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PorSelene Coletti
09/03/2020
O tema da interdisciplinaridade – desde a sua origem no século passado até hoje - está
presente em diferentes momentos que envolvem a prática escolar. Com o passar do tempo,
permitiu-se rever e aprofundar ideias, porém, em alguns momentos, o assunto acaba ficando
somente no campo das discussões para muitos profissionais. Mas por quê?
Antes, havia uma visão equivocada que trabalhar interdisciplinarmente era usar o mesmo
tema em todos os componentes curriculares. Por exemplo: pensava-se que trabalhar o sistema
solar, de forma interdisciplinar, era possível apenas usando os planetas na criação dos
problemas em Matemática e propondo desenhos para Arte. Era uma interpretação equivocada
(como tantas outras). Talvez, por isso, tenha ficado tanto no campo das discussões.
Sabemos hoje que a interdisciplinaridade não é isso. Pelo contrário, ela é uma forma de
encontrar conexões entre as disciplinas para se estudar um tema de interesse com o objetivo
de responder aos questionamentos suscitados por ele, criando um significado para a
aprendizagem. Para isso, as diferentes áreas do conhecimento ajudam a buscar as respostas.
É por esse viés que esse conceito dialoga com a BNCC e as Competências Gerais de
aprendizagem ao longo do percurso escolar. Ou seja, a visão interdisciplinar permite entender
a realidade, investigar, levantar hipóteses, defender ideias, respeitando a si e ao outro,
contextualizando a aprendizagem com as necessidades e interesses dos alunos, favorecendo a
tomada de decisões pautadas na ética.
Tais momentos implicam em discussões e reflexões para buscar experiências exitosas, que
contribuirão para a ressignificação da prática.
Esse cenário levará o professor - pesquisador de sua prática- a buscar os melhores caminhos
com sua turma para planejar boas estratégias, exercitando assim a interdisciplinaridade.
Um desses caminhos é o uso das metodologias ativas que são práticas que colocam o aluno
como protagonista do processo de ensino e aprendizagem.
Uma delas é a aprendizagem baseada em projetos na qual os alunos têm um problema a
resolver, partindo de questões elaboradas pela turma. Juntos levantam hipóteses, buscando
diferentes meios para se chegar ao produto final.
Trabalhar com projetos permite envolver diferentes áreas do conhecimento e requer colocar
em prática a observação, a escuta, a pesquisa, a construção do percurso com os alunos.
Todas essas disciplinas juntamente dos jogos, brincadeiras e os recursos da cultura digital,
permitiram que as crianças pudessem ser protagonistas na construção dos muitos
conhecimentos.
E na sua sala de aula, a interdisciplinaridade está presente no campo das ideias ou já ganhou
destaque na sua prática pedagógica?
Selene
Selene Coletti é professora há 39 anos na rede pública. Atua na Educação Infantil e foi
alfabetizadora por 10 anos tendo trabalhado do 1º ao 5º ano. Recebeu, em 2016, da
Fundação Victor Civita, o Prêmio Educador Nota 10 com o projeto “Mapas do Tesouro que
são um tesouro”, na área de Matemática. Foi diretora de escola e recebeu, em 2004, o
Prêmio “Gestão para o Sucesso Escolar”, do Instituto Protagonistes/Fundação Lemann.
Atuou como coordenadora do Núcleo de Formação Continuada do município. Atualmente é
formadora da Educação Infantil, na Prefeitura de Itatiba.