção do conceito
abstrato. (A CONSTRUÇÃO…, s.d).
18

Lyotard (1989 apud Basílio, 2006, p.36-37) alega que

“o saber científico não é só um conjunto de enunciados, mas é também o saber


voltado para a vida quotidiana. A escola tem obrigação de ensinar esse saber. O
saber científico não pode saber e fazer saber que ele é o verdadeiro saber sem
recorrer a outro saber, narrativa, que é para ele o não saber, em cuja ausência ele é
obrigado a pressupor-se a si mesmo, caindo assim no que condena, a repetição do
próprio, o preconceito.”

Desse modo, a abordagem que o autor acima traz é de que o saber científico, para além de ser
constituído por um conjunto de enunciados, depende também da vida quotidiana, ou seja, o saber
só se considera saber científico recorrendo ao saber local.
Portanto, o professor, na qualidade de educador e artista deve estar munido de saberes locais.

2.3.Cultura

No entender de Tylor (1817 apud Laraia, 2006, p.25) “tomado em seu amplo sentido etnográfico
[cultura] é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou
qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”.
Dessa forma, a cultura representa o patrimônio social de um grupo sendo a soma de padrões dos
comportamentos humanos e que envolve: conhecimentos, experiências, atitudes, valores, crenças,
religião, língua, hierarquia, relações espaciais, noção de tempo, conceitos de universo. Ela é
repassada através da comunicação ou imitação às gerações seguintes.

2.4.Etnomatemática

A Etnmatemática é a “arte ou técnica (techné = tica) de explicar, de entender, de se desempenhar


na realidade (matema), dentro de um contexto cultural próprio (etno) ”. (D’AMBRÓSIO, 1991,
p.9).

Para conceituar a Etnomatemática, D’Ambrósio usou a etimologia dessa palavra. Desse modo, a
Etnomatemática compreende o estudo comparativo de técnicas, modos, artes e modelos de
explicação e compreensão, assim como o modo de aprendizagem decorrente da realidade, que é
expressa em diferentes contextos culturais e naturais.

D´Ambrósio (1985) e Gerdes (1989) corroboram a mesma ideia ao afirmarem que a


Etnomatemática é um subconjunto da Educação, que contém a Matemática como subconjunto.
19

Figura 1: Concepção de D´Ambrósio e de Gerdes

Fonte: Elaborada pelo pesquisador (2021), baseada na ideia de D´Ambrósio e Gerdes

Portanto, é função da escola usar Etnomatemática como base para transmitir o conhecimento
matemático, pois, todos os povos em diferentes culturas sejam eles tribos indígenas ou
comunidades rurais possuem formas de lidar com o conhecimento matemático que lhes são
próprios.

2.5.Palhota

Soares (2009) definiu palhotas ou casas tradicionais como as que têm as seguintes características:
Paredes feitas com caniço, varas, madeira ou tiras de bambu, cobertas de lama ou cobertas com
grama ou palha, e telhados de colmo com grama, juncos ou palha.
Ainda Salema et al. (1992) definem palhota como casa ou habitação de negros em África. Na sua
definição, salientam o facto de esta servir para os homens do campo se protegerem da chuva
durante suas actividades diárias. Contudo, é possível consideramos pejorativa a forma como o
autor faz a definição do termo e de certa forma com traços racistas. Discordamos do facto de a
palhota servir apenas aos negros pois, é provável que também os turistas, que no caso de
Moçambique são maioritariamente estrangeiros, de diferentes raças, tenham preferência em
alojarem-se em palhotas.
Tanto Soares (2009) como Salema et al. (1992) têm algo em comum nas características que
atribuem às casas tradicionais e palhotas, respectivamente: o facto de serem feitas com material
20

não convencional e terem cobertura de palha ou colmo, mesmas características que atribuem-se às
palhotas tratadas neste trabalho.
Para além dos autores acima, um docente da Universidade Pedagógica, Eduardo Generoso Tiago
Macie, fez um estudo didáctico – exploratório da matemática envolvida na construção de palhotas
em Xai-Xai. No seu estudo, ele notou o seguinte:

A demarcação da palhota envolve os traçados de circunferência e de polígono, que servem


de base para a construção da palhota de formato circular e rectangular, respectivamente e o
procedimento da demarcação da palhota circular remete ao conceito matemático de
circunferência, que é a trajectória descrita pelo pauzinho e ao conceito de círculo, que
constitui a circunferência e todo o seu interior. O procedimento da demarcação da palhota
rectangular remete ao conceito matemático de um rectângulo. As palhotas com o formato
circular têm entre 15 e 30𝑚2 de área, o suficiente para albergar uma cama casal e pequenos
espaços de serviço. (MACIE, s.d, p. 188).

No seu estudo, Macie identificou os seguintes materiais usados para a construção de palhotas e
suas utilidades (Os nomes dos materiais vem em língua local e traduzidos em língua portuguesa):
 Svitini – blocos: são usados (ultimamente, como uma inovação devido à erosão que assola
o Distrito) nas fundações como forma de garantir a segurança da palhota;
 Tinhonga ou laca-lacas – paus: fazem o tecto e unem as estacas como as vigas de uma
construção convencional;
 Timhandzi – estacas: têm a utilidade de suportar toda a estrutura da palhota, como pilares;
 Majhiru – barrotes: tal como os paus, são usados para fazer a estrutura do tecto da palhota;
 Tiwayela – arames: constituem elo na fixação e no suporte dos paus e barrotes junto das
estacas, podendo, também, usarem-se os pregos para a mesma função;
 Nhlanga – caniço: serve de parede à palhota, podendo também servir na cobertura;
 Magwanyi – capim: serve para fazer a cobertura.

2.6.Circunferência e círculo

Para Pesco e Arnaut (2010, p.73), “circunferência é o conjunto de todos os pontos de um plano
cuja distância a um ponto fixo desse plano é uma constante positiva”.
“Círculo é a reunião de uma circunferência com o seu interior.” (IBID., 2010, p.73).
21

Consideremos as duas figuras seguintes, em que uma figura representa uma circunferência γ de
centro em 𝑂 e raio de medida 𝑅 e a outra figura representa um círculo γ de centro em 𝑂 e raio de
medida 𝑅.

Figura 2: Circunferência (a esquerda) e círculo (a direita).

Fonte: Pesco e Arnaut (2010).

Na circunferência acima temos: 𝛾 = {𝑃 ∈ 𝛾: ̅̅̅̅


𝑂𝑃 = 𝑅} e no círculo acima temos: 𝛾 =
{𝑃 ∈ 𝛾: ̅̅̅̅
𝑂𝑃 ≤ 𝑅}.

2.6.1. Elementos da circunferência ou círculo

Zavala e Issufo (2004) apontam os seguintes elementos da circunferência:

 Raio – segmento de recta cujas extremidades são o centro da circunferência e um ponto


qualquer da circunferência.
 Corda – segmento de recta que une dois pontos da circunferência.
 Diâmetro – corda que passa pelo centro da circunferência. É o dobro do raio.
 Arco – uma parte da circunferência delimitada por dois pontos pertencentes a ela.

Figura 3: Círculo e seus elementos.

Fonte: Pesco e Arnaut (2010).


22

No círculo acima temos:

 ̅̅̅̅
𝐴𝑂 – é o raio.
 ̅̅̅̅
𝐴𝐵 – é o diâmetro (corda maior).
̅̅̅̅ – é a corda.
 𝐶𝐷
̂ 𝐷 – é o arco.
 𝐶𝑀

2.6.2. Construção de uma circunferência

Zavala e Issufo (2004) mencionam três passos de construção de uma circunferência de forma
rigorosa, usando o compasso, lápis e régua:

1º – Marca-se o centro da circunferência.

2º – Escolhe-se um raio e abre-se o compasso na régua de distância correspondente ao raio da


circunferência.

3º – Finalmente, coloca-se a ponta seca do compasso no centro e traça-se a circunferência, de


acordo com o seu raio.
23

CAPÍTULO III: METODOLOGIA

3. Procedimentos metodológicos

“A Metodologia é a aplicação de procedimentos e técnicas que devem ser observados para


construção do conhecimento, com o propósito de comprovar sua validade e utilidade nos diversos
âmbitos da sociedade.” (PRODANOV; FREITAS 2013, p. 14)

A metodologia utilizada na elaboração do presente trabalho, consta, essencialmente, da revisão


bibliográfica de trabalhos realizados por alguns estudiosos da matemática e, dentre eles, fizeram
parte alguns autores moçambicanos. Esses estudos constam dos livros e artigos.

3.1.Tipos de pesquisa

Relativamente ao tipo de pesquisa, há várias formas de classificar e caracterizar as pesquisas, como


podemos ver:

3.1.1. Do ponto de vista da sua natureza

Sob o ponto de vista da sua natureza, a pesquisa pode ser: Básica ou aplicada. Para este estudo foi
realizada uma pesquisa aplicada, que “objectiva gerar conhecimentos para aplicação prática
dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais”.
(PRODANOV; FREITAS, 2013, p.51).

A pesquisa aplicada produziu conhecimentos que poderão ser aplicados na escola quando se trata
do estudo da circunferência e do círculo, de modo a contribuir para a melhoria do processo de
ensino e aprendizagem da Matemática. Essa aplicação prática consiste no uso do conhecimento da
construção da base de palhotas circulares no estudo da circunferência e do círculo, envolvendo
assim verdades e interesses locais.

3.1.2. Do ponto de vista de seus objectivos

Quanto aos objetivos, uma pesquisa pode ser: descritiva, exploratória ou explicativa. Neste
trabalho foi feita uma pesquisa exploratória, a qual Gil (2008) considera como aquela que inclui o
levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas experientes no problema pesquisado.
Geralmente, assume a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Foi feita entrevista com
24

construtores de palhotas, que são pessoas experientes nesse processo, conforme descrito no
capítulo IV.

3.1.3. Do ponto de vista dos meios ou procedimentos técnicos

Quanto à maneira pela qual são adquiridos os dados essenciais para a elaboração da pesquisa, a
pesquisa pode ser: bibliográfica, documental, experimental, ex-post-facto, o levantamento, o
estudo de caso, a pesquisa-ação e a pesquisa participante. Como forma de obter os dados nesta
pesquisa, foram usadas a pesquisa bibliográfica e o estudo de caso.

De acordo com os destaques de Lakatos e Marconi (2003, p.183),

a pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em


relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas,
monografias, teses, material cartográfico, até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita
magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contacto
directo com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências
seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas.

A pesquisa bibliográfica permitiu a obtenção de informações relacionados ao tema em estudo,


onde foram selecionadas algumas fontes (livros e artigos científicos) que tratam do estudo da
circunferência e do círculo, assim como estudos que envolvem o conhecimento da construção de
palhotas. Também fizeram parte algumas obras que transmitem conhecimento das teorias de
aprendizagem.

“O estudo de caso consiste em colectar e analisar informações sobre determinado indivíduo, uma
família, um grupo ou uma comunidade, a fim de estudar aspectos variados de sua vida, de acordo
com o assunto da pesquisa”. (PRODANOV; FREITAS, 2013, p.60).

Neste caso foram colectadas e analisadas informações um grupo de construtores de palhotas, a fim
de aproveitar as ideias de construção de bases de palhotas circulares para o estudo da
circunferência e do círculo.

3.1.4. Do ponto de vista da forma de abordagem do problema

Tendo em conta a abordagem do problema, uma pesquisa pode ser qualitativa ou quantitativa.
Conforme supracitado nas passagens anteriores, o interesse é de relacionar o processo de
construção de bases de palhotas circulares e os procedimentos de abordagem escolar de
25

circunferência e do círculo, sem recorrer ao uso de técnicas estatísticas. Trata – se, portanto, de
pesquisa qualitativa, que “não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural
é a fonte directa para colecta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave”. (PRODANOV;
FREITAS, 2013, p.70).

3.2.População e amostra

Para permitir conhecer a entidade que faria parte deste estudo foi necessário delimitar a população
e a amostra.

3.2.1. Delimitação da população

Lakatos e Marconi (2003, p.223) advogam que “universo ou população é o conjunto de seres
animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum”. As mesmas
autoras acrescentam que “a delimitação do universo consiste em explicitar que pessoas ou coisas,
fenômenos […] serão pesquisados, enumerando suas características comuns.” (LAKATOS;
MARCONI, 2003, p. 223).

O pesquisador trabalhou com um conjunto de artesãos locais de construção de palhotas.

3.2.2. Amostra do estudo

De acordo com Lakatos e Marconi (2003) a amostra do estudo, é uma parte da população ou do
universo escolhida aleatoriamente ou não, de modo a representar o universo no estudo.

O pesquisador trabalhou com cinco (5) artesãos locais – construtores de palhotas. Os cinco (5)
construtores de palhotas foram extraídos da população alvo para representarem a amostra do
estudo, identificados com base na ajuda da liderança local (secretário do Bairro) e de outros
participantes. Os passos da sua selecção são descritos no item 3.2.2.1.

3.2.2.1. Técnicas de amostragem

Amostragem é uma disciplina que determina regras metodológicas de escolha de subconjuntos


duma população, chamadas amostras. A preferência do método de selecção depende dos fins do
estudo e das características da população em estudo. (NAGAE, 2007).
26

Para a selecção da amostra foram utilizadas as seguintes técnicas: amostragem por julgamento ou
intencional e amostragem voluntária (bola de neve).

3.2.2.1.1. Amostragem intencional ou por julgamento

Na visão de Santos (s.d) neste tipo de amostragem o pesquisador escolhe voluntariamente alguns
elementos para representar a amostra, por julgar que tais elementos representam melhor a
população.

“Este tipo de amostragem é bastante usado em estudos qualitativos. Obviamente, o risco de obter
uma amostra viciada é grande, pois se baseia totalmente nas preferências do pesquisador, que pode
se enganar (involuntária ou voluntariamente) ” (TÉCNICAS, s.d, p. 51).
O pesquisador escolheu voluntariamente dois (2) construtores de palhotas para fazer parte da
amostra, por achá – los colaboradores. Tais construtores foram julgados indivíduos com
características desejadas para o estudo, pois o pesquisador, depois da sua observação, achou que
todos eles são experientes na construção de palhotas.

3.2.2.1.2. Amostragem bola de neve

“A amostragem bola de neve é particularmente importante quando é difícil identificar


respondentes em potencial. A cada novo respondente que é identificado e entrevistado, pede-se
que identifique outros que possam ser qualificados como respondentes” (TÉCNICAS, s.d, p. 51).
Três (3) dos participantes fizeram parte do estudo de forma voluntária, de forma que cada um
indicou outro participante para pertencer ao estudo.

3.3. Técnicas de recolha de dados

Lakatos e Marconi (2003) chamam de técnicas ao agrupamento de princípios ou procedimentos de


que se serve uma ciência, […] é a parte prática de colecta de dados.

Para a colecta de dados, o pesquisador usou uma observação directa e uma entrevista estruturada,
na forma de um formulário.
27

3.3.1. Observação directa: sondagem

A observação é uma técnica de recolha de dados para aquisição de informações, usando os sentidos
na aquisição de determinados aspectos da realidade. (LAKATOS; MARCONI, 2003).
O autor utilizou uma observação sistemática ou estruturada, participante, individual e realizada na
vida real (trabalho de campo). Portanto, o autor nem só viu e ouviu, mas também examinou factos
ou fenômenos que desejava estudar, neste caso precisou de descrever, observando os passos de
construção de palhotas circulares e fazer ilustrações do que corresponde a circunferência e círculo
e como nas palhotas são construídas estas figuras, os materiais e instrumentos usados nesse
processo, aspectos estes presentes no roteiro da observação patente no APÊNDICE – A.
A sondagem tem o objetivo de “recolher informação acerca da população, seleccionando e
observando um conjunto de elementos dessa população” (MARTINS, s.d, p. 1).
Inicialmente foi feita uma sondagem para recolher informações acerca do trabalho dos construtores
de palhotas. A sondagem seguiu as seguintes fases:
 Identificação da população alvo;
 Escolha de participantes (selecção da amostra) e;
 Obtenção da informação.

A população foi identificada com ajuda do secretário do Bairro e de outros participantes do estudo.
Durante a sondagem foi observado um grupo de pessoas que tinham a característica em estudo:
possuir habilidades na construção de palhotas. Para a sua selecção, o pesquisador apresentou,
primeiramente, o objectivo do seu estudo ao secretário do Bairro e este, duma forma voluntária,
foi o primeiro participante do estudo. O primeiro participante indicou apenas uma pessoa para
fazer parte do estudo e esta indicou a outra, o que originou uma bola de neve linear. Depois dos
três (3) participantes encontrados, o pesquisador escolheu, intencionalmente, mais dois (2)
participantes. Estes foram os motivos que levaram o pesquisador a procurar por outros
participantes: para ter certeza dos factos relatados pelos participantes anteriores; por julgar que
esses dois (2) últimos participantes trariam resultados satisfatórios para o estudo, pois o
pesquisador observou a sua arte e julgou importante trabalhar com eles e para evitar que a amostra
seja formada por amigos dos três (3) primeiros participantes, precavendo assim que não haja
distorções nos resultados finais. Quase todos apresentaram mesmos resultados (quase explicaram
da mesma maneira sobre os materiais e passos de construção de palhotas), portanto foi suficiente
28

trabalhar com os cinco (5) construtores de palhotas, pois satisfizeram os objectivos da pesquisa.
Da observação feita foi obtida uma parte da informação (o tipo de casas construídas no Bairro
Mussocossa e os materiais usados para construir a base da palhota circular) e a outra parte da
informação foi obtida durante a entrevista.

3.3.2. Entrevista

Entende-se por entrevista ao “encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha
informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza
profissional”. (LAKATOS; MARCONI, 2003, p.195).

A entrevista padronizada ou estruturada “é aquela em que o entrevistador segue um roteiro


previamente estabelecido; as perguntas feitas ao indivíduo são predeterminadas. Ela se realiza de
acordo com um formulário elaborado e é efetuada de preferência com pessoas seleccionadas de
acordo com um plano”. (LAKATOS; MARCONI, 2003, p.197).

Neste contexto, foram submetidos a entrevista os cinco (5) artesãos locais pertencentes à amostra
e identificados como colaboradores, de tal maneira que se obteve informações referentes ao
processo de construção de palhotas circulares.

Em relação ao modelo da entrevista está no APÊNDICE – B um guião composto por quatro (4)
questões, onde a primeira questão tem como interesse, procurar saber sobre a forma da base de
uma palhota, isto é, interessa saber o que os construtores dizem sobre as formas das bases para
relacionar com os nomes escolares usados; a segunda possibilita apontar as ferramentas ou
instrumentos ou ainda os materiais utilizados para demarcar ou delimitar a base da palhota circular;
a terceira permite conhecer os materiais usados na construção de base da palhota circular para
relacionar com os nomes usados nas escolas; e a quarta permite descrever o processo de construção
de uma palhota circular. É de referir que a entrevista foi acompanhada pela observação.

3.3.2.1. Formulário

Selltiz (1965 apud Lakatos e Marconi, 2003) endossa que o formulário é o conjunto de perguntas
feitas e registadas por um entrevistador ou pesquisador numa situação face a face com outra pessoa
– o entrevistado.
29

Assim sendo, o formulário é caracterizado pelo contacto face a face entre o pesquisador
(entrevistador) e o informante (entrevistado) e pelo roteiro de perguntas que, durante a entrevista,
o entrevistador preenche. Durante a entrevista o pesquisador dava perguntas e o participante
respondia. Há medida em que o participante respondia, o entrevistador preenchia as respostas num
formulário (APÊNDICE – B).
30

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4. Apresentação e discussão dos resultados

Neste capítulo apresenta – se, primeiramente, os resultados da observação feita no campo em


relação ao tipo de casas construídas na zona e as formas das suas bases; a parte da palhota
correspondente a circunferência e ao círculo; os materiais usados na marcação e na construção de
bases de palhotas circulares e a utilidade de cada material e os passos de construção da base da
palhota circular. De seguida são apresentados os resultados da entrevista feita aos construtores de
palhotas; em terceiro lugar vem a interpretação dos resultados apresentados e por fim a discussão
de resultados.

4.1. Apresentação dos resultados da observação e da entrevista

Foi feita uma observação sistemática composta por uma série de aspectos e durante a observação
o pesquisador colocava um (X) para alguns aspectos observados. O roteiro da observação foi
totalmente preenchido pelo pesquisador, como se mostra nos anexos.

Quanto ao tipo de casas construídas na zona, foram observadas alvenarias, palhotas de bases
circulares e palhotas de bases rectangulares. A base circular da palhota é a parte da palhota
correspondente a circunferência e ao círculo.

Figura 4: Palhota de base rectangular (A), circular (B e C) e alvenaria (D).

A B C D
Fonte: Pesquisador (2022).

Os materiais usados na marcação e na construção de bases de palhotas circulares (figura 5) são:

 Mbhingu djomumbhiri – pauzinhos que rodeiam o pauzinho central (1);


31

 Mabendi – paus curvilíneos (3);


 Mbhingu yopakati – pauzinho central (2);
 Tambo – corda;
 Mbhingu yokunhola – pauzinho de marcação da base.

A construção da base da palhota circular segue os seguintes passos:

 Fixa – se o pauzinho central na terra e amarra – se uma das extremidades da corda no


pauzinho central e a outra extremidade no pauzinho de marcação da base;
 Traça – se uma linha fechada ao redor do pauzinho central;
 Na linha traçada, fixa – se alguns pauzinhos, dependendo do número de estacas necessárias
para suportar a palhota e;
 Faz – se uma abertura em cada extremidade de cada pau curvilíneo e, finalmente, coloca –
se os paus nos pauzinhos, de tal forma que por cada abertura de cada pau passe um
pauzinho, ou seja, a pau fica entre dois pauzinhos, formando – se, desse modo, a base da
palhota.

A base da palhota construída tem o seguinte formato:

Figura 5: Base duma palhota circular.

Fonte: Pesquisador (2022).


32

Importa referir que foram também observadas algumas palhotas circulares em construção (figura
6):

Figura 6: Nhumba Djochitenterere – Palhotas circulares.

Fonte: Pesquisador (2022).

A entrevista foi feita a 5 construtores locais, onde cada construtor teve a ocasião de responder e a
sua resposta anotada pelo pesquisador, visto que a maior parte dos participantes é analfabeta.
Foram colocadas quatro (4) questões e a suas respostas foram anotadas pelo pesquisador.

A seguir são apresentadas as questões e as suas respostas:

 1ª Questão: De que forma é a base das palhotas que constrói?

Relativamente a esta questão, os participantes dizem ter construído palhotas de bases circulares e
palhotas de bases rectangulares que, durante a pesquisa foram observadas pelo pesquisador.

Importa referir que os entrevistados mencionaram exactamente os tipos de palhotas (palhotas


circulares e palhotas rectangulares) que foram observados pelo pesquisador durante a recolha de
dados.

Depois da pergunta anterior, a cada entrevistado foi colocada uma segunda pergunta que permitiu,
ao pesquisador, conhecer os instrumentos usados para delimitar ou demarcar a base duma palhota
circular.

 2ª Questão: Quais são os instrumentos usados para a delimitação da base de uma palhota
circular?
33

Como resposta para esta questão, os construtores de palhotas mencionam os seguintes


instrumentos: corda ou fio (tambo), pauzinho central (mbhingu yopakati) e pauzinho de
delimitação da base (Mbhingu yokunhola).

Foi ainda colocada a terceira questão com o objectivo de conhecer os materiais usados na
construção da base duma palhota circular.

 3ª Questão: Quais são os materiais usados na construção da base circular de uma


palhota?

Os entrevistados quase afirmaram a mesma coisa: os materiais usados na construção da base duma
palhota circular são:

 Mbhingu djomumbhiri – pauzinhos que rodeiam o pauzinho central;


 Mabendi – paus curvilíneos.
 Mbhingu yopakati – pauzinho central;
 Tambo – corda;
 Mbhingu yokunhola – pauzinho de delimitação da base.

Por fim, a cada construtor foi – lhe colocada a 4ª questão a fim de conhecer, detalhadamente, os
passos da construção de uma palhota circular.

 4ª Questão: Quais são os passos da construção de base de uma palhota circular?

Foram apresentados (pelos construtores) e observados pelo pesquisador os seguintes passos:

 Fixa – se o pauzinho central na terra e amarra – se uma das extremidades da corda no


pauzinho central e a outra extremidade no pauzinho de delimitação da base;
 Traça – se uma linha fechada ao redor do pauzinho central;
 Na linha traçada, fixa – se alguns pauzinhos, dependendo do número de estacas necessárias
para suportar a palhota. A distância entre quaisquer dois pauzinhos deve ser a mesma;
 Faz – se uma abertura em cada extremidade de cada pau curvilíneo e, finalmente, coloca –
se os paus nos pauzinhos, de tal forma que por cada abertura de cada pau passe um
pauzinho, ou seja, a pau fica entre dois pauzinhos, formando – se, desse modo, a base da
palhota.
34

Foi assim que cada construtor de palhotas respondeu as quatro (4) questões da entrevista. Depois
da 4ª questão foi encerrada a entrevista. A observação decorreu antes e durante a entrevista, por
isso o tipo de casas construídas no Bairro Mussocossa, os materiais e instrumentos usados bem
como os passos da construção de palhotas constam na observação e na entrevista.

4.2.Discussão dos resultados

Esta pesquisa apresenta resultados semelhantes aos de Macie que, no seu estudo didáctico –
exploratório da matemática envolvida na construção de palhotas em Xai-Xai descreve o seguinte:

A demarcação da palhota envolve os traçados de circunferência e de polígono, que servem


de base para a construção da palhota de formato circular e rectangular, respectivamente. O
procedimento da demarcação da palhota circular remete ao conceito matemático de
circunferência, que é a trajectória descrita pelo pauzinho e ao conceito de círculo, que
constitui a circunferência e todo o seu interior. (MACIE, s.d).

Com base nos resultados da presente pesquisa pode ser proposta uma abordagem escolar do tema
circunferência e círculo na 7ª classe, incorporando aspectos inerentes a construção de bases de
palhotas circulares da seguinte maneira: o pauzinho de delimitação da base (localmente chamado
Mbhingu yokunhola) pode ser comparado com o lápis, pois ambos tem a mesma função: a de
demarcar a base da palhota e da circunferência, respectivamente. Por sua vez, para além de
desempenhar a função de centro da palhota, o pauzinho central quando se une com a corda (que
figura como raio da circunferência) assemelha – se com a ponta do compasso. Fica concretizada,
portanto, a afirmação de Zavala e Issufo (2004): o raio possui como extremidades o centro da
circunferência e um ponto qualquer da circunferência. Isso acontece com a corda usada na
delimitação da base circular da palhota, ela une o pauzinho central e o pauzinho que delimita a
base ou outros pauzinhos que rodeiam o pauzinho central. Essa corda corresponde a distância entre
o pauzinho central e qualquer dos pauzinhos em volta do central.

Importa referir que cada pau curvilíneo usado na construção da base circular da palhota representa
o arco da circunferência. Os pauzinhos que ficam ao redor do pauzinho central são equidistantes
em relação a ele. Portanto, assim como na base da palhota o pauzinho central é o centro, na
abordagem escolar, o pauzinho central pode ser usado como centro da circunferência e os outros
pauzinhos equidistantes a ele são os pontos da circunferência.

Logo:
35

 A base circular da palhota corresponde a circunferência;


 A base circular da palhota e o seu interior correspondem ao círculo.

Isso mostra evidentemente que as revelações acerca do processo de construção de palhotas trazem
um precioso contributo no estudo da circunferência e do círculo.

Ficam, desse modo válidas as hipóteses e alcançados os objectivos da pesquisa, isto é, existe uma
correspondência entre as ferramentas ou instrumentos usados na delimitação da base circular de
uma palhota e os usados na construção de uma circunferência; os materiais usados na construção
de bases circulares de palhotas podem ser idênticos aos elementos da circunferência; os
procedimentos usados na construção de bases circulares de palhotas podem ser aproveitados para
facilitar a compreensão de construção de uma circunferência e foram identificados os materiais
usados na construção de bases de palhotas circulares; também foi descrito o processo de construção
de bases de palhotas com destaque para aspectos matemáticos, casos de circunferência e círculo;
proposta a abordagem escolar do tema circunferência e círculo na 7ª classe, incorporando aspectos
inerentes a construção de bases circulares de palhotas.

Fica, desse modo, relacionado o processo de construção de bases de palhotas circulares e os


procedimentos de abordagem escolar de circunferência e do círculo, de tal forma que haja a
melhoria do processo de ensino e aprendizagem.
36

5. CAPITULO V: CONCLUSÕES, SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES


5.1. Conclusões

Feito o trabalho foi possível verificar que existe uma correspondência entre as ferramentas ou
instrumentos usados na delimitação da base de uma palhota circular e os usados na construção de
uma circunferência, dado que alguns como o pauzinho central junto da corda e o pauzinho de
delimitação da base revelam – se na abordagem escolar como sendo compasso e lápis,
respectivamente. Os materiais usados na construção de bases de palhotas circulares podem ser
idênticos aos elementos da circunferência; os procedimentos usados na construção de bases de
palhotas circulares podem ser aproveitados para facilitar a compreensão de construção de uma
circunferência, ou seja, podem ser usados como passos da construção de uma circunferência.
Propondo essas ideias na abordagem escolar da circunferência e do círculo pode – se esperar por
bons resultados devido essa forte relação entre a circunferência e a base da palhota circular.

5.2.Sugestões

Relativamente aos resultados da pesquisa sugere-se aos livros de ensino em todas classes onde
ocorre o estudo da circunferência e do círculo a inclusão desse conhecimento local (construção de
palhotas) assim como outros conhecimentos tradicionais relacionados com a circunferência e com
o círculo que possam melhorar o processo de ensino e aprendizagem.

5.3.Recomendações

Visto que existe uma forte relação entre a construção da base de palhotas e o estudo da
circunferência e do círculo, recomenda-se que esse conhecimento local seja usado nas escolas
pertencentes a todas as comunidades onde esse conhecimento ocorre, pois seria eficaz usar como
base o conhecimento de construção de palhotas de bases circulares para ensinar a circunferência e
o círculo ao aluno que se encontra num ambiente onde são construídas as palhotas de bases
circulares. Isso seria melhor porque, estando nessa comunidade, o aluno pode possuir tal
conhecimento. Para esse aluno, seria muito importante falar de palhotas e isso poderia facilitar o
processo de ensino da circunferência e do círculo. Como a palhota em estudo é de base circular,
com parte intermediária cilíndrica e com o tecto cónico, recomenda – se ainda que seja usado esse
conhecimento no estudo do cilindro e do cone.
37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BASÍLIO, G. Os saberes Locais e o Novo Currículo do Ensino Básico. São Paulo, 2006.
p. 36 - 37.
2. BOCK, Ana; FURTADO, Odair e TEIXEIRA, Maria. Psicologia: Uma Introdução ao
Estudo da Psicologia. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 38-47.
3. CONSTRUÇÃO. § 1. O que é Etnomatemática: A Construção do Conceito
Etnomatemática. [s.d.] Disponível em:
https://www.google.com/url?q=http://www.ufrrj.br/leptrans/arquivos/etno.pdf&sa=U&ve
d=2ahUKEwjKw43T_Zb4AhWJ7rsIHcNMCeEQFnoECAEQAg&usg=AOvVaw37Jnq2
kA0sIvZpg4TgOLUE. Acesso em: 27 Out. 2021.
4. D’AMBROSIO, Ubiratan. Matemática. Ensino e Educação: Uma Proposta Global. Temas
& Debates: SBEM, São Paulo, ano IV. n.3, 1991. P. 1-15.
5. ------. Ethnomatematics and its place in the History of Pedagogy of Mathematics - For the
Learning of Mahthematics, 1985.
6. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. 25ª
ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. p. 15.
7. Gerdes, P. Sobre o Conceito de Etnomatemática: Estudos em Etnomatemática. ISP
(Maputo): KMU, 1989.
8. GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
9. LAKATOS, E. M; MARCONI, M. A. Fundamento de Metodologia Científica. 5ª ed. São
Paulo: Atlas. 2003. p. 126 – 223.
10. LARAIA, Roque de Barros. Cultura: Um Conceito Antropológico. 19ª ed. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2006. p. 25.
11. MACIE, Eduardo Generoso Tiago. Estudo Didáctico – Exploratório da Matemática
Envolvida na Construção de Palhotas em Xai-Xai. [s.d.]. Disponível em:
https://www.google.com/url?q=http://www.revista.up.ac.mz/index.php/UDZIWI/sarticle/
download/240/242&sa=U&ved=2ahUKEwiZ_JOi8Jb4AhWMRMAKHXt6BgsQFnoEC
AkQAg&usg=AOvVaw264uPrf94t2kNzBdQ-Fm7w. Acesso em: 22 Feb. 2022.
12. MARTINS, Maria Eugénia Graça. N.º 29 – O que é uma Sondagem? Como é Transmitido
o Resultado de uma Sondagem? O que é um Intervalo de Confiança?. [s.d]. p. 1.
38

13. MOREIRA, Marco António; MASINI, Elcie F. Salzano. Aprendizagem Significativa: A


Teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982. p. 7.
14. MOREIRA, M. A.; OSTERMANN, F. Teorias construtivistas. Porto Alegre: UFRGS,
1999. p. 45.
15. NAGAE, Cátia Yumi. Amostragem Intencional. São Paulo, 2007.
16. OSTERMANN, Fernanda; CAVALCANTI, Cláudio José de Holanda. Teorias de
Aprendizagem. Porto Alegre: Evangraf, UFRGS, 2011.
17. PESCO, Dirce Uesu; ARNAUT, Roberto Geraldo Tavares. Geometria Básica. v.1. 2.ed.
Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010. p. 73.
18. PIAGET, Jean. A Equilibração das Estruturas Cognitivas. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
19. PILETTI, C. Didáctica Geral. 23ª ed. Belém: Afiliada, 1991, p. 26.
20. PRODANOV, C. C; FREITAS, E. C. Metodologia do Trabalho Científico: Métodos e
Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. 2ª ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013.
p. 14-70.
21. SANTOS, Adriana Barbosa. Formas de Amostragem. Disponível em:
https://www.google.com/url?q=https://www.ibilce.unesp.br/Home/Departamentos/Cienc
CompEstatistica/Adriana/formas-de-
amostragem.pdf&sa=U&ved=2ahUKEwj55NvV9Jb4AhWZSkEAHXIgBScQFnoECAg
QAg&usg=AOvVaw2WoF_ZVxBvJkdWrWcyGYnY. [s.d]. Acesso em: 24 Mai. 2022.
22. SARMENTO, Carlos Victor da Silva et al. A Vivência Da Matemática No Contexto
Escolar E Social: Estudo De Caso No Distrito De Curral Novo. Dez. 2017. Disponível em:
https://www.google.com/url?q=https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/a_vi
vencia_da_matematica_no_contexto_escolar_e_social.pdf&sa=U&ved=2ahUKEwiuo_vt
gZf4AhUQacAKHZYhAZkQFnoECAkQAg&usg=AOvVaw12MNKWTH8hG6CaYW9
ROStx. Acesso em: 22 Feb. 2022.
23. SOARES, Daniel Bernardo: The Incorporation of the Geometry Involved in the Traditional
House Building in Mathematics Education in Mozambique: The Cases of Zambézia and
Sofala Provinces. Maputo, 2009.
24. TÉCNICAS. Unidade 2: Técnicas de Amostragem. [s.d]. p. 51. Disponível em:
https://www.google.com/url?q=https://cesad.ufs.br/ORBI/public/uploadCatalogo/145753
16022012Estatistica_Aplicada_a_Administracao_Aula_2.pdf&sa=U&ved=2ahUKEwjjp
39

bHFJb4AhWEOuwKHS7UCbIQFnoECAgQAg&usg=AOvVaw2E3sNyoUKvUe3D5bN
vNrFj2. Acesso em: 24 Mai. 2022.
25. VENQUIARUTO, L. D; DALLAGO, R. M; DEL PINO, J. C. Saberes Populares Fazendo-
se Saberes Escolares: Um Estudo Envolvendo o Pão, o Vinho e a Cachaça. Curitiba:
Appris, 2014.
26. ZAVALA, Cardoso Armando Mahachane; ISSUFO, Dáuto Sulemane. A Maravilha dos
Números: Matemática – 7ª Classe. 1ª ed. Maputo: Texto Editores, 2004.
40

APÊNDICES
41

APÊNDICE A – Guião de observação usado como instrumento de recolha de dados no local


de estudo

República de Moçambique
Governo da Província de Manica
Universidade Púnguè
Curso: Licenciatura em Ensino de Matemática com Habilitações em Estatística

Guião de Observação

Aspectos observados nas palhotas já construídas Observação

O tipo de casas construídas na zona e as Alvenarias


formas das suas bases
Palhotas de bases
circulares

Palhotas de bases
rectangulares

A parte da palhota correspondente a Base


circunferência e ao círculo
Parte intermediária

Telhado

Aspectos observados nas palhotas em construção Utilidade/Procedimento

Os materiais usados na delimitação e na


construção de bases de palhotas
circulares e a utilidade de cada material
42

Os passos de construção da base da


palhota circular
43
44

APÊNDICE B – Guião de entrevista dirigido aos construtores de palhotas do bairro Mussocossa


– Chipudje

UNIVERSIDADE PÚNGUÈ – MANICA

CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE MATEMÁTICA COM HABILITAÇÕES EM


ESTATÍSTICA

Guião de entrevista dirigido aos construtores de palhotas do bairro Mussocossa – Chipudje

Caro senhor construtor de palhotas do bairro Mussocossa - Chipudje:

O Presente guião faz parte de um trabalho de conclusão do curso de Licenciatura em Ensino de


Matemática, contendo quatro (4) questões de natureza aberta e de interesse local. O Senhor não
será identificado.

Essa pesquisa tem como objetivo adquirir conhecimento sobre a construção de palhotas circulares,
procurando relacionar tal conhecimento com o estudo da circunferência e círculo, ensinados nas
escolas, nas aulas de Matemática, visando a formação de uma geração ciente. Pede-se a sua
colaboração e disponibilidade nas respostas face às questões que serão de grande valor para o
estudo.

Leia com atenção e responda com clareza e sinceridade às questões que se seguem.

1. De que forma é a base das palhotas que constrói?


45

2. Quais são os instrumentos usados para a delimitação da base de uma palhota circular?

3. Quais são os materiais usados na construção de bases de palhotas circulares?

4. Quais são os passos da construção de base de uma palhota circular?


46

ANEXOS
47

Anexo A: Guião de observação


48
49
50

ANEXO B: Entrevista dirigida aos construtores de palhotas

Você também pode gostar