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A herança extracromossômica refere-se à transmissão de características que não

estão ligadas aos cromossomos nucleares. Enquanto a herança mendeliana


segue padrões previsíveis de herança genética, a herança extracromossômica
ocorre independentemente dos genes nucleares e é transmitida por um único
genitor, geralmente a mãe.

Os principais exemplos de herança extracromossômica são observados nas


mitocôndrias, cloroplastos e outros plastos presentes no citoplasma celular. Em
organismos superiores, como plantas e animais, essas características são
herdadas principalmente da mãe, resultando em uma herança materna. Nas
mitocôndrias e cloroplastos, os genes são replicados e transcritos
independentemente do DNA nuclear.

Mesmo em organismos procariontes, como bactérias, existe uma forma de


herança extracromossômica, onde os genes presentes nos plasmídeos são
transmitidos de forma materna.

Os descendentes que recebem esses genes extranucleares herdam


integralmente o citoplasma do óvulo, resultando na expressão fenotípica dos
genes citoplasmáticos conforme o fenótipo da mãe.

Na genética mendeliana, a expressão fenotípica é influenciada pela dominância dos alelos


nucleares, como mostrado em um cruzamento recíproco na Figura 4. Por outro lado, na
herança extracromossômica, o fenótipo apresentado sempre corresponde ao fenótipo do
genitor materno.

Os genes controlados por características citoplasmáticas, como os das mitocôndrias e


cloroplastos, são expressos dentro dessas organelas, sem a necessidade de transporte de
mRNA para o citoplasma. Isso ocorre devido à tradução dos genes ocorrer dentro das
próprias organelas, de acordo com sua função específica, como a fosforilação oxidativa nas
mitocôndrias e a fotossíntese nos cloroplastos.

A teoria da endossimbiose, explicada na Figura 5, sugere que as mitocôndrias e


cloroplastos têm origem em organismos procariontes que foram incorporados por células
eucarióticas ancestrais, formando uma relação simbiótica que se tornou essencial para a
evolução celular.
Segundo a evidência científica, mitocôndrias e cloroplastos são originárias de bactérias
endossimbiontes que se fundiram com células eucarióticas ancestrais, estabelecendo uma
relação mutualística. Mitocôndrias têm origem em uma bactéria púrpura, enquanto os
cloroplastos derivam de uma cianobactéria fotossintética. Durante a evolução, células
eucarióticas de animais e fungos adquiriram apenas a bactéria púrpura, enquanto células
vegetais e de algas também incorporaram as cianobactérias fotossintéticas.

**Genes do cloroplasto:**
Os cloroplastos, organelas essenciais para a fotossíntese, são alvo de estudo no melhoramento
de plantas, especialmente para aumentar a resistência aos herbicidas. Herbicidas que atuam
nos tilacoides, onde ocorre a fotossíntese, inibem o transporte de elétrons, resultando na
redução da produção de energia nas plantas e, eventualmente, na morte delas. Algumas
plantas daninhas, como o caruru (Amaranthus hybridus), desenvolveram resistência a
herbicidas devido a mutações em genes específicos, tornando-as resistentes. No entanto,
transferir essa resistência para plantas cultivadas não é simples, já que os genes relacionados
aos cloroplastos não estão no núcleo da célula e são governados por genes não nucleares.

Um método utilizado para transferir genes de resistência é o retrocruzamento entre espécies


do mesmo gênero, como Brassica campestris (uma planta daninha) e B. napus (uma planta
cultivada). Após vários retrocruzamentos, a resistência ao herbicida pode ser transferida,
mantendo o citoplasma doadora original.

**Genes da mitocôndria:**

As mitocôndrias são essenciais na produção de energia celular, metabolismo intermediário e


apoptose celular. Elas contêm seu próprio DNA mitocondrial (mtDNA), codificando genes
relacionados à produção de RNA de transferência, RNA ribossômico e proteínas como NADH
desidrogenase, citocromo c e ATP sintase. Estudos, como o de Asaf et al. (2018), identificaram
o genoma mitocondrial completo da soja selvagem (Glycine soja), mostrando a complexidade e
importância desses genes para as funções mitocondriais e cloroplásticas.

As mães transmitem aos filhos, além das mitocôndrias, mtDNA, mRNA, proteínas e outros
constituintes presentes nos óvulos. A transmissão do mtDNA ocorre maternalmente devido à
degradação das mitocôndrias paternas durante a fecundação. A esterilidade masculina
citoplasmática, causada por mutações nas mitocôndrias, leva à formação de pólen inviável,
impedindo a fecundação. Isso é explorado na agronomia para produzir sementes híbridas F1,
onde o pólen de uma planta só pode fecundar plantas vizinhas, facilitando a obtenção de
híbridos vigorosos sem a necessidade de emasculação manual.

As diferenças entre espécies estão fundamentadas na sequência de bases nitrogenadas que


constituem os cromossomos, onde as informações genéticas estão armazenadas. A ploidia,
representada pelo número n de conjuntos cromossômicos, define o cariótipo de uma espécie,
ou seja, o número e a estrutura dos cromossomos em suas células.

Quando os cromossomos mantêm sua estrutura e número durante a mitose e meiose, indica-
se que o cariótipo da espécie permanece inalterado por várias gerações. O cariótipo,
representando os cromossomos de uma célula, é fundamental para determinar alterações
genômicas em uma espécie.
Em espécies diploides com reprodução sexual, como plantas autógamas com flores
hermafroditas, os cromossomos homólogos têm tamanhos iguais, pois são autossômicos e não
relacionados ao sexo. A figura 6 ilustra o cariótipo do algodão.

As alterações na estrutura cromossômica, antigamente chamadas de aberrações


cromossômicas, agora são conhecidas como poliploidia, que se refere a variações naturais ou
induzidas no número de cromossomos. Assim como os genes podem sofrer mutações por
perda ou adição de bases, os cromossomos também podem passar por esses processos,
gerando nova variabilidade genética.

Indivíduos com constituição cromossômica alterada são chamados de poliploides, que


literalmente significa "múltiplos genomas". Existem dois grandes grupos de poliploides: os
Euploides e os Aneuploides.

Os Euploides podem ser autopoliploides ou alopolipoides. Os autopoliploides possuem


conjuntos duplicados, triplicados, quadruplicados, etc., de gametas, resultando em indivíduos
com números cromossômicos como 2n, 3n, 4n, etc. Muitas espécies cultivadas são
autopoliploides, onde o conjunto gamético é duplicado. Os alopoliploides têm genomas de
diferentes origens, resultantes de cruzamentos interespecíficos ou intergenéricos, como o
triticale, um exemplo de hexaplóide, originado do cruzamento entre Triticum aestivum e
Secale cereale.

A autopoliploidia envolve a duplicação do conjunto cromossômico sem a interferência de


genomas exóticos e pode ocorrer naturalmente. Por exemplo, ao cultivar plantas a partir de
anteras, como a soja, e induzir a duplicação cromossômica com agentes antimitóticos, como a
colchicina, os indivíduos resultantes podem ter números cromossômicos dobrados.

A colchicina é amplamente utilizada para induzir o nível de ploidia desejado, impedindo a


separação das cromátides irmãs durante a divisão celular. Uma vez alcançado o nível desejado,
interromper o uso da colchicina permite que as células se dupliquem normalmente nas
gerações subsequentes.

Dentro dos autopoliploides, existem os monoploides, que possuem apenas o número básico
de cromossomos da espécie, mas podem ser duplicados induzidamente, resultando em linhas
puras geneticamente homogêneas, úteis para a produção de híbridos simples, especialmente
em plantas autógamas.

Os alopoliploides são obtidos por hibridação interespecífica ou intergenérica. Os híbridos F1


resultantes são frequentemente estéreis, mas a duplicação do genoma pode torná-los férteis,
permitindo a recombinância cromossômica e a produção de gametas viáveis durante a meiose.
Os aneuploides são organismos com um ou mais cromossomos extras ou ausentes em relação
ao número básico da espécie. Isso pode ocorrer devido a vários fenômenos, como movimento
retardado dos cromossomos na intérfase, não segregação durante a mitose ou meiose, falta
de pareamento de cromossomos homólogos ou irregularidades na distribuição cromossômica
durante a meiose de organismos poliploides com número ímpar do genoma básico. Os
aneuploides podem ser monossômicos (com um cromossomo a menos) ou trissômicos (com
um cromossomo extra).

Entendi, vamos simplificar a explicação. O texto aborda duas principais ideias: herança
extracromossômica e poliploidia.

1. **Herança Extracromossômica:**

- Refere-se à transmissão de características que não estão ligadas aos cromossomos


nucleares.

- É observada em organelas como mitocôndrias, cloroplastos e plastos, tanto em organismos


superiores quanto em bactérias.

- Na herança extracromossômica, o fenótipo apresentado sempre corresponde ao do genitor


materno.

- Os genes controlados por características citoplasmáticas são expressos dentro dessas


organelas, sem necessidade de transporte de mRNA para o citoplasma.

- A teoria da endossimbiose sugere que mitocôndrias e cloroplastos têm origem em bactérias


endossimbiontes que se fundiram com células eucarióticas ancestrais.

2. **Poliploidia:**

- Refere-se a variações no número de cromossomos.

- Os autopoliploides possuem conjuntos duplicados de gametas, enquanto os alopoliploides


têm genomas de diferentes origens.

- A colchicina é usada para induzir o nível de ploidia desejado.

- Os monoploides têm o número básico de cromossomos da espécie e podem ser duplicados


induzidamente, resultando em linhas puras geneticamente homogêneas.

- Os aneuploides são organismos com cromossomos extras ou ausentes em relação ao


número básico da espécie, podendo ser monossômicos (com um cromossomo a menos) ou
trissômicos (com um cromossomo extra).

Além das informações já mencionadas, é importante destacar alguns pontos adicionais que
podem ser relevantes para a sua prova:

1. **Importância da Herança Extracromossômica:**


- Destaque a importância da herança extracromossômica na determinação de características
fenotípicas em várias espécies, especialmente em plantas e animais.

- Explique como a transmissão uniparental dessas características contribui para a evolução e


adaptação das espécies ao ambiente.

2. **Consequências da Poliploidia:**

- Aborde as implicações da poliploidia na diversificação genética e evolução das espécies.

- Destaque como a poliploidia pode levar ao surgimento de novas características fenotípicas,


aumentando a variabilidade genética e promovendo a adaptação a diferentes ambientes.

3. **Métodos de Indução da Poliploidia:**

- Explique como a colchicina é utilizada para induzir a poliploidia em plantas e outros


organismos.

- Mencione outros agentes químicos ou métodos físicos que também podem ser empregados
para induzir alterações no número de cromossomos.

4. **Consequências Genéticas da Poliploidia:**

- Discuta as implicações genéticas da poliploidia, como a duplicação de genes e a


compatibilidade gênica entre indivíduos poliploides e diploides.

- Explique como a poliploidia pode afetar a viabilidade e fertilidade dos organismos, incluindo
aspectos como a segregação cromossômica e a formação de gametas viáveis.

Ao incluir esses pontos no seu resumo, você terá uma visão abrangente dos conceitos de
herança extracromossômica e poliploidia, o que deve ajudá-lo a se preparar para a prova.

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