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Dessa forma, significa dizer que pesquisa, contrariamente à ideia que alguns
professores de Geografia em formação inicial têm, não é apenas o domínio de métodos ou de
vivências cotidianas em laboratórios sofisticados nas universidades. Os laboratórios é um dos
ambientes que o professor pesquisador desenvolve suas pesquisas junto com seus
colaboradores, independente da área. Logo, a pesquisa de que trata este trabalho, antes de
tudo, constitui a emancipação do professor de Geografia em formação inicial para com o
diálogo com a realidade, criatividade, criticidade e autonomia sobre o que fazer perante os
desafios. Talvez por meio disso o professor de Geografia em formação inicial consiga
retroalimentar e buscar outras ferramentas que melhorem o processo de ensino-aprendizagem
do aluno.
É interessante destacar a importância da pesquisa na Ciência Geográfica, pois a partir
da sua contribuição o futuro professor de Geografia poderão entender a pesquisa para
formação inicial de professores e para o ensino de Geografia. Neste sentido, a pesquisa na
Ciência Geográfica é essencial para o processo de construção do conhecimento geográfico,
assim como para a consolidação de elementos teóricos e práticos, possibilitando (re)conhecer
os diferentes tipos de métodos e de técnicas na Ciência Geográfica, visando uma leitura crítica
para a realidade.
Dito isso, a vivência da pesquisa na graduação pode ser compreendida como uma
maneira de ajudar o futuro professor de Geografia entender o que faz e descobrir novas
formas de fazer na sala de aula. Para Sales (2004, p. 36), “[...] a pesquisa não é um mero
procedimento de solução de problemas, mas uma possibilidade para uma prática propositiva
do professor”. Isso quer dizer que a pesquisa deve ser vista durante a formação inicial do
professor de Geografia como uma possibilidade de buscar outras maneiras de ensinar a
Geografia, de intervir na educação, de mudar a realidade, de provocar atitudes de
emancipação, de criticidade, de questionamento nos alunos em sala de aula. Portanto, carregar
a pesquisa não para resolver todos os problemas, mas para fazer a diferença no ambiente
escolar. Conforme Pesce (2012, p. 116):
Neste pressuposto, a pesquisa aqui pode ser compreendida como uma maneira de
ajudar os futuros professores de Geografia a entender o que fazem, por que fazem e se são
capazes de descobrir novas possibilidades de fazer perante suas necessidades. Além disso,
ajudar a terem autonomia para decidir com mais fundamento o melhor caminho para seguir.
Pode-se dizer que autonomia, nesse sentido, propõe-se na formação crítica e cidadã do sujeito
para com a realidade na sociedade brasileira.
Roza (2005) esclarece que o conceito de pesquisa é complexo, ou seja, quando se
refere à pesquisa científica, o termo focaliza a produção criativa de conhecimento, já pesquisa
enquanto eixo educativo, ele compreende a capacidade de questionar a realidade, de aplicar o
conhecimento e de intervir na prática. Com isso, a pesquisa não deve se restringir e ser
limitada a momentos e níveis de ensino específicos, mas se constituir enquanto atitude básica
e cotidiana de questionamento crítico e autocrítico perante a realidade. Portanto, a pesquisa na
graduação é um momento crucial para isso. Como o momento inicial de aprofundamento na
pesquisa. Para Sales (2004, p. 36):
que, juntos aos alunos na escola, serão capazes de realizar a leitura do mundo com uma
postura crítica e saberão intervir no momento certo para cada circunstância com base na
capacidade questionadora.
Para Faoro (2000), a pesquisa tem a capacidade de despertar a construção de
conhecimento e adquire relevância particular na formação inicial de professores. Além disso,
o ensino, no que lhe concerne, precisa instituir-se numa iniciação à pesquisa e uma
consequência desta, provocando a reflexão, no qual professores e alunos trabalhem juntos,
fortalecendo a atitude científica, concebendo a escola enquanto formação de sujeitos críticos e
cidadãos e não de uma simples instrução.
Nesse sentido, o contato com a pesquisa durante a formação inicial de professores de
Geografia é princípio de conhecer, desvendar sobre um determinado objeto de estudo.
Também possibilita abrir caminhos para entender de maneira significativa o processo
educativo, pois os futuros professores de Geografia, quando vivenciam a pesquisa, “brincam”
de pesquisar e ao mesmo tempo passam a enxergar uma Geografia comprometida na
formação da cidadania e da emancipação do sujeito no diálogo, capaz de questionar, criticar e
investigar sobre a realidade.
Quando se fala sobre a vivência da pesquisa durante a formação inicial de professores
de Geografia enquanto ato de “brincar” é importante deixar claro que não se trata de
brincadeiras infantis no processo de ensino e aprendizagem na educação infantil, e sim como
uma maneira de vivenciar os diversos elementos importantes e constitutivos da pesquisa para
a formação inicial do professor/geógrafo de forma rica e dinâmica, bem como as
contribuições para o campo de atuação profissional, assim como uma maneira de debruçar das
diversas formas da relação entre ensino e pesquisa para esta formação.
Diante disso, a pesquisa se revela na curiosidade, nas dúvidas e incertezas sobre um
objeto de estudo. Essa curiosidade é instigada muitas vezes pela percepção acerca das
vivências e das bagagens construídas durante a formação inicial. Conforme Prodanov e
Freitas (2013, p. 43), “Pesquisar significa, de forma bem simples, procurar respostas para
indagações propostas. Pode-se dizer que, basicamente, pesquisar é buscar conhecimento”.
Quando os professores de Geografia em formação inicial vivenciam a pesquisa, logo
serão capazes de buscar e procurar respostas de suas incertezas, com o objetivo de
compreender as conclusões/soluções prontas sugeridas para o campo da Geografia. Desse
modo, pesquisar na graduação é construir o conhecimento crítico e realizar infinitas
indagações. Nesta perspectiva, os autores Silva et al. (2016) salientam que o ato de pesquisar
parte de:
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Carvalho (1993), conceituar pesquisa é uma tarefa difícil, pois muitas vezes as pessoas
aplicam o termo indevidamente, justamente por desconhecê-la.
Partindo do pressuposto de que a pesquisa também é uma articulação entre a formação
inicial e a área de formação perante a realidade escolar em que vão atuar, é por meio da
vivência da pesquisa nos diversos componentes curriculares do curso de Licenciatura em
Geografia que os professores em formação inicial podem aproximar esta relação
humanamente e não apenas como métodos científicos. Nesse sentido, a pesquisa tratada é
também uma atividade humana, em que o principal objetivo é descobrir as respostas das
interrogações que surgem no cotidiano da formação inicial e, posteriormente, na escola
através da utilização do método científico. Para Silva (2015, p. 47):
Silva e Spinelli (2007) socializaram algumas reflexões que norteiam a questão ensinar
a pesquisar no curso de Geografia da Universidade de Passo Fundo – UPF (Licenciatura e
Bacharelado), tendo como recorte as disciplinas de Metodologia da Pesquisa, Seminários de
Pesquisa em Geografia I, II e III e Trabalho de Conclusão de Curso, sobre as dificuldades que
os estudantes têm com relação ao ensinar a pesquisar, salientando que:
Em conformidade, pesquisa quer dizer entender a realidade do mundo, por meio das
respostas que o professor de Geografia em formação inicial constrói e busca sobre esse
mesmo mundo. Através da pesquisa, o sujeito conhece a si, o outro e o objeto. A ação de
pesquisar é um ato de construção de conhecimento, logo, é parte intrínseca do processo de
educação. Portanto, pesquisar pressupõe em aceitar e respeitar o outro, além de aceitar a si
mesmo.
Dessa maneira, a pesquisa é o ato pelo qual o pesquisador procura obter conhecimento
sobre alguma coisa (GATTI, 2002). Mediante isso, o contato, a vivência com a pesquisa deve
possibilitar o professor de Geografia em formação inicial compreender o mundo, buscar
respostas para entender o contexto de realidade sobre esse mesmo mundo. Para Gerhardt e
Silveira (2009, p. 12), “Pesquisar, portanto, é buscar ou procurar resposta para alguma coisa”.
No entanto, pesquisar é princípio fundamental de aprendizagem, proporciona novas
descobertas sobre um objeto e, posteriormente, o professor de Geografia assume a postura de
pesquisador. Conforme Luz et al. (2018, p. 4), “A pesquisa é mister para as atividades do
docente, pois o educador que assume a postura de pesquisador compromete-se com a
elaboração própria, com questionamento, com a crítica e com a descoberta”.
Desse modo, pesquisa é o ato pelo qual o professor de Geografia em formação inicial
procura obter respostas sobre suas interrogações. Através da pesquisa, este/esta assume uma
postura investigativa, envolve-se com a elaboração própria do conhecimento, com autonomia,
com questionamento, com a crítica e com a descoberta. Corroborando com essa ideia,
Coltrinari (2006, p. 115) diz que “Pesquisa é a procura, ou indagação cuidadosa e sistemática,
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parte dessas interrogações. Se pergunto algo é porque não estou satisfeito com as respostas
que o mundo dá. Então, é necessário pesquisar para responder as questões relacionadas a esse
mesmo mundo.
Nessa perspectiva, pesquisar é uma forma de educar a mente, pois, por meio da
pesquisa, constrói-se e organiza as ideias e desenvolve habilidades. Ainda possibilita ser um
professor de Geografia criativo, autônomo e um pesquisador, em especial com a realidade,
fazendo de sua área de atuação um objeto de investigação.
A vivência da pesquisa na formação inicial de professores de Geografia deve estimular
a criticidade, pois iniciar uma pesquisa ajuda a disciplinar o futuro professor pesquisador de
Geografia. Além disso, deve possibilitar uma formação de professores sujeitos criativos e
propositivos capazes de usar e trabalhar os conceitos e as temáticas da Geografia, bem como
implica no amadurecimento das ideias e na maior responsabilidade no cenário educacional.
É importante destacar que a pesquisa não deve ser compreendida como um trabalho
enfadonho ou apenas levantamento bibliográfico, reunir várias informações, sem que estas
sejam questionadas, problematizadas, sem diferenciar a coleta de dados, sem distinguir e
relacionar as informações levantadas, “[...] mas como uma atividade básica no processo de
apropriação dos conhecimentos escolares, pois, por meio dela, busca-se oferecer o acesso ao
conhecimento historicamente acumulado” (ABREU; ALMEIDA, 2008, p. 80-81). No entanto,
mais uma vez é necessário reforçar a ideia da pesquisa enquanto um processo contínuo de
construção de conhecimento, de perguntas e respostas construtivas. Não se trata de pensar a
pesquisa apenas como um levantamento bibliográfico, mas enquanto conhecimento histórico
acumulado, podendo provocar atitude crítica no sujeito.
Nesse sentido, para desenvolver uma pesquisa na graduação e, especificamente,
durante a formação inicial de professores de Geografia, é necessário que se tenha em mente o
uso de passos para a construção de uma pesquisa. É também fundamental destacar que não
existe uma maneira única de realizar pesquisa, uma vez que o professor de Geografia em
formação inicial necessita ter claro um modelo conceitual para o desenvolvimento do
pensamento científico, para, no futuro, desenvolver a pesquisa de acordo com sua própria
necessidade.
O contato inicial com a pesquisa pode acontecer de várias formas no cotidiano
acadêmico do professor de Geografia em formação inicial, a exemplo da inserção da
pesquisa nos componentes curriculares, nos grupos de pesquisa, no Programa Institucional
de Monitoria, no Programa Institucional de Bolsas, de Iniciação à Docência (PIBID), no
Programa de Residência Pedagógica, no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
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Dessa forma, para iniciar uma pesquisa é preciso organizar as ideias, ter um
planejamento. Na formação inicial de professores de Geografia, são comuns algumas dúvidas
e inquietações, principalmente os que vivenciaram a pesquisa de maneira rápida. Com isso, é
necessário um desenho da pesquisa e conhecer bem: pesquisar para quê, o que é pesquisa, o
papel da pesquisa na formação inicial de professores de Geografia, bem como as normas que
a regem, entre outros elementos. Quando não tem isso claro, sem planejamento, “[...] significa
alcançar-se à improvisação, tornando o trabalho confuso, dando insegurança ao mesmo,
reduplicando esforços inutilmente e que agir desta maneira é motivo de muita pesquisa
inacabada, um lastimoso esbanjamento de tempo e recursos” (PADILHA; CARVALHO,
1993, p. 288).
Face ao exposto, a vivência da pesquisa na formação inicial de professores de
Geografia, seja para a construção do conhecimento na contemporaneidade, para a formação
humana ou para o ensino de Geografia, é também encontrar respostas às indagações, é
avançar de um conhecimento pronto e acabado à procura do ser mais. A pesquisa move o
pensamento, gera atitude, compreensão, no entanto, move a vida do sujeito. Assim, ressaltam
os autores Silva et al. (2016, p. 6):