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Fichamento do texto: DODEBEI, Vera.

: Memória, Circunstância e movimento, in: GONDAR,


Jô; DODEBEI, Vera. O que é memória social, Rio de Janeiro: UNIRIO, 2005.

“(...) o conceito de memória social não pode ser formulado em moldes


clássicos, sob uma forma simples, imóvel, unívoca. Pensamos, ao contrário, que se
trata de um conceito complexo, inacabado, em permanente processo de
construção.”1

É desse pressuposto que partem os autores quanto utilizam como titulo do livro uma
indagação: O que é memória social?, evidenciando muito mais o caráter exploratório e
questionador que tal publicação propõem do que a necessidade de respostas fechadas e exatas.
Mas nem por isso esta coletânea de pesquisadas (realizadas no Programa de Pós-Graduação da
UNIRIO) deixa de trazer também propostas, ou até mesmo respostas, já que a “ausência de rigor”
neste tipo de conceituação também é danosa, como diz Jô Gondar.

Obs: grifos (verde): grifo sobre minhas observações


Grifos (cinza): grifo sobre observações relevantes do autor

• Memória social e cultura

Relações sociais de hoje: “Mais que hierarquia ou igualdades verticalizadas, as pessoas se unem
em laços de horizontalidade, interconectando-se em redes de criação e de troca de subjetividades,
das quais os blogs são um bom exemplo para o espaço virtual, assim como os espetáculos teatrais
de improvisação o são para o espaço da convivência presencial.”

“Desde a Antiguidade, o conceito de cultura aparece com os dois sentidos principais que ainda
mantém: o de culto, us, do cultivo, culto coletivo, da tradição/ informação compartilhada, da
memória, e o de cultura animi, do aprimoramento, elevação, refinamento individual.”2

1
GONDAR, Jô; DODEBEI, Vera. O que é memória social, Rio de Janeiro: UNIRIO, 2005, p. 07.
2
Idem, p. 45.
• Memória social e patrimônio

Patrimônio
“O patrimônio, portanto, deve ser compreendido como o conjunto de informações que
caracterizam as ordens de significado dentro de um grupo, povo ou nação. É o coletivo porque a
cultura o é.”3
Memória:
“A memória é um fator de ligação psíquica coletiva em uma sucessão que visa neutralizar os
efeitos da interrupção de uma trama; só quando a memória se torna objeto de uma gestão cultural
é que pode produzir a aparência de ordem. Instituir, portanto, é ordenar. Mas a memória possui
também algo de acidental, de circunstancial, já que não é apenas um meio de consagrar a
continuidade, a duração, ou ainda de criar vínculos.”4

• Memória social e objetos

“Se o patrimônio cultural é o conjunto de bens relevantes, (...) o fato é que tais bens, antes de
alcançarem esse predicado, foram objetos ou resultado de ações produzidos por uma população
em decorrência de seu estágio de interação social.”5
Objetos virtuais:
“Não é o ‘acarajé’ que é tombado pelo patrimônio, mas sim o conjunto de informações que
registram a atividade das baianas em relação às tarefas de confeccionar, vender e compor parte da
cultura popular da Bahia. Nessa descrição, entram a culinária, indumentária, religião e muitos
outros aspectos culturais sintetizados no objeto ‘acarajé’.”6
Inviabilidade de classificação:
“Nesse sentido, a existência de tantas classificações ou de leituras possíveis para cada um desses
objetos permite afirmar que a possibilidade de diversas interpretações para um mesmo objeto
inviabiliza a determinação geral da sua espécie, de tal sorte que um mesmo objeto pode pertencer

3
Idem, p. 47.
4
Idem, p. 48.
5
Idem, p. 50.
6
Idem, p. 52.
a vários grupos, classes distintas ou categorias, em função dos atributos ou acontecimentos a ele
associados.”7

7
Idem, p. 53.

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