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No âmbito da disciplina de Filosofia foi realizada a leitura do livro O Mundo de Sofia.

Nas aulas da disciplina vimos que, a Filosofia surgiu para responder a perguntas às quais, no livro, o
autor refere na seguinte passagem: “... a Filosofia surgiu da capacidade que os homens têm de se
surpreender.” p. 24, sendo considerada por ele a única coisa que é realmente necessária num bom
filósofo, p.26, visto que, um filósofo é comparado com uma criança pelo mesmo, pois a criança está
a experienciar este novo mundo onde tudo se pode transformar em perguntas e curiosidade em
descobrir as respostas, da mesma forma que os primeiros filósofos começaram esta jornada no
mundo da Filosofia, um mundo onde há amor pela sabedoria, daí o termo Filosofia, derivado de
“philos” (amor) + “sophia” (sabedoria), com apenas um senão expresso, “(…) é mais fácil formular
perguntas filosóficas do que encontrar a sua resposta”, p.23.

Dito a razão do surgimento da Filosofia e o que ela representa, o autor continua a jornada pela
história da mesma, nomeadamente o seu local de origem e o que o decorrer dos anos representa
para a construção do que hoje conhecemos da Filosofia. Esta surgiu na Grécia, no séc. VI a.C. para
quebrar o que era por normalidade a resposta para tudo o que não sabíamos responder, que neste
caso era a religião. Como o autor diz, “Estas explicações religiosas eram transmitidas de geração para
geração por meio dos mitos”, p.38, e o trabalho dos filósofos gregos era procurar provar que os
homens não podiam confiar nestes ditos mitos. O autor procede por exemplificar alguns dos mesmo
como, por exemplo, o Thor, que respondia à pergunta mítica por que é que chove ao abanar o seu
famoso martelo. Para além disso, os Vikings acreditavam que o martelo de Thor era essencial em
combates contra a força do caos, entre o bem e o mal, que formulava no povo o que é chamado de
crença, ou seja, aquilo que era considerado verdade, mesmo que não o seja realmente e, eram estas
crenças que os filósofos pretendiam refutar. Foi o caso dos primeiros filósofos do sec. VII a.C. que
“criticaram a mitologia homérica porque, para eles, os deuses eram demasiado semelhantes aos
homens.” marcando a altura que “Pela primeira vez na história da humanidade se afirmou que os
mitos eram apenas fruto da imaginação do homem”, p.45.

Estes primeiros filósofos mostram-nos a base da Filosofia, o questionamento, é ser capaz colocar o
mundo em causa e ser capaz de saber pensar de mente aberta. Os filósofos foram capazes de o fazer
pois mesmo quando o resto da população acreditava cegamente que estes mitos eram a explicação
dos seus porquês, eles colocaram isso em causa. Podemos até comparar esta situação com o mito da
Alegoria da Caverna, abordado nas primeiras aulas da disciplina, em que, neste caso, os filósofos
saem da caverna que representava a busca pela verdade. O autor conclui que por a filosofia ser uma
atividade crítica que tenta compreender até os conceitos mais básicos “... que os homens tinham
tido sempre a necessidade de encontrar explicações para os fenómenos naturais. Talvez os homens
não pudessem viver sem essas explicações. Por isso tinham imaginado os mitos, quando ainda não
havia ciência.” e não havendo ciência, “O objetivo dos primeiros filósofos gregos era encontrar
explicações naturais para fenómenos da natureza.”, p.47.

Ao ler esta obra e procurando encontrar as raízes da Filosofia conseguimos perceber que de uma
forma muito subtil o autor transmite-nos dois métodos da mesma em duas situações distintas.
Tendo em consideração que os objetos de estudo são o conjunto de problemas fundamentais sobre
a realidade, o conhecimento e o valor, um dos métodos que usamos para os encarar é, por exemplo,
a reflexão critica que o autor das cartas que a personagem Sofia recebe põe em prática, pois, após
receber estas, para Sofia era “difícil concentrar-se no que o professor dizia. Achava que ele falava
apenas de coisas sem importância. Porque é que ele não falava do que é um ser humano – ou do
que é o mundo, e qual fora a sua origem?”, p.17, ou seja, este autor desconhecido despertou em
Sofia uma curiosidade de perceber estas questões filosóficas que ela tinha recebido porque para
Sofia era “(…) mais importante refletir sobre eles do que aprender de cor os verbos irregulares, p.18.
Tudo se tinha tornado fútil para ela. No segundo momento vemos que Sofia confronta a sua mãe
sobre algumas questões, provocando um diálogo racional, embora que sem muito resultado porque
bastante cedo “Sofia percebeu que o filósofo tinha razão. Para os adultos o mundo era evidente.
Tinham adormecido no sono eterno da vida quotidiana.”, p.34.

É importante perceber que a Filosofia vive de conceitos que por sua vez são ideias e a noção do que
nos rodeia, pois é a partir destes conceitos que podemos iniciar uma critica, procurar as suas
aplicações, como se relacionam e obter através dos métodos filosóficos uma resposta dita a estas
questões. Neste seguimento, o autor diz que “a melhor maneira de iniciar a filosofia é colocar
questões filosóficas”, p.22, mas o que distingue uma questão normal de uma filosófica, visto que,
nem tudo é um problema filosófico? Poderemos então considerar um problema filosófico algo que
não é baseado na experiência, algo que se resolva através da reflexão critica e não da observação. O
autor afirma também que “cada um deve encontrar as respostas para estas perguntas. Não
podemos saber se Deus existe ou se há vida depois da morte, consultando a enciclopédia. A
enciclopédia não nos diz como devemos viver. Mas ler o que os homens pensaram pode, no entanto,
ser uma ajuda, se quisermos formar a nossa própria concepção da vida e do mundo.”, p.23.

A pergunta “porque é que chove?” atualmente não pode ser considerada filosófica pois a ciência foi
capaz de concluir a sua resposta, mas a Filosofia engloba em si outras disciplinas que constituem
uma divisão organizada das questões filosóficas que possamos colocar. Para simplificar, a pergunta
“Deus existe?” está enquadrada da Filosofia da Religião, já a pergunta “Quem deve governar?” está
enquadrada na Filosofia Social e Política. São todas perguntas muito complicadas e dependentes
também do meio a que estão condicionadas. O autor aborda isso mesmo na seguinte passagem
literária; “Qual a coisa mais importante na vida? Se o perguntarmos a alguém num pais com
problemas de fome, a resposta é: a comida. Se pusermos esta questão a alguém que esteja com frio,
nesse caso a resposta é: o calor. E se perguntarmos a uma pessoa que se sinta muito sozinha a
resposta será certamente: a companhia de outras pessoas.”, p.22. Porém embora seja difícil
responder a estas questões o autor adiciona a ideia de que “(…) é possível imaginar que a pergunta
possa ter uma – e apenas uma – resposta correta”, p.23. Logo, para a pergunta “O que é belo?”, da
disciplina da Filosofia Estética, haverá uma, e somente, uma resposta correta.

Em conclusão, nesta obra podemos encontrar e entender um pouco sobre todos estes tópicos
remetentes à Filosofia de uma forma simples e incentivadora também, pois segue um seguimento
de uma história, neste caso a de Sofia, que através de simples cartas fica a conhecer todo um mundo
distinto.

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