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Agosto Lilás:campanha abre debate sobre

violência contra mulheres


Redes sociais oficiais da Universidade mudam de cor para alertar sobre o
tema e incentivar denúncias no 180
Por Manuella Soares - jornalista
01/08/2022 07h57 - Atualizado em 01/08/2022 às 10h44

Chegou Agosto. Mas ele não esperou ficar lilás para ensinar, mais uma vez, a urgência
da campanha de conscientização que vem junto ao mês. Já em julho os alagoanos se
chocaram com a notícia de três vítimas de feminicídio, um crime que acontece todos
os dias no Brasil. A campanha Agosto Lilás desse ano “grita” Pelo Direito à Vida das
Mulheres e reforça a hashtag “parem de nos matar”.
“Os casos recentes de feminicídio não têm relação entre si, mas talvez tenha chamado
mais atenção da sociedade porque eram mulheres de classe média, de escolaridade alta
etc, mas, mulheres são mortas todos os dias - mulheres da periferia, anônimas, cujas
tragédias não chegam ao conhecimento da mídia. Então, essa é uma tragédia
generalizada que não tem classe social, mas atinge, de uma maneira muito mais
peculiar, às mulheres em situação de vulnerabilidade socioeconômica e essa
vulnerabilidade é racial e social”, destacou a professora Elaine Pimentel, coordenadora
do grupo de pesquisa Carmim Feminismo Jurídico.
A fala da docente corrobora com um debate necessário em todas as esferas e esse mês,
especificamente, a Ufal vai destacar o tema em diversas vertentes. Para chamar
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atenção da campanha, as redes sociais oficiais e o site da instituição vão se pintar de
lilás e muitos dos conteúdos informativos darão espaço para pesquisadores e
estudantes que têm a vida acadêmica voltada para compreender os aspectos sociais,
políticos e econômicos que estão por trás da violência contra as mulheres.
“É muito importante que esse tema seja debatido na universidade porque é o espaço de
produção de conhecimento científico, de articulação política das instituições. A
universidade tem a credibilidade, forma as cabeças pensantes, tem um papel muito
importante nessa interlocução institucional. Estamos formando profissionais de todas
as áreas e o tema da violência contra as mulheres perpassa por todos os campos, está
presente na vida das pessoas de várias formas. É fundamental que esse tema seja
debatido e que a nossa universidade dê o devido espaço a esse tema tão relevante”,
reforçou Elaine.
Engajamento
Todos os anos a Ufal mantém o compromisso com o debate e as ações pelas mulheres.
A Universidade participou no último mês de julho de uma reunião no Ministério
Público (MPAL) com o objetivo de criar um protocolo de intenções para que
instituições e entidades assumam a responsabilidade de assistir melhor as vítimas.
O grupo de pesquisa Carmim, a Liga Acadêmica de Estudos sobre os Direitos das
Mulheres e o projeto de extensão Lugar Delas representaram a Ufal no Ato Público
ocorrido em várias cidades alagoanas Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres.
E nos dias 9 e 10 de agosto será realizado o Congresso Alagoano de Enfrentamento à
Violência contra Mulheres, no auditório da Justiça Federal de Alagoas. O evento em
parceria com o Centro de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM) vai contar com
palestrantes de diversos segmentos que atuam na defesa das mulheres.
Para se inscrever e saber mais, clique no link
“A gente espera que tenha uma participação substancial de estudantes, pesquisadores,
de integrantes de movimentos sociais e de uma série de pessoas interessadas da
sociedade como um todo para que os temas sejam exaustivamente debatidos e haja
uma contribuição para o enfrentamento à violência”, disse Elaine.
Agosto Lilás estimula denúncias
Agosto é dedicado à campanha porque é o mês de aniversário da Lei Maria da Penha,
sancionada no dia 7 de agosto de 2006. A Lei é uma homenagem à mulher que ficou
paraplégica em consequência das agressões do marido e que se tornou símbolo da luta
contra a violência doméstica.
De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP/AL), 15
casos de feminicídio foram registrados entre os meses de janeiro e junho deste ano,
além dos três ocorridos em apenas uma semana no mês de julho. O Estado é o que
mais apresentou aumento nas taxas de homicídios de mulheres no Atlas da Violência,
publicado em 2019, sendo 33% de crescimento se comparado ao ano anterior.
Mas o crime de feminicídio pode ser evitado. Disque 180 é o apelo do Agosto Lilás
anualmente. O número para acionar emergência policial está estampado nos materiais
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ilustrativos da campanha para que os casos de violência cheguem às autoridades
responsáveis e não resultem em mais mortes de mulheres.
Em Alagoas, a Patrulha Maria da Penha tem a missão de fiscalizar o cumprimento das
medidas protetivas por meio de visitas às vítimas de violência doméstica que foram
encaminhadas pelo Poder Judiciário. Em quatro anos de trabalho há um dado que
motiva o trabalho diário da equipe: é zero o número de feminicídio e reincidência de
violência entre as 1.859 mulheres que são ou foram acompanhadas pelas equipes do
projeto. Esta é a luta diária, de todos os meses, sejam eles lilás ou não.

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