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1.

Cite os
músculos superficiais do assoalho pélvico (perineais),
bem como suas diferenças no sexo masculino e
feminino. Descreva a inspeção e a palpação destes
músculos.

O grupo de músculos superficiais do assoalho pélvico é composto por:


bulboesponjoso, isquiocavernoso, transverso superficial e profundo do períneo, esfíncter
externo do ânus e esfíncter externo da uretra (MATIELLO et al., 2021).
Descritas abaixo encontram-se as diferenças (quando presentes) dos músculos citados, entre o
sexo masculino e feminino:

Bulboesponjoso: No sexo masculino, este músculo atua com o objetivo de constringir


a uretra e fazer a ereção do pênis. Outrossim, no sexo feminino ele atua para realizar a ereção
do clitóris. Em ambos os casos a origem do músculo encontra-se no tendão central do períneo,
embora no sexo masculino também exista uma porção na rafe mediana do pênis (MATIELLO
et al., 2021).

Isquiocavernoso: No sexo masculino a função deste músculo é comprimir a base do


pênis, enquanto no sexo feminino o mesmo atua para comprimir a base do clitóris
(MATIELLO et al., 2021).

Transverso superficial do períneo: Fixa o tendão central em ambos os sexos


(MATIELLO et al., 2021).

Músculos transversos profundos do períneo: Considerando que no sexo feminino


algumas fibras deste músculo também se inserem na parede vaginal, evidencia-se seu papel
também na sustentação geral do diafragma urogenital (MORENO, 2009).
Esfíncter externo do ânus: Em ambos os sexos a sua função é manter o orifício do
canal anal fechado (MATIELLO et al., 2021).

Esfíncter externo da uretra: Enquanto no sexo masculino as fibras deste músculo


circundam a área externa da uretra, no sexo feminino as fibras da metade inferior se fundem
tanto com a parede anterior quanto com a lateral da vagina, formando assim o esfíncter
uretrovaginal (MORENO, 2009).

No que diz respeito à inspeção, esta deve iniciar-se com o paciente em posição supina,
mantendo joelhos e quadris flexionados, além de abdução dos quadris. De outra maneira,
pode-se realizar a inspeção com o paciente em decúbito lateral. Além de observar
externamente a região pélvica, o fisioterapeuta deve solicitar a realização de manobras que
causem aumento da pressão intra-abdominal, como a tosse ou a manobra de Valsalva, no
intuito de verificar como os músculos do assoalho pélvico se comportam nessas condições
(MORENO, 2009).
Após a inspeção, deve-se proceder com a palpação dos músculos do assoalho pélvico.
Nesse sentido, a paciente deve manter a posição ginecológica para a palpação via canal
vaginal ou o decúbito lateral no caso do sexo masculino para a palpação pela via anal, embora
nos casos em que exista a necessidade de adaptações do exame pode-se realizar a palpação
pela via anal no sexo feminino, como é no caso de mulheres virgens. Ademais, deve-se
introduzir os dedos indicador e médio até o terço médio da vagina (em torno de 3 a 4 cm),
com a polpa dos dedos voltada para baixo e o antebraço pronado; enquanto pela via anal a
palpação deve ser unidigital. Na realização do exame deve-se utilizar luvas de procedimento e
lubrificante a à base de água, no intuito de diminuir o desconforto do paciente (MORENO,
2009).
A palpação visa identificar sensibilidade, cicatrizes, pontos dolorosos, trofismo,
simetria, além de verificar o grau de força muscular com base em escalas específicas,
mantendo-se os dedos introduzidos em forma de gancho ou tesoura para testar a força destes
músculos (BARACHO, 2012).
2. Cite os músculos profundos do assoalho pélvico (diafragma pélvico), bem como suas
diferenças no sexo masculino e feminino. Descreva a inspeção e a palpação destes
músculos.
O diafragma pélvico é composto pelos músculos levantador do ânus (junção dos
fascículos pubovisceral, puborretal e iliococcígeo) e coccígeo.

Levantador do ânus: Sua ação é a de elevar o ânus e apoiar as vísceras pélvicas em


ambos os sexos (MATIELLO et al., 2021).

Coccígeo: Eleva e apoia o assoalho pélvico em ambos os sexos (MATIELLO et al.,


2021).

No que diz respeito à inspeção e palpação destes músculos, além de observar e


examinar externamente a região anal em busca de possíveis lesões ou anormalidades, deve-se
utilizar luvas de procedimento e inserir o dedo indicador devidamente lubrificado cerca de 3 a
4 cm na via anal. Nesse sentido, deve-se avaliar a presença e a qualidade da contração dos
músculos, bem como a presença de sensibilidade e o trofismo muscular. É importante
salientar que a palpação da via anal deve ser feita após a do canal vaginal para evitar a
contaminação (MORENO, 2009).

3. Como pode ser testada a sensibilidade tátil externa de região vulvoperineal?


Deve-se tocar bilateralmente a face interna das coxas, das pregas glúteas, e da região
lateral dos grandes lábios, pênis e testículos. O toque deve ser feito de maneira suave,
utilizando a ponta dos dedos (PALMA, 2009).

4. Cite e descreva os testes neurológicos do arco reflexo do nervo pudendo, utilizados na


avaliação fisioterapêutica pélvica.
Os testes neurológicos do arco reflexo do nervo pudendo são o anocutâneo,
bulbocavernoso e de tosse (PALMA, 2009). Desse modo, para que se teste o reflexo
anocutâneo estimula-se a região perianal com uma espátula de procedimento, visando
observar uma contração reflexa do esfíncter anal externo. Outrossim, no reflexo
bulbocavernoso, no caso das mulheres, estimula-se a região do clitóris e verifica-se uma
elevação sutil deste (MORENO, 2009). Quanto ao reflexo de tosse, espera-se que ocorra uma
contração reflexa dos músculos do assoalho pélvico, de modo que estes se movimentem para
dentro e no sentido cranial durante a tosse e na realização da manobra de Valsalva
(MATIELLO et al., 2021). Ademais, realiza-se também o teste do reflexo cremastérico, este
presente apenas nos homens, em que ao estimular a região medial das coxas espera-se que
haja uma elevação do testículo ipsilateral ao estímulo (PALMA, 2009).

5. Descreva a neurofisiologia da micção no que diz respeito ao sistema nervoso autônomo


simpático, parassimpático e somático.
Inicialmente, é imprescindível salientar que o ato da micção compreende duas fases,
sendo elas a fase de enchimento vesical e a de esvaziamento, em que evidenciam-se as
funções antagônicas da bexiga e da uretra. O controle voluntário do ato miccional, por sua
vez, é garantido pela complexa coordenação de eventos neurológicos entre os sistemas
nervoso central e periférico, sendo que a interação destes com o trato urinário inferior ocorre
por meio de níveis de controle miccionais, circuitos neurológicos e reflexos da micção
(MORENO, 2009).
No que diz respeito ao sistema nervoso autônomo (SNA) simpático, este origina-se
entre os segmentos T10 e T12 da medula espinal, sendo representado principalmente pelo
nervo hipogástrico. Possui curtas fibras pré-sinápticas contendo acetilcolina e fibras
pós-sinápticas contendo noradrenalina. Nesse sentido, o SNA simpático pode atuar nos
receptores alfa, que predominam na uretra e quando estimulados provocam a contração do seu
esfíncter externo, bem como podem atuar nos receptores beta, predominantes da bexiga e
quase ausentes na uretra, que quando estimulados atuam no relaxamento do músculo detrusor.
Sendo assim, evidencia-se o papel do SNA simpático principalmente na fase de
armazenamento urinário (MORENO, 2009).
De outra forma, o SNA parassimpático tem sua origem na área da medula sacral,
especificamente entre os segmentos S2 a S4, sendo representado principalmente pelo nervo
pélvico, que também possui fibras simpáticas. Suas fibras pré-ganglionares são longas e
terminam em gânglios presentes na parede vesical, possuindo como neurotransmissor a
acetilcolina, que atua principalmente nos receptores nicotínicos localizados na sinapse
pré-ganglionar e nos receptores muscarínicos encontrados na parede vesical. Dessa forma,
evidencia-se a atuação do SNA parassimpático na fase de esvaziamento vesical, visto que a
acetilcolina promove a contração do músculo detrusor e o relaxamento do esfíncter externo
uretral (MORENO, 2009).
Por fim, o sistema nervoso somático originado no núcleo somatomotor presente na
medula sacral, e é representado pelo nervo pudendo, sendo este responsável por inervar a
musculatura do diafragma pélvico e do esfíncter externo da uretra, enviando também algumas
fibras em direção ao trato urinário inferior. Sob essa ótica, responsabiliza-se por iniciar os
mecanismos de enchimento e esvaziamento vesical, com a contração e o relaxamento da
musculatura do assoalho pélvico e da musculatura estriada da uretra, através do controle
voluntário da micção e previamente aos reflexos autônomos da micção serem desencadeados
(MORENO, 2009).

6. Bibliografia utilizada.
BARACHO, Elza. Fisioterapia Aplicada à Saúde da Mulher. Rio de Janeiro: Grupo GEN,
2018. E-book. ISBN 9788527733281. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527733281/. Acesso em: 16 mar. 2024.

MATIELLO, Aline A.; MADEIRA, Flávia F. de S.; VASCONCELOS, Gabriela Sá de; e


outros. Fisioterapia Urológica e Ginecológica . Porto Alegre: Grupo A, 2021. E-book. ISBN
9786556902623. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786556902623/. Acesso em: 16 mar. 2024.

MORENO, Adriana L. Fisioterapia em uroginecologia 2a ed. São Paulo: Editora Manole,


2009. E-book. ISBN 9788520459539. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520459539/. Acesso em: 16 mar. 2024.

PALMA, Paulo. Urofisioterapia: Aplicações Clínicas das Técnicas Fisioterapêuticas nas


Disfunções Miccionais e do Assoalho Pélvico. 1a ed. São Paulo: Personal Link
Comunicações, 2009.

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