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Colesterol remanescente aumenta risco de demência no diabetes


tipo 2
Hassan Thwaini

27 de outubro de 2023

Um estudo constatou que o colesterol remanescente atua como fator de risco independente de demência em pessoas com
diabetes tipo 2, sendo o risco mais pronunciado em indivíduos de 40 a 49 anos, em comparação com faixas etárias mais
elevadas. Estes achados destacam os impactos cerebrais significativos da hipercolesterolemia e levantam questões
importantes sobre como os médicos abordam o controle dos níveis de colesterol. Os detalhes da pesquisa foram
apresentados em uma sessão do encontro anual da European Association of the Study of Diabetes (EASD 2023), realizado
na Alemanha.

A hipercolesterolemia é uma doença silenciosa, que muitas vezes não manifesta sintomas. Seu diagnóstico ocorre com
maior frequência em idades mais avançadas, e o tratamento consiste principalmente em mudanças no estilo de vida e uso
de medicamentos. Apesar da sutileza da patologia, o impacto do colesterol elevado é profundo e afeta não só o coração,
mas também põe em risco o cérebro, especialmente nos jovens com diabetes tipo 2.

Uma pesquisa recente destacou a relação entre os níveis de colesterol remanescente e a demência. “O colesterol
remanescente representa um terço do colesterol total e 50% do colesterol responsável por eventos ateroscleróticos,
inclusive os que levam à demência”, explicou a Dra. Han Na Jung, afiliada à Faculdade de Medicina da Universidade
Hallym, na Coreia do Sul.

O colesterol remanescente é igual ao colesterol total menos os valores de lipoproteína de baixa densidade(LDL) e os da
lipoproteína de alta densidade (HDL). Uma pesquisa recente sobre o tema — o primeiro estudo de base populacional que
examina a ligação entre esse fator e a demência na diabetes tipo 2 — mostrou que o colesterol remanescente atua como
um fator de risco independente para a demência nesta população.

“A relação direta entre o colesterol remanescente e a doença de Alzheimer ainda não é conhecida”, observou a Dra. Han.
No entanto, ela explicou: “Em pacientes com diabetes tipo 2 e dislipidemia, a doença de Alzheimer tem evolução mais
acelerada do que em indivíduos com apenas uma das duas doenças, sugerindo que o risco de demência pode ser
potencializado em indivíduos com diabetes tipo 2 e níveis elevados de colesterol remanescente”.

Curiosamente, o estudo constatou que o risco de demência foi mais pronunciado em pacientes com níveis mais elevados
de colesterol remanescente e entre 40 e 49 anos, em comparação com grupos etários mais velhos. “O risco de demência
em indivíduos com menos de 40 anos era demasiado baixo para ser considerado no estudo”, disse a Dra. Han. Embora a
razão para este risco amplificado no grupo demográfico de 40 a 49 anos seja assunto para análises futuras, a pesquisadora
disse que os fatores que contribuem para isso podem estar ligados ao fato de que “indivíduos mais velhos normalmente
têm outros fatores de risco que impactam mais [o risco de] demência do que o colesterol remanescente e, portanto, [nesses
grupos] o colesterol pode não ter uma influência tão grande”.

Sem sintomas diretos de hipercolesterolemia, muitos indivíduos mais jovens permanecem sem o conhecimento de que têm
níveis elevados de colesterol até que se manifestem problemas de saúde mais graves. Assim, a comunidade médica
deveria defender exames mais precoces e campanhas mais intensas dirigidas à população mais jovem? Os achados do
estudo de fato podem sugerir isso.

“É absolutamente necessário determinar os níveis de colesterol em todos os pacientes, e não apenas naqueles com
diabetes”, observou a Dra. Han. “Todos os médicos devem seguir as diretrizes e disponibilizar tratamento para todos os
pacientes elegíveis utilizando os tratamentos disponíveis.”

Tradicionalmente, a principal preocupação com a hipercolesterolemia tem sido a sua ligação direta com a aterosclerose.
Mas, dada a relação significativa entre colesterol remanescente elevado e casos de demência, há um forte argumento para
que esta última se junte à lista de potenciais consequências que os médicos devem discutir com os seus pacientes.

A revelação do estudo sobre o risco pronunciado na faixa etária mais jovem acentua a necessidade de intervenção precoce.
Esta constatação não só abre um debate sobre a necessidade de realizar exames de colesterol precocemente, mas
também leva os profissionais a repensar as estratégias de controle da colesterolemia — e, em certo sentido, a
conscientização — para os indivíduos mais jovens.

Embora sejam necessárias mais pesquisas para compreender completamente a ligação entre colesterol e demência, uma
coisa é clara: o impacto cerebral do colesterol é significativo, portanto este é um problema de saúde que não pode ser
ignorado. Indivíduos com diabetes tipo 2 ou em risco de apresentar a doença devem buscar ajuda médica para saber quais
são seus níveis de colesterol e os riscos potenciais associados à dislipidemia. Já os médicos devem adaptar a sua
estratégia de tratamento da diabetes tipo 2 para aperfeiçoar ainda mais o controle do perfil lipídico.

Este conteúdo foi originalmente publicado na Univadis ─ Medscape Professional Network


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Citar este artigo: Colesterol remanescente aumenta risco de demência no diabetes tipo 2 - Medscape - 27 de outubro de 2023.

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