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Introdução
A hidratação da semente, as trocas gasosas e temperatura são fatores essenciais para
que ocorra germinação, sendo que, para algumas espécies, a luz também é um componente
importante neste processo (Bryant, 1989). Em formações florestais a luz disponível para as
plantas é constantemente alterada pela queda de árvores, movimentação da copa, caducifólia e
pelos movimentos translacional e rotacional, o que pode limitar ou potencializar o
crescimento de muitas plântulas, levando-as a desenvolver adaptação para estabelecer e se
sobreviver nestas condições (Claussen, 1996; Lee et al., 1997).
Em virtude do atual estágio de degradação dos ambientes florestais e do crescimento
do mercado florestal, conhecimentos sobre a germinação e a produção de mudas são de
extrema relevância para os projetos de recuperação de áreas degradadas, arborização urbana,
formação de pomares com espécies nativas e desenvolvimento da atividade florestal
(Monteiro e Ramos, 1997; Salomão et al., 2003), bem como para fornecer subsídios para
trabalhos de conservação e manejo nestes ambientes. O objetivo desde estudo foi analisar a
germinação de sementes de Matayba guianensis Aubl., em condições de laboratório, em
pleno sol e a 50% de sombreamento, e o crescimento de mudas desta espécie florestal em
resposta à diferentes níveis de sombreamento.
Materiais e Métodos
O presente trabalho foi realizado na Universidade Católica de Brasília. Os frutos de
Matayba guianensis Aubl. (Sapindaceae) foram coletados de cinco árvores matrizes em
Colina do Sul, GO. No Cerrado a espécie é encontrada normalmente nas bordas de Matas de
Galeria em ambientes secos e com muita luz (Silva Júnior, 1997).
Em condição de laboratório, 25 sementes foram envolvidas em rolos de papel toalha,
umedecidos com água destilada, e colocadas em seguida em saco de plástico transparente.
Adotou-se quatro repetições, totalizando 100 sementes. Este experimento foi realizado em
temperatura ambiente, em uma estante com luz fluorescente conectada a um temporizador
digital com programação de 12 horas de luz.
Outras 200 sementes foram plantadas diretamente em saco de polietileno preto opaco
de 15 x 25 cm com perfurações laterais, sendo utilizado como substrato uma mistura de
latossolo de Cerrado, esterco, palha de arroz, NPK e calcário. Tanto em pleno sol como em
casa de vegetação (50% de sombreamento) foram utilizados 100 sacos (quatro repetições de
25 sementes em cada tratamento, uma semente por saco de polietileno). A umidificação das
sementes e a avaliação da germinação foi realizada em intervalos de 24 horas. O desenho
experimenetal foi totalmente casualizado. Calculou-se: germinabilidade, tempo médio de
germinação e incerteza (Laboriau, 1983). Para avaliar o crescimento das espécies em plantio
direto, 20 plântulas foram mensuradas quanto à altura, o diâmetro do coleto a 0,5 cm do solo e
o número de folhas e folíolos.
Na germinação e na avaliação de mudas, os dados que apresentaram normalidade e
homogeneidade foram analisados através da análise de variância e do teste de Tukey (α=0,05)
(programa Sisvar). A normalidade foi testada pelo teste de Shapiro-Wilk (germinação) e de
Kolmogorov-Smirnov (crescimento das mudas) e a homogeneidade com o teste de Bartlett.
Alguns dados tiveram que passar por transformações logarítmicas para atender os
pressupostos paramétricos. Para os dados não-paramétricos utilizou-se o teste de Kruskal-
Wallis e teste de Dunn (α=0,05) (programa BioEstat 4.0.).
Resultados e discussão
Não foram observadas diferenças significativas para gernabilidade de M. guianensis,
(Tabela 1), nas condições de laboratório e em plantio direto em pleno sol. Os valores
observados são compatíveis com a amplitude registrada para Myracrodruon urundeuva
Allemão (Dorneles et al., 2005), Bowdichia virgilioides Kunth. (Albuquerque e Guimarães,
2006) e Pseudopiptadenia psilostachya (DC.) G. P. Lewis & M. P. Lima (Fonseca et al.,
2006), em condições semelhantes. Nesses estudos, entretanto, os valores mais altos de
germinação foram encontrados nos experimentos realizados com plantio direto. O
comportamento observado em M. guianensis, com altos valores em diferentes condições,
indicam a possibilidade de germinação de tanto em ambientes onde há incidência direta da luz
solar e onde existe a luz difusa, ou seja, em clareira ou em condição de sub-bosque.
As sementes submetidas ao plantio direto apresentaram tempo médio de germinação
elevado, superior ao encontrado no laboratório. Demais espécies da mesma família em
condição de plantio direto com sombreamento de 50%, com porcentagens de germinação
próximas, apresentaram tempo médio variando de 20,4 dias (Paullinia coriacea Casar.) aos
23,8 dias (Cupania emarginata Cambess.) maiores, portanto, que o da espécie estudada
(Zamith e Scarano, 2004). A maior sincronia ou incerteza foi encontrada no experimento em
laboratório, o qual não diferiu significativamente do plantio direto a pleno sol (Tabela 1).
Tabela 3 - Massas secas das raízes, caules, folhas e totais, juntamente com as respectivas
razões raiz/parte aérea (caule + folhas) das mudas de 12 indivíduos de Matayba guianensis
Aubl. submetidas a duas condições de sombreamento (0 e 50%), 120 dias após o plantio.
Sombreamento 0% Sombreamento 50%
Massa seca da raiz (g) 0,29 ± 0,11* a 0,78 ± 0,39* b
Massa seca do caule (g) 0,10 ± 0,05* a 0,33 ± 0,15* b
Massa seca das folhas (g) 0,46 ± 0,18 a 1,51 ± 0,58 b
Massa seca total (g) 0,85 ± 0,32* a 2,61 ± 1,07* b
Razão raiz/parte aérea (caule + folhas) (%) 0,53 ± 0,12 b 0,41 ± 0,08 a
Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey ou pelo método de Dunn*.
São apresentadas as médias e desvios-padrão dos resultados obtidos.
Conclusões
Matayba guianensis apresenta alta germinabilidade e velocidade de germinação em
condições de laboratório, com melhor rendimento em condições intermediárias de irradiância
(50% de sombreamento), caracterizando-se como espécie pioneira ou heliófila de fases
iniciais de sucessão, podendo assim ser utilizada nos plantios de recuperação de áreas
degradadas juntamente com espécies pioneiras de rápido crescimento. São necessários demais
estudos com o acompanhamento das espécies em ambientes naturais.
Referências bibliográficas
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