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Direito Civil I - APS 02

ALUNO: MATHEUS BRANDOLI

Em março de 2022, Maria Júlia, com 16 anos de idade, foi atingida por uma
bala perdida e por isso precisou ser hospitalizada com urgência. O socorro médico
demorou cerca de 30 minutos para chegar até o local, e por isso a menina acabou
perdendo
rdendo muito sangue. Ao chegar n
noo hospital Maria foi internada imediatamente.
ime
Os pais chegaram logo em seguida e alertaram a equipe médica que a filha não
poderia receber transfusão de sangue por conta de sua religião. Todavia, tendo em
vista a gravidade do quadro clínico a transfusão foi realizada, uma vez que tal
procedimento não necessita de autorização prévia. Maria Julia sobreviveu e após ter
alta os pais ingressaram com ação contra o hospital pleiteando indenização por
danos morais.
Diante do caso apresentado, com base n
nos
os direitos de personalidade e na
jurisprudência, é possível a recusa da transfusão de sangue nos casos em que não
há outra alternativa?

RESPOSTA

O Código Civil, em seu artigo 15 disserta de maneira proibitiva sobre o tema


supracitado, deixando evidente que deve ser assegurado o direito a recusa à
transfusão de sangue.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se,
submeter com
risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção
cirúrgica.

Porém, a Constituição Federal, em seu artigo 5°, tutela sobre direitos, como o
direito à vida, à liberdade, à igualdade, entre outros, sendo o “direito à vida” o
primeiro e mais importante, tendo os outros direitos que “respeitar” a importância
dele, pois
is todos os outros dependem dele.
Para
ara entender a importância, Luiz Edson Fachin retrata o direito à vida da
seguinte forma "condição essencial de possibilidade dos outros direitos
direitos”.
Uma das teses que possivelmente seria apontada em um processo sobr
sobre o
caso proposto por esta APS, seria a garantia do direito à liberdade, que neste caso
não estaria sendo assegurado devido ao médico realizar a transfusão mesmo após a
recusa, entretanto, como já ressaltado a cima o direito à vida irá prevalecer, neste
caso,
so, deixando os pais de submeter a filha ao tratamento adequado para lhe garantir
a vida, ambos estariam indo contra o artigo 13 que em síntese trata que ninguém
pode atentar contra a própria vida
vida.
Para que fosse possível a recusa teríamos que se atentar à hipótese de que
havia outra forma de garantir a vida à paciente sem que fosse feito o transplante, o
que na atual situação não ocorre, então a vontade do paciente não pode prevalecer
se o transplante de sangue tiver por objetivo salvar a vida do paciente e for a única
forma de se obter sucesso em tal feito.

JURISPRUDÊNCIA

Direito Constitucional. Direito à vida x direito à liberdade religiosa. Testemunha de Jeová.


Transfusão de sangue. Apelação desprovida. 1. A Constituição Federal em seu texto
abarca dois direitos absolutamente sagrados: o direito à vida e o direito à liberdade de
consciência e de crença religiosa. No caso desses dois conflitos, utiliza
utiliza-se a técnica de
ponderação. 2. A liberdade de crença apenas garante a manifestação da religião em to
todas
as suas formas se não ofendidos outros valores. 3. No caso vertente, a primeira apelante
professa a fé das Testemunhas de Jeová, recusando
recusando-se,
se, expressamente, a se submeter a
qualquer espécie de transfusão de sangue, procedimento imprescindível à manute
manutenção da
sua vida. 4. Em casos de emergência, deverá ocorrer a intervenção médica, sendo certo
que o direito à vida antecede o direito à liberdade, inclusive, religiosa. 5. Apelação a que
se nega provimento.

(TJ-RJ - APL: XXXXX20138190021, Relator: Des(a). HORÁCIO DOS SANTOS RIBEIRO


NETO, Data de Julgamento: 15/02/2022, DÉCIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 11/04/2022)

REFERÊNCIA

https://www.migalhas.com.br/depeso/122087/a
https://www.migalhas.com.br/depeso/122087/a-transfusao-de-sangue
sangue-pode-ser-realizada-
contra-a-vontade-do-paciente-ou
ou-de-seus-representantes-legais

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