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Olá, pessoal! Tudo bem?

Aqui é Ricardo Torques, coordenador do Estratégia Carreira Jurídica e


do Estratégia OAB. Além disso, sou professor de Direito Processual
Civil, Direito Eleitoral e Direitos Humanos.

Instagram: www.instagram.com/proftorques

E-mail da coordenação: ecj@estrategiaconcursos.com.br

Em nome dos nossos professores, gostaria de lhes apresentar o e-book "Teses Institucionais para
Promotor do MP-SP". Elaborado com muito carinho e cuidado por nós, você terá em suas mãos
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Grande abraço,

Ricardo Torques
Sumário
Teses Institucionais do Ministério Público de São Paulo – Prof. Michael Procópio ..................................... 3

Teses Institucionais do Ministério Público de São Paulo – Prof. Ivan Marques....................................... 178

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MPSP: TESES INSTITUCIONAIS DO MPSP
TESES INSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE SÃO
PAULO – PROF. MICHAEL PROCÓPIO
Nesta aula, iniciaremos o estudo das Teses de Direito Penal do Ministério Público do Estado de
São Paulo, que servem para orientar a atuação dos seus membros, sem prejuízo da independência
funcional. São entendimentos muito cobrados nos concursos da instituição, razão pela qual seu
estudo é muito importante para os que almejam ingressar na carreira.

As aulas sobre Direito Penal serão três, sendo esta a primeira.

Espero que a aula seja didática e abrangente. Nosso estudo, como sempre, deve ser aprofundado,
para que a prova nos pareça leve. Realmente desejo que a modificação do tema, com o início da
Parte Especial, renove a motivação e o entusiasmo, mesmo porque os crimes em espécie são
matérias mais ligadas ao nosso dia a dia, inclusive em filmes, seriados e noticiários.

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informações relevantes de aprovação de novas súmulas, alterações legislativas e tudo o que
houver de atualização, de forma ágil e com contato direto. Use as redes sociais a favor dos seus
estudos.

1 - TESE 5

A tese número cinco tem o seguinte teor:

CRIMES CONTRA OS COSTUMES - CONCUBINO - AUMENTO DE PENA

O concubino da mãe da vítima é considerado padrasto para fins do artigo 226, II, do
Código Penal.

Comentários

Defende-se uma interpretação extensiva para o artigo 226, II, do CP:

Art. 226. A pena é aumentada:

(...)

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II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro
título tiver autoridade sobre ela;

A divergência seria se o caso não seria de analogia, que é vedada in malam partem.

2 - TESE 6

A tese número seis tem o seguinte teor:

FURTO - PRIVILEGIADO - PEQUENO VALOR - AUSÊNCIA DE PREJUÍZO

O fato de a vítima haver recuperado a "res" não se equipara a "pequeno valor", para
os fins do parágrafo 2º do artigo 155, do Código Penal.

Comentários
O furto privilegiado, previsto no artigo 155, § 2º, do CP:

§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode


substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.

O enunciado defende que a recuperação da coisa não enseja sua configuração. Realmente, o
dispositivo exige pequeno valor. Deste modo, a recuperação de um relógio suíço de R$ 20.000,00
não significa que o furto foi de pequeno valor.

3 - TESE 11

A tese número onze tem o seguinte teor:

REPRESENTAÇÃO - AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA - FORMA

A representação do ofendido ou de seu representante legal não exige formalidade.

Comentários

Ação penal pública condicionada à representação: realmente a doutrina e a jurisprudência não


exigem formalidade para referido ato, basta que a vítima demonstre que quer ver o autor do delito
processado.

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4 - TESE 12

A tese número doze tem o seguinte teor:

CRIME CONTINUADO - ROUBO E LATROCÍNIO - INADMISSIBILIDADE

O roubo e o latrocínio atingem bens jurídicos diversos. Impossível o reconhecimento da


continuidade delitiva.

Comentários

A jurisprudência do STJ realmente exige que os crimes sejam da mesma espécie para
reconhecimento da continuidade delitiva entre eles, o que não ocorre entre o roubo e o latrocínio:

“9. No caso dos crimes de roubo majorado e latrocínio, sequer é necessário avaliar
o requisito subjetivo supracitado ou o lapso temporal entre os crimes, como fizeram
as instâncias ordinárias, porquanto não há adimplemento do requisito objetivo da
pluralidade de crimes da mesma espécie. São assim considerados aqueles crimes
tipificados no mesmo dispositivo legal, consumados ou tentada, na forma simples,
privilegiada ou tentada, e além disso, devem tutelar os mesmos bens jurídicos, tendo,
pois, a mesma estrutura jurídica. Perceba que o roubo tutela o patrimônio e a
integridade física (violência) ou o patrimônio e a liberdade individual (grave ameaça);
por outro lado, o latrocínio, o patrimônio e a vida.”

HC 189134, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª Turma, DJe 12/08/2016.

5 - TESE 13

A tese número treze tem o seguinte teor:

PENA – AUMENTO – CONCURSO DE CRIMES

Ocorrendo crimes com causa de aumento de pena, em concurso formal ou crime


continuado, o acréscimo correspondente deve incidir sobre a pena já aumentada por
outra causa e não sobre a pena-base fixada

Comentários

A causa de aumento de pena (majorante) é aplicada na terceira fase da dosimetria, não incidindo
sobre a pena-base, que foi estipulada na primeira fase.

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Segue um esquema com o resumo da forma de cálculo das majorantes e minorantes, de acordo
com o entendimento majoritário:

Concurso de
Princípio da
majorantes
incidência isolada
entre si

Concurso de Princípio da
minorantes incidência
entre si cumulativa
Concurso
Princípio da
entre
incidência
majorantes e
cumulativa
minorantes

Deste modo, entendo que a tese pode conflitar com o princípio da incidência isolada. Entretanto,
a causa de aumento não incide sobre a pena base, sendo que, na terceira fase da dosimetria,
trabalha-se com a pena intermediária, fixada após o cálculo na segunda fase da dosimetria.

6 - TESE 14

A tese número quatorze tem o seguinte teor:

REPRESENTAÇÃO - AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA - VÁRIOS AUTORES

Feita a representação, o Ministério Público tem legitimidade para agir contra todos os
implicados, mesmo quando não nomeados na mesma.

Comentários

A tese defende o entendimento que já prevalece, denominado de eficácia objetiva da


representação. Havendo representação contra um dos agentes, pode a ação penal ser movida
contra todos os agentes.

7 - TESE 22

A tese número vinte e dois tem o seguinte teor:

JÚRI - MOTIVO FÚTIL - EMOÇÃO

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Possível o reconhecimento da qualificadora do motivo fútil e a atenuante genérica da
emoção. Impossível, no entanto, a coexistência do motivo fútil com a causa de
diminuição da pena pela violenta emoção.

Comentários

A jurisprudência caminha no mesmo sentido, reconhecendo a compatibilidade apenas de


qualificadoras objetivas com a diminuição de pena por violenta emoção, prevista no artigo 121, §
1º, do CP:

“(...) 5. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que não há incompatibilidade


entre as qualificadoras de ordem objetiva e as causas de diminuição de pena do § 1.º
do art. 121 do Código Penal, de natureza subjetiva. Precedentes. (...) (STJ, AgRg no
AREsp 463482/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª Turma, DJe 03/02/2005).

Entretanto, entende-se compatível a qualificadora subjetiva, como a de motivo torpe, com a


atenuante genérica da violenta emoção:

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXAME DE MATÉRIA


CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. TRIBUNAL
DO JÚRI. RECONHECIMENTO DA ATENUANTE GENÉRICA DO RELEVANTE VALOR
MORAL OU DA INFLUÊNCIA DE VIOLENTA EMOÇÃO NO DELITO DE HOMICÍDIO
QUALIFICADO PELO MOTIVO TORPE. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE
CONTRADIÇÃO NOS QUESITOS. DEMAIS ARGUMENTOS BUSCANDO A INVERSÃO
DO JULGADO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 7 DESTA CORTE. 1. Embora reconheça
que, no âmbito do sistema difuso de controle de constitucionalidade, o Superior
Tribunal de Justiça, bem como os demais órgãos jurisdicionais de qualquer instância,
tenha o poder de declarar incidentemente a inconstitucionalidade de lei, mesmo de
ofício, tal atribuição, contudo, não lhe autoriza analisar suposta violação a dispositivos
da Constituição, pois se estaria desrespeitando a competência estabelecida no art. 102,
III, da Carta Magna. 2. De outra parte, de acordo com a jurisprudência do Supremo
Tribunal e desta Corte, é possível a coexistência, no crime de homicídio, da
qualificadora do motivo torpe, prevista no art. 121, § 2º, I, do Código Penal, com as
atenuantes genéricas inseridas no art. 65, II, a e c, do mesmo dispositivo, podendo,
pois, concorrerem no mesmo fato. 3. Com efeito, o reconhecimento pelo Tribunal do
Júri de que o paciente agiu sob por motivo torpe, em razão de ter premeditado e
auxiliado na morte de sua esposa para ficar com todos os bens do casal, e,
concomitantemente, das atenuantes genéricas do relevante valor moral ou da violenta
emoção, provocada pela descoberta do adultério da vítima, um mês antes do fato
delituoso, não importa em contradição. 4. Cumpre ressaltar que, no homicídio
privilegiado, exige-se que o agente se encontre sob o domínio de violenta emoção,

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enquanto na atenuante genérica, basta que ele esteja sob a influência da violenta
emoção, vale dizer, o privilégio exige reação imediata, já a atenuante dispensa o
requisito temporal. 5. Por fim, os demais argumentos expendidos pelo recorrente,
mediante os quais busca reverter o julgado, esbarram no óbice da Súmula nº 7 desta
Corte, pois envolvem a análise do conjunto fático-probatório dos autos, o que não se
admite em sede de recurso especial. 5. Agravo regimental a que se nega provimento.”
(STJ, AgRg no Ag 1060113/RO 2008/0107447-7, Rel. Min. Og Fernandes, Sexta Turma,
DJe 04/10/2010)

8 - TESE 24

A tese número vinte e quatro tem o seguinte teor:

CRIMES FALIMENTARES - PRESCRIÇÃO - INTERRUPÇÃO

Nos crimes falimentares aplicam-se as causas interruptivas da prescrição, previstas no


Código Penal (Súmula 592 do Supremo Tribunal Federal).

Comentários

Nos crimes falimentares, aplicam-se as causas interruptivas da prescrição, previstas no Código


Penal.

Súmula 592 do STF: antes da CF/88.

“2. Conforme estabelece o verbete n. 592 da Súmula do Supremo Tribunal Federal,


nos crimes falimentares, aplicam-se as causas interruptivas da prescrição, previstas no
Código Penal.” (STJ, AgRg no REsp 1488135/DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, Quinta Turma, DJe 05/05/2017).

9 - TESE 29

A tese número vinte e nove tem o seguinte teor:

ROUBO - AMEAÇA - PORTE DE ARMA - SIMULAÇÃO DE ARMA

A simulação do uso de arma configura a ameaça caracterizadora do roubo.

Comentários

A tese se coaduna com o que entende o STJ:

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“III - Na hipótese, o decreto prisional encontra-se devidamente fundamentado em
dados concretos extraídos dos autos, que evidenciam de maneira inconteste a
necessidade da prisão para garantia da ordem pública, notadamente a forma pela
qual o delito foi em tese praticado, consistente em roubo majorado, cometido em
concurso de agentes, com grave ameaça exercida com simulação de emprego de arma
de fogo, o que revela a gravidade concreta da conduta e justifica a imposição da
medida extrema. Precedentes.”

(RHC 103884/SP, Rel. Min. Félix Fischer, Quinta Turma, Dje 14/11/2018).

10 - TESE 31

A tese número trinta e um tem o seguinte teor:

EFEITO DA CONDENAÇÃO - PERDA DE CARGO, FUNÇÃO PÚBLICA OU MANDATO


ELETIVO - ADMISSIBILIDADE - DECLARAÇÃO NA SENTENÇA

A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo é efeito da condenação, mas


precisa ser expressamente declarada na sentença.

Comentários

É justamente o que depreendemos da leitura do artigo 92, inciso I, em conjunto com o seu
parágrafo primeiro, além de ser o entendimento amplamente adotado:

Art. 92 - São também efeitos da condenação:

I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:

a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano,
nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a
Administração Pública;

b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos
nos demais casos. (...)

Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser
motivadamente declarados na sentença.

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11 - TESE 32

A tese número trinta e dois tem o seguinte teor:

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA - PRORROGAÇÃO - REVOGAÇÃO

Se o beneficiário for processado por outro delito, o período de prova do "sursis" é


prorrogado até o julgamento definitivo. Condenado por crime doloso, a revogação é
obrigatória.

Comentários:

Realmente, o artigo 81, I, prevê a condenação por outro delito doloso como hipótese de
revogação obrigatória do sursis:

A revogação obrigatória do sursis ocorre, dentre outras hipóteses, se o beneficiado é


condenado definitivamente por crime doloso:

Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:

I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;

(...)

Como a nova condenação depende de trânsito em julgado, o período de prova fica prorrogado
até o julgamento definitivo.

12 - TESE 34

A tese número trinta e quatro tem o seguinte teor:

CONTRAVENÇÃO PENAL - JOGO DO BICHO - PERMISSÃO OU TOLERÂNCIA DO


PODER PÚBLICO

A permissão ou tolerância pelo poder público da exploração de outras modalidades de


jogo, não exclui a ilicitude da contravenção do denominado "jogo do bicho".

Comentários

A visão esposada na tese é albergada, há muito tempo, no âmbito do STJ, de modo que há
precedente antigo já tratando do tema:

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“PENAL. PROCESSUAL PENAL. JOGO DO BICHO. IMPOSSIBILIDADE DE
ABSOLVIÇÃO EM RAZÃO DO COSTUME. RECURSO PROVIDO POR AMBAS AS
ALINEAS. I - O SISTEMA JURIDICO BRASILEIRO NÃO ADMITE POSSA UMA LEI
PARECER PELO DESUSO, PORQUANTO, ASSENTADO NO PRINCIPIO DA
SUPREMACIA DA LEI ESCRITA (FONTE PRINCIPAL DO DIREITO), SUA
OBRIGATORIEDADE SO TERMINA COM SUA REVOGAÇÃO POR OUTRA LEI.
NOUTROS TERMOS, SIGNIFICA QUE NÃO PODE TER EXISTENCIA JURIDICA O
COSTUME "CONTRA LEGEM". II - RECURSO PROVIDO POR AMBAS ALINEAS.”

(REsp 30705/SP, Rel. Min. Adhemar Maciel, Sexta Turma, DJ 03/04/1995).

13 - TESE 42

A tese número quarenta e dois tem o seguinte teor:

FURTO - REPOUSO NOTURNO - RECONHECIMENTO

Para o reconhecimento da causa de aumento de pena do repouso noturno (artigo 155,


parágrafo 1º, do Código Penal) não tem relevância o fato de a casa, onde ocorreu o
furto, estar habitada.

Comentários

O STJ também não vem exigindo que a casa esteja habitada para o reconhecimento da
majorante:

“(...) PARA O RECONHECIMENTO DA AGRAVANTE DO REPOUSO NOTURNO


(PARAG. 1. DO ART. 155, CP), NÃO TEM QUALQUER IMPORTANCIA O FATO DA
CASA, ONDE OCORREU O FURTO, ESTAR HABITADA E SEU MORADOR
DORMINDO. 3. PARA A CONCESSÃO DO SURSIS CONTAM-SE TAMBEM, ENTRE
OUTRAS COISAS, OS ANTECEDENTES DO CONDENADO, NÃO SOMENTE SUA
PRIMARIEDADE E O MONTANTE DA PENA NÃO SUPERIOR A DOIS ANOS (...)” (STJ,
REsp 75011/SP, Rel. Min. Anselmo Santiago, Sexta Turma, DJ 03/11/1997).

14 - TESE 43

A tese número quarenta e três tem o seguinte teor:

ENTORPECENTES - TRÁFICO - FLAGRANTE PREPARADO

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O crime de tráfico de entorpecentes, de natureza permanente, já estava consumado,
antes do flagrante preparado pela venda do tóxico feita a policiais, não se aplicando a
Súmula 145 do Supremo Tribunal Federal para reconhecimento do crime impossível.

Comentários

Sobre a preparação de flagrante não constituir crime, temos a Súmula 145 do STF:

Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
consumação.

Súmula 145 do STF

Entretanto, o STJ, na mesma linha da tese acima transcrita, não entende que haja flagrante
preparado se o policial provoca o agente a vender entorpecentes, já que o crime é misto
alternativo (configura-se com a prática de qualquer dos núcleos do tipo), além de ser permanente
(conduta de “ter em depósito”):

“(...) 5. O tipo penal referente ao tráfico de drogas é misto alternativo, além de


permanente, razão pela qual a compra de entorpecente por policial não configura
flagrante preparado, pois se subsume na conduta de "trazer consigo" e não na de
"vender", não se aplicando o enunciado da Súmula 145 do Supremo Tribunal Federal.
(...)”

STJ, HC 463572/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe
02/10/2018.

15 - TESE 44

A tese número quarenta e quatro tem o seguinte teor:

CONTRAVENÇÃO PENAL - JOGO DO BICHO - IDENTIFICAÇÃO DE TODOS OS


AGENTES - DESNECESSIDADE

A punição do "jogo do bicho" não depende da identificação de todos os agentes.

Comentários

Realmente, a punição de determinado delito não depende da identificação de todos os


envolvidos.

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16 - TESE 47

A tese número quarenta e sete tem o seguinte teor:

REABILITAÇÃO - RESSARCIMENTO DO DANO - OBRIGATORIEDADE

A reabilitação exige prova do ressarcimento do dano ou da impossibilidade de fazê-lo.

Comentários

O próprio texto da lei exige referido requisito, conforme se depreende da leitura do artigo 94, III,
do CP:

Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que
for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o
período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier
revogação, desde que o condenado:

(...)

III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta


impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a
renúncia da vítima ou novação da dívida.

(...)

17 - TESE 49

A tese número quarenta e nove tem o seguinte teor:

CRIME CONTINUADO - REQUISITOS

Para a caracterização do crime continuado não basta a simples reiteração dos fatos
delitivos sob pena de tornar letra morta a regra do concurso material. É necessário o
preenchimento, entre outros, do requisito da denominada unidade de desígnios ou do
vínculo subjetivo entre os eventos

Comentários

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Apesar de o texto da lei não fazer referência a requisito objetivo (como bem destacado na
Exposição de Motivos do Código Penal), a jurisprudência e a doutrina têm entendido que há, de
modo implícito, um requisito subjetivo para o reconhecimento da continuidade delitiva:

“(...) 5. Adotando a teoria objetivo-subjetiva ou mista, a doutrina e a jurisprudência


inferiram implicitamente da norma um requisito outro de ordem subjetiva, que é a
unidade de desígnios na prática dos crimes em continuidade delitiva, exigindo-se,
pois, que haja um liame entre os crimes, apto a evidenciar, de imediato, terem sido os
crimes subsequentes continuação do primeiro, isto é, os crimes parcelares devem
resultar de um plano previamente elaborado pelo agente. Dessa forma, diferenciou-
se a situação da continuidade delitiva da delinquência habitual ou profissional,
incompatível com a benesse. Precedentes.(...)”

(HC 377270, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª Turma, DJe 09/06/2017).

18 - TESE 50

A tese número cinquenta tem o seguinte teor:

PRESCRIÇÃO - PENA DE MULTA - SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA

A prescrição da pena de multa cumulativamente imposta com privativa de liberdade


somente começa a correr após o período de prova do "sursis".

Comentários

Há julgado antigo adotando o mesmo entendimento da tese. Por se tratar de caso muito
específico, não é comum que tal assunto chegue às Cortes Superiores:

“PENAL. PENA DE MULTA IMPOSTA CUMULATIVAMENTE COM PENA PRIVATIVA DE


LIBERDADE. PRESCRIÇÃO. SURSIS. CONSTITUINDO-SE O SURSIS EM MODALIDADE
DE CUMPRIMENTO DA PENA, A PRESCRIÇÃO NÃO TEM CURSO DURANTE O
PERIODO DE PROVA. O PRAZO PRESCRICIONAL DE DOIS ANOS, RELATIVO A PENA
DE MULTA, SO PASSA A FLUIR APOS O CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE. INTELIGENCIA DO ART. 114, DO CODIGO PENAL. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO.”

(STJ, REsp 1858/SP, Rel. Min. Paulo Costa Leite, Sexta Turma, DJ 26/08/1991).

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19 - TESE 53

A tese número cinquenta e três tem o seguinte teor:

USO DE DOCUMENTO FALSO – CARTEIRA DE HABILITAÇÃO – APRESENTAÇÃO A


POLICIAL

O crime de uso de documento falso está caracterizado com o seu simples porte. Se o
agente o apresentou à autoridade policial o crime já estava consumado.

Comentários

O STJ tem entendido que o elemento de vontade de fazer uso do documento falso é
imprescindível para a configuração do delito, de modo contrário à tese:

“(...) 2. Se o investigado, em abordagem de rotina, afirma ao agente da Polícia


Rodoviária Federal não possuir Carteira Nacional de Habilitação, identificando-se
por meio de Carteira de Identidade, e, logo em seguida, o policial avista, em sua
carteira aberta, documento similar à CNH que o investigado lhe entrega, admitindo
tratar-se de documento falso, não há como se reconhecer na conduta, a priori, o
elemento de vontade (de fazer uso de documento falso) necessário à caracterização do
delito do art. 304 do CP, situação em que a apresentação do documento falso à
autoridade policial federal não tem o condão de deslocar a competência para o
julgamento da ação penal para a Justiça Federal. (...)”

STJ, CC 148592/RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 3ª S, DJe 12/02/2017

20 - TESE 54

A tese número cinquenta e quatro tem o seguinte teor:

JÚRI – HOMICÍDIO QUALIFICADO E PRIVILEGIADO – POSSIBILIDADE

É compatível a coexistência de qualificadora objetiva com a forma privilegiada do


homicídio.

Comentários

O entendimento do STJ é o mesmo:

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“(...) 5. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que não há incompatibilidade
entre as qualificadoras de ordem objetiva e as causas de diminuição de pena do § 1.º
do art. 121 do Código Penal, de natureza subjetiva. Precedentes. (...)”

(STJ, AgRg no AREsp 463482/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª Turma, DJe 03/02/2005).

21 - TESE 57

A tese número cinquenta e sete tem o seguinte teor:

FALSO TESTEMUNHO – CRIME FORMAL – EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DO CRIME


ANTECEDENTE

A extinção da punibilidade do crime onde ocorreu o depoimento mendaz não se


estende ao crime de falso testemunho.

Comentários

Realmente, não há relação. Se o agente testemunhou falsamente em um processo criminal e lá


houve o reconhecimento da prescrição, isso não significa que haja extinção da punibilidade quanto
ao falso testemunho.

22 - TESE 58

A tese número cinquenta e oito tem o seguinte teor:

PRESCRIÇÃO – INTERRUPÇÃO – ACÓRDÃO CONDENATÓRIO – SESSÃO DE


JULGAMENTO

O acórdão que reforma sentença absolutória condenando o réu, é causa interruptiva da


prescrição. A interrupção ocorre na data da sessão de julgamento. (D.O.E., 12/06/2003,
p. 31)

Comentários

A tese se compatibiliza com o entendimento do STJ, que entende que não interrompe a prescrição
apenas o acórdão confirmatório da prescrição, e não aquele que condena o réu que havia sido
absolvido em primeiro grau:

“Nos termos da jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça, o acórdão


confirmatório da condenação não constitui marco interruptivo da prescrição.”

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EDcl no AgRg no RE nos EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1264697 / SP, STJ, Dje
15/09/2017

23 - TESE 59

A tese número cinquenta e nove tem o seguinte teor:

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA – CONDIÇÃO – PENA RESTRITIVA DE


DIREITOS – OBRIGATORIEDADE

A imposição de prestação de serviços à comunidade ou outra pena restritiva de direito


como condição do "sursis" no primeiro ano do período de provas é, em princípio,
obrigatória.

Comentários

Realmente, a própria lei prevê a obrigatoriedade de prestação de serviços à comunidade no


primeiro ano de suspensão condicional da pena, no artigo 79, § 1º, do CP. A exceção é se o
condenado fizer jus ao chamado sursis especial, previsto no parágrafo segundo de referido
dispositivo:

Art. 79, CP - § 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à


comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).

§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as


circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá
substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas
cumulativamente:

a) proibição de freqüentar determinados lugares;


b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades.

24 - TESE 60

A tese número sessenta tem o seguinte teor:

PARCELAMENTO DO SOLO URBANO – LOTEAMENTO IRREGULAR OU


CLANDESTINO – CRIME FORMAL

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Os crimes contra a administração pública definidos pela Lei de Parcelamento do Solo
Urbano (Lei nº 6.766/79) são formais, consumando-se independentemente da
verificação de prejuízo. A posterior regularização do loteamento não afasta, assim, a
justa causa para a ação penal. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 060 DIREITO PENAL

Comentários

O STJ também tem entendido que o parcelamento irregular do solo urbano configura crime
formal, independendo de resultado naturalístico para sua consumação:

“PENAL. CRIME CONTRA O PARCELAMENTO DO SOLO URBANO. CRIME FORMAL.


PRESCRIÇÃO ANTECIPADA. IMPOSSIBILIDADE.

1 - Segundo pacífico entendimento jurisprudencial o parcelamento irregular do solo


urbano, quando objeto de censura penal, é crime cuja consumação se dá com simples
atividade, independente da produção do resultado danoso (crime formal).(...)”

STJ, RHC 7821/SP, Rel. Min. Fernando Gonçalves, Sexta Turma, DJ 13/10/1998.

25 - TESE 61

A tese número sessenta e um tem o seguinte teor:

PRESCRIÇÃO – INTERRUPÇÃO – REINCIDÊNCIA – PRÁTICA DO CRIME

A interrupção do prazo prescricional, a que se refere o artigo 117, VI, do Código Penal,
dá-se quando da prática do segundo crime.

Comentários

Referida causa interruptiva está prevista no artigo 117, IV, do CP, cuja leitura é importante:

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:

(...)

VI - pela reincidência.

A partir de referido dispositivo, o STJ consolidou sua jurisprudência no sentido de que a


interrupção da prescrição ocorre com a prática do novo delito, e não a do seu trânsito em julgado:

18
222
“(...) 2. Ambas as Turmas especializadas em direito penal deste Sodalício entendem que
a reincidência, como reza o art. 117, inciso VI, do Código Penal, interrompe o prazo da
prescrição da pretensão executória do Estado, considerando-se, como marco
interruptivo, a data da prática de novo crime, e não a do seu trânsito em julgado.(...)”

STJ, HC 317662/RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, DJe
06/05/2015.

26 - TESE 62

A tese número sessenta e dois tem o seguinte teor:

PENA – PRIVATIVA DE LIBERDADE – SUBSTITUIÇÃO POR MULTA – LEI ESPECIAL –


INADMISSIBILIDADE

Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativa de liberdade e pecuniária,


é vedada a substituição da prisão por multa.

Comentários

Referido entendimento foi adotado, nas mesma palavras, na Súmula 171 do STJ:

Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativa de liberdade e pecuniária,


é defeso a substituição da prisão por multa.

Súmula 171 do STJ

27 - TESE 66

A tese número sessenta e seis tem o seguinte teor:

PRESCRIÇÃO – INTERRUPÇÃO – PRONÚNCIA – DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME

A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a


desclassificar o crime.

Comentários

O entendimento adotado na tese é o mesmo da Súmula 191 do STJ:

19
222
A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri
venha a desclassificar o crime.

Súmula 191, STJ.

28 - TESE 68

A tese número sessenta e oito tem o seguinte teor:

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA – CONDIÇÕES – OMISSÃO DO JUIZ DO


PROCESSO – FIXAÇÃO PELO JUIZ DAS EXECUÇÕES – POSSIBILIDADE

Tendo o Juiz se omitido quanto às condições do "sursis", pode o juízo da execução


fixá-las.

Comentários

Do seguinte precedente depreende-se que o STJ também admite que o juízo da execução fixe as
condições da suspensão condicional da pena:

“(...) Ordem concedida, de ofício, para reduzir a reprimenda imposta à paciente para 1
(um) ano e 2 (dois) meses de reclusão; fixar o regime inicial semiaberto; e determinar a
suspensão condicional da pena, estabelecendo o período de prova em 2 (dois) anos,
devendo o Juízo da Execução competente dispor sobre as condições para o
cumprimento do benefício, observando o teor do art. 78, §1º, do Código Penal, no que
concerne ao primeiro ano do prazo.”

STJ, HC 332303/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª Turma, DJe 23/11/2015

29 - TESE 71

A tese número setenta e um tem o seguinte teor:

CRIMES CONTRA OS COSTUMES - REPRESENTAÇÃO - PARENTE OU PESSOA QUE


DETÉM A GUARDA DA VÍTIMA - POSSIBILIDADE

Nos crimes contra os costumes, admite-se a representação formulada por pessoa que,
de qualquer forma, seja responsável pelo menor, ainda que momentaneamente.

20
222
Comentários

O STJ possui o mesmo entendimento, possibilitando que qualquer que seja o responsável pelo
menor de idade possa oferecer a representação:

“(...) 6. Este Superior Tribunal de Justiça vem se posicionando quanto à legitimidade


de qualquer pessoa que, de alguma forma, seja responsável pelo menor para a
realização de representação autorizativa da persecutio criminis, iniciando-se o lapso
decadencial a partir do conhecimento dos fatos pelo respectivo representante. (...)”
(STJ, AgRg no REsp 1110889/SC, Quinta Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe
15/02/2013).

De todo modo, vale lembrar que, com a Lei 13718/2018, os crimes contra a liberdade sexual e os
crimes sexuais contra vulnerável passaram a ser de ação penal pública incondicionada,
independendo de representação:

Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante
ação penal pública incondicionada.

Parágrafo único. (Revogado).

30 - TESE 80

A tese número oitenta tem o seguinte teor:

PENA – ATENUANTE – MÍNIMO

A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo


do mínimo legal.

Comentários

O teor da tese é o mesmo do enunciado da Súmula 231 do STJ:

A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo


do mínimo legal.

Súmula 231 do STJ

21
222
31 - TESE 81

A tese número oitenta e um tem o seguinte teor:

CRIMES HEDIONDOS – PRISÃO EM FLAGRANTE – LIBERDADE PROVISÓRIA –


INADMISSIBILIDADE - RESTRITO 1

A lei nº 8.072/90 veda a concessão de liberdade provisória ao autor de crimes


considerados hediondos ou assemelhados.

Comentários

Atualmente, o STF não admite a vedação genérica à liberdade provisória, devendo o juiz analisar,
fundamentadamente, se o caso concreto comporta prisão preventiva ou outra medida cautelar
diversa da privativa de liberdade.

32 - TESE 86

A tese número oitenta e seis tem o seguinte teor:

REINCIDÊNCIA – CONDENAÇÃO ANTERIOR A PENA DE MULTA

A condenação anterior à pena de multa não afasta a reincidência.

Comentários

O STF entende que mesmo a condenação por crime de porte de entorpecentes para consumo
próprio, previsto no artigo 28 da Lei 11.343/06, configura reincidência. De todo modo, a
condenação por pena de multa também implica na configuração da reincidência.

33 - TESE 87

A tese número oitenta e sete tem o seguinte teor:

ROUBO – VÍTIMAS DIVERSAS – CONCURSO FORMAL

Se o agente subtrai bens de várias pessoas, no mesmo contexto, pratica roubos em


concurso formal.

22
222
Comentários

Referido entendimento é o atualmente adotado pela jurisprudência:

4. "É assente nesta Corte Superior que o roubo perpetrado contra diversas vítimas,
ainda que ocorra em um único evento, configura o concurso formal e não o crime
único, ante a pluralidade de bens jurídicos tutelados ofendidos" (HC n. 438.443/SP,
relator Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
18/9/2018, DJe 28/9/2018) (...)” (STJ, AgRg no EDcl no AREsp 1155424/RS, Rel. Min.
Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, DJe 13/11/20180.

34 - TESE 89

A tese número oitenta e nove tem o seguinte teor:

DETRAÇÃO – PRISÃO POR OUTRO PROCESSO – INADMISSIBILIDADE Necessário que


haja nexo de causalidade entre a prisão provisória e a prisão definitiva.

Comentários

A tese não admite a detração de período de prisão provisória se não for pelo delito que ocasionou
a pena, ou seja, só admite detração com nexo de causalidade. A jurisprudência, entretanto, admite
a detração por outro delito, diverso do que ocasionou a prisão definitiva, desde que tenha este
tenha sido praticado anteriormente. Assim, evita-se a chamada “caderneta de poupança” de
penas, que permitiria que o preso injustamente praticasse um crime para descontar o período já
cumprido. Portanto, a tese não é aceita nos Tribunais Superior, conforme o representativo
precedente do STF:

“HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. DETRAÇÃO. PERÍODO ANTERIOR AO FATO


DELITUOSO. IMPOSSIBILIDADE. 1. É assente a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal no sentido de que o condenado não faz jus à detração penal quando a conduta
delituosa pela qual houve a condenação tenha sido praticada posteriormente ao crime
que acarretou a prisão cautelar. 2. Ordem denegada.” (STF, HC 109599/RS, Rel. Min.
Teori Zavascki, Segunda Turma, Julgamento em 26/02/2013).

35 - TESE 92

A tese número noventa e dois tem o seguinte teor:

23
222
ESTELIONATO – PRIVILÉGIO – RESSARCIMENTO OU RESTITUIÇÃO DA COISA –
INAMISSIBILIDADE

O estelionato privilegiado não se caracteriza pelo ressarcimento ou restituição da coisa,


pois o pequeno valor do prejuízo deve ser aferido no momento da consumação do
crime.

Comentários

Mais uma tese que diz respeito ao crime patrimonial em que há a caracterização do pequeno valor.
Realmente, não há que se confundir pequeno valor com o ressarcimento ou a restituição da coisa,
a qual pode, inclusive, valer milhões de reais. Deste modo, acertada a tese segundo o
entendimento amplamente aceito atualmente.

36 - TESE 94

A tese número noventa e quatro tem o seguinte teor:

ROUBO – DOCUMENTOS – TIPIFICAÇÃO

Os documentos, mesmo não tendo expressão comercial, representam valor para a


vítima, podendo ser objeto do crime de roubo.

Comentários

Apesar de se tratar de um acórdão cível, é possível verificar neste precedente do STJ a menção a
furto ou roubo de documentos:

“(...) - A circunstância da conta bancária ser aberta por terceiro, com a utilização de
documentos furtados ou roubados, não elide a responsabilidade da instituição
financeira.

- A ausência de comunicação do furto ou do roubo dos documentos às autoridades


policiais e ao SPC, por si só, não afasta a obrigação de indenizar. (...)”

(STJ, REsp 856085/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJe 08/10/2009)

O STJ possui diversos acórdãos tratando de tal crime. Entretanto, é comum sequer ser citado que
o furto foi de documentos, já que se trata de questão já pacificada, sem relevante divergência.

24
222
37 - TESE 95

A tese número noventa e cinco tem o seguinte teor:

CRIME CONTINUADO – PRESCRIÇÃO – TERMO INICIAL

O termo inicial da prescrição é considerado em relação a cada delito componente,


isoladamente.

Comentários

Verifica-se que, para calcular a prescrição, o enunciado 497 da Súmula do STJ realmente exige
que não se compute o acréscimo decorrente da continuidade delitiva, realmente usando a pena
isolada do delito:

Súmula 497, STJ

Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na


sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.

38 - TESE 107

A tese número cento e sete tem o seguinte teor:

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO – CAUSAS DE AUMENTO DE PENA – PENA MÍNIMA COM O AUMENTO
OBRIGATÓRIO SUPERIOR A UM ANO – INADMISSIBILIDADE

Para efeito da suspensão condicional do processo, prevista na Lei nº 9.099/95, levam-


se em conta as causas de aumento e diminuição da pena.

Comentários

Apesar de não haver julgados tão recentes (o tema é mais específico e não sobe tanto ao STF), o
Supremo Tribunal Federal possui julgado em que se considerou a causa de aumento de pena para
aferição do requisito de pena mínima para suspensão condicional do processo:

AÇÃO PENAL. Apropriação indébita qualificada. Suspensão condicional do processo.


Impossibilidade. Pena mínima superior a um ano. Consideração da causa de aumento
de pena. Precedentes. HC denegado. As causas de aumento de pena devem ser levadas

25
222
em conta na pena abstrata, para o efeito de se conceder, ou não, a suspensão
condicional do processo.

STF, HC 90869/SP, Rel. Min. Cezar Peluso, Segunda Turma, Julgam. 20/04/2010.

39 - TESE 110

A tese número cento e dez tem o seguinte teor:

CRIMES CONTRA OS COSTUMES - ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR - ESTUPRO -


VIOLÊNCIA PRESUMIDA RELATIVA - CONSENTIMENTO DA OFENDIDA

O consentimento da ofendida, menor de 14 anos, para a conjunção carnal ou outro ato


libidinoso, e sua experiência anterior, não elidem a presunção de violência para a
caracterização do estupro ou do atentado violento ao pudor. É preciso, porém, que o
agente saiba a idade da vítima, pois a presunção de violência é relativa.

Legislação revogada

Comentários

A legislação a que se refere o enunciado acima foi alterada posteriormente. Atualmente, quanto
ao crime de estupro de vulnerável, o entendimento jurisprudencial é de que, para a configuração
do delito, não se pode levar em conta o eventual consentimento da vítima, sua experiência sexual
nem a existência de relacionamento amoroso com o agente. É o que diz a Súmula 593 do STJ:

O crime de estupro de vulnerável configura com a conjunção carnal ou prática de ato


libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante o eventual consentimento da vítima
para a prática do ato, experiência sexual anterior ou existência de relacionamento
amoroso com o agente.

Ademais, o próprio Código Penal foi alterado, acolhendo tal entendimento:

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

(...)

26
222
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se
independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações
sexuais anteriormente ao crime.

40 - TESE 114

A tese número cento e quatorze tem o seguinte teor:

ROUBO – EMPREGO DE ARMA – NATUREZA SUBJETIVA ("MAIOR INTIMIDAÇÃO DA


VÍTIMA") – INSTRUMENTO UTILIZADO – APREENSÃO – LAUDO PERICIAL –
DESNECESSIDADE

No crime de roubo, para o reconhecimento da causa de aumento de pena pelo


emprego de arma, não é necessária a apreensão do instrumento utilizado ou de laudo
pericial, por ser de natureza subjetiva ("maior intimidação da vítima").

Comentários

Atualmente, só há majorante para o crime de roubo no caso de emprego de arma de fogo, e não
mais por emprego de arma, de forma genérica. De todo modo, o STJ entende não ser necessária
a apreensão da arma, nem a realização de perícia, para que incida a referida causa de aumento de
pena:

“(...) 1. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento firme de que é prescindível


a apreensão e a perícia da arma para a incidência da majorante prevista no art. 157, §
2º, I, do Código Penal, quando existirem nos autos outros elementos de prova capazes
de comprovar a sua utilização no delito, como no caso concreto, em que demonstrado
pela própria Corte de origem que por meio do depoimento da vítima e do corréu, que
o apelante com o corréu praticaram o roubo utilizando arma de fogo. (...)”

(STJ, AgRg no REsp 1712795/AM, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, DJe
12/06/2018).

41 - TESE 119

A tese número cento e dezenove tem o seguinte teor:

APROPRIAÇÃO INDÉBITA – RESSARCIMENTO DO PREJUÍZO – PERMANÊNCIA DA


TIPICIDADE

27
222
Consumado o crime de apropriação indébita, o ressarcimento do prejuízo não afasta o
caráter ilícito do fato, servindo tão-somente para diminuir a pena.

Comentários

O STJ possui jurisprudência formada no mesmo sentido do enunciado acima, de modo que o
ressarcimento do prejuízo não afasta a configuração do crime de apropriação indébita. Pode-se
configurar, de todo modo, o arrependimento posterior, com a diminuição da pena, nos termos do
recente precedente do STJ:

“(...) 2 - Na linha dos precedentes desta Corte, "no crime de apropriação indébita, a
restituição do bem ou o ressarcimento do dano não são hábeis a excluir a tipicidade
do crime ou afastar a punibilidade do agente" (AgRg no AREsp n. 828.271/SC, relator
Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 19/4/2016, DJe
3/5/2016). (...)”

STJ, AgInt no REsp 477.498/SP, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, DJe
12/03/2019

42 - TESE 121

A tese número cento e vinte e um tem o seguinte teor:

ROUBO - CONSUMAÇÃO - IMPRÓPRIO

O roubo impróprio se consuma com o emprego da grave ameaça ou violência à pessoa.

Comentários

Vale recordar que o roubo impróprio está prevista no artigo 157, § 1º, do CP:

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega


violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou
a detenção da coisa para si ou para terceiro.

Neste caso, o crime se inicia como um furto. Entretanto, para assegurar sua impunidade (fugir
quando o vigilante percebe sua ação) ou a detenção da coisa (o proprietário chega e tenta impedir
a subtração), o agente se utiliza de grave ameaça ou violência contra a pessoa. É neste momento
que o crime se consuma, pois, antes do emprego da violência ou grave ameaça, só se poderia
falar em furto. Neste sentido firmou-se a jurisprudência das Cortes Superiores, como se percebe
do seguinte aresto:

28
222
“PENAL. RECURSO ESPECIAL. ART. 157, §§ 1º E 2º, INCISO I, DO CÓDIGO PENAL.
ROUBO IMPRÓPRIO MAJORADO. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA. O crime previsto no
art. 157, § 1º, do Código Penal consuma-se no momento em que, após o agente tornar-
se possuidor da coisa, a violência é empregada, não se admitindo, pois, a tentativa
(Precedentes do Pretório Excelso e desta Corte). Recurso provido para restabelecer a
r. sentença condenatória que reconheceu a ocorrência do crime de roubo na forma
consumada.” (STJ, REsp 1025162/SP, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe
10/11/2008).

43 - TESE 125

A tese número cento e vinte e cinco tem o seguinte teor:

PERIGO ABSTRATO – CRIMES OU CONTRAVENÇÕES – ADMISSIBILIDADE

O legislador penal brasileiro não está proibido de prescrever crimes e contravenções


penais de perigo abstrato.

Comentários

Este entendimento é amplamente majoritário na doutrina, apesar de haver vozes em sentido


contrário, já que os crimes de perigo abstrato feririam o princípio da ofensividade. A jurisprudência
tem considerado serem compatíveis com a Constituição referida espécie de crimes, sem
declaração de inconstitucionalidade pelos Tribunais Superiores.

44 - TESE 126

A tese número cento e vinte e seis tem o seguinte teor:

CRIMES DE RESPONSABILIDADE DE PREFEITO MUNICIPAL – DECRETO LEI Nº 201/67


– PENA ACESSÓRIA – PERDA DO MANDATO ELETIVO – ADMISSIBILIDADE

O parágrafo 2º do artigo 1º do Decreto-lei nº 201/67 não foi revogado pelo artigo 12


do Código Penal.

Comentários

A jurisprudência se consolidou no mesmo sentido da tese, entendendo que o artigo 1º, § 2º, do
Decreto-Lei 201/67, continua em vigor, como se percebe do seguinte julgado do STJ, que o aplica:

29
222
“PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 317, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL.
PERDA DO MANDATO ELETIVO DE PREFEITO MUNICIPAL. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO
EM JULGADO DA CONDENAÇÃO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL.

I - De acordo com o que dispõe o § 2º do art. 1º, do Decreto-lei nº 201/67, a execução


das penas acessórias de perda do cargo e inabilitação para o exercício de cargo ou
função pública fica condicionada à existência de condenação definitiva (Precedentes
desta Corte e do STF) (...)”

STJ, HC 80424/MG, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 07/04/2008

45 - TESE 127

A tese número cento e vinte e sete tem o seguinte teor:

ROUBO – CONSUMAÇÃO – PRÓPRIO

O crime de roubo próprio se consuma no momento, ainda que breve, em que o agente
se torna possuidor da coisa mediante grave ameaça ou violência, sendo desnecessário
que o bem saia da esfera de vigilância da vítima, bastando que cesse a clandestinidade
ou a violência.

Comentários

Quanto à consumação do roubo próprio, o STJ também não exige a posse mansa e pacífica, nos
mesmos termos do que defende o MPSP:

“(...) I – A decisão ora questionada está em perfeita consonância com a jurisprudência


desta Corte no sentido de que a consumação do furto ocorre no momento da
subtração, com a inversão da posse da res, independentemente, portanto, de ser
pacífica e desvigiada da coisa pelo agente. Precedentes.” (STF, HC 135674/PE, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, Julgamento: 27/09/2016).

46 - TESE 135

A tese número cento e trinta e cinco tem o seguinte teor:

HOMICÍDIO - DUAS OU MAIS MORTES EM UM SÓ ATO - CONCURSO FORMAL


IMPERFEITO E NÃO CRIME CONTINUADO

30
222
Na prática de mais de um crime doloso contra a vida, mediante uma só ação, havendo
múltiplos desígnios, ocorrerá o concurso formal imperfeito e não o crime continuado.

Comentários

Com efeito, um dos requisitos do crime continuado é a pluralidade de condutas. Havendo uma só
ação, com desígnios diversos, a hipótese é de concurso formal imperfeito, conforme o
entendimento do STJ e da doutrina amplamente majoritária:

“(...) 8. Os crimes de homicídio qualificado em tela sequer possuem os requisitos


objetivos para a configuração de continuidade delitiva, porquanto não há pluralidade
de condutas, mas apenas uma conduta composta de vários atos, em um mesmo
contexto fático, em que ocorreram todos os homicídios em sequência. Trata-se,
pois, de verdadeiro concurso formal impróprio de crimes, caracterizado por haver
desígnios autônomos dos agentes para a prática de cada um dos atos que compõem
a conduta, motivo pelo qual deve ser aplicada a regra do cúmulo material,
semelhantemente ao concurso material de crimes, consoante informa o art. 70, in fine,
do Código Penal. Nesses termos, a conclusão pela aplicabilidade do concurso formal
impróprio não acarreta qualquer modificação na situação jurídica do paciente.

STJ, HC 195623/RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 24/08/2016.

47 - TESE 136

A tese número cento e trinta e seis tem o seguinte teor:

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO – MAUS ANTECEDENTES – INADMISSIBILIDADE

Os maus antecedentes do autor do fato impedem a suspensão do processo.


Condenações há mais de cinco anos, inquéritos policiais arquivados ou crimes em que
ocorreu prescrição são indicativos de maus antecedentes.

Comentários

O entendimento que prevalece é de que, nos termos da lei, os maus antecedentes realmente
impedem a suspensão condicional do processo. Quanto aos inquéritos arquivados e crimes
prescritos (prescrição da pretensão punitiva), não se admite sua consideração para fins de maus
antecedentes:

31
222
Ainda que não trate do mesmo tema, é possível perceber tal entendimento pela Súmula 444 do
STJ:

É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a


pena-base

Quanto aos maus antecedentes impedirem a suspensão condicional do processo, bem como sobre
a condenação com pena cumprida a mais de 5 anos configurar tal impeditivo, há o seguinte
precedente do STJ:

“(...) Apesar de não estar configurada a reincidência, a existência de condenação


anterior, com trânsito em julgado, pode caracterizar a presença de maus antecedentes
do réu, impedindo o oferecimento da proposta de transação penal, bem como de
suspensão condicional do processo.”

(STJ, HC 44327/SP, Rel. Min. Gilson Dipp, DJe 13/03/2006).

Entretanto, o STF apresenta divergência entre as turmas, a respeito de ser possível ou não a
utilização de condenação anterior transitada em julgado, após o período depurador (não mais
apta a ensejar reincidência), como mau antecedente.

48 - TESE 137

A tese número cento e trinta e sete tem o seguinte teor:

ENTORPECENTES - TRÁFICO - CAUSA DE AUMENTO DE PENA - INTERIOR DE


ESTABELECIMENTO PENAL - PRESIDIÁRIO - ADMISSIBILIDADE

Aplica-se ao presidiário que comete o crime de tráfico de entorpecentes no interior de


estabelecimento penal a causa de aumento de pena do artigo 18, IV, da Lei nº 6.368/76.

Comentários

A tese trata de legislação já revogada. Referida Lei de Drogas foi revogada pela atualmente
vigente Lei 11.343/06. De todo modo, referida causa de aumento tinha a seguinte redação:

LEI REVOGADA:

Art. 18. As penas dos crimes definidos nesta Lei serão aumentadas de 1/3 (um terço) a
2/3 (dois terços):

32
222
(...)

IV - se qualquer dos atos de preparação, execução ou consumação ocorrer nas


imediações ou no interior de estabelecimento de ensino ou hospitalar, de sedes de
entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas ou beneficentes, de locais
de trabalho coletivo, de estabelecimentos penais, ou de recintos onde se realizem
espetáculos ou diversões de qualquer natureza, sem prejuízo da interdição do
estabelecimento ou do local.

49 - TESE 138

A tese número cento e trinta e oito tem o seguinte teor:

DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA - CARACTERIZAÇÃO - INEXISTÊNCIA DE INQUÉRITO


POLICIAL OU PROCESSO JUDICIAL - IRRELEVÂNCIA - INTELIGÊNCIA DO ARTIGO
339 DO CÓDIGO PENAL

Para a consumação do delito do artigo 339 do Código Penal, basta que a imputação de
crime, a quem sabe inocente, acarrete investigação policial, que não precisa assumir
feições de inquérito policial.

Comentários

Conforme precedente a seguir, o STJ não tem exigido inquérito policial, mas deve haver a
deflagração de uma investigação (policial ou administrativa), ação penal ou de improbidade
administrativa:

“(...) 1. Para a configuração do crime previsto no artigo 339 do Código Penal, é


necessário que a denúncia falsa dê ensejo à deflagração de uma investigação, seja ela
policial ou administrativa, ou de um processo judicial, inquérito civil ou ação de
improbidade administrativa contra a pessoa alvo da imputação. 2. Na espécie,
constatando-se que a acusação formulada pelo paciente não deu ensejo à instauração
de auto de apuração de ato infracional contra o adolescente indicado como partícipe
do crime de roubo objeto de investigação policial em curso, impõe-se o
reconhecimento da atipicidade da conduta. Precedentes. (...)” (STJ, HC 428355/SP, Rel.
Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 01/08/2018).

50 - TESE 140

A tese número cento e quarenta tem o seguinte teor:

33
222
PENAS – RESTRITIVAS DE DIREITOS – MULTA – ABSTRATAMENTE COMINADAS NA
PARTE ESPECIAL – CUMULAÇÃO – ADMISSIBILIDADE

As penas alternativas e a pena de multa, abstratamente cominadas na parte especial,


devem ser cumuladas.

Comentários

Além de a tese repetir a previsão do artigo 58, parágrafo único do CP, referido entendimento é o
adotado pelo STJ:

“(...) 1. Consoante o parágrafo único do art. 58 do Código Penal, a pena de multa


aplicada por força de sua previsão no preceito secundário da norma penal incriminadora
não pode ser considerada substitutiva da pena privativa de liberdade aplicada
cumulativamente ao réu.”

STJ, REsp 999981/SE, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, DJe 06/04/2009

51 - TESE 141

A tese número cento e quarenta e um tem o seguinte teor:

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO – PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE PROVAS – ADMISSIBILIDADE -
RESTRITO

Se o beneficiário descumprir condições cuja revogação é facultativa, ou permanecer fora do país,


ainda que com autorização judicial, o Juiz pode determinar a prorrogação do período de provas
da suspensão condicional do processo.

Comentários

O STJ também já decidiu que, se o juiz se depara com uma hipótese de revogação facultativa da
suspensão condicional do processo, ele pode prorrogar o prazo ao invés de decidir revogar o
benefício, nos termos da tese acima transcrita:

“(...) 1. O descumprimento da condição referente ao comparecimento mensal em juízo


é hipótese de revogação facultativa da suspensão condicional do processo.

2. Ao não decidir pela revogação da benesse, apenas prorrogando o período de prova,


o Juízo Federal atuou de forma mais favorável ao acusado, pelo que não há que se falar

34
222
em constrangimento ilegal passível de ser reparado por esta Corte Superior de Justiça.
Precedente.

3. A prorrogação do período de prova por 2 (dois) meses, equivalente a mais um


comparecimento pessoal em juízo, não caracteriza medida desproporcional ou injusta,
já que corresponde exatamente à condição descumprida.”

(STJ, RHC 41168, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª Turma, DJe 23/04/2014).

52 - TESE 142

A tese número cento e quarenta e dois tem o seguinte teor:

PENAS – RESTRITIVAS DE DIREITOS – PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE SUPERIOR A


UM ANO – DUAS RESTRITIVAS – CUMULAÇÃO OBRIGATÓRIA

Condenado o réu a pena privativa de liberdade superior a um ano, deve ser substituída
por duas penas restritivas de direitos. Inadmissível a substituição por uma restritiva e
multa e o afastamento desta.

Comentários

Com relação à referida tese, ela parece não estar exatamente de acordo com a legislação. O artigo
44, §2º, do CP, apresenta as duas hipóteses de substituição da pena privativa de liberdade
superior a um ano, e não só uma:

a) Uma pena restritiva de direitos e multa;


b) Duas penas restritivas de direitos.

Ademais, se for substituída a pena privativa de liberdade por uma pena restritiva de direitos e
multa, esta última não deve ser afastada, mas sim cumprida, de acordo com o artigo 44, §2º, do
Código Penal:

§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa
ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de
liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas
restritivas de direitos.

53 - TESE 145

A tese número cento e quarenta e cinco tem o seguinte teor:

35
222
ARMA – PORTE – “DESMUNICIADA” – LEI Nº 10.826/03.

Os artigos 14 e 16 da Lei nº 10.826/03 não exigem esteja a arma municiada.

Comentários

A jurisprudência se consolidou no mesmo sentido, entendendo que os crimes dos artigos 14 e 16


da Lei 10.826/03 são de perigo abstrato e, assim, configuram-se independentemente de a arma
estar ou não municiada:

(...) 1. Em relação ao porte de arma de fogo desmuniciada e desmontada, esta Corte


Superior uniformizou o entendimento de que o tipo penal em apreço é de perigo
abstrato. Precedentes. (...)”

STJ, AgRg no AREsp 1367442/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, Dje
14/12/2018

54 - TESE 147

A tese número cento e quarenta e sete tem o seguinte teor:

DUPLICATA SIMULADA – LEI 8.137/90 – VENDA E PRESTAÇÃO DE SERVIÇO


INEXISTENTE – TIPICIDADE

A emissão de duplicata sem a correspondente venda ou prestação de serviço, total ou


parcial, tipifica o delito do artigo 172 do Código Penal.

Comentários

O tipo penal de duplicata simulada, previsto no artigo 172 do CP, possui a seguinte redação:

Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria
vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.

Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Pela redação do dispositivo, fica claro que o crime se configura se a venda ou a prestação de
serviços descritas na duplicada não se adequarem, em quantidade ou qualidade, com o negócio
efetivamente realizado. Surgiu, então, a controvérsia sobre haver ou não crime no caso em que
não é a quantidade que destoa, mas a própria realização da venda ou do serviço. Ou seja, em caso
de duplicata emitida sem a correspondente venda ou prestação de serviços.

36
222
A jurisprudência se firmou no mesmo sentido da tese do MPSP, entendendo haver crime no caso
de emissão de duplicata sem que tenha havido a correspondente venda ou prestação de serviços:

“(...) - "O delito de duplicata simulada, previsto no artigo 172 do Código Penal, com
redação dada pela Lei n. 8.137, de 27.12.1990, configura-se quando o agente emite
duplicata que não corresponde à efetiva transação comercial, sendo típica a conduta
ainda que não haja qualquer venda de mercadoria ou prestação de serviço." (REsp n.
1.267.626/PR, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, DJe
16/12/2013) Agravo regimental desprovido.” (STJ, AgRg no AREsp 624470/SP, Rel.
Des. Convocado Ericson Maranhão, Sexta Turma, DJe 13/03/2015).

55 - TESE 150

A tese número cento e cinquenta tem o seguinte teor:

INDULTO – COMUTAÇÃO – DECRETO Nº 3.226/99

A comutação da pena é espécie de indulto, portanto, o artigo 7º do Decreto nº 3.226/99


veda a sua concessão.

Comentários

O Decreto nº 3.226 foi editado pelo Presidente da República no ano de 1999, utilizando-se de sua
atribuição constitucional. O artigo 7º do referido decreto possui a seguinte redação:

Art. 7o O indulto previsto neste Decreto não alcança os:

I - condenados por crimes hediondos e pelos crimes de tortura, terrorismo e tráfico


ilícito de entorpecentes e drogas afins;

II - condenados pelos crimes definidos no Código Penal Militar que correspondam às


hipóteses previstas nos incisos I e III deste artigo;

III - condenados que, embora solventes, tenham deixado de reparar o dano;

IV - condenados por roubo com emprego de arma de fogo;

V - condenados por roubo que tenham mantido a vítima em seu poder ou de outra
forma restringido sua liberdade.

Parágrafo único. As restrições deste artigo, do § 1o do art. 1o e do art. 3o deste Decreto


não se aplicam às hipóteses previstas no inciso VI do art. 1o.

37
222
Apesar de não haver grande importância prática o estudo de um indulto concedido há cerca de
uma década, é possível apontar que há razão ao MPSP. Segundo a doutrina, o indulto pode ser
total ou parcial, sendo que, neste último caso, também pode ser denominado de comutação.
Deste modo, a jurisprudência tem entendido, de modo geral, que uma proibição que exista
quanto ao indulto também alcança a comutação.

56 - TESE 151

A tese número cento e cinquenta e um tem o seguinte teor:

PENA – REGIME – FECHADO OU SEMI-ABERTO – DISPOSIÇÃO EXPRESSA

Nos termos do artigo 33 do Código Penal, se o réu for condenado a pena superior a
quatro e inferior a oito anos o regime inicial é o fechado ou o semi-aberto. Superior a
oito anos, o regime é o fechado.

Comentários

Os parâmetros de quantidade de pena para estipulação do regime incial de cumprimento de pena


são os extraído do artigo 33, §§ 2º e 3º, do CP:

“§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva,


segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as
hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:

a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime


fechado;

b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda
a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;

c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos,
poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.

§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com


observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código.

Além disso, cumpre mencionar que o STJ, interpretando a norma, entende admissível o regime
semiaberto no caso de reincidentes com pena igual ou inferior a 4 anos, interpretando os
parâmetros de modo equivalente ao que o MPSP faz em relação a outras alíneas. É o teor da
Súmula 269:

38
222
É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na
procedência parcial da pretensão punitiva

É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a


pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judicias.

57 - TESE 152

A tese número cento e cinquenta e dois tem o seguinte teor:

ROUBO – RESISTÊNCIA – CONCURSO MATERIAL

Responde pelo delito de roubo em concurso material com o crime de resistência o


agente que, logo após a prática do crime patrimonial, resiste à ordem de prisão que lhe
deram policiais.

Comentários

Sobre a configuração do crime de resistência, em concurso material com o crime de roubo, no


caso de agentes que, surpreendidos na prática deste último crime, resistem à ordem de prisão, o
entendimento do STJ é o mesmo do MPSP:

“(...) In casu, o acusado foi condenado à pena de 6 anos e 6 meses de reclusão pela
prática, em concurso material, dos delitos de roubo circunstanciado e resistência, com
imposição do regime inicial fechado de cumprimento da reprimenda. É fato, como
alega o agravante, que a simples menção objetiva ao emprego de arma de fogo não
consubstancia fundamento idôneo à imposição de regime inicial mais gravoso que
o permitido pelo montante da pena. Precedente da Quinta Turma. O caso vertente,
contudo, apresenta peculiaridades que não autorizam a fixação do regime
intermediário. Isso porque se trata da prática de dois delitos, em concurso material
de crimes, perpetrados em concurso de agentes mediante uso de duas armas de fogo
efetivamente disparadas (...)”

STJ, AgRg no HC 330368/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 5ª T, DJe 24/11/2016

58 - TESE 155

A tese número cento e cinquenta e cinco tem o seguinte teor:

39
222
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO
PROCESSO – REVOGAÇÃO – NOTÍCIA DE OUTRO PROCESSO APÓS O PERÍODO DE
PROVAS

A suspensão condicional do processo será revogada se, no curso do prazo, o


beneficiário vier a ser processado por outro crime, mesmo que a notícia chegue após
expirado o prazo do período de provas.

Comentários

A Tese 155 do MPSP tem o mesmo teor da primeira tese fixada pelo STJ no julgamento do REsp
1498034/RS, sob o rito de recurso repetitivo representativo da controvérsia:

“PRIMEIRA TESE: Se descumpridas as condições impostas durante o período de


prova da suspensão condicional do processo, o benefício poderá ser revogado, mesmo
se já ultrapassado o prazo legal, desde que referente a fato ocorrido durante sua
vigência.

SEGUNDA TESE: Não há óbice a que se estabeleçam, no prudente uso da faculdade


judicial disposta no art. 89, § 2º, da Lei n. 9.099/1995, obrigações equivalentes, do
ponto de vista prático, a sanções penais (tais como a prestação de serviços
comunitários ou a prestação pecuniária), mas que, para os fins do sursis processual,
se apresentam tão somente como condições para sua incidência.”

STJ, REsp 1498034/RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, 3ª Seção, DJe 02/12/2015

59 - TESE 156

A tese número cento e cinquenta e seis tem o seguinte teor:

FURTO – DEMISSÃO DO EMPREGO – PROMESSA DE REPARAÇÃO DO DANO –


DENÚNCIA – REJEIÇÃO – AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA – INADMISSIBILIDADE

O fato de o agente ter sido demitido do emprego e prometido reparar o dano causado
pela prática do crime de furto não permite a rejeição da denúncia por falta de justa
causa.

Comentários

40
222
Se a própria reparação do dano não impede a configuração do crime, mas apenas a configuração
do arrependimento posterior (mera causa de diminuição de pena), com muito mais razão haverá
justa causa no caso de mera promessa de reparação de dano. O crime de furto se consuma com
a subtração, não sendo exigida sequer a posse mansa e pacífica. Portanto, a reparação do dano
não impede a sua configuração, tampouco a mera promessa de fazê-lo.

60 -TESE 157

A tese número cento e cinquenta e sete tem o seguinte teor:

ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO AUTOMOTOR – PLACAS


ADULTERADAS – FITA ADESIVA

Caracteriza o crime do artigo 311 do Código Penal o fato de o agente adulterar as


placas do automóvel com utilização de fita adesiva.

Comentários

A utilização de fita adesiva para modificar a identificação do veículo nas placas realmente configura
o delito do artigo 311 do CP, consoante entende o STJ:

“(...) 5. Este Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento no sentido de


que é típica a conduta de alterar placa de veículo automotor, mediante a colocação
de fita adesiva, conforme ocorreu na espécie dos autos. Isto porque a objetividade
jurídica tutelada pelo art. 311 do CP é a fé pública ou, mais precisamente, a proteção
da autenticidade dos sinais identificadores de automóveis. Precedentes. (...)”

STJ, HC 369501/SC, Rel. Min Ribeiro Dantas, 5ª Turma, DJe 11/10/2017

61 - TESE 158

A tese número cento e cinquenta e oito tem o seguinte teor:

CRIMES CONTRA OS COSTUMES - ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR - ESTUPRO -


TODAS AS FORMAS - CRIMES HEDIONDOS

O atentado violento ao pudor e o estupro, em todas as suas formas, são considerados


crimes hediondos.

Legislação revogada.

41
222
Comentários

Cuida-se de legislação revogada. Atualmente, os crimes de atentado violento ao pudor e o de


estupro foram reunidos na nova redação do delito de estupro, previsto no artigo 217 do CP. Além
disso, a lei dos crimes hediondos, Lei 8.072/90, prevê, em seu artigo 1º, inciso I, o estupro no rol
das infrações penais de referida natureza.

62 - TESE 159

A tese número cento e cinquenta e nove tem o seguinte teor:

EXECUÇÃO PENAL – FALTA GRAVE – FUGA – PRESCRIÇÃO – TERMO INICIAL

Em se tratando de falta grave, consistente em fuga, o prazo prescricional flui a partir da


recaptura, pois se trata de infração disciplinar permanente.

Comentários

O entendimento adotado na tese é o mesmo que tem sido adotado pelo STJ:

“(...) 2. Em se tratando de fuga, o início da contagem do prazo prescricional


somente é iniciado com a recaptura do preso, tendo em vista tratar-se de infração
permanente. Portanto, não houve transcurso do prazo prescricional, de dois anos,
para a apuração e imposição da sanção disciplinar ao Apenado, pela sua evasão do
estabelecimento prisional, antes da homologação da falta grave pelo Juízo das
Execuções. (...)”

STJ, AgInt no HC 457047/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, 6ª Turma, DJe 22/02/2019

63 - TESE 160

A tese número cento e sessenta tem o seguinte teor:

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO – REVOGAÇÃO – PERÍODO DE PROVA – BENEFICIÁRIO PROCESSADO
POR OUTRO CRIME – PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA – CONSTITUCIONALIDADE

A revogação da suspensão condicional do processo, em virtude de ser o beneficiário


processado, durante o período de prova, por outro crime, não constitui

42
222
constrangimento ilegal, porque não fere o princípio constitucional da presunção de
inocência.

Comentários

A exigência de não estar o réu respondendo por outro processo é requisito legal para a concessão
da suspensão condicional do processo. O STJ já decidiu que tal pressuposto não viola a presunção
de inocência, tal como defende o enunciado 160 do MPSP:

“(...) 6. Não importa qualquer violação do princípio constitucional da presunção de


inocência, a exigência de não estar o réu respondendo a outro processo para a
concessão da suspensão condicional do processo (Precedentes). (...)”

STJ, RHC 15087/SP, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, DJ 05/02/2007

64 - TESE 163

A tese número cento e sessenta e três tem o seguinte teor:

CRIMES DE TRÂNSITO – EMBRIAGUEZ AO VOLANTE – AÇÃO PENAL PÚBLICA


INCONDICIONADA

O crime de embriaguez ao volante, definido no artigo 306 do CTB, é de ação penal


pública incondicionada, dado o caráter coletivo do bem jurídico tutelado (segurança
viária), bem como a inexistência de vítima determinada.

Comentários

O STJ também firmou entendimento, no mesmo sentido da tese, de que o crime de condução de
veículo automotor sob a influência de álcool ou substância de efeitos análogos é de ação penal
pública incondicionada:

“(...) 4. O delito de condução de veículo automotor sob a influência de álcool ou


substância de efeitos análogos é de ação penal pública incondicionada, independente,
portanto, de representação das vítimas. Impropriedade da alegação de decadência.
(...)”

STJ, HC 117230/RS, Rel. Min. Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe 13/12/2010.

43
222
65 - TESE 164

A tese número cento e sessenta e quatro tem o seguinte teor:

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – LEI Nº 10.259/01 – SUSPENSÃO


CONDICIONAL DO PROCESSO – CONCEPÇÃO – NÃO ALCANCE

A Lei nº 10.259/01, em seu artigo 2º, parágrafo único, alterando a concepção de


infração de menor potencial ofensivo, não alcança o disposto no artigo 89, da Lei nº
9.099/95.

Comentários

Vale recordar que, de início, a Lei 10.259/01 alterou o conceito de crime de menor potencial
ofensivo, nos termos da jurisprudência firmada após referida alteração legislativa:

“(...) Consoante precedentes firmados por este Tribunal, o artigo 2º, parágrafo único,
da Lei 10.259/01, ao definir as infrações de menor potencial ofensivo como sendo
crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 02 (dois) anos ou multa, derrogou
o artigo 61, da Lei n.º 9.099/95, ampliando, destarte, o conceito de tais crimes também
no âmbito dos Juizados Estaduais. (...)”

STJ, REsp 613.492/SP, Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, 5ª T, DJe 23/08/2004

Posteriormente, a Lei 11.313/06 alterou o próprio conceito da Lei 9.099/95, adequando-o ao


trazido pela Lei 10.259/01:

Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos
desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não
superior a um ano, excetuados os casos em que a lei preveja procedimento especial.
(Redação anterior)

Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos
desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não
superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313,
de 2006)

De todo modo, o artigo 89 da Lei 9.099/95 possui requisito próprio, independente de tal conceito,
como se percebe da sua própria redação:

44
222
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano,
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá
propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os
demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena

66 - TESE 167

A tese número cento e sessenta e sete tem o seguinte teor:

CRIMES CONTRA OS COSTUMES - ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR - ESTUPRO -


FORMA SIMPLES - CRIME HEDIONDO - COMUTAÇÃO DE PENA -
INADMISSIBILIDADE

O atentado violento ao pudor e o estupro, na forma simples, são crimes hediondos,


inadmissível, pois, a comutação de pena.

Comentários

O delito de atentado violento ao pudor foi revogado, sem abolitio criminis, já que a conduta
passou a ser incriminada, sem solução de continuidade, no crime de estupro. Ademais, o STJ
realmente entende não ser cabível a concessão de indulto total ou parcial (comutação) aos
condenados por crime de estupro:

“(...) 1. Não é admitida a concessão de indulto e comutação de pena a condenados


pela prática do delito de estupro, por se tratar de crime hediondo, consoante
inteligência do art. 2º, I, da Lei 8.072/90 e do Decreto n. 7.420/10. Precedente. (...)”
STJ, REsp 1422362/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 21/06/2017

67 - TESE 169

A tese número cento e sessenta e nove tem o seguinte teor:

QUEIXA OU REPRESENTAÇÃO – OFENDIDO – PRAZO – SÚMULA 594 DO STF

Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente,


pelo ofendido ou por seu representante legal (Súmula 594 do STF). Assim, o prazo
decadencial para o ofendido começa a fluir a partir dos 18 anos.

Comentários

45
222
O STF realmente entende que os prazos do ofendido menor de 18 anos e o do seu representante
legal, seja para oferecimento de queixa crime ou de representação, fluem de forma autônoma. No
caso do menor de dezoito anos, o prazo começa a fluir a partir da data em que atingida a
maioridade:

"1. Na ocorrência do delito descrito no art. 214 do Código Penal - antes da revogação
pela Lei nº 12.015/2009 -, o prazo decadencial para a apresentação de queixa ou de
representação era de 6 meses após a vítima completar a maioridade, em decorrência
da dupla titularidade. 2. Esta Suprema Corte tem reconhecido a dualidade de titulares
do direito de representar ou oferecer queixa, cada um com o respectivo prazo: um para
o ofendido e outro para seu representante legal. Súmula nº 594 do STF. Precedentes.
3. Ordem denegada." (HC 115341, Relator Ministro Dias Toffoli, Primeira Turma,
julgamento em 14.10.2014, DJe de 3.2.2015)

68 - TESE 170

A tese número cento e setenta tem o seguinte teor:

LATROCÍNIO – CONCURSO DE AGENTES – PARTICIPAÇÃO DOLOSAMENTE


DISTINTA – INAPLICABILIDADE

O roubo com morte é delito qualificado pelo resultado, sendo que este plus pode ser
imputado na forma de dolo ou de culpa. Respondem, portanto, pelo resultado morte,
situado evidentemente em pleno desdobramento causal da ação delituosa, todos que,
mesmo não agindo diretamente na execução da morte, contribuíram para a execução
do tipo fundamental.

Comentários

O STJ também entende que, agindo em concurso para a prática de crime de roubo com emprego
de arma de fogo, todos os agentes responderão por eventual resultado morte (configurando o
crime de latrocínio), que pode decorrer de dolo ou culpa:

“(...) 1. Na esteira do entendimento desta Corte, a ciência a respeito da utilização de


arma de fogo no delito de roubo impõe, a princípio, a responsabilização de todos os
agentes por eventual morte da vítima, haja vista ser tal resultado desdobramento
ordinário da ação criminosa em que todos contribuem para realização do evento típico.
(...)”

STJ, AgRg no AREsp 1163320/MG, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª T, DJe 20/04/2018

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222
69 - TESE 171

A tese número cento e setenta e um tem o seguinte teor:

ARMA – PORTE – “DESMONTADA” – TIPICIDADE – LEIS Nº 9.437/97 OU Nº 10.226/03

Portar arma de fogo, “desmontada”, de uso permitido, sem autorização e em


desacordo com determinação legal ou regulamentar, tipifica o crime previsto na Lei nº
9.437/97 ou na Lei nº 10.226/03.

Comentários

De início, cabe ressaltar que se trata da Lei nº 10.826/03, e não da Lei 10.226/03. A Lei 9.437/97
foi revogada pela lei acima mencionada, o atual Estatuto do Desarmamento. O entendimento do
STJ é o mesmo do MPSP, no sentido de que o crime de configura mesmo que a arma esteja
desmontada:

“(...) 1. Em relação ao porte de arma de fogo desmuniciada e desmontada, esta Corte


Superior uniformizou o entendimento de que o tipo penal em apreço é de perigo
abstrato. Precedentes. (...)”

STJ, AgRg no AREsp 1367442/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, DJe 14/12/2018.

70 - TESE 172

A tese número cento e setenta e dois tem o seguinte teor:

PENA – PROGRESSÃO – REGRESSÃO – CRIME – FALTA GRAVE

O cometimento de crime ou falta grave sujeita o condenado à regressão de regime

Comentários

A Lei de Execução Penal, em seu artigo 118, é clara ao determinar que a prática de falta grave
sujeita o executado à regressão de regime:

Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva,
com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:

I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;

47
222
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em
execução, torne incabível o regime (artigo 111).

71 - TESE 174

A tese número cento e setenta e quatro tem o seguinte teor:

CRIME CONTINUADO – EXTORSÃO E EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO –


INADMISSIBILIDADE

A extorsão e a extorsão mediante seqüestro, embora do mesmo gênero, são de


espécies diferentes. Impossível o reconhecimento da continuidade delitiva.

Comentários

Realmente, o STJ não entende possível o reconhecimento do crime continuado entre os crimes
de extorsão e extorsão mediante sequestro. O precedente a seguir é didático a respeito de quais
delitos são considerados da mesma espécie, o que é requisito indispensável à configuração da
continuidade delitiva:

“9. No caso dos crimes de roubo majorado e latrocínio, sequer é necessário avaliar
o requisito subjetivo supracitado ou o lapso temporal entre os crimes, como fizeram
as instâncias ordinárias, porquanto não há adimplemento do requisito objetivo da
pluralidade de crimes da mesma espécie. São assim considerados aqueles crimes
tipificados no mesmo dispositivo legal, consumados ou tentada, na forma simples,
privilegiada ou tentada, e além disso, devem tutelar os mesmos bens jurídicos, tendo,
pois, a mesma estrutura jurídica. Perceba que o roubo tutela o patrimônio e a
integridade física (violência) ou o patrimônio e a liberdade individual (grave ameaça);
por outro lado, o latrocínio, o patrimônio e a vida.”

HC 189134, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª Turma, DJe 12/08/2016

72 - TESE 175

A tese número cento e setenta e cinco tem o seguinte teor:

EXECUÇÃO PENAL – FALTA GRAVE – PROGRESSÃO – REGIME FECHADO –


INTERRUPÇÃO DO PERÍODO AQUISITIVO

48
222
A prática de falta grave durante o cumprimento da pena em regime fechado interrompe
o período aquisitivo para fins de progressão.

Comentários

O entendimento é exatamente o já consolidado no âmbito do STJ, conforme enunciado 534 da


sua Súmula.

A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime


de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.

Súmula 534, STJ

73 - TESE 176

A tese número cento e setenta e seis tem o seguinte teor:

CRIME DE CORRUPÇÃO DE MENORES – LEI Nº 2.252/54 (PREVISÃO ATUAL NO


E.C.A. – LEI 8.069/90) – FORMAL

O delito previsto no artigo 1º da Lei nº 2.252/54 (atual artigo 244-B do E.C.A. – Lei nº
8.069/90), por ser formal, prescinde da efetiva prova da corrupção do menor, sendo
suficiente apenas a sua participação em empreitada criminosa junto com um sujeito
penalmente imputável.

Comentários

O crime de corrupção de menores se configura com a mera prática do delito em concurso com
um menor de idade, não exigindo resultado naturalístico para sua consumação. No mesmo
sentido, a jurisprudência consolidada do STJ:

“(...) 1. Para a configuração do crime de corrupção de menores, atual artigo 244-B


do Estatuto da Criança e do Adolescente, não se faz necessária a prova da efetiva
corrupção do menor, uma vez que se trata de delito formal, cujo bem jurídico tutelado
pela norma visa, sobretudo, a impedir que o maior imputável induza ou facilite a
inserção ou a manutenção do menor na esfera criminal.(...)”

STJ, REsp 1112326/DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellize, Terceira Seção, DJe 08/02/2012

49
222
74 - TESE 178

A tese número cento e setenta e oito tem o seguinte teor:

FURTO – TENTATIVA - VIGILÂNCIA ELETRÔNICA – CRIME IMPOSSÍVEL –


INADMISSIBILIDADE

O sistema eletrônico de vigilância instalado em estabelecimento comercial, a despeito


de dificultar a ocorrência de furtos, não é capaz de impedir, por si só, a ocorrência do
fato delituoso, apto a ensejar a configuração do crime impossível.

Comentários

Realmente, só há crime impossível no caso de absoluta impropriedade do objeto ou absoluta


ineficácia do meio. A relativa impropriedade e a relativa ineficácia não configuram a chamada
tentativa inidônea. No mesmo sentido, enunciado 567 da Súmula do STJ:

“Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de


segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a
configuração do crime de furto”.

Súmula 567, STJ

75 - TESE 179

A tese número cento e setenta e nove tem o seguinte teor:

USO DE DOCUMENTO FALSO – APRESENTAÇÃO A POLICIAL – CARACTERIZAÇÃO


– IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO DO DELITO DE FALSA IDENTIDADE

Se o agente, para demonstrar a falsa identidade declarada, apresenta documento falso,


comete o crime do artigo 304 e não o do artigo 307 do Código Penal.

Comentários

A apresentação de documento falso configura o crime de uso de documento falso, previsto no


artigo 304 do CP, e não o de falsa identidade. Neste mesmo sentido:

50
222
“(...) I - É copiosa a jurisprudência que entende que "O delito previsto no art. 304 do
Código Penal consuma-se mesmo quando a carteira de habilitação falsificada é exibida
ao policial por exigência deste, e não por iniciativa do agente". (...)”

STJ, AgRg no REsp 1758686/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma,
DJe 03/10/2018.

76 - TESE 180

A tese número cento e oitenta tem o seguinte teor:

FURTO – QUALIFICADO – ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO – VIDRO DE AUTOMÓVEL

A quebra de vidro de automóvel, para a subtração de objeto que se encontra no seu


interior, caracteriza a qualificadora prevista no inciso I, do § 4º, do artigo 155 do Código
Penal.

Comentários

Se o vidro do automóvel é rompido para a subtração de objeto localizado em seu interior configura
o rompimento de obstáculo, qualificadora do crime de homicídio. Assim também entende o STJ:

“(...) 2. A jurisprudência desta Corte entende estar configurada a circunstância


qualificadora do rompimento de obstáculo, prevista no art. 155, § 4º, inciso I, do Código
Penal, quando o furto for cometido com o rompimento dos vidros de veículo para a
subtração de objetos do seu interior, desde que haja comprovação por perícia. (...)”.
(HC 148757/DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, Quinta Turma, DJe 07/03/2014).

77 - TESE 181

A tese número cento e oitenta um tem o seguinte teor:

RECEPTAÇÃO – FORMA QUALIFICADA – ATIVIDADE COMERCIAL OU INDUSTRIAL –


PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

Se o agente recepta coisa, no exercício de atividade comercial ou industrial, com dolo


direito ou eventual, responde pelo crime na forma qualificada, prevista no § 1º, do
artigo 180, do Código Penal, vez que o aumento da pena funda-se na necessidade de

51
222
maior repressão aos agentes que receptam bens com fins comerciais. Portanto, não há
falar-se em ofensa ao princípio da proporcionalidade.

Comentários

Com efeito, a forma qualificada da receptação, prevista no artigo 180, § 1º, do CP, configura-se
no caso de receptação da coisa, oriunda de crime, em exercício de atividade comercial ou
industrial. Neste sentido, entendimento dos Tribunais Superiores, que pode ser extraído do
precedente a seguir:

“(...) 2. Nos termos do entendimento do Supremo Tribunal Federal, o delito de


receptação qualificada "é crime próprio relacionado à pessoa do comerciante ou do
industrial. A ideia é exatamente a de apenar mais severamente aquele que, em razão
do exercício de sua atividade comercial ou industrial, pratica alguma das condutas
descritas no referido § 1°, valendo-se de sua maior facilidade para tanto devido à infra-
estrutura que lhe favorece."(STF, RE 443.388/SP, Relatora Ministra Ellen Gracie,
SEGUNDA TURMA, DJ 18/8/2009). 3. A figura do § 1º do artigo 180 do Código Penal
foi introduzida para punir mais severamente os proprietários de "desmanches"
de carros, exigindo-se ainda o exercício de atividade comercial ou industrial, devendo
ser lembrado que o § 2º equipara à atividade comercial, para efeito de configuração
da receptação qualificada, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino,
inclusive o exercido em residência, abrangendo, com isso, o "desmanche" ou
"ferro-velho" caseiro, sem aparência de comércio legalizado. 4. A atividade comercial
ou industrial contida no tipo deve estar relacionada ao objeto da receptação.”

(STJ, REsp 1743514/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 22/08/2018).

78 - TESE 182

A tese número cento e oitenta e dois tem o seguinte teor:

EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO – ROUBO – SUBTRAÇÃO DE OBJETOS DA


VÍTIMA DURANTE O CATIVEIRO – CONCURSO MATERIAL

Se o agente seqüestra a vítima com o fim de obter vantagem, como condição ou preço
do resgate, e, quando a vítima está privada de sua liberdade, dela lhe subtrai bens,
responde por extorsão mediante seqüestro e roubo, em concurso material.

Comentários

52
222
O STJ tem decidido no mesmo sentido, entendendo que a subtração de coisa alheia móvel da
vítima em cativeiro, para a prática de extorsão mediante sequestro, configura crime autônomo,
consistente em roubo. O agente, portanto, responde por ambos os delitos em concurso:

“(...) 2. Os delitos de roubo e extorsão mediante sequestro não se confundem na


hipótese, pois nitidamente independentes e praticados com desígnios autônomos. Isso
porque a conduta dos réus de subtrair bens da vítima - o acórdão recorrido faz menção
a carro, carteira, dinheiro, relógio e cartões de crédito - não se confunde com a conduta
de cercear a sua liberdade, com o intuito de obter vantagem patrimonial, por meio de
pagamento de resgate, o que implica no comportamento de terceiro. (...)”

STJ, EDcl no REsp 1133029/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª T, DJe 19/10/2015.

79 - TESE 183

A tese número cento e oitenta e três tem o seguinte teor:

MAUS ANTECEDENTES – PERDA DA EFICÁCIA DOS EFEITOS DA REINCIDÊNCIA


PELO DECURSO DO PRAZO

Afastada a circunstância legal da reincidência (art. 61, I, CP) pela ocorrência de sua
“prescrição” (art. 64, I, CP), a sentença condenatória anterior subsiste para efeitos de
reconhecimento da circunstância judicial dos maus antecedentes

Comentários

A condenação anterior produz os efeitos da reincidência até determinado limite temporal,


chamado de lustro ou quinquênio depurador. Cessada essa possibilidade, grande parte da
doutrina entende que referida condenação, já transitada em julgado, pode ser valorada na
primeira fase da dosimetria, como mau antecedente.

Entretanto, o STF possui entendimento divergente entre suas Turmas. A Segunda Turma não
admite tal utilização, vedando-a:

“PENAL. HABEAS CORPUS. CONDENAÇÃO PRETÉRITA CUMPRIDA OU EXTINTA HÁ


MAIS DE 5 ANOS. UTILIZAÇÃO COMO MAUS ANTECEDENTES. IMPOSSIBILIDADE.
APLICAÇÃO DO ART. 64, I, DO CÓDIGO PENAL. PRECEDENTES DA SEGUNDA
TURMA. ORDEM CONCEDIDA. I - Nos termos da jurisprudência desta Segunda Turma,
condenações pretéritas não podem ser valoradas como maus antecedentes quando o
paciente, nos termos do art. 64, I, do Código Penal, não puder mais ser considerado

53
222
reincidente. Precedentes. (...)” (STF, HC 142371/SC, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
Segunda Turma, Julgamento: 30/05/2017).

Já a Primeira Turma da Suprema Corte, na mesma esteira do que vem decidindo o STJ, aceita a
incidência da condenação já atingida pelo período depurador como mau antecedente:

“(...) 2. O afastamento dos maus antecedentes na hipótese em que ultrapassado o prazo


para reconhecimento da reincidência penal é tema pendente de julgamento, sob a
sistemática da repercussão geral, nesta Corte (Tema 150, RE 593.818, Rel. Min. Roberto
Barroso). 3. Diante da existência de precedentes em ambos os sentidos, e forte na
ausência de definição da matéria pelo Plenário da Corte, a decisão que opta por uma
das correntes não se qualifica como ilegal ou abusiva, âmbito normativo destinado à
concessão de habeas corpus de ofício. 4. Agravo regimental desprovido.” (STF, HC
132120 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, Primeira Turma, Julgamento: 06/12/2016).

80 - TESE 186

A tese número cento e oitenta e seis tem o seguinte teor:

PENA – FIXAÇÃO – CONCURSO FORMAL – CRIME CONTINUADO – DOIS


ACRÉSCIMOS

Se o réu praticou vários crimes em concurso formal e em continuidade delitiva, as causas


de aumento de pena são cumuláveis. Assim, na fixação da pena, primeiro deve incidir
o aumento pelo concurso formal e, em seguida, o acréscimo pelo crime continuado.

Comentários

Há precedente muito antigo do STF no mesmo sentido:

2. Rejeita-se, pois, com base, inclusive, em precedentes do S.T.F., a alegação de que os


acréscimos pelo concurso formal e pela continuidade delitiva são inacumuláveis, em
face das circunstâncias referidas.(...)”

(HC 73821, Rel. Min. Sydney Sanches, 1ª Turma, 25/06/1996)

Entretanto, o STJ tem entendimento atual sobre o tema, em sentido contrário:

“2. Diante da ocorrência de dois fatos (roubo circunstanciado contra duas vítimas e
roubo circunstanciado tentado contra uma terceira vítima), a aplicação de concurso
formal, quanto à primeira situação, e continuidade delitiva, no tocante à segunda,

54
222
revela constrangimento ilegal identificado pela incidência de bis in idem. De rigor o
reconhecimento apenas da continuidade delitiva, cujo acréscimo do quantum de pena
resulta na fração de 1/5 (um quinto) por serem consideradas três infrações, conforme
entendimento pacificado por esta Corte.” (HC 357746, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, 6ª Turma, DJe 01/08/2016)

81 - TESE 187

A tese número cento e oitenta e sete tem o seguinte teor:

INDULTO – COMUTAÇÃO – PARECER DO CONSELHO PENITENCIÁRIO –


OBRIGATORIEDADE

A comutação de penas é espécie de indulto, portanto, o artigo 189 da Lei de Execuções


Penais exige a elaboração de parecer do Conselho Penitenciário.

Comentários

A comutação de penas é espécie de indulto, mais especificamente constitui-se de indulto parcial.


Entretanto, ao contrário do que defende o MPSP, o STJ entende que cabe ao decreto presidencial
definir a necessidade ou não de parecer do Conselho Penitenciário:

“(...) 2. O Decreto n. 8.172/13, em seu art. 1º, XIII, concede indulto aos condenados,
não reincidentes, beneficiados com sursis, que tenham cumprido 1/4 (um quarto)
da pena. Não há previsão para se condicionar o indulto a requisitos não previstos
no decreto presidencial, como a manifestação prévia do Conselho Penitenciário. (...)”

STJ, HC 324965/RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 20/09/2016.

82 - TESE 188

A tese número cento e oitenta e oito tem o seguinte teor:

CRIMES CONTRA OS COSTUMES - ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR - ESTUPRO -


AÇÃO PENAL - VIOLÊNCIA REAL

Nos crimes de atentado violento ao pudor e estupro, praticados com violência real, a
ação penal é pública incondicionada.

Comentários

55
222
Cuida-se de legislação revogada. Houve discussão sobre a natureza da ação penal no caso de tais
crimes, inclusive com questionamento no STF pela Procuradoria-Geral da República. De todo
modo, atualmente, prevê o CP de modo diverso:

Ação penal

Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante
ação penal pública incondicionada

83 - TESE 189

A tese número cento e oitenta e nove tem o seguinte teor:

USO DE DOCUMENTO FALSO – EXIBIÇÃO DE IDENTIDADE FALSA A POLICIAL –


CRIME IMPOSSÍVEL – INADMISSIBILIDADE

Pratica o crime do artigo 304 do Código Penal aquele que, instado por agente da
autoridade policial a se identificar, exibe documento de identidade falso, não se
caracterizando hipótese de crime impossível, mesmo se o fato é prontamente apurado.

Comentários

O fato de o agente ter sido instado pelo agente público a apresentar o documento de
identificação não afasta a configuração do delito de documento falso. Neste sentido,
entendimento pacífico do STJ:

“(...) I - É copiosa a jurisprudência que entende que "O delito previsto no art. 304 do
Código Penal consuma-se mesmo quando a carteira de habilitação falsificada é exibida
ao policial por exigência deste, e não por iniciativa do agente". (...)”

STJ, AgRg no REsp 1758686/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma,
DJe 03/10/2018.

84 - TESE 190

A tese número cento e noventa tem o seguinte teor:

FURTO – QUALIFICADO – ESCALADA – MURO OU PORTÃO – ESFORÇO ANORMAL


– CARACTERIZAÇÃO

56
222
No furto, caracteriza a qualificadora da escalada saltar um muro ou portão se houver
um esforço anormal, cuja altura não pode ser vencida com um pequeno salto ou um
passo maior.

Comentários

O crime praticado mediante escalada é aquele que envolve um modo anormal de acesso, que
exige considerável esforço por parte do agente. Não se configura apenas com a subida. A tese se
coaduna com o entendimento doutrinário que prevalece.

85 - TESE 191

A tese número cento e noventa e um tem o seguinte teor:

HOMICÍDIO – QUALIFICADO – DOLO EVENTUAL E MOTIVO FÚTIL –


COMPATIBILIDADE

O crime de homicídio pode ser praticado com dolo eventual e por motivo fútil.

Comentários

O Superior Tribunal de Justiça possui o entendimento pacificado de que há compatibilidade entre


o dolo eventual e a qualificadora do motivo fútil no crime de homicídio:

“(...) 1. Não há incompatibilidade na coexistência da qualificadora do motivo fútil


com o dolo eventual em caso de homicídio causado após pequeno desentendimento
entre agressor e agredido. Precedentes do STJ e STF.

2. Com efeito, o fato de o recorrido ter, ao agredir violentamente a vítima, assumido


o risco de produzir o resultado morte, aspecto caracterizador do dolo eventual, não
exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado por motivo fútil, uma vez que o
dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a
conduta. (...)”

STJ, REsp 1601276/RJ, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, 6ª T, DJe 23/06/2017

86 - TESE 198

A tese número cento e noventa e oito tem o seguinte teor:

57
222
FURTO – CONSUMAÇÃO

O crime de furto se consuma no momento, ainda que breve, em que o agente se torna
possuidor da coisa, sendo desnecessário que o bem saia da esfera de vigilância da
vítima.

Comentários

O STF tem adotado a teoria da amotio ou aprehensio, considerando consumado o delito de furto
com a inversão da posse:

“HABEAS CORPUS ORIGINÁRIO CONTRA ACÓRDÃO UNÂNIME DO SUPERIOR


TRIBUNAL DE JUSTIÇA. FURTO A RESIDÊNCIA MEDIANTE ESCALADA. MOMENTO
DE CONSUMAÇÃO DO DELITO DE FURTO. 1. Para a consumação do furto, é suficiente
que se efetive a inversão da posse, ainda que a coisa subtraída venha a ser retomada
em momento imediatamente posterior. Jurisprudência consolidada do Supremo
Tribunal Federal. 2. Ordem denegada.” (STF, HC 114329/RS, Rel. Min. Roberto Barroso,
Primeira Turma, Julgamento 01/10/2013).

Seguindo o mesmo entendimento, o Superior Tribunal de Justiça firmou a posição, ao julgar


recurso representativo da controvérsia, de que o furto se reputa consumado quando o agente tem
a posse de fato sobre o bem. Ou seja, basta a inversão da posse:

“ (...) 3. Delimitada a tese jurídica para os fins do art. 543-C do CPC, nos seguintes
termos: Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que
por breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível
a posse mansa e pacífica ou desvigiada. (...)”

(STJ, REsp 1524450/RJ – Representativo da Controvérsia, Rel. Min. Nefi Cordeiro,


Terceira Seção, DJe 29/10/2015).

87 - TESE 199

A tese número cento e noventa e nove tem o seguinte teor:

ARMA – PORTE – POSSE – LEI Nº 10.826/03 – PRAZO PARA REGULARIZAÇÃO O


ENTREGA – VIGÊNCIA DA LEI Nº 9.437/97

O Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/03), ao prever o prazo de 180 dias para


regularização ou entrega de armas, não tornou atípicas as condutas de porte ou posse
ilegal de armas praticadas na vigência da Lei nº 9.437/97.

58
222
Comentários

O prazo de vacatio legis, que foi previsto nos artigos 30 e 32 da Lei 10.826/2003, o atual Estatuto
do Desarmamento, realmente não implicou em abolitio criminis. O que houve foi a concessão de
prazo para regularização da posse de arma de fogo de uso permitido ou sua entrega, não havendo
retroatividade nem consequências quanto ao porte ilegal. Neste mesmo sentido decidiu o STF:

“I - A vacatio legis de 180 dias prevista nos artigos 30 e 32 da Lei 10.826/2003, com a
redação conferida pela Lei 11.706/2008, não tornou atípica a conduta de posse ilegal
de arma de uso restrito. II – Assim, não há falar em abolitio criminis, pois a nova lei
apenas estabeleceu um período de vacatio legis para que os possuidores de armas de
fogo de uso permitido pudessem proceder à sua regularização ou à sua entrega
mediante indenização. III – Ainda que assim não fosse, a referida vacatio legis não tem
o condão de retroagir, justamente por conta de sua eficácia temporária”

(RHC 111637, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em


05/06/2012).

88 - TESE 200

A tese número duzentos tem o seguinte teor:

LIVRAMENTO CONDICIONAL – RÉU REINCIDENTE EM CRIME DOLOSO –


CUMPRIMENTO OBRIGATÓRIO DE MAIS DE METADE DA PENA

Nos termos do artigo 83, II, do Código Penal, o juiz somente poderá conceder
livramento condicional ao condenado reincidente em crime doloso se ele tiver cumprido
mais de metade da pena.

Comentários

É justamente a determinação legal, de que o reincidente em crime doloso cumpra ao menos


metade da pena para a concessão do livramento condicional:

CP, Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena


privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:

(...)

59
222
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;

Aproveitando o tema, vale recordar os lapsos temporais de cumprimento da pena exigidos para
a concessão do benefício de livramento condicional:

89 - TESE 201

A tese número duzentos e um tem o seguinte teor:

PRESCRIÇÃO – PENA RESTRITIVA DE DIREITOS – PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA – PRAZO


IGUAL AO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE SUBSTITUÍDA

A prestação pecuniária é espécie de pena restritiva de direitos, sendo instituto diverso


da multa, portanto, o seu prazo prescricional é o mesmo da pena privativa de liberdade
substituída, nos termos do artigo 109, parágrafo único, do Código Penal.

Comentários

É exatamente o que determina o artigo 109, parágrafo único, do CP:

Prescrição das penas restritivas de direito

Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos


para as privativas de liberdade

60
222
90 - TESE 202

A tese número duzentos e dois tem o seguinte teor:

PRESCRIÇÃO – PRETENSÃO PUNITIVA – INTERCORRENTE – PENA APLICADA –


RECURSO DA ACUSAÇÃO VISANDO AUMENTO DA PENA – INADMISSIBILIDADE

A prescrição da pretensão punitiva, na forma intercorrente, não pode ser declarada com
base na pena aplicada, se pendente recurso da acusação objetivando o aumento da
pena.

Comentários

O trânsito em julgado para a acusação diz respeito à pena aplicada. Deste modo, se a acusação
recorrer apenas do regime inicial de cumprimento de pena, sem buscar a majoração da pena
aplicada pelo juiz, o prazo da prescrição da pretensão punitiva intercorrente começará a fluir.

Por conseguinte, o prazo corre da sentença condenatória se a acusação não buscar o aumento da
pena. De igual modo, o prazo começa a fluir da sentença condenatória se o recurso da acusação
for improvido ou o aumento da pena não modificar o prazo prescricional.

91 - TESE 205

A tese número duzentos e cinco tem o seguinte teor:

CRIMES CONTRA OS COSTUMES - ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR - PRINCÍPIO


DA PROPORCIONALIDADE - INADMISSIBILIDADE

Provado que o acusado praticou ato libidinoso diverso da conjunção carnal, impossível
a desclassificação do crime baseada no princípio da proporcionalidade.

Comentários

Legislação revogada, tendo o atentado violento ao pudor sido absorvido pelo novo tipo penal do
estupro. Não houve abolitio criminis, em decorrência do princípio da continuidade normativo-
típica.

Hoje se atende mais à proporcionalidade, com a configuração de estupro ou, de forma subsidiária,
o delito de importunação sexual.

61
222
92 - TESE 206

A tese número duzentos e seis tem o seguinte teor:

ROUBO – SEQÜESTRO – PRIVAÇÃO DA LIBERDADE POR TEMPO SUPERIOR AO


INDISPENSÁVEL À SUBTRAÇÃO – CONCURSO MATERIAL

Se o agente, depois de consumado o roubo, e sem necessidade para garantir o


resultado da subtração, priva a vítima de liberdade, responde por roubo e seqüestro
em concurso material.

Comentários

A restrição à liberdade, no roubo, deve ser para a prática do delito. Se houver outra finalidade ou
mesmo se não consistir em meio de possibilitar a sua prática, configuram-se dois delitos, em
concurso: o roubo e a extorsão mediante sequestro. Há precedente do STJ, apesar de não tão
recente, no mesmo sentido, não tendo havido mudança no tema:

“(...) O crime de extorsão mediante seqüestro pode ser praticado em concomitância


com o roubo, desde que a privação da liberdade das vítimas não tenha por fim único a
facilitação da execução deste último delito. (...)”

STJ, HC 72093/DF, Rel. Des. Conv. Jane Silva, Quinta Turma, DJe 05/11/2007.

93 - TESE 208

A tese número duzentos e oito tem o seguinte teor:

ROUBO - ANÚNCIO DE ASSALTO - GRAVE AMEAÇA - CARACTERIZAÇÃO

O anúncio de assalto, em circunstâncias capazes de configurar grave ameaça, tipifica o


crime de roubo e não de furto

Comentários:

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222
Roubo próprio: o roubo próprio é aquele previsto no caput do artigo 157, com o seguinte teor:
“Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa,
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência”.
A subtração, portanto, pode ser praticada mediante:
Violência: vis absoluta. É a chamada violência própria, consistente no emprego da força física, do
constrangimento físico sobre a vítima.
Grave ameaça: vis relativa. É a promessa de mal injusto e grave.
Outro meio de reduzir a vítima à incapacidade de resistência: sonífero, drogas, etc.

94 - TESE 209

A tese número duzentos e nove tem o seguinte teor:

ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO AUTOMOTOR – PLACAS


SUBSTITUÍDAS

Caracteriza o crime do artigo 311 do Código Penal o fato de o agente substituir as


placas de identificação do veículo.

Comentários
A substituição de placas de veículo automotor realmente configura, para o STJ, o delito de
adulteração de sinal identificador de veículo automotor, cujo tipo está inscrito no artigo 311 do
CP:

“(...) 2. A jurisprudência do STJ é firme de que a conduta de substituir a placa original


de veículo automotor por placa de outro se amolda ao tipo descrito no art. 311 do
Código Penal, tendo em vista a adulteração dos sinais identificadores. Precedentes.
(...)”

STJ, AgRg no AREsp 182005/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma,
DJe 29/06/2015.

95 - TESE 210

A tese número duzentos e dez tem o seguinte teor:

63
222
FURTO – ESTELIONATO – SUBTRAÇÃO DE VÁRIOS OBJETOS E DE TALONÁRIO DE
CHEQUES – UTILIZAÇÃO DAS CÁRTULAS CONTRA TERCEIROS – CONCURSO
MATERIAL

O agente que subtrai vários objetos e talonários de cheques e, posteriormente, utiliza


as cártulas contra terceiro para obter indevida vantagem, prática crimes em concurso
material, não se podendo falar em "post factum" impunível.

Comentários

O STJ tem afastado a consunção no caso de agente que, após a subtração de folhas de cheque,
utiliza-as depois para obtenção de vantagem indevida. O agente, portanto, deve responder por
furto e estelionato, em concurso:

“(...) 2. Não tem aplicação o Princípio da Consunção na hipótese em que o agente


subtrai para si os bens guardados no armário do colega de trabalho (dinheiro e folhas
de cheque) e depois obtém para si vantagem ilícita, em prejuízo de instituição bancária,
mediante a falsificação das cártulas. O estelionato constitui crime com desígnios
autônomos em face de vítima diversa e não post factum impunível, não ficando, assim,
absorvido pelo furto. (...)”

STJ, REsp 1111754/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, DJe
26/11/2012.

96 - TESE 211

A tese número duzentos e onze tem o seguinte teor:

ENTORPECENTES - TRÁFICO - ESTABELECIMENTO PRISIONAL - ENTREGA


EVENTUAL - CARACTERIZAÇÃO

Para a caracterização do crime de tráfico de entorpecentes é irrelevante que a conduta


tenha sido praticada de modo eventual, porque o tipo penal não exige habitualidade
ou comércio.

Comentários

Com efeito, o tipo penal de tráfico de drogas, previsto no artigo 33 da Lei 11.343/06, é misto
alternativo, com vários núcleos do tipo cuja prática enseja sua configuração. Deste modo, a
habitualidade não é exigida, tanto que o STJ tem precedentes em que a habitualidade é utilizada
para afastar o privilégio, e não como discussão para a configuração da própria infração penal:

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222
“(...) 3. A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça firmou jurisprudência no sentido
da possibilidade de afastamento da causa especial de diminuição de pena do art. 33, §
4º da Lei n.º 11.343/2006 quando demonstrada a habitualidade na prática do crime de
tráfico de entorpecentes. (...)”

STJ, HC 167509/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 5ª T, DJe 14/12/2011.

97 - TESE 212

A tese número duzentos e doze tem o seguinte teor:

ANTECEDENTES CRIMINAIS – EXCLUSÃO DE DADOS DOS INSTITUTOS DE


IDENTIFICAÇÃO – IMPOSSIBILIDADE

A lei assegura o sigilo dos cadastros criminais, nas hipóteses de arquivamento de


inquérito, absolvição, reabilitação e extinção da punibilidade, salvo requisições judiciais
ou casos expressos em lei. Tais dados, portanto, não podem ser excluídos dos terminais
dos Institutos de Identificação.

Comentários

A tese é o que se depreende do CPP:

Art. 748. A condenação ou condenações anteriores não serão mencionadas na folha


de antecedentes do reabilitado, nem em certidão extraída dos livros do juízo, salvo
quando requisitadas por juiz criminal.

Realmente os dados não podem ser excluídos, já que, em havendo requisição do Poder
Judiciários, a informações deverão ser remetidas. O sigilo se volta ao público em geral.

98 - TESE 215

A tese número duzentos e quinze tem o seguinte teor:

ENTORPECENTES - TRÁFICO - EXERCÍCIO ILEGAL DA MEDICINA - POSSE DE


MEDICAMENTO CAPAZ DE CAUSAR DEPENDÊNCIA - CONCURSO DE CRIMES

A posse de medicamento que contém substância capaz de causar dependência física


ou psíquica, por quem exerce ilegalmente a medicina, caracteriza crimes de tráfico
ilícito de entorpecentes e exercício ilegal da medicina, em concurso.

65
222
Comentários

Não há absorção entre a conduta de exercício ilegal da medicina e a prescrição de drogas,


havendo, então, concurso entre o primeiro delito e o de tráfico ilícito de entorpecentes. É o que
entende o STJ:

“(...) Se o agente ao exercer irregularmente a medicina ainda prescreve droga, resta


configurado, em tese, conforme já reconhecido por esta Corte em outra oportunidade
(HC 9.126/GO, 6ª Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJ de 13/08/2001) o concurso
formal entre o art. 282 do Código Penal e o art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006. (...)”

STJ, HC 139667/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 01/02/2010.

99 - TESE 216

A tese número duzentos e dezesseis tem o seguinte teor:

ENTORPECENTES - TRÁFICO - EXERCÍCIO ILEGAL DA MEDICINA - POSSE DE


MEDICAMENTO CAPAZ DE CAUSAR DEPENDÊNCIA - DOLO GENÉRICO

O dolo nos crimes de tráfico de entorpecentes e exercício ilegal de medicina, para


aquele que tem posse de medicamento que contém substância capaz de causar
dependência física ou psíquica, é genérico, sendo irrelevante a intenção de provocar,
ou não, dependência nas vítimas.

Comentários

O STJ também entende que os delitos de tráfico de entorpecentes e o de exercício irregular da


medicina se contentam com o dolo genérico, não se exigindo, portanto, o chamado elemento
subjetivo especial do tipo (ou do injusto). Em outros termos, não há necessidade de dolo específico
para a configuração das infrações penais mencionadas. Sobre o exercício ilegal da medicina, há o
seguinte precedente:

“(...) 5. A desintenção do paciente em provocar dependência nas vítimas em nada se


comunica com a existência de dolo em sua conduta, eis que caracterizada pela vontade
consciente em praticar o crime, qual seja, prescrever o medicamento. (...)”

STJ, HC 9126/GO, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, 6ª Turma, DJ 13/08/2001

A respeito do tráfico, há o precedente que demonstra a jurisprudência firmada já à época da


edição da tese, que não se alterou com o advento da Lei 11.343/06:

66
222
“(...) I - O tipo penal previsto no art. 12 da Lei n.º 6.368/76 é de ação múltipla ou
conteúdo variado, pois apresenta várias formas de violação da mesma proibição,
bastando, para a consumação do crime, a prática de uma das ações ali previstas. II -
Para a configuração do crime de tráfico de entorpecentes imputado à recorrida, basta
o dolo genérico de guardar a droga, que só poderia ser afastada, caso se comprovasse
que a substância destinava-se para uso próprio, o que não ocorreu in casu. (...)”

STJ, REsp 442732/MG, Rel. Min. Gilson Dipp, 5ª Turma, DJ 29/09/2003

100 - TESE 217

A tese número duzentos e dezessete tem o seguinte teor:

ENTORPECENTES - TRÁFICO - PENA - GRANDE QUANTIDADE DE DROGA

A grande quantidade da droga apreendida revela a necessidade de maior censura


penal, com aplicação de pena-base acima do mínimo legal.

Comentários

Na legislação atual, há previsão expressa a respeito da consideração da quantidade da droga na


primeira fase da dosimetria, na qual o juiz fixa a pena-base. É o disposto no artigo 42 da Lei
11.343/06:

Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto
no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a
personalidade e a conduta social do agente.

101 - TESE 221

A tese número duzentos e vinte e um tem o seguinte teor:

ENTORPECENTES - CLORETO DE ETILA - RESOLUÇÃO Nº 104, DE 06/12/2000 - ATO


NULO - INOCORRÊNCIA DE ABOLITIO CRIMINIS

67
222
O “cloreto de etila”, vulgarmente conhecido como “lança-perfume”, continua sendo
substância proibida pela Lei de Tóxicos, eis que a Resolução nº 104, de 06/12/200,
configurou a prática de ato regulamentar manifestamente nulo.

Comentários

Referido entendimento não encontrou guarida nos Tribunais Superiores, sendo que a tese de
nulidade da Resolução n. 104, de 6 de dezembro de 2000, não prosperou. Deste modo, a exclusão
do cloreto de tila do rol de substâncias entorpecentes foi considerada abolitio criminis, com os
efeitos retroativos que lhe são inerentes:

“AÇÃO PENAL. Tráfico de entorpecentes. Comercialização de "lança-perfume". Edição


válida da Resolução ANVISA nº 104/2000. Retirada do cloreto de etila da lista de
substâncias psicotrópicas de uso proscrito. Abolitio criminis. Republicação da
Resolução. Irrelevância. Retroatividade da lei penal mais benéfica. HC concedido. A
edição, por autoridade competente e de acordo com as disposições regimentais, da
Resolução ANVISA nº 104, de 7/12/2000, retirou o cloreto de etila da lista de
substâncias psicotrópicas de uso proscrito durante a sua vigência, tornando atípicos o
uso e tráfico da substância até a nova edição da Resolução, e extinguindo a punibilidade
dos fatos ocorridos antes da primeira portaria, nos termos do art. 5º, XL, da Constituição
Federal.”

STF, HC 94397/BA, Rel. Min. Cezar Peluso, Segunda Turma, Julg.: 09/03/2010

102 - TESE 224

A tese número duzentos e vinte e quatro tem o seguinte teor:

ENTORPECENTES - USO - CAUSA DE AUMENTO DE PENA - INTERIOR DE


ESTABELECIMENTO PENAL - ADMISSIBILIDADE

O porte de substância entorpecente no interior de estabelecimento penal, e ainda que


a substância se destine a uso próprio, permite o aumento da pena, sendo desnecessária
a demonstração de que a conduta gerou perigo à saúde pública.

Comentários

A tese se refere à legislação revogada pela Lei 11.343/06, perdendo importância prática, pois
referida majorante estava presente em referido diploma normativo.

68
222
103 - TESE 226

A tese número duzentos e vinte e seis tem o seguinte teor:

ROUBO – CONSUMAÇÃO – PRÓPRIO – VÍTIMA MANTIDA EM PODER DO AGENTE


NO INTERIOR DO VEÍCULO SUBTRAÍDO

O crime de roubo, praticado com restrição da liberdade da vítima, consuma-se no


momento em que ocorre o apossamento do veículo, com emprego de violência ou
grave ameaça, sendo prescindível que o bem saia da esfera de vigilância daquela.

Comentários

Com efeito, a jurisprudência dos Tribunais Superiores se consolidou no mesmo sentido, não se
exigindo a posse mansa e pacífica do bem. Basta que haja o apossamento da coisa, com o
emprego da violência ou grave ameaça, para que o delito se consume. Neste sentido:

“(...) 4. No caso concreto, o Tribunal a quo aplicou a fração de 1/2, em razão, tão-só,
da existência de três causas de aumento de pena, quais sejam, emprego de arma de
fogo, concurso de pessoas e restrição à liberdade da vítima, sem registrar qualquer
excepcionalidade, o que contraria o entendimento desta Corte sobre a questão.

5. Conforme orientação já sedimentada nesta Corte, a posse tranqüila sobre a res


furtiva não é imprescindível para a consumação do crime de roubo. (...)”

STJ, HC 185366/SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 5ª T, DJe 09/08/2011

Cumpre destacar, ainda, que o STJ tem exigido que a restrição de liberdade da vítima deve ser
por tempo relevante, sob pena de não incidir a majorante:

“(...) 3. A jurisprudência desta Corte Superior firmou-se no sentido de que, para a


configuração da majorante de restrição da liberdade das vítimas no delito de roubo, a
vítima deve ser mantida por tempo juridicamente relevante em poder do réu, sob pena
de que sua aplicação seja uma constante em todos os roubos. Precedentes.(...)”

STJ, HC 428617/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 5ª T, DJe 01/08/2018

104 - TESE 228

A tese número duzentos e vinte e oito tem o seguinte teor:

69
222
ARMA – PORTE RECEPTAÇÃO – CRIMES AUTÔNOMOS – INEXISTÊNCIA DO
CONCURSO APARENTE DE NORMAS

Porte ilegal de armas e delito de receptação são infrações autônomas. A prática do


primeiro delito não implica que o réu não responda ao delito de receptação caso seja
efetivamente provado que a arma, portada ilegalmente, tenha sido adquirida como
produto de crime.

Comentários

O STJ também tem entendido que os crimes de porte ilegal de armas e de receptação, em regra,
são autônomos entre si, sem aplicação da consunção:

“(...) III - A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que
o delito de receptação e os do Estatuto do Desarmamento seriam, de regra,
crimes autônomos, com naturezas jurídicas e bens tutelados distintos, devendo o
agente responder pela sua prática em concurso material. (...)”

AgRg no HC 368990/PR, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª T, DJe 15/08/2018

105 - TESE 229

A tese número duzentos e vinte e nove tem o seguinte teor:

CRIME CONTINUADO – MAJORAÇÃO DA PENA – NÚMERO DE INFRAÇÕES

O aumento da pena pela continuidade delitiva se faz, quanto ao artigo 71, "caput", do
Código Penal, por força do número de infrações praticadas e não por qualquer critério
subjetivo.

Comentários

Para a escolha da fração de aumento na continuidade delitiva comum, tratada no caput do artigo
71 do Código Penal, o julgador deve se basear no número de infrações cometidas pelo agente.
Referido critério já está pacificado na jurisprudência, sendo que o precedente a seguir é bastante
didático a esse respeito:

“(...) 6. A exasperação da pena do crime de maior pena, realizado em continuidade


delitiva, será determinada, basicamente, pelo número de infrações penais cometidas,
parâmetro este que especificará no caso concreto a fração de aumento, dentro do
intervalo legal de 1/6 a 2/3. Nesse diapasão, esta Corte Superior de Justiça possui o

70
222
entendimento consolidado de que, em se tratando de aumento de pena referente à
continuidade delitiva, aplica-se a fração de aumento de 1/6 pela prática de 2 infrações;
1/5, para 3 infrações; 1/4 para 4 infrações; 1/3 para 5 infrações; 1/2 para 6 infrações e
2/3 para 7 ou mais infrações. In casu, tratando-se de mais de 10 crimes, deve ser
mantido o aumento operado pela sentença condenatória. (...)”

STJ, HC 401139, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª Turma, DJe 21/09/2017.

Com base nos parâmetros acima, podemos resumir a relação entre o número de infrações penais
e a fração de aumento na continuidade delitiva pelo quadro a seguir:

106 - TESE 230

A tese número duzentos e trinta tem o seguinte teor:

ARMA – PORTE ILEGAL – CRIME PRATICADO NO PERÍODO DE 180 DIAS


ESTABELECIDO NOS ARTIGOS 30 E 32 DA LEI Nº 10.826/03 – ABOLITIO CRIMINIS
TEMPORÁRIA INEXISTENTE

O porte ilegal de arma de fogo é estranho à "abolitio criminis" temporária de que


cuidam os artigos 30 e 32 da Lei nº 10.826/03.

Comentários

Efetivamente, a jurisprudência compreendeu que o prazo para entrega ou regularização das armas
de fogo não permitiam o porte. Assim, incidiu o delito no prazo se não houvesse comprovação de
que o agente estava entregando a arma ou possuía a intenção ao ser com ela surpreendido,
conforme esclarece o precedente do STF:

71
222
“(...) 1. Como se lê na jurisprudência da Corte, “[a] mera possibilidade de entrega da
arma de fogo, de uso permitido ou restrito, às autoridades policiais, conforme previsto
no art. 32 da Lei nº 10.826/2003, não tem pertinência quando ausente prova de que o
agente estava promovendo a entrega ou pelo menos tinha a intenção de entregar a
arma de posse irregular” (RHC nº 114.970/DF, Primeira Turma, Relatora a Ministra Rosa
Weber, DJe de 8/4/13).”

STF, HC 135481 AgR/RN, Rel. Min. Dias Toffoli, Segunda Turma, Julg. 14/10/2016

107 - TESE 231

A tese número duzentos e trinta e um tem o seguinte teor:

ESTELIONATO – CONSUMAÇÃO – RECUPERAÇÃO DO BEM – IRRELEVÂNCIA

Consuma-se o estelionato quando a vítima é desapossada do bem, independentemente


da sua posterior recuperação, em virtude de diligência policiais.

Comentários

Apesar de não tratar exatamente do mesmo caso, o seguinte precedente do STJ é compatível
com a tese:

“(...) II - O "pequeno prejuízo", que pode ser, em regra, até um salário-mínimo, é o


verificado por ocasião da realização do crime e, na conatus (tentativa), é aquele que
adviria da pretendida consumação. Tudo isto, sob pena de se transformar toda
tentativa de estelionato em tentativa de estelionato privilegiado. (...)”

STJ, HC 9199/MG, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 16/08/1999.

108 - TESE 232

A tese número duzentos e trinta e dois tem o seguinte teor:

MEDIDA DE SEGURANÇA – PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA – MÁXIMO DA


PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE PREVISTA PARA O CRIME

Se o réu for absolvido por ser considerado inimputável nos termos do artigo 26 do
Código Penal, o prazo da prescrição, para a imposição da medida de segurança é
regulado pelo máximo da pena privativa de liberdade prevista para o crime.

72
222
Comentários
O STF entende de forma igual somente quanto à PPP, não quanto à PPE:

“(...) 1. As medidas de segurança se submetem ao regime ordinariamente normado da


prescrição penal. Prescrição a ser calculada com base na pena máxima cominada ao
tipo penal debitado ao agente (no caso da prescrição da pretensão punitiva) ou com
base na duração máxima da medida de segurança, trinta anos (no caso da prescrição
da pretensão executória). Prazos prescricionais, esses, aos quais se aplicam, por lógico,
os termos iniciais e marcos interruptivos e suspensivos dispostos no Código Penal. (...)”

STF, HC 107777, Rel. Min. Ayres Britto, 2ª Turma, Julgamento: 07/02/2012

No mesmo sentido: RHC 100383, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, Julgamento: 18/10/2011.

O STJ, por sua vez, possui entendimento igual ao exposto na tese do MPSP:

“(...) 2. A prescrição da medida de segurança aplicada a inimputável, é contada pelo


máximo da pena abstratamente cominada ao delito.(...)” STJ, HC 182973, Rel. Min.
Laurita Vaz, Dje 26/06/2012.

109 - TESE 235

A tese número duzentos e trinta e cinco tem o seguinte teor:

ROUBO – EXTORSÃO – CONCURSO MATERIAL

Se o agente subtrai objetos da vítima e a obriga a entregar senha de cartão eletrônico


pratica crimes de roubo e extorsão em concurso material, não se podendo falar em
absorção da extorsão pelo roubo.

Comentários

STJ possui o mesmo entendimento, já consolidado, de que o emprego de violência ou grave


ameaça para obtenção de senha de cartão de crédito configura o delito de extorsão, e não de
roubo. A colaboração da vítima como fator imprescindível para a obtenção do resultado
naturalístico é um diferencial entre referidos delitos:

1. É firme o entendimento desta Corte Superior de que Ficam configurados os crimes


de roubo e extorsão, em concurso material, se o agente, após subtrair bens da vítima,
mediante emprego de violência ou grave ameaça, a constrange a entregar o cartão
bancário e a respectiva senha, para sacar dinheiro de sua conta corrente (HC

73
222
127.320/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em
07/05/2015, DJe 15/05/2015) (...)” (AgRg no REsp 1702185/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
Sexta Turma, DJe 26/03/2018.

110 - TESE 236

A tese número duzentos e trinta e seis tem o seguinte teor:

ENTORPECENTES – ARTIGO 12 DA LEI Nº 6.368/76 – CRIME EQUIPARADO A


HEDIONDO – TODAS AS FIGURAS

Enquadram-se nas disposições da Lei nº 8.072/90 todas as figuras estabelecidas no


“caput” e parágrafos do artigo 12 da Lei nº 6.368/76.

Comentários

A legislação foi revogada pela Lei 11.343/06. De todo modo, a jurisprudência do STJ, sobre as
figuras da lei atual, tem sentido contrário:

”(...) . De acordo com a Jurisprudência desta Corte Superior, ante a ausência de


previsão no rol do art. 2º da Lei 8.072/90, o crime de associação para o tráfico previsto
no art. 35 da Lei 11.343/06 não é crime hediondo ou equiparado. (...)” AgRg no HC
485529/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 18/03/2019.

111 - TESE 238

A tese número duzentos e trinta e oito tem o seguinte teor:

MEDIDA DE SEGURANÇA - PRISÃO PROVISÓRIA - DETRAÇÃO - EXAME DE


CESSAÇÃO DE PERICULOSIDADE - OBRIGATORIEDADE

O juiz não pode decretar a extinção da medida de segurança pelo mero decurso do
prazo, sem a realização do exame de cessação de periculosidade, mesmo se computado
o período de prisão provisória para fins de detração.

Comentários

Realmente, a extinção da punibilidade, de acordo com o Código Penal, ocorre após a realização
de exame de cessação de periculosidade. Apesar de não haver a previsão na lei, hoje os tribunais
superiores entendem que há limite para a duração da medida de segurança. Deste modo, a sua

74
222
extinção pode ser de forma “automática”, quando encerrado o prazo máximo. A questão é que o
STF e o STJ entendem que o limite de duração de referida sanção penal, conforme resumo no
quadro abaixo:

112 - TESE 239

A tese número duzentos e trinta e nove tem o seguinte teor:

FURTO - TENTATIVA - PRESENÇA DE AGENTES DE SEGURANÇA - CRIME


IMPOSSÍVEL - INADMISSIBILIDADE

A existência de vigilantes no estabelecimento comercial, a despeito de dificultar a


ocorrência de furtos, não é capaz de impedir, por si só, a ocorrência do fato delituoso,
apto a ensejar a configuração do crime impossível.

Comentários

Só há crime impossível ou tentativa inidônea no caso de absoluta impropriedade do objeto ou


absoluta ineficácia do meio. Se a impropriedade ou a ineficácia for relativa, pode-se configurar a
tentativa simples, possibilitando a responsabilização do agente. Neste sentido, o enunciado 567
da Súmula do STJ:

Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de


segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a
configuração do crime de furto.

113 - TESE 240

A tese número duzentos e quarenta tem o seguinte teor:

CRIME CONTINUADO - FURTO E ROUBO - INADMISSIBILIDADE

75
222
É inadmissível a continuidade delitiva entre furto e roubo, eis que se trata de crimes de
espécies distintas.

Comentários

A continuidade delitiva, por expressa previsão no caput do artigo 71 do CP, só pode ocorrer entre
crimes da mesma espécie. O STJ vem entendendo que crimes da mesma espécie são aqueles
previstos no mesmo dispositivo legal e que tutelem os mesmos bens jurídicos. É possível entre as
modalidades tentada, consumada, simples, majorada e qualificada do mesmo delito, desde que
presentes os pressupostos mencionados. É o que diz o precedente seguinte, selecionado por seu
teor didático:

“9. No caso dos crimes de roubo majorado e latrocínio, sequer é necessário avaliar
o requisito subjetivo supracitado ou o lapso temporal entre os crimes, como fizeram
as instâncias ordinárias, porquanto não há adimplemento do requisito objetivo da
pluralidade de crimes da mesma espécie. São assim considerados aqueles crimes
tipificados no mesmo dispositivo legal, consumados ou tentada, na forma simples,
privilegiada ou tentada, e além disso, devem tutelar os mesmos bens jurídicos, tendo,
pois, a mesma estrutura jurídica. Perceba que o roubo tutela o patrimônio e a
integridade física (violência) ou o patrimônio e a liberdade individual (grave ameaça);
por outro lado, o latrocínio, o patrimônio e a vida.”

HC 189134, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª Turma, DJe 12/08/2016.

114 - TESE 241

A tese número duzentos e quarenta e um tem o seguinte teor:

PRESCRIÇÃO - PRETENSÃO EXECUTÓRIA - CÁLCULO DO PRAZO - PRISÃO


CAUTELAR - DETRAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE

É impossível a aplicação analógica ou extensiva do artigo 113 do Código Penal para


abranger a hipótese de detração (artigo 42 do Código Penal). O período de prisão
provisória do réu é levado em conta apenas para o desconto da pena a ser cumprida,
sendo irrelevante para fins de contagem do prazo prescricional da pretensão
executória.

Comentários

A detração é o cômputo da prisão provisória do total da pena definitiva imposta na condenação,


devendo ser realizada na sentença e, inclusive, levada em conta para a fixação do regime inicial

76
222
de cumprimento de pena, de acordo com a atual redação do Código de Processo Penal. A
discussão que surge daí é a possibilidade de utilização da pena remanescente, após a realização
da detração, para fins de estabelecimento do prazo da prescrição da pretensão executória. A
jurisprudência do STJ firmou-se no sentido contrário a essa possibilidade:

“(...) 2. Não é possível levar em consideração o tempo em que o paciente permaneceu


preso cautelarmente, entre 17/11/2008 e 20/11/2009, porquanto, nos termos do
entendimento consolidado no Superior Tribunal de Justiça, "o período de prisão
provisória do réu é levado em conta apenas para o desconto da pena a ser cumprida,
sendo irrelevante para fins de contagem do prazo prescricional, que deve ser
analisado a partir da pena concretamente imposta pelo julgador, e não do restante da
reprimenda a ser executada pelo Estado" (AgRg no HC 181.711/ES, Rel. Ministro
Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 05/04/2016, DJe 18/04/2016). (...)”

(STJ, HC 400704/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe
31/08/2017).

115 - TESE 243

A tese número duzentos e quarenta e três tem o seguinte teor:

USO DE DOCUMENTO FALSO - AUSÊNCIA DO RESULTADO LESIVO BUSCADO PELO


AUTOR - IRRELAVÂNCIA - CRIME FORMAL

Caracteriza o crime do artigo 304 do Código Penal a mera exibição do documento hábil
a enganar, ainda que o autor não obtenha o resultado lesivo, eis que se trata de crime
formal.

Comentários

O crime de uso de documento falso realmente tem sido compreendido como formal,
independendo de resultado naturalístico para a sua consumação. No mesmo sentido da tese,
segue a jurisprudência do STJ:

“(...) 7.Ademais "é pacífico o entendimento neste Superior Tribunal de Justiça de


que, tratando-se de crime formal, o delito tipificado no artigo 304 do Código Penal
consuma-se com a utilização ou apresentação do documento falso, não se exigindo
a demonstração de efetivo prejuízo à fé pública nem a terceiros" (AgInt no AREsp
1229949/RN, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 06/03/2018, DJe 14/03/2018).” (STJ, AgRg no AREsp 656601/SC, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 31/10/2018).

77
222
116 - TESE 244

A tese número duzentos e quarenta e quatro tem o seguinte teor:

FURTO - REPOUSO NOTURNO - VÍTIMA EM EFETIVO REPOUSO - IRRELEVÂNCIA

Para a incidência da causa especial de aumento de pena prevista no parágrafo 1º do


artigo 155, do Código Penal, é irrelevante o fato de a vítima estar ou não, efetivamente,
repousando.

Comentários

Cuidando-se de discussão mais antiga, a jurisprudência se inclinou no sentido de que não é


necessário que a vítima esteja repousando para a incidência da majorante no furto, conforme
precedente a seguir:

“(...) PARA O RECONHECIMENTO DA AGRAVANTE DO REPOUSO NOTURNO


(PARAG. 1. DO ART. 155, CP), NÃO TEM QUALQUER IMPORTANCIA O FATO DA
CASA, ONDE OCORREU O FURTO, ESTAR HABITADA E SEU MORADOR
DORMINDO. 3. PARA A CONCESSÃO DO SURSIS CONTAM-SE TAMBEM, ENTRE
OUTRAS COISAS, OS ANTECEDENTES DO CONDENADO, NÃO SOMENTE SUA
PRIMARIEDADE E O MONTANTE DA PENA NÃO SUPERIOR A DOIS ANOS (...)” (STJ,
REsp 75011/SP, Rel. Min. Anselmo Santiago, Sexta Turma, DJ 03/11/1997).

117 - TESE 246

A tese número duzentos e quarenta e seis tem o seguinte teor:

CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - ADVOGADO QUE EXERCE


ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA - CONVÊNIO CELEBRADO COM PODER PÚBLICO -
FUNCIONÁRIO PÚBLICO

O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, atua de forma
remunerada em defesa dos beneficiários da Justiça Gratuita, enquadra-se no conceito
de funcionário público para fins penais.

Comentários

78
222
O conceito de funcionário público para fins penais, dado pelo artigo 327 do Código Penal, é
bastante amplo. Deste modo, abrange o advogado que é nomeado para atuação em prol de um
beneficiário da gratuidade da justiça, como já decidiu o STJ:

“(...) O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, atua de
forma remunerada em defesa dos agraciados com o benefício da Justiça Pública,
enquadra-se no conceito de funcionário público para fins penais.(Precedente) Recurso
desprovido. (...)”

STJ, RHC 17321/SP, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJ 22/08/2005.

118 - TESE 248

A tese número duzentos e quarenta e oito tem o seguinte teor:

ENTORPECENTES - TRÁFICO - GRANDE QUANTIDADE DE DROGA -


CARACTERIZAÇÃO

A expressiva quantidade de entorpecentes apreendida em poder do acusado é


suficiente para configurar o delito de tráfico de entorpecentes.

Comentários

Apesar de se tratar de uma presunção, o STJ já esposou a mesma tese:

“(...) 2. A reduzida quantidade de drogas integra a própria essência do crime de porte


de substância entorpecente para consumo próprio, visto que, do contrário, poder-se-
ia estar diante da hipótese do delito de tráfico de drogas, previsto no art. 33 da Lei n.
11.343/2006. Vale dizer, o tipo previsto no art. 28 da Lei n. 11.343/2006 esgota-se,
simplesmente, no fato de o agente trazer consigo, para uso próprio, qualquer
substância entorpecente que possa causar dependência. Por isso mesmo, é
irrelevante que a quantidade de drogas não produza, concretamente, danos ao
bem jurídico tutelado, no caso, a saúde pública ou a do próprio indivíduo. (...)”

STJ, AgRg no HC 387874/MS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, 6ª T, DJe 10/08/17

119 - TESE 249

A tese número duzentos e quarenta e nove tem o seguinte teor:

79
222
CRIME CONTINUADO - RECEPTAÇÃO E ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR
DE VEÍCULO AUTOMOTOR - INADMISSIBILIDADE

É inadmissível a continuidade delitiva entre receptação e adulteração de sinal


identificador de veículo automotor, eis que se trata de crimes de gêneros distintos.

Comentários

Cuida-se de assunto já discutido em teses anteriores, sobre o tema do requisito de os crimes serem
da mesma espécie para a configuração da continuidade delitiva. Segue, por pertinente, o já citado
precedente que bem explicita o entendimento atual do STJ a respeito do tema, no mesmo sentido
da tese do MPSP:

“9. No caso dos crimes de roubo majorado e latrocínio, sequer é necessário avaliar
o requisito subjetivo supracitado ou o lapso temporal entre os crimes, como fizeram
as instâncias ordinárias, porquanto não há adimplemento do requisito objetivo da
pluralidade de crimes da mesma espécie. São assim considerados aqueles crimes
tipificados no mesmo dispositivo legal, consumados ou tentada, na forma simples,
privilegiada ou tentada, e além disso, devem tutelar os mesmos bens jurídicos, tendo,
pois, a mesma estrutura jurídica. Perceba que o roubo tutela o patrimônio e a
integridade física (violência) ou o patrimônio e a liberdade individual (grave ameaça);
por outro lado, o latrocínio, o patrimônio e a vida.”

HC 189134, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª Turma, DJe 12/08/2016.

120 - TESE 250

A tese número duzentos e cinquenta tem o seguinte teor:

RECEPTAÇÃO - FORMA QUALIFICADA - MECÂNICO - ATIVIDADE COMERCIAL

A qualificadora do crime de receptação refere-se a atividade econômica organizada,


correspondente a atividade comercial, podendo ocorrer no exercício de profissão de
mecânico.

Comentários

A tese se coaduna com a própria previsão legal, do artigo 180, § 2º, do CP, que equipara à
atividade comercial qualquer forma de comércio, ainda que irregular ou clandestino. Deste modo,
fica bem clara que a atividade de mecânico está albergada pela norma:

80
222
Receptação qualificada

§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar,


montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve
saber ser produto de crime:

Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.

§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer


forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência.

121 - TESE 251

A tese número duzentos e cinquenta e um tem o seguinte teor:

EXECUÇÃO PENAL - REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (R.D.D.) -


CONSTITUCIONALIDADE

O Regime Disciplinar Diferenciado, previsto no artigo 52 da Lei de Execuções Penais, é


constitucional.

Comentários

Ainda que haja vozes que defendem a inconstitucionalidade do RDD, não há tal posicionamento
entre os Tribunais Superiores. Deste modo, pode-se dizer que é o atual entendimento prevalente
na doutrina e na jurisprudência.

121 - TESE 257

A tese número duzentos e cinquenta e sete tem o seguinte teor:

PENAS - RESTRITIVAS DE DIREITOS - PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE


OU ENTIDADES PÚBLICAS - DURAÇÃO IGUAL À DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE

A pena de prestação de serviços à comunidade terá a mesma duração da pena privativa


de liberdade substituída, salvo na hipótese do artigo 46, § 4º, do Código Penal, quando
poderá ser cumprida em menor tempo.

Comentários

81
222
A mesma duração da pena privativa de liberdade e da pena restritiva de direitos que a substitui
está no artigo 55 do CP:

Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão
a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no
§ 4o do art. 46.

Dentre das penas com a mesma duração, há expressão menção à prevista no artigo 43, IV, do CP,
que é justamente a de prestação de serviços à comunidade:

Art. 43. As penas restritivas de direitos são:

(...)

IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;

Por fim, o artigo 46 do CP, em seu parágrafo quarto, possibilita o seu cumprimento em menor
período, desde que a pena de prestação de serviços à comunidade seja superior a um ano e o
cumprimento não se dê em tempo inferior à metade da pena privativa de liberdade substituída:

Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às


condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.

(...)

§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a


pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa
de liberdade fixada.

122 - TESE 258

A tese número duzentos e cinquenta e oito tem o seguinte teor:

ROUBO - REDUÇÃO DA VÍTIMA À INCAPACIDADE DE RESISTÊNCIA, POR


QUALQUER OUTRO MEIO - USO DE DROGA OU OUTRA SUBSTÂNCIA ANÁLOGA -
VIOLÊNCIA IMPRÓPRIA - CARACTERIZAÇÃO.

O uso de droga ou outra substância análoga pelo agente para reduzir a vítima à
incapacidade de resistência e, assim, viabilizar a prática da subtração, caracteriza o
delito de roubo.

82
222
Comentários
O chamado roubo próprio é o previsto no caput do artigo 157 do CP. Há três formas de cometê-
lo, com o emprego de um dos seguintes meios:
_Violência: vis absoluta.
_Grave ameaça: vis relativa.
_Outro meio de reduzir a vítima à incapacidade de resistência: sonífero, drogas, etc.

Como visto pela exemplificação acima, o uso de droga se enquadra em meio de reduzir à vítima
à incapacidade de resistência. Configura, portanto, o crime de roubo.

123 - TESE 259

A tese número duzentos e cinquenta e nove tem o seguinte teor:

LIVRAMENTO CONDICIONAL - CONDENADO POR CRIMES HEDIONDOS OU


EQUIPARADOS - REINCIDENTE ESPECÍFICO - INADMISSIBILIDADE

Nos termos do artigo 83, V, do Código Penal, o juiz não poderá conceder livramento
condicional ao reincidente específico em crimes hediondos ou equiparados, ainda que
sejam de espécies distintas.

Comentários

A tese é uma interpretação do seguinte dispositivo:

Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa


de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:

(...)

V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de
pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa
natureza.

Entretanto, cabe dizer que o assunto é polêmico, em razão dos requisitos de cumprimento de
lapso temporal na lei comportarem uma abertura interpretativa. Vejamos um quadro com o
resumo dos lapsos temporais exigidos:

83
222
A lei não esclarece qual o critério para que se considere um agente reincidente específico. É
possível defende que alguém que cometeu o crime de tráfico e, depois, venha a ser condenado
por estupro seja reincidente específico em crimes hediondos e equiparados. É o que defende o
MPSP.

Entretanto, há entendimento diversos, de que a reincidência específica seja com relação ao mesmo
delito, referente a uma tipificação no mesmo dispositivo. A jurisprudência e a doutrina não
parecem ter pacificado o tema.

124 - TESE 261

A tese número duzentos e sessenta e um tem o seguinte teor:

CRIMES DE TRÂNSITO - SUSPENSÃO DA HABILITAÇÃO PARA DIRIGIR - MOTORISTA


PROFISSIONAL - POSSIBILIDADE

O fato de o réu ser motorista profissional não o isenta de sofrer a imposição da pena
de suspensão da habilitação para dirigir, porque sua cominação decorre de expressa
previsão legal (artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro), que não faz nenhuma
restrição nesse sentido.

Comentários

Há precedentes de Tribunais em sentido contrário, além de decisão monocrática do STJ, em que


se considerou que o juiz deve analisar, motivadamente, a aplicação da suspensão de habilitação:

“(...) Em que pese tenha o denunciado utilizado veículo automotor como instrumento
para a prática do delito, tenho que, na espécie, a medida restritiva não se mostra

84
222
recomendável uma vez que o réu labora como motorista profissional (evento1-
P_Flagrante1, pág. 24 do IPL), necessitando de sua CNH para exercer o seu ofício. (...)”

STJ, AREsp 1422535, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, Publicação: 26/03/2019.

125 - TESE 262

A tese número duzentos e sessenta e dois tem o seguinte teor:

LATROCÍNIO - TENTATIVA - LESÃO CORPORAL LEVE - POSSIBILIDADE

Para configurar a tentativa de latrocínio é irrelevante que a lesão corporal causada à


vítima tenha sido de natureza leve, bastando comprovado que o réu agiu com dolo de
matar para subtrair

Comentários

Não é outro o entendimento do STJ:

“(...) I - Após longo cotejo dos elementos de prova produzidos no curso processo, o
magistrado sentenciante fundamentou corretamente seu convencimento sobre a
autoria e materialidade do delito, mormente acerca das lesões das vítimas. Ademais,
a alegação da paciente da inexistência de laudo que indique a gravidade das lesões,
não tem o supedâneo de macular o processo, uma vez que a imputação de
tentativa de latrocínio não depende da gravidade lesão, mas apenas do animus
necandi do autor, que pode ser extraído dos elementos colacionados nos autos.
Precedentes. (...)”

STJ, AgRg no HC 404209/SP, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 21/02/2018

126 - TESE 263

A tese número duzentos e sessenta e três tem o seguinte teor:

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - FOTOGRAFAR CRIANÇA E


ADOLESCENTE EM CENA PORNOGRÁFICA OU DE SEXO EXPLÍCITO - TIPICIDADE

A conduta de fotografar criança ou adolescente em cena pornográfica ou de sexo


explícito continua típica mesmo após o advento da Lei nº 10.764, de 2003, que inseriu
tal comportamento no artigo 240 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

85
222
Comentários

Realmente, a conduta de fotografar a criança ou adolescente em cena pornográfica ou de sexo


configura o crime previsto no artigo 240 do ECA:

Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio,
cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Além disso, há o crime do artigo 218-C do CP, expressamente subsidiário, que se configura, por
exemplo, quando a cena for de apologia ao estupro de vulnerável (sem que haja efetivamente um
menor de idade em cena pornográfica ou de sexo explícito):

Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda,


distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação
de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro
audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça
apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo,
nudez ou pornografia:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave.

127 - TESE 264

A tese número duzentos e sessenta e quatro tem o seguinte teor:

ENTORPECENTES - TRÁFICO - BENEFÍCIO PREVISTO NO ARTIGO 33, § 4º, DA LEI Nº


11.343/06 - INAPLICABILIDADE À CONDUTA DESCRITA NO ARTIGO 14 DA LEI
6.368/76

O benefício previsto no § 4º do artigo 33 da Lei nº 11.343/06 é aplicável, tão-somente,


aos delitos previstos no “caput” e no § 1º daquele artigo, afastando, portanto, a
conduta inserta no artigo 35 da mesma lei, que reproduz a redação do artigo 14 da Lei
nº 6.368/76.

Comentários

O entendimento do STJ vai ao encontro da tese:

86
222
“(...) VI - Na espécie, sequer seria o caso de aplicação da minorante prevista no §
4º do art. 33 da Lei 11.34306, uma vez que o paciente foi condenado pelo crime
de associação para tráfico, não preenchendo, portanto, os requisitos legais para
a concessão da benesse.(...)”

STJ, HC 483890/RS, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª T, DJe 01/03/2019

Realmente, não se estende à associação ao tráfico a causa de diminuição especial de pena do


parágrafo quarto do artigo 33 da Lei 11.343/06, chamada de tráfico privilegiado.

128 - TESE 265

A tese número duzentos e sessenta e cinco tem o seguinte teor:

ENTORPECENTES - TRÁFICO - ASSOCIAÇÃO - BENEFÍCIO PREVISTO NO ARTIGO 33,


§ 4º, DA LEI Nº 11.343/06 - INAPLICABILIDADE

O réu condenado por tráfico de entorpecentes não faz jus ao benefício previsto no
artigo 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06, quando também condenado por associação para o
fim de praticar tal conduta.

Comentários

Este é o atual entendimento do STJ, que não reconhece o privilégio do artigo 33, § 4º, da Lei
11.343/06, no caso de o agente ter cometido os delitos de tráfico e de associação para tráfico de
drogas:

“(...) 4. A condenação por associação para o tráfico de drogas obsta a aplicação do


redutor previsto no art. 33, § 4º, da Lei de Drogas, uma vez que demanda a existência
de animus associativo estável e permanente entre os agentes no cometimento do
delito, evidenciando, assim, a dedicação do recorrente em atividade criminosa.
(...)”

STJ, AgRg no AREsp 1367220/SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ªT, DJe 01/05/2019

129 - TESE 266

A tese número duzentos e sessenta e seis tem o seguinte teor:

87
222
CONCURSO FORMAL DE CRIMES - REQUISITOS: UNIDADE DE CONDUTA E
PLURALIDADE DE RESULTADOS

Para o concurso formal de crimes, insuficiente tenham eles ocorrido em um mesmo


contexto fático, sendo necessária a unidade de conduta e a pluralidade de resultados.

Comentários

O que diferencia o concurso formal do concurso material é justamente a pluralidade ou unidade


de conduta. Entretanto, a conduta pode ser fracionada, se ocorrida em um mesmo contexto fático.
É o que ocorre quando o agente anuncia um assalto e subtrai bens de diferentes pessoas no
mesmo estabelecimento comercial, por exemplo. Neste ponto, a tese parece conflitar com o
entendimento que se consolidou no STJ, já que o contexto pode levar à consideração de unidade
de conduta:

“(...) 4. É firme neste Tribunal a orientação de que a subtração de patrimônios


distintos num mesmo contexto fático enseja o concurso formal no delito de roubo.
Precedentes. (...)”

STJ, HC 439037/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, DJe 10/12/2018

130 - TESE 268

A tese número duzentos e sessenta e oito tem o seguinte teor:

FURTO - REPARAÇÃO DO DANO - AUSÊNCIA DE PREJUÍZO - JUSTA CAUSA PARA A


AÇÃO PENAL

A reparação do dano por ato voluntário do agente não tem o condão de obstar a
propositura da ação penal.

Comentários

No caso de furto, crime patrimonial cometido sem violência ou grave ameaça, a reparação do ano,
antes do recebimento da denúncia ou queixa, configura o chamado arrependimento posterior,
uma causa de diminuição de pena. Entretanto, isso não afasta a ocorrência do delito. É o que
decidiu recentemente o STJ em caso de furto de energia elétrica, no sentido de que a reparação
do dano não obsta a ação penal:

“(...) 6. Nos crimes patrimoniais existe previsão legal específica de causa de diminuição
da pena para os casos de pagamento da "dívida" antes do recebimento da denúncia.

88
222
Em tais hipóteses, o Código Penal - CP, em seu art. 16, prevê o instituto do
arrependimento posterior, que em nada afeta a pretensão punitiva, apenas constitui
causa de diminuição da pena. (...)”

STJ, RHC 101299/RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 3ª Seção, DJe 04/04/2019.

131 - TESE 269

A tese número duzentos e sessenta e nove tem o seguinte teor:

ARMA – USO PERMITIDO – NUMERAÇÃO RASPADA – EQUIPARAÇÃO A ARMA DE


USO PROIBIDO OU RESTRITO

A arma de fogo de uso permitido com numeração raspada se equipara, por força do
art. 16, § único, do Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003), a arma de uso
proibido ou restrito.

Comentários

O crime de porte ou ilegal de arma de fogo uso restrito já traz uma modalidade, no parágrafo
único, inciso IV, do Estatuto do Desarmamento, que engloba a arma de fogo com numeração,
arma ou qualquer outro sinal de identificação raspado. A tese, portanto, é uma interpretação que
parte da literalidade da Lei 10.826/03:

Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar,
ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda
ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem
autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:

(...)

IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração,


marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;

De todo modo, verifica-se que a jurisprudência do STJ está de acordo com a tese acima:

89
222
“(...) 1. O que importa para a caracterização do delito descrito no art. 16, parágrafo
único, IV, da Lei n. 10.826/2003 é o porte de arma de fogo com numeração raspada,
independentemente de ser arma de uso restrito ou proibido, pois constitui espécie de
crime autônomo, não vinculado à restrição feita no caput. (...)”

STJ, REsp 1105890/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, DJe 30/11/2012

132 - TESE 270

A tese número duzentos e setenta tem o seguinte teor:

FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO – CÉDULA DE IDENTIDADE – POSSE –


CARACTERIZAÇÃO

O crime de falsificação de documento público, consistente em uma cédula de


identidade, consuma-se com a simples falsificação, independentemente de seu
eventual uso.

Comentários

É o que prevê o artigo do CP:

Falsificação de documento público

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento


público verdadeiro:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

O uso configura o crime do artigo 304 do CP.

133 - TESE 271

A tese número duzentos e setenta e um tem o seguinte teor:

USO DE DOCUMENTO FALSO – EXIBIÇÃO DE IDENTIDADE FALSA A POLICIAL –


DIREITO DE DEFESA – INADMISSIBILIDADE

Pratica o crime do artigo 304 do Código Penal aquele que, instado por agente da
autoridade policial a se identificar, exibe documento de identidade falso, não se
podendo falar em direito de defesa.

90
222
Comentários

O entendimento jurisprudencial é que, com efeito, o direito de ampla defesa não torna atípica a
conduta de o agente usar documento falso, buscando se eximir de cumprimento de um mandado
de prisão, por exemplo:

“(...) 2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidou-se no sentido de


que não fica afastada a tipicidade do delito previsto no art. 304 do Código Penal em
razão de a atribuição de falsa identidade originar-se da apresentação de documento
à autoridade policial, quando por ela exigida, não se confundindo o ato com o mero
exercício do direito de defesa. Precedentes. (...)” STJ, HC 313868/SP, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, Quinta Turma, DJe 29/03/2016.

134 - TESE 273

A tese número duzentos e setenta e três tem o seguinte teor:

PENA – INABILITAÇÃO PARA O CARGO OU EXERCÍCIO DE FUNÇÃO PÚBLICA –


PRESCRIÇÃO – AUTONOMIA EM RELAÇÃO À PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE –
PRAZOS DISTINTOS.

A pena de inabilitação para o cargo ou exercício de função pública é autônoma em


relação à pena privativa de liberdade, prescrevendo cada uma a seu tempo.

Comentários

O STJ firmou posição de modo diferente, entendendo que a prescrição em relação aos crimes de
responsabilidade praticados por prefeitos também abrange de inabilitação para o cargo ou
exercício de função pública:

“(...) 1. A jurisprudência de ambas as Turmas da Terceira Seção desta Corte se firmou


no sentido de que a "decretação da prescrição em relação a crimes de
responsabilidade, previstos no art. 1º do Decreto-Lei n. 201/1967, alcança também
as penas de perda do cargo e de inabilitação, pelo prazo de 5 anos, para o
exercício de cargo ou função pública, eletivo ou de nomeação, tendo em vista a
natureza acessória dessas sanções.“ (...)”

STJ, AgRg no REsp 1698367/PB, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª T, DJe 28/05/2018

91
222
135 - TESE 275

A tese número duzentos e setenta e cinco tem o seguinte teor:

PENA – ARREPENDIMENTO POSTERIOR – REPARAÇÃO INCOMPLETA DO DANO OU


RESTITUIÇÃO PARCIAL DA COISA – INADMISSIBILIDADE

Para que seja reconhecida a ocorrência do arrependimento posterior, de forma a


ensejar a aplicação da causa geral de diminuição da pena prevista no artigo 16 do
Código Penal, faz-se necessário que o agente proceda à reparação integral do dano ou
à restituição total da coisa.

Comentários

A própria legislação exige que, para que haja o chamado arrependimento posterior, com a
consequente diminuição de pena, deve haver a reparação integral do dano ou a restituição total
da coisa. Deste modo, a reparação parcial ou mesmo a restituição em parte não são aptas a
ensejarem a aplicação da minorante. O STJ não entende de modo diverso:

“(...) 2. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior de Justiça, a incidência do


instituto do arrependimento posterior pressupõe a integral reparação do dano antes
do recebimento da denúncia, cuja fração de diminuição de pena será fixada de acordo
com o aspecto temporal entre a prática do ilícito e a conduta voluntária do agente em
restituir à vítima o seu prejuízo (AgRg no REsp 1262608/BA, Rel. Ministro JORGE
MUSSI). (...)” (STJ, HC 414229/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma,
DJe 16/10/2017).

136 - TESE 279

A tese número duzentos e setenta e nove tem o seguinte teor:

FURTO – PULSO TELEFÔNICO – EQUIPARAÇÃO À ENERGIA ELÉTRICA –


CARACTERIZAÇÃO

A subtração de pulso telefônico é típica, à luz do disposto no art. 155, § 3º, do Código
Penal.

Comentários

92
222
O STJ também entende que o pulso telefônico configura res furtiva, ou seja, pode ser objeto
material do crime de furto, especialmente em razão do que prevê o artigo 155, § 3º, do CP:

“(...) 3. A conduta perpetrada pelo Paciente - que furtou, em tese, pulsos telefônicos
avaliados em R$ 119,74 (cento e dezenove reais e setenta e quatro centavos), da
empresa TELEMAR, não se insere na concepção doutrinária e jurisprudencial de crime
de bagatela. (...)”

(STJ, HC 128356/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe 09/09/2011).

137 - TESE 280

A tese número duzentos e oitenta tem o seguinte teor:

RECEPTAÇÃO – FORMA QUALIFICADA – “DESMANCHE” – COMÉRCIO ABERTO –


DESNECESSIDADE

Ao equiparar a atividade irregular ou clandestina, inclusive a exercida em residência,


para fins de reconhecimento da causa de aumento do § 1º do artigo 180 do Código
Penal, o legislador afastou a necessidade de ser praticada em “comércio aberto”.

Comentários

A própria legislação já é bastante clara, pois o artigo 180, § 2º, que já diz que qualquer forma de
comércio irregular ou clandestino já se equipara à atividade comercial para fins de configuração
da receptação qualificada. De modo, o STJ possui jurisprudência com a mesma ilação presente na
tese, não exigindo comércio aberto para a configuração de referida modalidade qualificada:

“(...) 3. A figura do § 1º do artigo 180 do Código Penal foi introduzida para punir
mais severamente os proprietários de "desmanches" de carros, exigindo-se ainda o
exercício de atividade comercial ou industrial, devendo ser lembrado que o § 2º
equipara à atividade comercial, para efeito de configuração da receptação
qualificada, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o
exercido em residência, abrangendo, com isso, o "desmanche" ou "ferro-velho"
caseiro, sem aparência de comércio legalizado. 4. A atividade comercial ou industrial
contida no tipo deve estar relacionada ao objeto da receptação.”

(STJ, REsp 1743514/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 22/08/2018).

93
222
138 - TESE 281

A tese número duzentos e oitenta e um tem o seguinte teor:

ROUBO – INTIMIDAÇÃO VELADA – GRAVE AMEAÇA – CARACTERIZAÇÃO

A intimidação velada, em circunstâncias capazes de configurar grave ameaça, tipifica o


crime de roubo e não o de furto.

Comentários

O emprego de grave ameaça é justamente um dos elementos que diferencia o crime do roubo e
o de furto. De todo modo, o precedente a seguir, do STJ, expressamente dita que a ameaça apta
a configurar aquele crime patrimonial envolve a realizada de modo velado:

“(...) 3. A instância antecedente concluiu, de forma motivada, que os recorrentes se


valeram de grave ameaça (emprego de arma) para subtrair bens da vítima, elemento
que basta para a configuração do crime de roubo. 4. Ameaça nada mais é que a
intimidação de outrem, que, na hipótese de crime de roubo, pode ser feita com
emprego de arma, com a sua simulação, ou até mesmo de forma velada. (...)”

(STJ, REsp 1294312/SE, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, 6ª T, DJe 17/11/2016

139 - TESE 282

A tese número duzentos e oitenta e dois tem o seguinte teor:

ARMA – PORTE – RESISTÊNCIA – CRIMES AUTÔNOMOS – PRINCÍPIO DA


CONSUNÇÃO – INADMISSIBILIDADE

Os crimes de porte ilegal de arma de fogo e resistência são autônomos, não admitindo,
pois, a aplicação do princípio da consunção para a absorção do primeiro pelo segundo.

Comentários

Há precedente do STJ em que se manteve a condenação por ambos os crimes, não se admitindo
a absorção de um pelo outro:

“(...) IV - In casu, o paciente foi condenado à pena de 3 anos de reclusão em regime


inicial semiaberto e 1 ano de detenção em regime inicial semiaberto pelos crimes de
porte ilegal de arma de fogo de uso permitido de numeração raspada e resistência, em

94
222
concurso material, praticados mediante o porte ilegal de arma de fogo, durante
perseguição policial, efetuou 2 disparos em condomínio de prédios, invadiu um
apartamento residencial, lá permanecendo com 4 vítimas, segundo elas não as
ameaçando ou constrangendo suas liberdades, entretanto após meia hora, saiu e
acabou sendo surpreendido pelos milicianos que permaneciam aguardando do lado de
fora, circunstâncias que denotam o grau de periculosidade do agente.”

STJ, HC 320959/SP, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 17/09/2015

140 - TESE 283

A tese número duzentas e oitenta e três tem o seguinte teor:

FURTO – TENTATIVA – DISPOSITIVO DE ALARME NA SAÍDA DO ESTABELECIMENTO


COMERCIAL – CRIME IMPOSSÍVEL – INADMISSIBILIDADE

A existência de alarme no estabelecimento, a despeito de dificultar a ocorrência de


furtos, não é capaz de impedir, por si só, a ocorrência do fato delituoso, apto a ensejar
a configuração do crime impossível.

Comentários

Só há crime impossível se a impropriedade do objeto ou a ineficácia do meio forem absolutas. No


caso de serem relativas, pode-se ter a modalidade tentada do crime. Neste sentido, a existência
de alarme no estabelecimento comercial é uma relativa ineficácia do meio, já que não impossibilita
a ocorrência do fato criminoso.

A deixar o tema pacificado, há o enunciado 567 da Súmula do STJ, bastante simples e direto:

Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de


segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a
configuração do crime de furto.

141 - TESE 284

A tese número duzentos e oitenta e quatro tem o seguinte teor:

ESTELIONATO – CHEQUE FURTADO E FALSIFICADO – TIPICIDADE

95
222
O uso de cheque furtado e falsificado para obtenção de ilícita vantagem patrimonial,
em prejuízo alheio, caracteriza o crime de estelionato.

Comentários

O STJ tem decidido, na linha da tese acima, de que ocorre o crime de estelionato no caso de uso
de cheque furtado e qualificado como meio de obtenção de vantagem patrimonial, em prejuízo
alheio:

“(...) 1. Hipótese na qual o recorrido foi denunciado pela prática, em tese, do delito de
estelionato, em sua modalidade fundamental, por ter supostamente obtido vantagem
ilícita em prejuízo de estabelecimento comercial, ao pagar as despesas efetuadas com
cheques furtados, falsificando a assinatura do correntista. (...)”

STJ, REsp 923197/RS, Rel. Des. Conv. Jane Silva, Quinta Turma, DJe 03/12/2007

142 - TESE 285

A tese número duzentos e oitenta e cinco tem o seguinte teor:

ROUBO – ARREBATAMENTO DE COISA – LESÃO CORPORAL – VIOLÊNCIA –


CARACTERIZAÇÃO

O arrebatamento de coisa, causando lesões corporais na vítima, caracteriza violência,


ensejando a configuração do crime de roubo.

Comentários

Como já tratado acima, o roubo próprio pode se configurar com o emprego de violência, grave
ameaça ou outro meio que reduza a vítima à incapacidade de resistência. O arrebatamento de
coisa que está presa no corpo da vítima é uma forma de violência, como tem prevalecido no
âmbito do Superior Tribunal de Justiça, vejamos:

“(...) 2. Prevalece no Superior Tribunal de Justiça o entendimento no sentido de que


o arrebatamento de coisa presa ao corpo da vítima tem o condão de comprometer sua
integridade física, tipificando, assim, o crime de roubo e não de furto. Assim, tendo
as instâncias ordinárias reconhecido que a subtração do bem se deu por meio de
arrebatamento, não é possível, na via eleita, examinar o pedido de desclassificação,
uma vez que se trata de providência que demanda aprofundado exame do arcabouço
fático-probatório carreado nos autos, o que não se revela consentâneo com o
instrumento processual utilizado. (...)”

96
222
STJ, HC 372085/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ªT, DJe 27/10/2016

143 - TESE 286

A tese número duzentos e oitenta e seis tem o seguinte teor:

CRIME CONTINUANDO – APROPRIAÇÃO INDÉBITA – ESTELIONATO –


INADMISSIBILIDADE

É inadmissível a continuidade delitiva entre apropriação indébita e estelionato, eis que


crimes de espécies diferentes

Comentários

O requisito de os crimes serem da mesma espécie para a configuração da continuidade delitiva é


tema repetido nas teses, sobre o qual já há comentários anteriores. De todo modo, segue o
didático e multicitado precedente do STJ, que é consentâneo com o que defende o MPSP:

“9. No caso dos crimes de roubo majorado e latrocínio, sequer é necessário avaliar
o requisito subjetivo supracitado ou o lapso temporal entre os crimes, como fizeram
as instâncias ordinárias, porquanto não há adimplemento do requisito objetivo da
pluralidade de crimes da mesma espécie. São assim considerados aqueles crimes
tipificados no mesmo dispositivo legal, consumados ou tentada, na forma simples,
privilegiada ou tentada, e além disso, devem tutelar os mesmos bens jurídicos, tendo,
pois, a mesma estrutura jurídica. Perceba que o roubo tutela o patrimônio e a
integridade física (violência) ou o patrimônio e a liberdade individual (grave ameaça);
por outro lado, o latrocínio, o patrimônio e a vida.”

HC 189134, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª Turma, DJe 12/08/2016.

144 - TESE 287

A tese número duzentos e oitenta e sete tem o seguinte teor:

LATROCÍNIO – CONSUMAÇÃO – TENTATIVA DE SUBTRAÇÃO – HOMICÍDIO


CONSUMADO – SÚMULA 610 DO STF

97
222
“Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente
a subtração de bens da vítima”.

Comentários

Como mencionado acima, a tese esposa o que está consolidado na Súmula 610 do STF:

Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente
a subtração de bens da vítima.

145 - TESE 289

A tese número duzentos e oitenta e nove tem o seguinte teor:

QUADRILHA OU BANDO. EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO QUALIFICADA PELA


PRIVAÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA POR MAIS DE 24 HORAS. CONCURSO
MATERIAL

Se a causa de aumento de pena, prevista no §1º do art. 159 do Código Penal, é aplicada
porque o delito teve duração superior a 24 horas, e não por ter sido cometido por
quadrilha, nada impede a condenação, também, por este último delito, não se
caracterizando, assim, o “bis in idem”.

Comentários

Realmente não há bis in idem entre a majorante pela duração do sequestro com o crime de
associação criminosa (antigo delito de quadrilha ou bando):

Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate:

Pena - reclusão, de oito a quinze anos.

§ 1º Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor


de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou
quadrilha.

98
222
146 - TESE 290

A tese número duzentos e noventa tem o seguinte teor:

CRIME DE PECULATO – PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA – INAPLICABILIDADE

É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública,


ainda que o valor da lesão possa ser considerado ínfimo.

Comentários

O STJ possui entendimento sumulado no mesmo sentido da tese do Ministério Público de São
Paulo, inadmitindo a configuração do chamado crime de bagatela nos casos de delitos contra a
Administração Pública. É o teor do enunciado 599 da sua Súmula:

“O princípio da insignificância penal é inaplicável aos crimes contra a Administração


Pública”

Cumpre ressalvar, todavia, que referida Corte Superior de Justiça tem aplicado o princípio da
insignificância, que afasta a tipicidade material, no caso do descaminho, que é um crime contra a
Administração Pública.

Ademais, há precedente do STF em que se aplicou o princípio no caso de peculato. Entretanto,


não se pode dizer que há uma jurisprudência firmada, na Suprema Corte, em tal sentido.

147 - TESE 291

A tese número duzentos e noventa e um tem o seguinte teor:

EXECUÇÃO PENAL – UNIFICAÇÃO DE PENAS – ARTIGO 75, § 2º, DO CÓDIGO PENAL


– INTERPRETAÇÃO

Nos termos do art. 75, § 2º, do Código Penal, sobrevindo condenação por crime
praticado posteriormente ao início da execução, procede-se a nova unificação,
desprezando-se o período de pena já cumprido.

Comentários

A tese faz uma interpretação bem literal do texto normativo, o que prevalece na doutrina e na
jurisprudência:

99
222
Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser
superior a 30 (trinta) anos.

§ 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja
superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo
deste artigo.

§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena,


far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.

148 - TESE 292

A tese número duzentos e noventa e dois tem o seguinte teor:

DROGAS – CONSUMO PESSOAL – ART. 28 DA LEI Nº 11.343/2006 –


INCONSTITUCIONALIDADE POR OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA IGUALDADE,
INTIMIDADE E VIDA PRIVADA – INOCORRÊNCIA.

O art. 28 da Lei nº 11.343/2006 é constitucional pois, embora tendo como elemento


subjetivo do injusto o consumo pessoal de drogas, tutela interesse coletivo – a saúde
pública, não ofendendo os princípios da igualdade, intimidade e vida privada.

Comentários

O STF decidirá o tema no âmbito do RE 635659 RG / SP - SÃO PAULO, ainda pendente de


julgamento. Atualmente, tem prevalecido que referida infração penal tem previsão compatível
com a Constituição da República.

149 - TESE 293

A tese número duzentos e noventa e três tem o seguinte teor:

EXECUÇÃO PENAL – PENA RESTRITIVA DE DIREITOS – NOVA CONDENAÇÃO A


PENA PRISIONAL – INCOMPATIBILIDADE DE CUMPRIMENTO SIMULTÂNEO –
CONVERSÃO DA SANÇÃO ALTERNATIVA EM PRIVATIVA DE LIBERDADE

A pena restritiva de direitos será convertida em privativa de liberdade quando o


executado sofrer condenação por outro crime a uma sanção prisional, cuja execução
simultânea for incompatível com a pena substitutiva.

Comentários

100
222
É exatamente o que prevê o artigo 181, § 1º, e, da Lei de Execução Penal, o que dispensa maiores
divagações:

Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida em privativa de liberdade nas
hipóteses e na forma do artigo 45 e seus incisos do Código Penal.

§ 1º A pena de prestação de serviços à comunidade será convertida quando o


condenado:

(...)

e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não
tenha sido suspensa.

150 - TESE 296

A tese número duzentos e noventa e seis tem o seguinte teor:

USO DE DOCUMENTO FALSO – CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO –


SOLICITAÇÃO – APRESENTAÇÃO – FALSIDADE – DÚVIDA – CRIME IMPOSSÍVEL –
INADMISSIBILIDADE

Pratica o crime do artigo 304 do Código Penal aquele que, instado por agente de
trânsito a comprovar habilitação, exibe CNH falsa, não se caracterizando hipótese de
crime impossível, mesmo que haja dúvida sobre a falsidade.

Comentários

O entendimento do STJ não é exatamente o mesmo do albergado na tese ministerial:

“(...) 1. Somente haverá crime impossível no crime de falso, por absoluta


impropriedade do objeto material, quando a contrafação for a tal ponto grosseira
que não seja apta a ludibriar a atenção de terceiros. (...)”

STJ, HC 417383/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª Turma, DJe 19/12/2017

O MPSP defende que a dúvida quanto à falsidade não impede a configuração do delito de uso de
documento falso. O STJ, por sua vez, diz que, no caso de ser grosseira a falsificação, a ponto de
não ser capaz de enganar, não haverá crime.

101
222
151 - TESE 299

A tese número duzentos e noventa e nove tem o seguinte teor:

FURTO – DOCUMENTOS – TIPIFICAÇÃO

Os documentos, mesmo não tendo expressão comercial, representam valor para a


vítima, podendo ser objeto do crime de furto.

Comentários

O STJ possui diversos julgados reconhecendo o furto de documentos, sem sequer fazer menção,
na ementa, à res furtiva. De todo modo, no seguinte precedente é possível verificar que se
enumera, dentre as coisas furtadas, os documentos pessoais da vítima:

“(...) 4. Na hipótese dos autos, além de não se revelar reduzido o valor da res furtiva
(documentos pessoais da vítima e R$ 246,00 em espécie), não se pode afirmar ser
mínima a ofensividade a conduta perpetrada pelo paciente, tampouco reduzido o grau
de reprovabilidade do comportamento do agente que, reincidente específico, insiste
em investir contra o patrimônio alheio. (...)”

STJ, HC 227755/MG, Rel. Des. Conv. Alderita Ramos, 6ª T, DJe 05/12/2002

152 - TESE 300

A tese número trezentos tem o seguinte teor:

USO DE DOCUMENTO FALSO – CARTEIRA DE IDENTIDADE – APRESENTAÇÃO POR


SOLICITAÇÃO DE POLICIAL – CARACTERIZAÇÃO

Pratica o crime do artigo 304 do Código Penal aquele que, instado por agente da
autoridade policial a se identificar, exibe cédula de identidade falsa.

Comentários

A exigência do policial de apresentação de documentos realmente não impede a configuração do


crime de uso de documento falso. Havendo ato de vontade do agente, que o entrega, ou seja, faz
uso do documento contrafeito, a infração penal de configura. É o que está pacificado no âmbito
do STJ:

102
222
“(...) AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. USO DE DOCUMENTO
FALSO. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. PENA-BASE, CONFISSÃO
ESPONTÂNEA E REGIME PRISIONAL. SUM. 284/STF.

I - É copiosa a jurisprudência que entende que "O delito previsto no art. 304 do
Código Penal consuma-se mesmo quando a carteira de habilitação falsificada é exibida
ao policial por exigência deste, e não por iniciativa do agente". (...)”

STJ, AgRg no AREsp 1758686/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª T, DJe
03/10/2018.

153 - TESE 303

A tese número trezentos e três tem o seguinte teor:

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – COLA DE SAPATEIRO – PRESENÇA


DE TOLUENO – CRIME – ARTIGO 243

Constitui crime a prática de qualquer das condutas previstas no artigo 243, do Estatuto
da Criança e do Adolescente, tendo como objeto material a denominada cola de
sapateiro, eis que tem como componente o tolueno

Comentários

Vejamos o teor do artigo 243 do ECA:

Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de
qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa,
outros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica:

Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime
mais grave.

A norma acima criminaliza a realização de um dos núcleos do tipo (vender ou servir, por exemplo)
em relação a produtos que possam causar dependência física ou psíquica. Não há exigência de
que seja uma substância ilícita. Disto, podemos extrair que a cola de sapateiro, dada a sua
potencialidade de causar dependência, é uma substância que se amolda do tipo do artigo 243 do
ECA. Podemos perceber tal entendimento no seguinte acórdão do STJ, que trata do fornecimento
de cigarro a uma criança:

103
222
“(...) 2. O cigarro, embora lícito, possui, sabidamente, substância que causa
dependência, qual seja, a nicotina, circunstância essa reconhecida de forma expressa
pelo inciso VII do § 2.º do art. 3.ºC da Lei n.º 9.294/1995, sendo notório os malefícios
que causa à saúde de seus usuários. Portanto, a conduta de fornecê-lo à criança ou
adolescente adequa-se perfeitamente na descrição típica do art. 243 do ECA. (...)”

STJ, REsp 1359455/MT, Rel. Min. Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe 22/08/2014

154 - TESE 304

A tese número trezentos e quatro tem o seguinte teor:

HOMICÍDIO – DOLO EVENTUAL E TENTATIVA – COMPATIBILIDADE

É admissível a forma tentada do crime de homicídio cometido com dolo eventual, dado
que perfeitamente equiparado ao dolo direto.

Comentários

O STJ também entende compatíveis o dolo eventual e a tentativa, inclusive no homicídio:

“(...) 1. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de


que se afigura compatível com o dolo eventual a modalidade tentada, mesmo no
âmbito do delito de homicídio. (...)”

STJ, AgRg nos EDcl no REsp 1711927/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe
15/08/2018.

155 - TESE 308

A tese número trezentos e oito tem o seguinte teor:

FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO – DOCUMENTO DE IDENTIFICAÇÃO –


TROCA DE FOTOGRAFIA – TIPICIDADE – ARTIGO 297 DO CÓDIGO PENAL

Caracteriza o crime do artigo 297 do Código Penal a troca de fotografia em documento


público de identificação.

Comentários

104
222
A substituição da fotografia original do documento é uma forma de cometer o crime de falsificação
de documento público, como explicita o STJ no seguinte precedente, que está em acordo com a
tese acima transcrita:

“(...) 4. Na espécie, embora a defesa alegue que o primeiro ato de falsificação teria
ocorrido em 25.1.1993, não há, quer na denúncia, quer na sentença condenatória,
qualquer informação nesse sentido, sendo certo que o simples fato de um dos
passaportes apreendidos ter como data de emissão o mencionado dia não é suficiente
para que se conclua que nele teria ocorrido a respectiva falsificação, que neste
documento específico teria consistido na substituição da fotografia original (...)”

STJ, HC 319477/MG, Rel. Des. Conv. Leopoldo de Arruda Raposo, Quinta Turma, DJe
15/09/2015.

156 - TESE 309

A tese número trezentos e nove tem o seguinte teor:

ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO AUTOMOTOR – VIGÊNCIA


– MULTA ADMINISTRATIVA.

O Código de Trânsito não derrogou o artigo 311 do Código Penal. A imposição de


multa administrativa não afasta a incidência da norma penal.

Comentários

O STJ também entendeu que o Código de Trânsito Brasileiro não revogou o artigo 311 do CP:

“(...) II - O crime previsto no art. 311 do Código Penal (Adulteração de sinal identificador
de veículo automotor) não foi revogado com o advento do Código de Trânsito. (...)”

STJ, REsp 1133697/SP, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 05/04/2010

157 - TESE 310

A tese número trezentos e dez tem o seguinte teor:

105
222
DROGAS – TRÁFICO – CONDENADO BENEFICIADO PELO §4º DO ART. 33 DA LEI Nº
11.343/06 – CONCESSÃO DE “SURSIS” – INADMISSIBILIDADE – VEDAÇÃO EXPRESSA
DO ARTIGO 44 DA LEI

É inadmissível a concessão de “sursis” para o condenado pelo crime do artigo 33,


“caput”, da Lei 11.343/06, ainda que beneficiado pela causa de diminuição da pena do
§4º do artigo 33, ante a vedação expressa do artigo 44 da Lei.

Comentários
O STF tem precedente em sentido contrário, admitindo a suspensão condicional da pena no caso
de tráfico:

“(...) PENA – TRÁFICO DE DROGAS – SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA.


Admitida a substituição da pena restritiva de liberdade por limitadora de direitos
relativamente ao tráfico, idêntica solução estende-se à suspensão condicional da pena.
(...)”

STF, HC 119783/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, Primeira Turma, Julg. 10/11/2015.

O STJ tem julgados com o mesmo entendimento do Supremo, como o seguinte:

“(...) 5. Com relação ao pleito de aplicação da suspensão condicional da pena ou da


substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, no que tange ao
crime de porte de arma de fogo, entende esta Corte Superior que, observado o
concurso material entre os delitos de tráfico e de porte ilegal de arma de fogo, resta
desautorizada quaisquer das benesses supra referidas. Isso porque, embora os referidos
delitos, ao serem individualmente considerados, admitam a substituição da pena e o
sursis, quando conjugados, afastam os benefícios, tendo em vista que cometidos em
concurso material, considerando-se a soma das penas. Precedentes. (...)”

STJ, HC 197657/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 15/02/2016.

158 - TESE 311

A tese número trezentos e onze tem o seguinte teor:

ROUBO – PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA – INAPLICABILIDADE

O princípio da insignificância não se aplica ao crime de roubo.

Comentários

106
222
Com relação ao princípio da Insignificância ou Bagatela, o STF tem exigido os seguintes requisitos
para sua incidência (os quais podem ser memorizados pelo acróstico MIRA:

1. Mínima ofensividade da conduta do agente;


2. Ausência de periculosidade social da ação;
3. Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
4. Inexpressividade da lesão jurídica causada.

Referidos parâmetros podem ser encontrados no HC 116.242, Primeira Turma, Dje 17/09/2013).
A reincidência tem sido enfrentada de forma casuística, não impedindo, por si só, a atipicidade
material da conduta, na linha do que tem julgado a Suprema Corte.

Quanto ao roubo, o emprego de violência, por exemplo, já afasta o crime de bagatela, já que há
periculosidade social da ação e a própria ofensividade da conduta. De todo modo, segue julgado
do STJ rechaçando a aplicação do referido princípio ao crime de roubo:

“PENAL. PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. ROUBO SIMPLES. (...) 3. Inaplicável a aplicação do princípio da
insignificância à hipótese por se tratar de delito praticado mediante violência ou
grave ameaça à pessoa, além de importar em inovação recursal, porquanto a tese não
foi abordada nas razões do recurso especial. Precedentes desta Corte. (...)”

STJ, AgRg no AREsp 1257976/DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, DJe
14/12/2018.

159 - TESE 313

A tese número trezentos e treze tem o seguinte teor:

ARMA – MUNIÇÃO – CRIME DE PERIGO ABSTRATO – OFENSIVIDADE PRESUMIDA –


IRRELEVÂNCIA DA NÃO APREENSÃO DE ARMA DE FOGO – TIPICIDADE

O crime de porte ilegal de munição para arma de fogo é de perigo abstrato, afigurando-
se, pois, irrelevante a não apreensão de arma de fogo para o reconhecimento da
tipicidade da conduta.

Comentários

107
222
O STJ tem entendido, assim como o MPSP, que o crime de porte ilegal de arma de fogo é de
perigo abstrato. Por conseguinte, também não tem exigido, em seus julgados, que haja a
realização de perícia na arma de fogo para a comprovação da materialidade do crime:

“(...) 1. O crime de porte ilegal de arma de fogo é de perigo abstrato, portanto são
prescindíveis, para o reconhecimento da materialidade delitiva, a realização de perícia
para atestar a potencialidade lesiva do artefato ou a constatação de seu efetivo
municiamento. (...)”

STJ, AgRg no AREsp 1262717/DF, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe
16/11/2018.

160 - TESE 314

A tese número trezentos e quatorze tem o seguinte teor:

CASA DE PROSTITUIÇÃO – TIPIFICAÇÃO – RESIDÊNCIA NO LOCAL –


DESNECESSIDADE

Para tipificação do delito de casa de prostituição (artigo 229 do Código Penal) não há
necessidade de a prostituta residir no local.

Comentários

Realmente o artigo 229, do Código Penal, não exige a residência dos explorados sexualmente no
local:

Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra
exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou
gerente:

Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

Vale mencionar, ainda, que também não há jurisprudência exigindo que haja a residência dos
explorados.

161 - TESE 316

A tese número trezentos e dezesseis tem o seguinte teor:

108
222
CRIMES CONTRA OS COSTUMES – ESTUPRO – TENTATIVA – POSSIBILIDADE

Havendo constrangimento para a prática de conjunção carnal, não obtida por


circunstâncias alheias à vontade do agente, há tentativa de estupro.

Comentários

Realmente, o fato de o agente buscar constranger a vítima à prática de conjunção carnal, não
conseguindo seu intento por circunstâncias alheias à sua vontade, configura o crime de estupro
na modalidade tentativa. O delito de estupro é plurissubsistente, admitindo a modalidade tentada:

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção
carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos

162 - TESE 318

A tese número trezentos e dezoito tem o seguinte teor:

RECEPTAÇÃO – FORMA QUALIFICADA – DOLO DIRETO E DOLO EVENTUAL –


TIPIFICAÇÃO

O crime de receptação qualificada (artigo 180, § 1º, do Código Penal) pode ser
praticado tanto com dolo direto quanto com dolo eventual.

Comentários

A compatibilidade entre o crime de receptação qualificada, previsto no parágrafo primeiro do


artigo 180 do CP, é compatível tanto com o dolo direto quanto com o dolo eventual:

“(...) 1. Embora seja certo que o delito do § 1º do art. 180 do Código Penal traga como
elemento constitutivo do tipo o dolo eventual, a pena mais severa cominada à forma
qualificada da receptação tem sua razão de ser na maior gravidade e reprovabilidade
da conduta praticada no exercício da atividade comercial ou industrial, cuja lesão
exponencial resvala num número indeterminado de consumidores. (...)”

STJ, HC 189297/BA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, DJe 29/06/12

109
222
163 - TESE 319

A tese número trezentos e dezenove tem o seguinte teor:

PENA – FIXAÇÃO – ATO INFRACIONAL – PERSONALIDADE CRIMINOSA –


POSSIBILIDADE DE MAJORAÇÃO

O ato infracional não pode ser considerado para fins de reincidência ou maus
antecedentes, mas se presta a demonstrar a personalidade do acusado, voltada para o
cometimento de delitos

Comentários:

A Quinta Turma do STJ possui o mesmo entendimento. Apesar de não se admitir a consideração
do ato infracional para fins de reincidência ou maus antecedentes, é admissível que referido
elemento seja considerado para fins de consideração da personalidade do agente:

“(...) 3. A prática de ato infracional, embora não possa ser utilizada para fins de
reincidência ou maus antecedentes, por não ser considerada crime, pode ser sopesada
na análise da personalidade do paciente, reforçando os elementos já suficientes dos
autos que o apontam como pessoa perigosa e cuja segregação é necessária. (...)”

STJ, RHC 107516/PI, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe
20/02/2019.

De outro lado, a Sexta Turma não tem admitido a consideração dos atos infracionais praticados
pelo agente como fundamento hábil a elevar a pena-base:

“(...) 2. A análise desfavorável da conduta social e da personalidade do agente exige


fundamentação idônea, não podendo estar amparada em considerações genéricas
e desprovidas de substrato fático-probatório. 3. Não é possível a utilização
de atos infracionais anteriores como fundamento para majorar a pena-base no âmbito
penal. Precedentes.. (...)”

STJ, HC 465647/RS, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, DJe 08/11/2018.

110
222
164 - TESE 320

A tese número trezentos e vinte tem o seguinte teor:

CRIMES CONTRA OS COSTUMES - CONCUBINO - AUMENTO DE PENA

O concubino da mãe da vítima é considerado padrasto para fins do artigo 226, II, do
Código Penal.

Comentários

Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:

(...)

l) em estado de embriaguez preordenada.

165 - TESE 321

A tese número trezentos e vinte e um tem o seguinte teor:

111
222
SONEGAÇÃO FISCAL – DÉBITO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – INCLUSÃO NO REGIME
DE PARCELAMENTO APÓS A EDIÇÃO DA LEI Nº 10.684/03 – EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE

O parcelamento do débito tributário estadual, promovido após a vigência da Lei nº


10.684/2003, enseja, tão somente, a suspensão da pretensão punitiva do Estado, e não
sua extinção, que ocorre apenas com o integral pagamento da dívida

Comentários

“(...) 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que


o parcelamento do débito tributário efetivado na vigência das Leis 9.964/2000 e
10.684/2003 apenas suspende a pretensão punitiva estatal e o prazo prescricional,
não extinguindo a punibilidade quando não há o pagamento integral. 2. No caso, os
créditos tributários foram incluídos em parcelamento somente em 26/4/2000, isto
é, quando já vigorava a Lei 9.964/2000 – vigente desde 11/4/2000 -, o que torna
inevitável concluir pela sintonia entre o acórdão recorrido e a jurisprudência desta
Corte Superior a respeito da matéria, não havendo se falar em extinção da
punibilidade sem prova da quitação integral. (...)”

STJ, AgRg no REsp 1409921/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma,
DJe 29/03/2017.

166 - TESE 323

A tese número trezentos e vinte e três tem o seguinte teor:

EXECUÇÃO PENAL – FALTA GRAVE – POSSE DE CHIP DE CELULAR –


CARACTERIZAÇÃO

A posse de chip de aparelho de telefone celular caracteriza a falta grave prevista no


artigo 50, inciso VII, da Lei de Execuções Penais.

Comentários

“(...) 1. Há pacífico entendimento jurisprudencial desta Corte Superior no sentido de


que, "após o advento da Lei n. 11.466/2007, a posse de aparelho celular bem como
de seus componentes essenciais, tais como chip, carregador ou bateria, constitui falta

112
222
disciplinar de natureza grave.“ (HC 300337, Rel. Ministro ERICSON MARANHO,
Desembargador convocado do TJ/SP, SEXTA TURMA, DJe 30/06/15). (...)”

STJ, AgRg no REsp 1708448/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, DJe
15/06/2018

167 - TESE 324

A tese número trezentos e vinte e quatro tem o seguinte teor:

PENA – SUSPENSÃO DE DIREITOS POLÍTICOS – CONDENAÇÃO CRIMINAL


TRANSITADA EM JULGADO – ARTIGO 15, INCISO III, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

O preceito contido no artigo 15, inciso III, da Constituição Federal, é auto-aplicável, não
exigindo qualquer complementação ou justificativa, encontrando seu fundamento no
próprio Texto Maior.

Comentários

“(...) 2. Diferentemente da Carta outorgada de 1969, nos termos da qual as hipóteses


de perda ou suspensão de direitos políticos deveriam ser disciplinadas por Lei
Complementar (art. 149, §3º), o que atribuía eficácia contida ao mencionado dispositivo
constitucional, a atual Constituição estabeleceu os casos de perda ou suspensão dos
direitos políticos em norma de eficácia plena (art. 15, III). Em consequência, o
condenado criminalmente, por decisão transitada em julgado, tem seus direitos
políticos suspensos pelo tempo que durarem os efeitos da condenação. (...)”

STF, AP 470/MG, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, Julg. 17/12/2012.

168 - TESE 325

A tese número trezentos e vinte e cinco tem o seguinte teor:

ESTELIONATO – FRAUDE OU TORPEZA BILATERAL

A má-fé da vítima não afasta a caracterização do crime definido no artigo 171 do Código
Penal.

Comentários

Há recente decisão monocrática do STJ no mesmo sentido:

113
222
“(...) Eventual torpeza da vítima ao adquirir o bem por preço supostamente inferior ao
mercado não tem o condão de derruir a tipicidade material do delito de estelionato.
Como sabido, não se compensa culpas no Direito Penal. (...)”

STJ, AREsp 1378876, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Publicação: 21/11/2018.

169 - TESE 326

A tese número trezentos e vinte e seis tem o seguinte teor:

ARMA – POSSE – USO PROIBIDO OU RESTRITO – ABOLITIO CRIMINIS SOMENTE


ENTRE O DIA 23 DE DEZEMBRO DE 2003 E O DIA 25 DE OUTUBRO DE 2005

A nova redação dada aos dispositivos legais pela Medida Provisória nº 417, convertida
na Lei nº 11.706/2008, prorrogou até o dia 31 de dezembro de 2008 apenas o prazo
para a regularização de armas de fogo de uso permitido, não contemplando as armas
de uso proibido ou restrito.

Comentários

“(...) I - "[é] atípica a posse de arma de fogo, acessórios e munição, seja de uso
permitido ou de uso restrito, incidindo a chamada abolitio criminis temporária nas
duas hipóteses, se praticada no período compreendido entre 23 de dezembro de
2003 a 23 de outubro de 2005. Este termo final foi prorrogado até 31 de dezembro
de 2008 somente para os possuidores de armamentos de uso permitido (artigo 12),
nos termos da Medida Provisória 417 de 31 de janeiro de 2008, que estabeleceu
nova redação aos artigos 30 a 32 da Lei 10.826/2003, não mais albergando o delito
previsto no artigo 16 do Estatuto – posse de arma de fogo, acessórios e munição de
uso proibido ou restrito. Com a publicação da Lei 11.922, de 13 de abril de 2009, o
prazo previsto no artigo 30 do Estatuto do Desarmamento foi prorrogado para 31
de dezembro de 2009 no que se refere exclusivamente à posse de arma de uso
permitido" (HC n. 346.077/SP, Quinta Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 25/5/2016
- grifei).”

STJ, AgInt no AREsp 1127872/SP, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª Turma, DJe 21/05/2018

170 - TESE 327

A tese número trezentos e vinte e sete tem o seguinte teor:

114
222
ARMA – ARTIGO 14 DA LEI Nº 10.826/03 – AQUISIÇÃO – COAUTORIA –
ADMISSIBILIDADE

Pratica o crime do artigo 14 da Lei nº 10.826/03, na forma de coautoria, o agente que


intermedeia a aquisição de uma arma de fogo, não exigindo o tipo penal qualquer fim
de lucro ou vantagem econômica.

Comentários

Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder,
ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar
arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de
fogo estiver registrada em nome do agente.

171 - TESE 328

A tese número trezentos e vinte e oito tem o seguinte teor:

ROUBO – CONSUMAÇÃO – LESÃO CORPORAL GRAVE CONSUMADA E


SUBTRAÇÃO TENTADA

Considera-se consumado o crime de roubo previsto no artigo 157, § 3º, primeira parte,
do Código Penal quando há lesão corporal grave, ainda que a subtração tenha sido
tentada.

Comentários

“(...) 1. O tipo penal concernente ao roubo qualificado pelo resultado lesão corporal
grave (CP, art. 157, § 3º, primeira parte) realiza-se em todos os seus elementos
estruturais ("essentialia delitcti"), dando ensejo ao reconhecimento da consumação
desse delito, sempre que o agente, procedendo com a intenção de executar a
subtração patrimonial (embora frustrada em sua efetivação), comete violência física de
que resultem lesões corporais de natureza grave (HC n. 71.069, Ministro Celso de
Mello). (...)”

STJ, REsp 1582657/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Jr, 6ª Turma, DJe 13/06/2016

115
222
172 - TESE 330

A tese número trezentos e trinta tem o seguinte teor:

EXECUÇÃO PENAL – NOVA CONDENAÇÃO – UNIFICAÇÃO DE PENAS –


REGRESSÃO DE REGIME – APLICAÇÃO DO ART. 111, PARÁGRAFO ÚNICO, C.C.
ARTIGO 118, INCISO II, DA LEI Nº 7.210/84

Se, no curso da execução de pena privativa de liberdade, sobrevém nova condenação,


a teor do disposto no art. 111 da Lei de Execução, impõe-se a unificação das sanções,
resultando daí a estipulação do regime prisional a ser então observado.

Comentários

“(...) 1. A superveniência de nova condenação no curso da execução penal enseja a


unificação das reprimendas impostas ao reeducando. Caso o quantum obtido após o
somatório torne incabível o regime atual, está o condenado sujeito a regressão a regime
de cumprimento de pena mais gravoso, consoante inteligência dos arts. 111,
parágrafo único, e 18, II, da Lei de Execução Penal. (...)”

STJ, ProAfR no REsp 1753512/PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, DJe
11/03/2019.

173 - TESE 331

A tese número trezentos e trinta e um tem o seguinte teor:

EXECUÇÃO PENAL – FALTA GRAVE – POSSE DE APARELHO CELULAR SEM CHIP –


CARACTERIZAÇÃO

A posse de aparelho de telefone celular sem chip caracteriza a falta grave prevista no
artigo 50, inciso VII, da Lei de Execuções Penais.

Comentários

“(...) 1. Há pacífico entendimento jurisprudencial desta Corte Superior no sentido de


que, "após o advento da Lei n. 11.466/2007, a posse de aparelho celular bem como
de seus componentes essenciais, tais como chip, carregador ou bateria, constitui falta
disciplinar de natureza grave.“ (HC 300337, Rel. Ministro ERICSON MARANHO,
Desembargador convocado do TJ/SP, SEXTA TURMA, DJe 30/06/15). (...)”

116
222
STJ, AgRg no REsp 1708448/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, DJe
15/06/2018

174 - TESE 332

A tese número trezentos e trinta e dois tem o seguinte teor:

EXECUÇÃO PENAL – FALTA GRAVE – POSSE DE ENTORPECENTE PARA USO


PRÓPRIO – ESTABELECIMENTO PRISIONAL – CARACTERIZAÇÃO

A posse de substância entorpecente, no interior de estabelecimento prisional,


caracteriza falta grave, nos moldes do artigo 52 da LEP.

Comentários

“(...) 2. De acordo com a jurisprudência deste Tribunal Superior, a prática do crime


previsto no art. 28 da Lei n. 11.343/2006, no curso da execução penal, constitui
falta grave, a despeito de o referido delito não ser penado com pena privativa de
liberdade. (...)”
STJ, AgRg no REsp 1497675/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Jr, 6ª Turma, DJe 15/06/2018

175 - TESE 333

A tese número trezentos e trinta e três tem o seguinte teor:

CRIMES DE TRÂNSITO – FUGA À RESPONSABILIDADE – ARTIGO 305 DA LEI Nº


9.503/97 – CONSTITUCIONALIDADE

O crime de fuga à responsabilidade não ofende o inciso LXIII, do artigo 5º, da


Constituição da República, eis que o suposto direito à fuga não pode prevalecer sobre
o interesse do Estado na identificação dos envolvidos no evento de trânsito.

Comentários

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME DE FUGA DO


LOCAL DO ACIDENTE. ARTIGO 305 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO.
ANÁLISE DA CONSTITUCIONALIDADE DO TIPO PENAL À LUZ DO ART. 5º, LXIII, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. RE Nº 971.959.
TEMA Nº 907.”

117
222
STF, RE 971959 RG/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Tribunal Pleno, Julgamento: 05/08/2016.

176 - TESE 335

A tese número trezentos e trinta e cinco tem o seguinte teor:

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO – CRIME PRATICADO COM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA OU FAMILIAR –
INADMISSIBILIDADE

O artigo 41 da Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) afastou a incidência da Lei 9.099/95
quanto aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, o que acarreta a impossibilidade de aplicação
dos institutos despenalizadores nela previstos, como a suspensão condicional do
processo.

Comentários

“(...) VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER – REGÊNCIA – LEI Nº


9.099/95 – AFASTAMENTO. O artigo 41 da Lei nº 11.340/06, a afastar, nos crimes de
violência doméstica contra a mulher, a Lei nº 9.099/95, mostra-se em consonância com
o disposto no § 8º do artigo 226 da Carta da República, a prever a obrigatoriedade de
o Estado adotar mecanismos que coíbam a violência no âmbito das relações familiares.”

STF, ADC 19/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno, Julg. 09/02/2012.

177 - TESE 336

A tese número trezentos e trinta e seis e um tem o seguinte teor:

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO – SENTENÇA CONDENATÓRIA – INADMISSIBILIDADE

É inadmissível a suspensão condicional do processo, nos termos do artigo 89 da Lei


9.099/95, após a prolação de sentença condenatória, ressalvadas as hipóteses de
desclassificação ou procedência parcial da pretensão punitiva estatal.

Comentários

118
222
“(...) 1. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça é no sentido de que, por se
tratar de nulidade relativa, é alcançada pela preclusão a alegação formulada após a
prolação de sentença condenatória, em que se aponta a falta de oferta de suspensão
condicional do processo (AgRg nos EDcl no REsp 1611709/SC, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 04/10/2016, DJe 26/10/2016).(...)”

STJ, AgRg no REsp 1758189/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares de Fonseca, Quinta Turma,
DJe 31/10/2018.

178 - TESE 337

A tese número trezentos e trinta e sete tem o seguinte teor:

CRIME DE CORRUPÇÃO DE MENORES – LEI Nº 2.252/54 (PREVISÃO ATUAL NO


E.C.A. – LEI Nº 8.069/90) – MENOR COM ANTECEDENTES – FORMAL

O delito previsto no artigo 1º da Lei nº 2.252/54 (atual artigo 244-B do E.C.A. – Lei nº
8.069/90), por ser formal, prescinde da efetiva prova da corrupção do menor, ainda que
este possua antecedentes, vez que o dispositivo legal objetiva também impedir sua
permanência na criminalidade.

Comentários

“A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva


corrupção do menor, por se tratar de delito formal.”

Súmula 500 do STJ

179 - TESE 339

A tese número trezentos e trinta e nove tem o seguinte teor:

EXECUÇÃO PENAL – DETRAÇÃO – TEMPO DE PRISÃO CAUTELAR – CONDENAÇÃO


A PENA RESTRITIVA DE DIREITOS – COMPENSAÇÃO – LIMITES Nos termos do artigo
46, § 3º, do Código Penal, o tempo de prisão cautelar não pode ser computado à razão
de um dia de condenação por oito horas de prestação de serviços à comunidade, no
caso de substituição da pena prisional por restritiva de direitos.

Comentários

119
222
“(...) A jurisprudência desta Corte Superior não admite a detração penal entre a prisão
cautelar com a prestação de serviços à comunidade. (...)”

STJ, AgRg no AREsp 778405/RS, Rel. Des. Conv. Ericson Maranhão, Sexta Turma, DJe
05/04/2016.

180 - TESE 340

A tese número trezentos e quarenta tem o seguinte teor:

CRIME CONTINUADO – EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO E ROUBO –


INADMISSIBILIDADE

Ocorre concurso material de delitos quando o agente pratica, na mesma oportunidade


fática, mediante ações imediatamente subsequentes, os crimes de extorsão mediante
sequestro e de roubo; estes crimes são da mesma natureza, mas não são da mesma
espécie.

Comentários

“9. No caso dos crimes de roubo majorado e latrocínio, sequer é necessário avaliar
o requisito subjetivo supracitado ou o lapso temporal entre os crimes, como fizeram
as instâncias ordinárias, porquanto não há adimplemento do requisito objetivo da
pluralidade de crimes da mesma espécie. São assim considerados aqueles crimes
tipificados no mesmo dispositivo legal, consumados ou tentada, na forma simples,
privilegiada ou tentada, e além disso, devem tutelar os mesmos bens jurídicos, tendo,
pois, a mesma estrutura jurídica. Perceba que o roubo tutela o patrimônio e a
integridade física (violência) ou o patrimônio e a liberdade individual (grave ameaça);
por outro lado, o latrocínio, o patrimônio e a vida.”

HC 189134, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª Turma, DJe 12/08/2016.

181 - TESE 341

A tese número trezentos e quarenta e um tem o seguinte teor:

DROGAS – CRIMES PREVISTOS NOS ARTIGOS 33, CAPUT, 33, § 1º, E 34, TODOS DA
LEI Nº 11.343/06 – PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO – INAPLICABILIDADE

120
222
Os delitos tipificados nos artigos 33, § 1º, inciso I, e 34, são autônomos em relação ao
crime do artigo 33, caput, todos da Lei nº 11.343/06.

Comentários

O entendimento do STJ é diverso:

“(...) 2. Embora seja possível a absorção do delito previsto no § 1º do art. 33 da Lei


de Drogas pelo descrito no caput do referido dispositivo legal, como resultado da
aplicação do princípio da consunção, esta Corte Superior de Justiça firmou o
entendimento que a desconstituição da conclusão tomada pelas instâncias
antecedentes, de que os crimes em apreço são autônomos, demanda o exame
aprofundado do conjunto fático-probatório dos autos, o que é inviável na via estreita
do habeas corpus. Precedentes. (...)”

STJ, HC 393597/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 21/09/2017

182 - TESE 342

A tese número trezentos e quarenta e dois tem o seguinte teor:

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL – ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR – LEI


Nº 12.015/09 – REVOGAÇÃO DO ARTIGO 214 DO CÓDIGO PENAL – ABOLITIO
CRIMINIS INEXISTENTE

A conduta prevista no anterior artigo 214 do Código Penal está definida nos artigos
213 e 217-A do Código Penal, não tendo sido revogada pela Lei nº 12.015/09.

Comentários

Princípio da continuidade normativo-típica.

“(...) 3. "Em respeito ao princípio da continuidade normativa, não há que se falar em


abolitio criminis em relação ao delito do art. 214 do Código Penal, após a edição da
Lei n. 12.015/2009. Os crimes de estupro e de atentado violento ao pudor foram
reunidos em um único dispositivo" (HC 225.658/DF, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI
CRUZ, SEXTA TURMA, DJe 2/3/2016). (...)”

STJ, HC 283917/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 22/03/2017.

121
222
183 - TESE 343

A tese número trezentos e quarenta e três tem o seguinte teor:

CORRUPÇÃO ATIVA – ATIPICIDADE – ABSOLVIÇÃO DO CRIME CONEXO QUE


MOTIVOU A PROMESSA DE VANTAGEM INDEVIDA – IMPOSSIBILIDADE.

O crime de corrupção ativa consuma-se com a mera oferta ou promessa de vantagem


indevida ao funcionário público, sendo irrelevante para a sua configuração a absolvição
do acusado pelo crime conexo, que motivou a prática do delito do artigo 333 do Código
Penal.

Comentários

Corrupção ativa

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para


determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou


promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever
funcional.

Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo


ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a
extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da
pena resultante da conexão.

184 - TESE 345

A tese número trezentos e quarenta e cinco tem o seguinte teor:

ARMA – PORTE – APREENSÃO NO INTERIOR DO CAMINHÃO – MERO


INSTRUMENTO DE TRABALHO – TIPICIDADE.

122
222
Para fins de tipificação do crime de porte ilegal de arma de fogo, o caminhão não pode
ser considerado extensão de residência ou local de trabalho, mas apenas mero
instrumento de trabalho.

Comentários

“(...) 3. A conduta prevista no art. 12 da Lei n. 10.826/2003 exige que o agente possua
arma de fogo no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda, no seu
local de trabalho. A jurisprudência desta Corte Superior possui o entendimento de que
o caminhão não pode ser considerado extensão de sua residência, ainda que seja
instrumento de trabalho. (...)”

STJ, AgRg no REsp 1408940/SC, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe
18/08/2015.

185 - TESE 346

A tese número trezentos e quarenta e seis tem o seguinte teor:

DROGAS – GRANDE QUANTIDADE – AUMENTO DA PENA BÁSICA E


IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA
DO ARTIGO 33, §4º, DA LEI Nº 11.343/06 – BIS IN IDEM – INOCORRÊNCIA.

Não há ‘bis in idem’ na consideração da quantidade de droga para agravar a pena-base


e para negar a aplicação da causa especial de diminuição de pena base prevista no
artigo 33, §4º, da Lei nº 11.343/06.

Comentários

“(...) 2. Esta Corte tem posicionamento firme de que é possível a aferição da quantidade
e da natureza da substância entorpecente, concomitantemente, na primeira etapa da
dosimetria, para exasperar a pena-base e, na terceira, para justificar o afastamento da
causa especial de diminuição do art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 - quando
evidenciado o envolvimento habitual do agente no comércio ilícito de entorpecentes -
sendo tal hipótese distinta da julgada, em repercussão geral, pela Suprema Corte no
ARE 666.334/AM. (...)”

STJ, AgRg no HC 479260/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª T, DJe 08/04/2019

123
222
186 - TESE 349

A tese número trezentos e quarenta e nove tem o seguinte teor:

REMIÇÃO – FALTA GRAVE – PERDA DOS DIAS REMIDOS – LEI Nº 12.433/2011.

Nos termos do artigo 127 da Lei de Execuções Penais, com a redação da Lei nº
12.433/2011, praticada a falta grave, o condenado perderá até 1/3 dos dias remidos,
computando-se, inclusive, aqueles já reconhecidos por decisão judicial.

Comentários

“(....) 1. O reconhecimento de falta grave no curso da execução penal justifica a


perda de até 1/3 do total de dias trabalhados pelo apenado até a data do ato de
indisciplina carcerária, ainda que não haja declaração judicial da remição, consoante
a interpretação sistemática e teleológica do art. 127 da LEP. (....)”

STJ, REsp 1672643/RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, 6ª T, DJe 09/10/2017.

187 - TESE 352

A tese número trezentos e cinquenta e dois tem o seguinte teor:

PENA – PRIVATIVA DE LIBERDADE – CRIME COMETIDO COM VIOLÊNCIA CONTRA


PESSOA – SUBSTITUIÇÃO POR RESTRITIVAS DE DIREITOS – INADMISSIBILIDADE

Tratando-se de crime cometido com violência ou grave ameaça, incabível a hipótese de


substituição da pena privativa de liberdade por sanções alternativas, em razão da
expressa vedação disposta no inciso I do artigo 44 do Código Penal.

Comentários

“(...) 2. As instâncias ordinárias indeferiram corretamente o pleito de substituição da


pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, haja vista que o crime doloso
em questão foi cometido mediante violência à pessoa, incidindo, portanto, o óbice
do art. 44, I, do Código Penal. (...)”

STJ, HC 473200/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 26/03/2019.

124
222
188 - TESE 353

A tese número trezentos e cinquenta e três tem o seguinte teor:

ARMA – ARTIGOS 14 E 16 DA LEI Nº 10.826/03 – QUADRILHA OU BANDO ARMADO


– CONCURSO MATERIAL DE CRIMES – POSSIBILIDADE

Admite-se o concurso material entre os crimes de porte ou posse de arma de fogo e


quadrilha ou bando armado, não se falando em aplicação do princípio da consunção.

Comentários

“(...) - Inexiste bis in idem em razão da condenação concomitante pelos delitos de roubo
majorado pelo emprego de arma de fogo e concurso de pessoas e de associação
criminosa armada, antigo quadrilha ou bando armado, porquanto os delitos são
independentes entre si e tutelam bens jurídicos distintos. (...)” (STJ, HC 288929/SP, Rel.
Des. Convocado Ericson Maranho, 6ª Turma, DJe 30/04/2015).

189 - TESE 354

A tese número trezentos e cinquenta e quatro tem o seguinte teor:

DROGAS – TRÁFICO – CAUSA DE AUMENTO DE PENA – TRANSPOSIÇÃO DAS


DIVISAS DOS ESTADOS–MEMBROS PELO AGENTE COM AS DROGAS –
DESNECESSIDADE.

Para a incidência da majorante prevista no artigo 40, inciso V, da Lei nº 11.343/06, não
é necessária a efetiva transposição dos estados-membros, bastando que fique
evidenciado que a droga transportada teria como destino localidade de outro estado
da Federação.

Comentários

Para a incidência da majorante prevista no artigo 40, V, da Lei 11.343/06, é


desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da federação, sendo
suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico interestadual.

Súmula 587 do STJ.

125
222
190 - TESE 355

A tese número trezentos e cinquenta e cinco tem o seguinte teor:

FALSA IDENTIDADE – DIREITO A AUTODEFESA – INAPLICABILIDADE.

Caracteriza o crime do artigo 307 do Código Penal a conduta de quem se atribui falsa
identidade para eximir-se de responsabilidade penal.

Comentários

“DIREITO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


AGRAVO. CRIME DE FALSA IDENTIDADE. ART. 307 DO CÓDIGO PENAL. ALEGAÇÃO
DE AUTODEFESA. IMPOSSIBILIDADE. TIPICIDADE CONFIGURADA. 1. O Plenário
Virtual do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 640.139, Rel. Min. Dias
Toffoli, decidiu que o princípio constitucional da autodefesa não alcança aquele que
atribui falsa identidade perante autoridade policial com o intuito de ocultar maus
antecedentes. Na ocasião, reconheceu-se a existência de repercussão geral da questão
constitucional suscitada e, no mérito, reafirmou a jurisprudência dominante sobre a
matéria. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.”

STF, ARE 870572 AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, 1ª T, Julg. 23/06/2015

191 - TESE 357

A tese número trezentos e cinquenta e sete tem o seguinte teor:

ROUBO IMPRÓPRIO – VIGILÂNCIA ELETRÔNICA DURANTE A AÇÃO CRIMINOSA –


CRIME IMPOSSÍVEL – INADMISSIBILIDADE.

O sistema eletrônico de vigilância instalado em estabelecimento comercial não é capaz


de impedir, por si só, a ocorrência do fato delituoso, ficando afastada a hipótese de
crime impossível

Comentários

Apesar de tratar de furto, o entendimento sumulado se aplica ao caso:

126
222
“Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a
configuração do crime de furto”.

Súmula 567, STJ

192 - TESE 358

A tese número trezentos e cinquenta e oito tem o seguinte teor:

MAUS ANTECEDENTES – CONDUTA SOCIAL REPROVÁVEL – CONDENAÇÃO CUJO


TRÂNSITO EM JULGADO OCORREU NO CURSO DA AÇÃO A QUE ORA RESPONDE
O RÉU. CARACTERIZAÇÃO.

O trânsito em julgado de condenação em data posterior ao início da ação penal em


curso deve ser levado em consideração para efeito de maus antecedentes e reprovável
conduta social, autorizando a fixação da pena-base acima do mínimo legal.

Comentários

“(...) Entrementes, plenamente viável que a condenação por fato anterior à infração
penal em processo de dosimetria, mas com trânsito em julgado superveniente a
ela, seja utilizada como circunstância judicial negativa. (...)”

STJ, HC 443678/PE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 26/03/2019

193 - TESE 359

A tese número trezentos e cinquenta e nove tem o seguinte teor:

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI MARIA DA PENHA (11.340/2006) – LESÃO CORPORAL


DOLOSA DE NATUREZA LEVE – AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.

O crime de lesão corporal de natureza leve, cometido no âmbito da violência doméstica,


previsto o artigo 129, §9º, do Código Penal, é de ação penal pública incondicionada.

Comentários

“DIREITO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER. LESÃO CORPORAL. NATUREZA DA

127
222
AÇÃO PENAL. AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA. 1. A ação penal nos crimes de
lesão corporal leve cometidos em detrimento da mulher, no âmbito doméstico e
familiar, é pública incondicionada. Precedentes: ADC 19/DF e ADI 4.424/DF. 2. Agravo
regimental a que se nega provimento.”

STF, RE 691135 AgR/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, 1ª T, Julg. 14/04/2015.

194 - TESE 360

A tese número trezentos e sessenta tem o seguinte teor:

ARMA – POSSE – USO PERMITIDO – EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE – NECESSIDADE


DE ENTREGA ESPONTÂNEA.

A presunção de boa-fé a que se refere o artigo 32 do Estatuto do Desarmamento - e a


consequente extinção da punibilidade – restringe-se àquele que entregar
espontaneamente sua arma à Polícia Federal.

Comentários

“(...) III - A causa extintiva da punibilidade prevista no art. 32 da Lei n. 10.826/2003


incide apenas quando há a entrega espontânea da arma de fogo à autoridade
competente. Se isso não ocorreu, não é caso de aplicação da excludente. (...)”

STJ, AgRg nos EDcl no REsp 1756468/SP, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe
03/12/2018.

195 -TESE 361

A tese número trezentos e sessenta e um tem o seguinte teor:

FALSO TESTEMUNHO – CRIME FORMAL – DESNECESSIDADE DE INFLUÊNCIA NA


DECISÃO DA CAUSA EM QUE FOI PRODUZIDO.

O crime de falso testemunho é de natureza formal e se consuma com o depoimento


falso, independentemente do efetivo resultado lesivo visado pelo agente.

Comentários

“(...) III - Nessa ordem de ideias e considerando que o crime de falso testemunho é
de natureza formal, consumando-se no momento da afirmação falsa a respeito

128
222
de fato juridicamente relevante, aperfeiçoando-se quando encerrado o depoimento,
a cópia integral dos autos no qual foi constatada a suposta prática criminosa fornece
elementos suficientes para a persecução penal, dispensando, de consequência, a
instauração de qualquer procedimento investigativo prévio, notadamente o inquérito.
(...)”.

STJ, RHC 82027/SC, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 09/05/2018.

196 - TESE 362

A tese número trezentos e sessenta e dois tem o seguinte teor:

REINCIDÊNCIA – TERMO INICIAL DA CONTAGEM DO PRAZO DO ARTIGO 64,


INCISO I, DO CÓDIGO PENAL.

Para efeito de reincidência prevalece a condenação anterior se entre a data do


cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior não tiver decorrido período de
tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do
livramento condicional, se não ocorrer revogação.

Comentários

Art. 64 - Para efeito de reincidência:

I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção


da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco)
anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se
não ocorrer revogação;

II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos

197 - TESE 363

A tese número trezentos e sessenta e três tem o seguinte teor:

ROUBO – EMPREGO DE ARMA – INSTRUMENTO CONTUNDENTE – CAUSA DE


AUMENTO DE PENA PREVISTA NO INCISO I DO PARÁGRAFO 2º DO ARTIGO 157
DO CÓDIGO PENAL – CARACTERIZAÇÃO.

129
222
Caracteriza a causa de aumento de pena prevista no inciso I do parágrafo 2º do artigo
157 do Código Penal a conduta do agente que se vale de instrumento contundente
(pedaço de madeira) para superar a resistência da vítima no crime de roubo.

Comentários

198 - TESE 364

A tese número trezentos e sessenta e quatro tem o seguinte teor:

DROGAS – CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA – GRANDE QUANTIDADE E


VARIEDADE DE DROGAS – IMPOSSIBILIDADE.

A diminuição de pena prevista no § 4º do artigo 33 da Lei nº 11.343/06 é inaplicável ao


agente que é surpreendido com grande quantidade e variedade de drogas.

Comentários

“(...) 2. "No caso do tráfico ilícito de entorpecentes, é assente na jurisprudência desta


Corte o entendimento de que, uma vez que não foram estabelecidos pelo legislador
parâmetros para a fixação do quantum de diminuição do § 4º do art. 33 da Lei n.
11.343/2006, a quantidade e a natureza das drogas apreendidas, além das demais
circunstâncias do delito, podem servir para a modulação de tal índice ou até mesmo
para impedir a sua aplicação, quando evidenciarem o envolvimento habitual do agente
no comércio ilícito de entorpecentes. Precedentes." (AgRg no AREsp 1.264.808/SP, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, DJe 9/5/2018). (...)”

130
222
STJ, AgRg nos EDcl no AREsp 1386760/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma,
DJe 16/04/2019.

199 - TESE 366

A tese número trezentos e sessenta e seis tem o seguinte teor:

ARMA – PORTE ILEGAL – MUNIÇÃO DE FESTIM – CARACTERIZAÇÃO

O porte de arma com munição de festim caracteriza o delito do artigo 14 da Lei nº


10.826/03.

Comentários

“(...) III. A circunstância de a arma estar municiada com balas de festim não exclui a
tipicidade da conduta, sob o singelo argumento de que não acarretaria lesão a qualquer
bem jurídico, pois, nos termos da jurisprudência desta Turma, entende-se como
suficiente para a configuração do delito previsto no art. 14 da Lei nº 10.826/03, o porte
do armamento sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar. (...)”

HC 208383/SP, Rel. Min. Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 23/09/2011.

200 - TESE 368

A tese número trezentos e sessenta e oito tem o seguinte teor:

LATROCÍNIO – TENTATIVA – SUBTRAÇÃO CONSUMADA E HOMICÍDIO TENTADO –


CARACTERIZAÇÃO.

Nos crimes contra o patrimônio com emprego de violência dirigida à supressão da vida,
consumada a subtração e não configurado o evento morte por motivos alheios à
vontade dos agentes, caracteriza-se a forma tentada de latrocínio.

Comentários

“(...) HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. ROUBO QUALIFICADO PELO RESULTADO.


MORTE TENTADA E SUBTRAÇÃO CONSUMADA. TENTATIVA. CARACTERIZAÇÃO.
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA. LEGALIDADE. 1. Em se cuidando de crime complexo o
roubo qualificado pelo resultado morte, é de se afirmar a sua forma tentada quando o

131
222
crime-fim alcança a consumação, não ultrapassando, contudo, o crime-meio os limites
da tentativa, precisamente porque no delito não se reúnem todos os elementos da sua
definição legal (Código Penal, artigo 14, inciso I). (...)”

STJ, HC 31120/SP, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, 6ª Turma, DJ 01/02/2005.

201 - TESE 370

A tese número trezentos e setenta tem o seguinte teor:

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL – FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU


OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL (ARTIGO 228 DO CÓDIGO PENAL) –
VÍTIMAS JÁ PROSTITUÍDAS – IRRELEVÂNCIA – CONFIGURAÇÃO

A circunstância anterior de a vítima ser pessoa já afeita à prostituição não impede a


configuração do crime versado no artigo 228 do Código Penal.

Comentários

Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração


sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir
ou dificultar que a abandone:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos

202 - TESE 372

A tese número trezentos e setenta e dois tem o seguinte teor:

EXECUÇÃO PENAL – FALTA GRAVE – REGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL –


REINÍCIO DA CONTAGEM DO TEMPO DE CUMPRIMENTO DE PENA PARA
OBTENÇÃO DE NOVA PROGRESSÃO

A prática de falta grave enseja a regressão de regime prisional, nos termos do artigo
118, inciso I, da Lei de Execução, e o reinício da contagem de cumprimento de pena
para a obtenção de nova progressão.

Comentários

132
222
A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime
de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.

Súmula 534 do STJ

203 - TESE 373

A tese número trezentos e setenta e três tem o seguinte teor:

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL – ESTUPRO DE VULNERÁVEL –


CONSENTIMENTO DO OFENDIDO – IRRELEVÂNCIA – CARACTERIZAÇÃO

O consentimento do ofendido, menor de 14 anos, para a conjunção carnal ou outro ato


libidinoso, não elide a vulnerabilidade para a caracterização do estupro, previsto no
artigo 217-A do Código Penal.

Comentários

O crime de estupro de vulnerável configura com a conjunção carnal ou prática de ato


libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante o eventual consentimento da vítima
para a prática do ato, experiência sexual anterior ou existência de relacionamento
amoroso com o agente.

Súmula 593 do STJ

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

(...)

§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se


independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações
sexuais anteriormente ao crime.

204 - TESE 374

A tese número trezentos e setenta e quatro tem o seguinte teor:

133
222
VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL – APLICAÇÃO DO PRECEITO SECUNDÁRIO DO
ARTIGO 12 DA LEI Nº 9.609/98 (PROGRAMA DE COMPUTADOR) AO CRIME DO
ARTIGO 184, § 2º, DO CÓDIGO PENAL – IMPOSSIBILIDADE

Ao condenado pela prática do delito previsto no artigo 184, § 2º, do Código Penal é
incabível a aplicação do preceito secundário previsto no artigo 12, § 2º, da Lei 9.609/98.

Comentários

“PENAL. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL. APLICAÇÃO DO


PRECEITO SECUNDÁRIO DO ART. 12 DA LEI 9.609/98 AO CRIME DO ART. 184, § 2º,
DO CP. COMBINAÇÃO DE LEIS. IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIOS DA SEPARAÇÃO
DOS PODERES E DA SEGURANÇA JURÍDICA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

1. É vedada a combinação de leis, em consagração aos princípios da separação dos


poderes e da segurança jurídica. 2. Recurso parcialmente provido para restaurar a
sentença condenatória.”

STJ, REsp 1058870/RJ, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 5ª T, DJe 03/08/2009.

205 - TESE 375

A tese número trezentos e setenta e cinco tem o seguinte teor:

FURTO – PRIVILEGIADO – PEQUENO VALOR – SALÁRIO MÍNIMO COMO


REFERÊNCIA – IMPRESCINDIBILIDADE.

O bem de pequeno valor a que se refere o parágrafo 2º do artigo 155 do Código Penal
deve ter como limite o salário mínimo vigente à época do fato.

Comentários

“(...) 1. No que se refere à figura do furto privilegiado, o art. 155, § 2º, do Código
Penal, impõe a aplicação do benefício penal na hipótese de adimplemento dos
requisitos legais da primariedade e do pequeno valor do bem furtado, assim
considerado aquele inferior ao salário mínimo ao tempo do fato. Trata-se, em verdade,
de direito subjetivo do réu, não configurando mera faculdade do julgador a sua
concessão, embora o dispositivo legal empregue o verbo "poder". (...)”

STJ, AgRg no AREsp 1377265/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe
19/12/2018.

134
222
206 - TESE 376

A tese número trezentos e setenta e seis tem o seguinte teor:

ROUBO QUALIFICADO – LESÃO CORPORAL GRAVE – CONSUMAÇÃO.

O crime de roubo qualificado, previsto no artigo 157, § 3º, primeira parte, do Código
Penal, caracteriza-se quando a lesão corporal de natureza grave se consuma, ainda que
o agente não obtenha a subtração de bens da vítima (Súmula nº 610 do STF).

Comentários

Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente
a subtração de bens da vítima.

Súmula nº 610 do STF.

207 - TESE 377

A tese número trezentos e setenta e sete tem o seguinte teor:

VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL – EXPOR À VENDA DVD’S FALSIFICADOS –


VIDEOFONOGRAMA – TIPICIDADE DA CONDUTA – ESPÉCIE DE OBRA
INTELECTUAL.

Comete o delito previsto no artigo 184, § 2º, do Código Penal o agente que é
surpreendido expondo à venda DVD’s falsificados, não se podendo falar em atipicidade
da conduta em razão de o tipo penal não se referir ao termo videofonograma, uma vez
que se trata de espécie de obra intelectual, sendo esta elementar da figura penal em
exame.

Comentários

Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no


art. 184, § 2º, do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas.

Súmula 502 do STJ

135
222
208 - TESE 378

A tese número trezentos e setenta e oito tem o seguinte teor:

CRIMES DE TRÂNSITO - EMBRIAGUEZ AO VOLANTE – PERIGO ABSTRATO.

O crime de embriaguez ao volante, definido no artigo 306 do CTB, é de perigo abstrato,


sendo desnecessária para a sua caracterização a demonstração da condução anormal
do veículo pelo motorista.

Comentários

“(...) 4. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça está fixada no sentido de que
é de perigo abstrato o delito previsto no art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro e de
que, para a tipificação do citado crime, a partir da vigência das Leis n.os 11.705/2008 e
12.760/2012, não há exigência quanto a estar comprovada a modificação da
capacidade motora do agente. (...)”

STJ, RHC 100250/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, DJe 23/11/2018.

209 - TESE 379

A tese número trezentos e setenta e nove tem o seguinte teor:

ARMA – POSSE – USO PERMITIDO OU RESTRITO – PRAZO PARA REGULARIZAÇÃO


DO REGISTRO E ENTREGA (ARTS. 30 E 32 DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO) –
PORTARIA Nº 797/11 DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA – NÃO INCIDÊNCIA.

A portaria nº 797/11 do Ministério da Justiça não alterou o prazo para regularização do


registro de arma de fogo previsto no artigo 30 da Lei nº 10.826/03, que se encerrou em
31/12/2009, não se podendo considerar atípica essa conduta após tal data; tampouco
modificou a regra do artigo 32 que pressupõe a efetiva entrega da arma como condição
para a extinção da punibilidade.

Comentários

“(...) 1. A abolitio criminis temporária, prevista na Lei n. 10.826/2003, aplica-se aos


crimes praticados até 23/10/2005. Somente aos possuidores de arma de fogo e

136
222
munição de uso permitido foi estendido o prazo da vacatio para 19 de junho de 2008
e, posteriormente, com a edição da Lei n. 11.922/2009, esse prazo foi novamente
prorrogado para o dia 31/12/2009.

2. O Decreto n. 7.473/11 e a Portaria n. 797/2011 não estenderam o prazo para a


entrega de armas de uso permitido, nem poderiam fazê-lo, uma vez que são de
hierarquia inferior à lei que estabeleceu mencionado prazo. (...)”

STJ, AgRg nos EDcl no AREsp 1088933/PR, Rel. Min. Sebastião Reis Jr, Sexta Turma,
DJe 22/06/2018.

210 - TESE 380

A tese número trezentos e oitenta tem o seguinte teor:

DUPLICATA SIMULADA – EMISSÃO DE NOTA DE VENDA – CARACTERIZAÇÃO

A emissão de nota fiscal de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em


quantidade ou qualidade, configura o crime versado no artigo 172 do CP, não sendo
necessária a emissão de duplicata.

Comentários

O entendimento parece conflitar com o do STJ:

“(...) 2. No que tange ao momento consumativo do fato criminoso imputado nos


autos, já foi decidido por este Sodalício que "O delito do artigo 172 do CP sempre
foi, na antiga e na atual redação, crime de natureza formal. Consuma-se com a
expedição da duplicata simulada, antes mesmo do desconto do título falso perante
a instituição bancária"(REsp 147.507/RS, Rel. Ministro JOSÉ ARNALDO DA
FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 03/08/2000, DJ 18/09/2000, p. 147). (...)”

STJ, AgRg no REsp 1482745/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª T, DJe 28/05/2018.

211 - TESE 381

A tese número trezentos e oitenta e um tem o seguinte teor:

VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL – MATERIALIDADE – PERÍCIA POR AMOSTRAGEM


– VALIDADE.

137
222
Nos crimes de violação de direito autoral, atende aos requisitos do artigo 530-D do CPP
a realização de perícia por amostragem.

Comentários

“(...) 1. Recurso Especial processado sob o regime previsto no art. 543-C, § 2º, do CPC,
c/c o art. 3º do CPP, e na Resolução n. 8/2008 do STJ.

TESE: É suficiente, para a comprovação da materialidade do delito previsto no art.


184, § 2º, do Código Penal, a perícia realizada, por amostragem, sobre os aspectos
externos do material apreendido, sendo desnecessária a identificação dos titulares
dos direitos autorais violados ou de quem os represente. (...)”

STJ, REsp 1456239/MG, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, Terceira Seção, DJe
21/08/2015.

212 - TESE 382

A tese número trezentos e oitenta e dois tem o seguinte teor:

ARMA – MUNIÇÃO – USO PERMITIDO – POSSE EM RESIDÊNCIA APÓS 31 DE


DEZEMBRO DE 2009 – ARTIGO 32 DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO –
CARACTERIZAÇÃO.

A ‘abolitio criminis’ do artigo 32 do Estatuto do Desarmamento, conforme a redação


dada pela Lei nº 11.706/08, exige, para sua caracterização, a entrega espontânea da
munição, ou que esteja demonstrada a intenção inequívoca do agente de se dirigir ao
órgão público ou de avisá-lo da referida posse, para o fim de devolvê-la.

Comentários

“(...) III - A causa extintiva da punibilidade prevista no art. 32 da Lei n. 10.826/2003


incide apenas quando há a entrega espontânea da arma de fogo à autoridade
competente. Se isso não ocorreu, não é caso de aplicação da excludente. (...)”

STJ, AgRg nos EDcl no REsp 1756468/SP, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe
03/12/2018.

138
222
213 - TESE 383

A tese número trezentos e oitenta e três tem o seguinte teor:

EXPLOSÃO – FINALIDADE DE OBTENÇÃO DE VANTAGEM PECUNIÁRIA – FURTO –


CRIMES AUTÔNOMOS – PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO – INADMISSIBILIDADE.

Os crimes de explosão majorada pela finalidade de obtenção de vantagem pecuniária


(artigo 241, § 2º, do Código Penal) e de furto (artigo 155 do Código Penal) são
autônomos, não admitindo, pois, a aplicação do princípio da consunção para a absorção
do primeiro pelo segundo.

Comentários

“(...) 3. Demonstrado que a conduta delituosa expôs, de forma concreta, o patrimônio


de outrem decorrente do grande potencial destruidor da explosão, notadamente
porque o banco encontra-se situado em edifício destinado ao uso público, ensejando
a adequação típica ao crime previsto no art. 251 do CP, incabível a incidência do
princípio da consunção. 4. Infrações que atingem bens jurídicos distintos, enquanto o
delito de furto viola o patrimônio da instituição financeira, o crime de explosão ofende
a incolumidade pública. (...)”

STJ, REsp 1647539/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 01/12/2017.

214 - TESE 384

A tese número trezentos e oitenta e quatro tem o seguinte teor:

ARMA – POSSE – DESMUNICIADA – LEI Nº 10.826/03.

Os artigos 12 e 13 da Lei nº 10.826/03 não exigem esteja a arma municiada.

Comentários

“(...) 1. Em relação ao porte de arma de fogo desmuniciada e desmontada, esta Corte


Superior uniformizou o entendimento de que o tipo penal em apreço é de perigo
abstrato. Precedentes. (...)”

STJ, AgRg no AREsp 1367442/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, Dje
14/12/2018

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215 - TESE 386

A tese número trezentos e oitenta e seis tem o seguinte teor:

CORRUPÇÃO DE MENORES (ARTIGO 244-B DA LEI Nº 8.069/90) – COMPROVAÇÃO


DA IDADE DA VÍTIMA POR QUALQUER ESPÉCIE DE DOCUMENTO IDÔNEO E NÃO
APENAS PELA CERTIDÃO DE NASCIMENTO – POSSIBILIDADE.

A menoridade da vítima no crime de corrupção (artigo 244-B da Lei 8.069/90) pode ser
demonstrada pela identificação realizada pela polícia civil por ocasião da lavratura de
boletim de ocorrência ou da oitiva do menor e não apenas pela certidão de nascimento.

Comentários

“(...) 1. Os argumentos recursais não são suficientes para infirmar os fundamentos


da decisão agravada, haja vista estar em harmonia com a jurisprudência desta Corte,
firmada no sentido de que documento firmado por agente público atestando a
idade do inimputável é documento hábil para a comprovação da menoridade da vítima
do crime de corrupção de menores. (...)”

STJ, AgRg no REsp 1738293/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Jr, 6ª T, DJe 04/09/2018.

216 - TESE 387

A tese número trezentos e oitenta e sete tem o seguinte teor:

INDULTO – CONCESSÃO AOS CONDENADOS POR CRIMES HEDIONDOS E


ASSEMELHADOS – INADMISSIBILIDADE – LIMITAÇÃO DO ARTIGO 5º, INCISO XLIII,
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

A vedação constitucional à concessão da graça aos autores de crimes hediondos, tráfico


de drogas, tortura e terrorismo engloba o indulto coletivo, uma vez que a competência
privativa do Presidente da República, prevista no artigo 84, inciso XII, da Constituição
Federal está limitada pela vedação do artigo 5º, inciso XLIII, do Texto Constitucional.

Comentários

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222
“(...) 1. A jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que o
instituto da graça, previsto no art. 5.º, inc. XLIII, da Constituição Federal, engloba o
indulto e a comutação da pena, estando a competência privativa do Presidente da
República para a concessão desses benefícios limitada pela vedação estabelecida no
referido dispositivo constitucional. Precedentes. (...)”

STF, HC 115099/SP, Rel. Min. Carmen Lúcia, Segunda Turma, Julg. 19/02/2013

“(...) III - Muito embora a competência para a concessão do indulto seja privativa do
Presidente da República (art. 84, XII, da CF/88), referida atribuição submete-se aos
preceitos legais, não podendo o Decreto concessivo abarcar hipóteses vedadas
pela legislação ordinária. IV - O pedido subsidiário de que seja concedida a
comutação prevista no art. 2º, II, ambos do Decreto Presidencial n. 14.454/2017, não
pode ser acolhido, considerando que o col. Supremo Tribunal Federal consolidou
jurisprudência "no sentido de que o instituto da graça, previsto no art. 5.º, inc.
XLIII, da Constituição Federal, engloba o indulto e a comutação da pena, estando
a competência privativa do Presidente da República para a concessão desses
benefícios limitada pela vedação estabelecida no referido dispositivo constitucional"
(HC n. 115.099/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe de 14/3/2013). (...)”

STJ, AgRg no HC 468008/SC, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª T, DJe 03/12/2018

217 - TESE 388

A tese número trezentos e oitenta e oito tem o seguinte teor:

POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO – DOLO – CARACTERIZAÇÃO


INDEPENDENTEMENTE DA DEMONSTRAÇÃO DA INTENÇÃO DE COLOCAR EM
RISCO A INCOLUMIDADE PÚBLICA.

O delito de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido ou restrito caracteriza-se


com a simples posse da arma, munição ou acessório, independentemente da intenção
de ofender a incolumidade pública.

Comentários

“(...) 1. É firme nesta Corte Superior o entendimento de que a simples conduta de


possuir ou portar ilegalmente arma, acessório ou munição é suficiente para a
configuração dos delitos previstos nos arts. 12, 14 e 16 da Lei n. 10.826/03. (...)”

141
222
STJ, AgRg no HC 456022/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, DJe
18/12/2018.

218 - TESE 392

A tese número trezentos e noventa e dois tem o seguinte teor:

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO - REVOGAÇÃO – CRIME COMETIDO ANTES DA CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO.

A suspensão condicional do processo será revogada se, no curso do prazo, o


beneficiário vier a ser processado por outro crime, sendo indiferente que tenha sido
cometido antes da concessão do benefício.

Comentários

1. O instituto da suspensão condicional do processo tem previsão no art. 89 da Lei n.


9.099/1995, prevendo o § 3º que "a suspensão será revogada se, no curso do prazo, o
beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo
justificado, a reparação do dano". Dessarte, firmou-se na jurisprudência, por meio do
Recurso Especial Repetitivo n. 1.498.034/RS, o entendimento no sentido de que a
revogação da suspensão condicional do processo é viável mesmo após o fim do prazo
legal. Precedentes do STJ e do STF. 2. Não se exige que os fatos trazidos no novo
processo sejam anteriores ao benefício, porquanto o benefício possui índole
processual e não penal. De fato, ainda que os fatos trazidos na nova denúncia sejam
anteriores à concessão do benefício da suspensão condicional do processo, tem-se
que, acaso a denúncia tivesse sido oferecida anteriormente, nem ao menos teria sido
feita a proposta de suspensão condicional do processo. Com efeito, "conforme a
literalidade do art. 89 da Lei n. 9.099/1995, a existência de ações penais em curso
contra o denunciado impede a concessão do sursis processual, traduzindo-se em
condição objetiva para a concessão do benefício" (RHC 60.936/RO, Rel. Ministro
Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 13/12/2016, DJe 19/12/2016).” STJ, RHC
95804/DF, Rel. Min. Reinaldo Fonseca, 5ª T, DJe 30/04/2018.

219 - TESE 393

A tese número trezentos e noventa e três tem o seguinte teor:

142
222
CRIME DE CORRUPÇÃO DE MENORES – ARTIGO 244-B DA LEI Nº 8.069/90 –
ADOLESCENTE INFRATOR COM ANTECEDENTES OU QUE DEMONSTROU
ESPECIAL PERICULOSIDADE – CRIME IMPOSSÍVEL – INADMISSIBILIDADE.

A circunstância de o adolescente infrator ter antecedentes ou ter demonstrado especial


periculosidade não torna impossível a consumação do crime de corrupção de menores,
previsto no artigo 244-B da Lei 8.069/90.

Comentários

“(...) 3. Assim, a existência de antecedentes infracionais em desfavor do adolescente


não torna o delito impossível, como sustentado na irresignação, já que a cada nova
prática delituosa aumenta-se a degradação da personalidade do menor. (...)”.

STJ, AgRg no HC 330528/SC, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 01/12/2015.

220 - TESE 395

A tese número trezentos e noventa e cinco tem o seguinte teor:

EMBRIAGUEZ AO VOLANTE – PROVA – PERÍCIA NO COMPROVANTE EMITIDO PELO


ETILÔMETRO – DESNECESSIDADE.

O comprovante emitido pelo etilômetro é suficiente como prova da materialidade do


delito de embriaguez ao volante.

Comentários

“(...) 1. Nos termos do entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça,


para fins de comprovação da materialidade delitiva do crime do art. 306 do CTB,
praticado após a alteração promovida pela Lei n. 11.705/2008 e antes do advento da
Lei n. 12.760/2012, a regularidade do etilômetro depende apenas da verificação
periódica anual feita pelo INMETRO, "que não se confunde com a calibração do
aparelho feita uma única vez pelo fabricante, quando do fornecimento dos aparelhos
aos órgãos públicos" (RHC n. 35.258/MS, rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ,
SEXTA TURMA, DJe 3/2/2015). (...)”

STJ, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, DJe 01/06/2018.

143
222
221 - TESE 397

A tese número trezentos e noventa e sete tem o seguinte teor:

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI MARIA DA PENHA – LESÃO CORPORAL DOLOSA DE


NATUREZA LEVE – PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA – DESCABIMENTO.

No que se refere aos crimes praticados com violência ou grave ameaça contra mulher,
no âmbito das relações domésticas, não se admite a aplicação do princípio da
insignificância.

Comentários

É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais


praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.

Súmula 589 do STJ

222 - TESE 399

A tese número trezentos e noventa e nove tem o seguinte teor:

USO DE DOCUMENTO FALSO – CARTEIRA DE IDENTIDADE – EXIBIÇÃO –


CARACTERIZAÇÃO

Tipifica o crime previsto no artigo 304 do Código Penal, a conduta daquele que faz uso
de documento de identidade falso e não o do artigo 307 do mesmo Código (Falsa
Identidade).

Comentários

“(...) 4. No caso, os pacientes foram presos em flagrante enquanto aguardavam o


embarque em um vôo para São Paulo no Aeroporto de Teresina/PI, depois de terem
utilizado carteiras de identidade falsas no "check in", o que terminou por frustrar a
tentativa de fuga dos réus após a prática do crime de roubo triplamente majorado
perpetrado contra a agência da Caixa Econômica do Município de Bacabal/MA, não
se cogitando a atipicidade das condutas, porquanto restou reconhecido o efetivo uso
dos documentos falsos. (...)”

STJ, HC 417179/MA, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 15/08/2018

144
222
223 - TESE 400

A tese número quatrocentos tem o seguinte teor:

ROUBO – ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA – CRIMES AUTÔNOMOS – POSSIBILIDADE.

É possível a coexistência entre o crime de associação criminosa e o de roubo majorado


pelo uso de arma e concurso de pessoas, porquanto os bens jurídicos tutelados são
distintos e os delitos autônomos.

Comentários

O Superior Tribunal de Justiça entende não configurar bis in idem a condenação do sujeito pelo
crime de roubo majorado pelo emprego de arma de fogo e pelo crime de associação criminosa,
com a majorante de a associação ser armada. Entende-se que há diversidade dos bens jurídicos
tutelados:

“(...) - Inexiste bis in idem em razão da condenação concomitante pelos delitos de roubo
majorado pelo emprego de arma de fogo e concurso de pessoas e de associação
criminosa armada, antigo quadrilha ou bando armado, porquanto os delitos são
independentes entre si e tutelam bens jurídicos distintos. (...)” (STJ, HC 288929/SP, Rel.
Des. Convocado Ericson Maranho, 6ª Turma, DJe 30/04/2015).

224 - TESE 401

A tese número quatrocentos e um tem o seguinte teor:

ROUBO IMPRÓPRIO – VIOLÊNCIA EMPREGADA CONTRA VÍTIMA QUE BUSCAVA


RECUPERAR SEUS PERTENCES – CARACTERIZAÇÃO.

O emprego de violência contra o ofendido para que o agente possa desvencilhar-se


dos esforços realizados pela vítima, em busca da recuperação do bem subtraído, por
incompatível com o furto, caracteriza o crime de roubo impróprio.

Comentários

“HABEAS CORPUS IMPETRADO EM SUBSTITUIÇÃO A RECURSO PRÓPRIO. NÃO


CABIMENTO. ROUBO IMPRÓPRIO. (...) No caso dos autos, porém, não se verifica
o alegado constrangimento ilegal, uma vez que o regime semiaberto foi fixado com
base na gravidade concreta do delito, cometido com violência exacerbada pelo

145
222
paciente, que empreendeu luta corporal contra vítima para manter a posse do bem
subtraído. No mesmo sentido: Resp 1501738/SP, Rel. Ministro Gurgel de Faria,
Quinta Turma, DJe 18/08/2015. (...)”.

STJ, HC 328600/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe
10/05/2016.

225 - TESE 402

A tese número quatrocentos e dois tem o seguinte teor:

INDULTO – COMUTAÇÃO DE PENAS – CONDENADO QUE CUMPRE PENAS POR


CRIMES COMUM E HEDIONDO – INCIDÊNCIA DO BENEFÍCIO SOMENTE EM
RELAÇÃO AO COMUM.

Quando o condenado está cumprindo penas pela prática de crimes hediondos e


comuns, a comutação somente por incidir em relação ao delito comum.

Comentários

“(...) 3. Nos termos do Decreto 7.648/2011, existindo condenação por delito hediondo,
exige-se, para o deferimento da comutação de pena, o cumprimento de 2/3 (dois
terços) da referida penalidade e, só a partir de seu total adimplemento, a execução
da fração de 1/3 (um terço) referente aos crimes comuns nos quais incidirão a detração.
4. A jurisprudência vigente nesta Corte Superior entende que, para a concessão do
indulto ou comutação de pena disciplinada nos Decretos Presidenciais, é necessário o
cumprimento dos requisitos objetivos e subjetivos exigidos pela norma. 5. Conforme o
entendimento jurisprudencial vigente neste Sodalício, para a aferição do lapso
temporal exigido para a concessão da comutação de pena, devem ser abrangidas
todas as condenações anteriores à publicação da norma, pois inexiste a possibilidade
de execução singularizada de cada reprimenda. Precedentes.”

STJ, AgRg no HC 411548/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 11/04/2018.

226 - TESE 403

A tese número quatrocentos e três tem o seguinte teor:

EXECUÇÃO PENAL – FALTA GRAVE – INDULTO – DECISÃO JUDICIAL POSTERIOR


AO DECRETO PRESIDENCIAL.

146
222
A prática de falta grave obsta a concessão de indulto, ainda que a decisão judicial que
a reconhece seja posterior a edição do decreto presidencial.

Comentários

“(...) 1. Nos termos do entendimento desta Corte, a prática de falta grave não impede
a obtenção do indulto, disposto no art. 52 da LEP, exceto se praticada no período
previsto no decreto presidencial e homologada até a decisão que nega a benesse. (...)”

STJ, AgRg no REsp 1742392/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe
03/04/2019.

227 - TESE 404

A tese número quatrocentos e quatro tem o seguinte teor:

ROUBO – FORÇA FÍSICA EMPREGADA PELO AGENTE PARA ARREBATAR OBJETO


QUE A VÍTIMA TRAZ CONSIGO – REPERCUSSÃO NO CORPO DO OFENDIDO –
VIOLÊNCIA CARACTERIZADA.

A subtração violenta de objeto preso ou junto do corpo da vítima, com repercussão da


ação no ofendido, de modo a diminuir sua capacidade de resistência, evidenciando vias
de fato, caracteriza o crime de roubo.

Comentários

“(...) 2. Prevalece no Superior Tribunal de Justiça o entendimento no sentido de que


o arrebatamento de coisa presa ao corpo da vítima tem o condão de comprometer sua
integridade física, tipificando, assim, o crime de roubo e não de furto. Assim, tendo
as instâncias ordinárias reconhecido que a subtração do bem se deu por meio de
arrebatamento, não é possível, na via eleita, examinar o pedido de desclassificação,
uma vez que se trata de providência que demanda aprofundado exame do arcabouço
fático-probatório carreado nos autos, o que não se revela consentâneo com o
instrumento processual utilizado. (...)”

STJ, HC 372085/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ªT, DJe 27/10/2016

228 - TESE 405

A tese número quatrocentos e cinco tem o seguinte teor:

147
222
ROUBO – CONCURSO DE AGENTES – CORRUPÇÃO DE MENORES – “BIS IN IDEM”
– INOCORRÊNCIA – BENS JURÍDICOS DISTINTOS – CONCURSO DE CRIMES .

A condenação pelo crime de roubo majorado pelo concurso com pessoa inimputável
pela idade não obsta o reconhecimeto do delito do artigo 244-B do Estatuto da Criança
e do Adolescente.

Comentários

“(...) 2. Não configura bis in idem a incidência da causa de aumento referente ao


concurso de agentes no delito de roubo, seguida da condenação pelo crime de
corrupção de menores, já que são duas condutas, autônomas e independentes, que
ofendem bens jurídicos distintos. Precedentes. (...)”

STJ, HC 362726/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe
06/09/2016.

229 - TESE 407

A tese número quatrocentos e sete tem o seguinte teor:

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL – ESTUPRO QUALIFICADO PELA


MENORIDADE – AÇÃO PENAL – PÚBLICA INCONDICIONADA.

Nos crimes contra a dignidade sexual praticados contra vítima menor de 18 anos, a ação
penal é pública incondicionada, ainda que seu exercício ocorra depois de o sujeito
passivo alcançar a maioridade.

Comentários

Dispositivo alterado pela Lei 13.728/2018.

Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante
ação penal pública incondicionada.

230 - TESE 408

A tese número quatrocentos e oito tem o seguinte teor:

148
222
DROGA – TRÁFICO – RECEPTAÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR UTILIZADO PARA O
TRANSPORTE DE DROGA – CONSUNÇÃO – INADMISSIBILIDADE.

O crime de tráfico de drogas não absorve o de receptação dolosa do veículo automotor


utilizado para o seu transporte.

Comentários

“(...) 3. Condenado o paciente à pena definitiva de 2 anos e 8 meses de reclusão, em


razão da aplicação do concurso material entre os delitos de receptação e tráfico de
drogas, e sendo desfavorável uma das circunstâncias do art. 59 do CP, que justificou o
aumento da pena-base (quantidade da droga - 412,5g de maconha), o regime
semiaberto é o adequado à prevenção e à reparação do delito, nos termos do art. 33,
§ 2º, "b", § 3º, do Código Penal. (...)”

STJ, HC 325065/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 08/03/2016.

231 - TESE 410

A tese número quatrocentos e dez tem o seguinte teor:

PENA – REGIME ABERTO – CONDENADO REINCIDENTE – IMPOSSIBILIDADE.

O condenado a pena privativa de liberdade igual ou inferior a 04 anos, se reincidente,


não pode iniciar seu cumprimento em regime aberto.

Comentários

“III - O réu reincidente condenado à pena igual ou inferior à 4 (quatro) anos e que
tenha circunstâncias judiciais totalmente favoráveis, poderá iniciar o cumprimento
da reprimenda em regime semiaberto. (...)”

STJ, AgRg no HC 466655/SC, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 18/03/2019.

232 - TESE 411

A tese número quatrocentos e onze tem o seguinte teor:

FURTO QUALIFICADO – INCIDÊNCIA DA CAUSA DE AUMENTO DE PENA DO


REPOUSO NOTURNO(CP, ART. 155, §1º) – POSSIBILIDADE.

149
222
Aplica-se a causa de aumento de pena do repouso noturno (CP, artigo 155, §1º) ao
furto, tanto na forma simples (artigo 155, caput) quanto na forma qualificada (artigo
155, §4º).

Comentários

“(...) II - A alegada incompatibilidade da causa de aumento de pena referente ao


repouso noturno com o furto qualificado, não merece prosperar, uma vez que este
Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que "a causa de aumento prevista
no § 1° do artigo 155 do Código Penal, que se refere à prática do crime durante o
repouso noturno - em que há maior possibilidade de êxito na empreitada criminosa
em razão da menor vigilância do bem, mais vulnerável à subtração -, é aplicável tanto
na forma simples como na qualificada do delito de furto." Precedentes. (...)”

STJ, AgRg no HC 466655/SC, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 18/03/2019.

233 - TESE 412

A tese número quatrocentos e doze tem o seguinte teor:

EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO – PRISÃO ILEGAL EXECUTADA POR AGENTES


PÚBLICOS – EXIGÊNCIA DE VANTAGEM INDEVIDA COMO CONDIÇÃO DE
RESTITUIÇÃO DA LIBERDADE – CARACTERIZAÇÃO

Agentes públicos que privam a vítima de liberdade, sem que haja ordem da autoridade
judicial ou lavratura de auto de prisão em flagrante, exigindo indevida vantagem
econômica para libertá-la, praticam extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP) e,
não mera concussão (art. 316 do CP).

Comentários

“HABEAS CORPUS. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO


PRATICADO POR POLICIAIS MILITARES. (...) - O acórdão condenatório negou aos
pacientes o direito de recorrer em liberdade de forma devidamente fundamentada,
tendo sido destacada a extrema gravidade dos crimes perpetrados - sequestro por
policiais militares de um suposto traficante para exigir resgate, além de cárcere privado
outras duas pessoas - com menção a peculiar situação dos sentenciados serem agentes
públicos com treinamento policial e militar, o que evidenciava a elevada periculosidade

150
222
dos condenados e autoriza a custódia cautelar para garantia da ordem pública. Habeas
corpus denegado. (...)”

STJ, HC 290321/RJ, Rel. Des. Conv. Ericson Maranhão, 6ª T, DJe 27/04/2015.

234 - TESE 413

A tese número quatrocentos e treze tem o seguinte teor:

DROGAS – TRÁFICO – PRÁTICA ENVOLVENDO CRIANÇA OU ADOLESCENTE –


INCIDÊNCIA DA CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO DO ARTIGO 40, VI, LEI 11.343/06 –
CARACTERIZAÇÃO DO CRIME DE ASSOCIAÇÃO – BIS IN IDEM – INOCORRÊNCIA.

A prática do crime de tráfico envolvendo criança ou adolescente enseja a incidência da


causa especial de aumento do artigo 40, VI, da Lei 11.343/06, não se podendo falar em
bis in idem pela caracterização do crime de associação ao tráfico de drogas (art. 35, Lei
11.343/06).

Comentários

“(...) 3. Não se observa violação ao princípio do non bis in idem a aplicação da causa
de aumento do art. 40, inciso VI, da Lei 11.343/2006, cumulativamente, para os crimes
de associação para o tráfico (art. 35 da Lei de drogas) e de tráfico de drogas (art. 33 da
mesma legislação), haja vista tratarem-se de delitos autônomos. (...)”

STJ, HC 250455/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 05/02/2016.

235 - TESE 414

A tese número quatrocentos e quatorze tem o seguinte teor:

PENA – DETRAÇÃO – APLICAÇÃO SOMENTE EM RELAÇÃO AO REGIME PRISIONAL.

A previsão inserida no §2º do artigo 387 do Código de Processo Penal refere-se


unicamente à possibilidade de considerar o tempo e prisão provisória para estabelecer
regime inicial mais brando, em razão da detração, não se aplicando para fins de
substituir a pena prisional por restritivas de direitos.

Comentários

151
222
A tese defende que eventual substituição da pena privativa de liberdade por restritivas
de direitos deve ser feita com base na pena aplicada em sentença, sem consideração
da detração, que é o cômputo da prisão provisória do total da prisão definitiva, que
deve ser considerada para o regime inicial de cumprimento de pena.

236 - TESE 416

A tese número quatrocentos e dezesseis tem o seguinte teor:

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL – MANUTENÇÃO DE ESTABELECIMENTO


EM QUE OCORRA EXPLORAÇÃO SEXUAL (ARTIGO 229, CP) – OFENSA À
MORALIDADE PÚBLICA – PESSOAS QUE COMPARECEM VOLUNTARIAMENTE PARA
SE PROSTITUIR – IRRELEVÂNCIA – CONFIGURAÇÃO.

A circunstância de pessoas se dirigirem ou permanecerem voluntariamente no


estabelecimento mantido por terceiros, para práticas de prostituição, não impede a
configuração do crime tipificado no artigo 229 do Código Penal, uma vez que o tipo
tutela a moralidade pública e, não , a liberdade sexual da pessoa.

Comentários

“(...) 1. Mesmo após as alterações legislativas introduzidas pela Lei nº 12.015/2009, a


conduta consistente em manter Casa de Prostituição segue sendo crime tipificado no
artigo 229 do Código Penal. Todavia, com a novel legislação, passou-se a exigir a
"exploração sexual“ como elemento normativo do tipo, de modo que a conduta
consistente em manter casa para fins libidinosos, por si só, não mais caracteriza
crime, sendo necessário, para a configuração do delito, que haja exploração sexual,
assim entendida como a violação à liberdade das pessoas que ali exercem a mercancia
carnal (...)”

STJ, REsp 1683375/SP, Rel. Min. Mª Thereza Assis Moura, 6ª T, DJe 29/08/2018.

237 - TESE 417

A tese número quatrocentos e dezessete tem o seguinte teor:

CRIME DE RESPONSABILIDADE DE PREFEITO – DECRETO-LEI Nº 201/67 –


DESCUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL EMANADA EM MANDADO DE
SEGURANÇA – CARACTERIZAÇÃO.

152
222
Caracteriza o crime do artigo 1º, inciso XIV, do Decreto-Lei nº 201/1967, e não o de
desobediência, nos termos do artigo 26 da Lei nº 12.016/09, a conduta do Prefeito
Municipal que descumpre ordem judicial prolatada em Mandado de Segurança.

Comentários

“(...) 1. Constitui crime de responsabilidade do Prefeito o não cumprimento de ordem


judicial sem que seja dado o motivo da recusa ou da impossibilidade, por escrito, à
autoridade competente (art. 1º, XIV, do Decreto-Lei n. 201/1967). (...)”

STJ, HC 114813/BA, Rel. Min. Sebastião Reis Jr, Sexta Turma, DJe 01/03/2013.

238 - TESE 418

A tese número quatrocentos e dezoito tem o seguinte teor:

HOMICÍDIO – ABORTO SEM CONSENTIMENTO DA GESTANTE – CONCURSO DE


CRIMES – RECONHECIMENTO DAS AGRAVANTES DA VIOLÊNCIA CONTRA A
MULHER e VÍTIMA GRÁVIDA NO CRIME DE HOMICÍDIO – INEXISTÊNCIA DE BIS IN
IDEM.

É possível a incidência das agravantes da violência contra a mulher (art. 61, II, f, CP) e
vítima grávida (art. 61, II, h, CP) no crime de homicídio, quando esse é praticado em
concurso com aborto sem consentimento da gestante (art. 125, caput, CP), não
havendo que se falar em bis in idem.

Comentários

"não há bis in idem quanto à incidência da agravante do art. 61, II, "h", do Código
Penal no crime de homicídio contra gestante e a condenação pelo crime de aborto,
porquanto as duas normas visam tutelar bens jurídicos diferentes: a agravante tutela
pessoas em maior grau de vulnerabilidade e o aborto diz respeito ao feto"

STJ, HC 141.701/RJ, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, 6ª Turma, DJe 13/12/2016

239 - TESE 419

A tese número quatrocentos e dezenove tem o seguinte teor:

153
222
PRESCRIÇÃO – PRETENSÃO EXECUTÓRIA – DETRAÇÃO – IMPOSSIBILIDADE DE
NOVO CÁLCULO.

O desconto de pena em decorrência da detração (art. 42, CP) não enseja novo cálculo
da prescrição da pretensão executória.

Comentários

“(...) 2. Não é possível levar em consideração o tempo em que o paciente permaneceu


preso cautelarmente, entre 17/11/2008 e 20/11/2009, porquanto, nos termos do
entendimento consolidado no Superior Tribunal de Justiça, "o período de prisão
provisória do réu é levado em conta apenas para o desconto da pena a ser cumprida,
sendo irrelevante para fins de contagem do prazo prescricional, que deve ser
analisado a partir da pena concretamente imposta pelo julgador, e não do restante da
reprimenda a ser executada pelo Estado" (AgRg no HC 181.711/ES, Rel. Ministro
Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 05/04/2016, DJe 18/04/2016). (...)”

(STJ, HC 400704/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe
31/08/2017).

240 - TESE 420

A tese número quatrocentos e vinte tem o seguinte teor:

PRESCRIÇÃO – PRETENSÃO EXECUTÓRIA – DEDUÇÃO DE TEMPO DE PENA


RESTRITIVA DE DIREITOS JÁ CUMPRIDA DIANTE DA CONVERSÃO EM PRIVATIVA DE
LIBERDADE – IMPOSSIBILIDADE DE NOVO CÁLCULO.

O desconto de pena em decorrência do cômputo do tempo de pena restritiva de


direitos já cumprida no momento da conversão em pena privativa de liberdade (art. 44,
§4º, CP) não enseja novo cálculo da prescrição da pretensão executória.

Comentários

“ (...) I - O cálculo da prescrição pela pena residual, conforme prevê o art. 113 do
Código Penal, limita-se às hipóteses de evasão e de revogação do livramento
condicional. Vale dizer, o citado dispositivo tem interpretação restritiva. II - Hipótese
na qual a medida restritiva de direitos foi convertida em privativa de liberdade, em
razão do descumprimento, por força do art. 44, § 4º, do CP, aplicável somente para
calcular o tempo de pena a ser executado, sem influência no prazo prescricional. (...)”

154
222
STJ, RHC 99969/RS, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 19/09/2018.

241 - TESE 421

A tese número quatrocentos e vinte e um tem o seguinte teor:

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL – ESTUPRO DE VULNERÁVEL –


CONSUMAÇÃO – PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE – INAPLICABILIDADE.

O princípio da proporcionalidade não se presta a afastar a consumação do delito de


estupro.

Comentários

“(...) 1. Hipótese em que o Tribunal a quo, embora tenha reconhecido a presença


dos elementos configuradores do crime de estupro de vulnerável, decidiu pela
aplicação da modalidade tentada do delito, sob o pretexto de se atender a um
critério de proporcionalidade entre a conduta e a pena prevista no tipo, em nítida
violação do art. 217-A do Código Penal. ... 4. No âmbito do Superior Tribunal de
Justiça, pacificou-se o entendimento de que "o ato libidinoso diverso da conjunção
carnal, que, ao lado desta, caracteriza o crime de estupro, inclui toda ação atentatória
contra o pudor praticada com o propósito lascivo, seja sucedâneo da conjunção carnal
ou não, evidenciando-se com o contato físico entre o agente e a vítima durante o
apontado ato voluptuoso (AgRg REsp n. 1.154.806/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, SEXTA Turma, DJe 21/3/2012). 5. Na época do fato, a vítima, com 12 anos
de idade, foi abraçada por trás pelo agravado, que, por cima do vestido, passou a mão
em sua genitália. 6. Devidamente caracterizada a conduta descrita no art. 217-A do
Código Penal, impõe-se a condenação pela prática do delito na modalidade
consumada, devendo ser estabelecida a pena 8 anos de reclusão, quantum que se
torna definitivo, ante a ausência de outras causas modificativas. (...)”

STJ, AgRg no REsp 1702157/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª T, DJe 04/02/2019.

242 - TESE 422

A tese número quatrocentos e vinte e dois tem o seguinte teor:

ROUBO E POSSE ILEGAL DE MUNIÇÕES DE CALIBRES DIVERSOS – CONCURSO


APARENTE DE NORMAS – AUSÊNCIA DE UNIDADE DE FATO – ABSORÇÃO –
IMPOSSIBILIDADE.

155
222
O crime de roubo qualificado não absorve o delito de posse ilegal de munições de
calibres diversos, quando não há unidade de fato.

Comentários

“(...) 3. Mostra-se adequada a aplicação do regime inicial fechado, considerando


que além do quantum de pena final (8 anos e 8 meses de reclusão) - imposta pela
prática, em concurso material, de roubo majorado e porte de munição -, restou
evidenciada a presença de circunstâncias judiciais desfavoráveis, o que motivou a
fixação da pena-base acima do mínimo legal, além da reincidência. (...)”.

STJ, AgInt no REsp 1593404/GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª T, DJe 03/04/2018

243 - TESE 424

A tese número quatrocentos e vinte e quatro tem o seguinte teor:

DROGAS – CONSUMO PESSOAL – ARTIGO 28 DA LEI 11.343/06 – NATUREZA DA


PENA – REINCIDÊNCIA – CARACTERIZAÇÃO.

A condenação pelo artigo 28 da Lei 11.343/06 é apta a gerar os efeitos da reincidência,


independentemente da natureza da pena prevista para o delito.

Comentários

“(...) 3. Conforme o recente entendimento deste Tribunal, "em face dos


questionamentos acerca da proporcionalidade do direito penal para o controle do
consumo de drogas em prejuízo de outras medidas de natureza extrapenal
relacionadas às políticas de redução de danos, eventualmente até mais severas para a
contenção do consumo do que aquelas previstas atualmente, o prévio apenamento
por porte de droga para consumo próprio, nos termos do artigo 28 da Lei de Drogas,
não deve constituir causa geradora de reincidência" (Resp 1.672.654/SP, Rel. Ministra
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 21/08/2018, DJe
30/08/2018). (...)”

STJ, HC 478773/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 08/04/2019

244 - TESE 425

A tese número quatrocentos e vinte e cinco tem o seguinte teor:

156
222
REINCIDÊNCIA – CONDENAÇÃO ANTERIOR POR INFRAÇÃO PENAL DE MENOR
POTENCIAL OFENSIVO – CARACTERIZAÇÃO.

Reconhecida a reincidência, é obrigatória a majoração da sanção na segunda fase de


aplicação da pena, mesmo quando a condenação anterior refere-se a infração penal de
menor potencial ofensivo.

Comentários

“(...) REINCIDÊNCIA POR CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (ART. 309


DO CTB). COAÇÃO ILEGAL EM PARTE EVIDENCIADA. PROVIDÊNCIAS
CAUTELARES ALTERNATIVAS DO ART. 319 DO ESTATUTO PROCESSUAL PENAL.
ADEQUAÇÃO E SUFICIÊNCIA. WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE
OFÍCIO. 1. O Supremo Tribunal Federal passou a não mais admitir o manejo do habeas
corpus originário em substituição ao recurso ordinário cabível, entendimento que
foi adotado pelo Superior Tribunal de Justiça, ressalvados os casos de flagrante
ilegalidade, quando a ordem poderá ser concedida de ofício. (...)”

STJ, HC 437420/PR, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 15/08/2018.

245 - TESE 426

A tese número quatrocentos e vinte e seis tem o seguinte teor:

PENA – REGIME PRISIONAL – RÉU REINCIDENTE – FIXAÇÃO DO REGIME ABERTO


COM BASE NO ARTIGO 387, § 2º, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL –
IMPOSSIBILIDADE.

O réu reincidente que não cumpriu cautelarmente 1/6 (um sexto) da pena imposta não
pode ser beneficiado com a imposição de um regime prisional mais brando, fixado com
base na regra do artigo 387, § 2º, do CPP.

Comentários

“(...) III - Ademais, ad argumentandum tantum, ressalte-se que dispõe o § 2º do art.


387 do Código de Processo Penal, acrescentado pela Lei n. 12.736/2012, que o tempo
de prisão cautelar deve ser considerado para a determinação do regime inicial de
cumprimento de pena. Ou seja, a detração do período de segregação cautelar
relativa ao delito em julgamento deve influenciar já no estabelecimento do regime
inicial pela decisão condenatória. Destarte, forçoso reconhecer que o § 2º do art.
387 do Código de Processo Penal não versa sobre progressão de regime prisional,

157
222
instituto próprio da execução penal, mas, sim, acerca da possibilidade de se
estabelecer regime inicial menos severo, descontando-se da pena aplicada o tempo de
prisão cautelar do acusado. (...)”

STJ, HC 474866/SC, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 19/03/2019.

246 - TESE 427

A tese número quatrocentos e vinte e sete tem o seguinte teor:

CRIMES RECEPTAÇÃO – FOLHAS DE CHEQUE PREENCHIDAS E ASSINADAS PELO


CORRENTISTA, SUBTRAÍDAS APÓS EMISSÃO – TIPICIDADE.

RECEPTAÇÃO – FOLHAS DE CHEQUE PREENCHIDAS E ASSINADAS PELO


CORRENTISTA, SUBTRAÍDAS APÓS EMISSÃO – TIPICIDADE.

Comentários

“(...) 1 - Segundo decidido pela Terceira Seção deste Superior Tribunal de Justiça,
folhas de cheque, produto de crime, têm conteúdo econômico, podendo render
ensejo, em tese, ao crime de receptação. Trancamento da ação penal, por
atipicidade, que não pode ser acolhido. Indeferimento liminar da inicial do habeas
corpus. (...)”

STJ, AgRg no HC 443438/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma,
DJe 29/08/2018.

247 - TESE 428

A tese número quatrocentos e vinte e oito tem o seguinte teor:

PENA – COMPENSAÇÃO ENTRE REINCIDÊNCIA E CONFISSÃO ESPONTÂNEA –


COEXISTÊNCIA DE OUTRA CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE – AUMENTO DEVIDO EM
SEGUNDA FASE.

É devido o aumento da pena em segunda fase quando, embora compensadas


agravante da reincidência com atenuante da confissão espontânea, subsistir ainda outra
agravante a ser considerada.

158
222
Comentários

“(...) 5. A Terceira Seção desta Corte Superior, ao examinar os Embargos de Divergência


em Recurso Especial n. 1.154.752/RS, firmou o entendimento de que, por serem
igualmente preponderantes, é possível a compensação entre a agravante da
reincidência e a atenuante da confissão espontânea, devendo, contudo, o julgador
atentar para as singularidades do caso concreto (HC n. 355.988/SP, Ministro Jorge
Mussi, Quinta Turma, DJe 31/8/2016). 6. A Terceira Seção do STJ pacificou o
entendimento segundo o qual a atenuante da confissão espontânea, na medida em
que compreende a personalidade do agente, deve ser compensada com a agravante
da reincidência (HC n. 350.956/SC, Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe
15/8/2016). (...)”

STJ, AgRg no REsp 1762108/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Jr, 6ª T, DJe 04/12/18.

248 - TESE 429

A tese número quatrocentos e vinte e nove tem o seguinte teor:

ESTUPRO DE VULNERÁVEL – FATO ANTERIOR À LEI 12.015/2009 – VIOLÊNCIA REAL


OU GRAVE AMEAÇA –AUMENTO DE PENA PELO ARTIGO 9º DA LEI 8.072/90 –
CAPITULAÇÃO PELO ARTIGO 217-A, CP – LEI PENAL MAIS BENÉFICA.

Ao crime de estupro de vulnerável, em que há emprego de violência real ou grave


ameaça, cometido em data anterior à Lei 12.015/09, mas julgado posteriormente, incide
a causa de aumento de pena do artigo 9º da Lei 8.072/90 sobre aquela prevista no art.
217-A do Código Penal.

Comentários

“(...) 3. Por isso, a retroatividade da Lei n. 12.015/2009 mostra-se, de fato, mais


benéfica ao acusado, conforme entendimento assente nesta Corte sobre a matéria, no
sentido de que "Comprovada a existência de violência real ou grave ameaça no crime
de estupro, contra vítima menor de 14 anos, há de incidir a causa de aumento da pena
previsto no art. 9º da Lei 8.072/90. Precedentes desta Corte. Não obstante a Lei n.
12.015/2009, ao tipificar o delito de estupro, contra vítima menor de 14 anos, previsto
no art. 213 do Código Penal, como estupro de vulnerável (art. 217-A do Código
Penal), tenha determinado o recrudescimento da pena, deve ela retroagir, por ser mais
benéfica, uma vez que também determinou a revogação da causa de aumento
prevista no art. 9º da Lei 8.072/90.“ (HC 144.091/PE, Rei. Ministro NEFI CORDEIRO,
SEXTA TURMA, julgado em 18/06/2015, DJe 01/07/2015) (...)”

159
222
STJ, AgRg no AREsp 1124561/MS, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª T, DJe 22/08/2018

249 - TESE 430

A tese número quatrocentos e trinta tem o seguinte teor:

DROGAS – ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO – LIVRAMENTO CONDICIONAL –


REQUISITO OBJETIVO DE 2/3 DA PENA – REGRA ESPECIAL DO ARTIGO 44,
PARÁGRAFO ÚNICO, LEI 11.343/06.

Nas condenações pelo crime de associação para o tráfico (artigo 35, Lei 11.343/06)
exige-se o cumprimento de 2/3 (dois terços) da pena como requisito objetivo para
concessão de livramento condicional, nos termos do artigo 44, parágrafo único, da Lei
11.343/06.

Comentários

“(...) III - Em razão do Princípio da Especialidade, para a concessão do livramento


condicional ao delito de associação para o tráfico, exige-se o cumprimento de 2/3
(dois terços) da pena, requisito objetivo previsto no parágrafo único do art. 44 da Lei
n. 11.343/06. Precedentes. (...)”

STJ, HC 467215/SP, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 31/10/2018.

250 - TESE 433

A tese número quatrocentos e trinta e três tem o seguinte teor:

HOMICÍDIO – QUALIFICADO – PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA –


COMUNICAÇÃO AO MANDANTE.

A qualificadora da paga ou promessa de recompensa (artigo 121, §2º, inciso I, primeira


parte, do Código Penal) comunica-se ao mandante.

Comentários

160
222
“(...) 3. A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp
1.415.502/MG (Rel. Ministro FELIX FISCHER, DJe 17/2/2017), firmou compreensão
no sentido de que a qualificadora da paga ou promessa de recompensa não é
elementar do crime de homicídio e, em consequência, possuindo caráter pessoal,
não se comunica aos mandantes. Ressalva de entendimento pessoal do Relator.
(...)” STJ, HC 403263/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe
22/11/2018.

“(...) 3. No homicídio mercenário, a qualificadora da paga ou promessa de recompensa


é elementar do tipo qualificado, comunicando-se ao mandante do delito. (...)”

STJ, AgInt no REsp 1681816/GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª T, DJe 15/05/2018.

251 - TESE 434

A tese número quatrocentos e trinta e quatro tem o seguinte teor:

ROUBO – CONSUMAÇÃO – AGENTE QUE RESTITUI O PRODUTO DO CRIME À


VÍTIMA POSTERIORMENTE. ARREPENDIMENTO EFICAZ OU ARREPENDIMENTO
POSTERIOR. RECONHECIMENTO. IMPOSSIBILIDADE.

Os institutos do arrependimento eficaz e do arrependimento posterior não se aplicam


em hipótese de roubo consumado e tampouco podem levar à absolvição do agente.

Comentários

Arrependimento eficaz diz respeito a um delito não consumado.

Arrependimento posterior só se aplica a crime sem violência ou grave ameaça.

Restituição da coisa não impede a tipicidade.

252 - TESE 435

A tese número quatrocentos e trinta e cinco tem o seguinte teor:

161
222
RECEPTAÇÃO DOLOSA – ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO –
CRIMES AUTÔNOMOS.

Os crimes de receptação dolosa e adulteração de chassi são autônomos, não admitindo,


pois, a aplicação do princípio da consunção para a absorção do segundo pelo primeiro
delito.

Comentários

“(...) 4. Caso em que o recorrente restou denunciado pelos delitos de roubo majorado,
receptação e adulteração de sinal identificador de veículo automotor, praticados em
verdadeira escalada criminosa, porque, em comparsaria com o corréu, mediante grave
ameaça exercida com emprego de arma de fogo e com restrição da liberdade
da vítima, interceptaram e subtraíram um veículo que transportava carga de cigarros.
5. A adulteração de sinal identificador do referido veículo, promovida para
dificultar eventual reconhecimento, demonstra maior perspicácia e desenvoltura à
prática delitiva, o que aumenta a periculosidade da conduta. (...)”

STJ, RHC 106655/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 02/04/2019.

253 - TESE 436

A tese número quatrocentos e trinta e seis tem o seguinte teor:

FURTO QUALIFICADO – RECONHECIMENTO DE MAIS DE UMA QUALIFICADORA –


CONDIÇÃO JUDICIAL – AUMENTO DE PENA – POSSIBILIDADE.

Presente mais de uma circunstância que qualifique o furto, é possível a utilização de


uma delas para configurar a forma qualificada do delito e da outra como circunstância
judicial desfavorável para exasperar a pena-base.

Comentários

“(...) 3. No caso, as instâncias ordinárias valoraram como circunstâncias judiciais duas


das três qualificadoras do crime de furto. Nos termos da jurisprudência desta Corte,
de rigor a utilização de circunstâncias qualificadoras remanescentes àquela que
qualificou o tipo como causas de aumento, agravantes ou circunstâncias judiciais
desfavoráveis, respeitada a ordem de prevalência, ficando apenas vedado o bis in
idem. (...)”

STJ, HC 479583/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 13/02/2019.

162
222
254 - TESE 438

A tese número quatrocentos e trinta e oito tem o seguinte teor:

PENA – MULTA – CONCURSO FORMAL DE CRIMES.

No concurso formal de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente,


nos moldes do artigo 72 do Código Penal.

Comentários

Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e


integralmente.

“(...) 3. O art. 72 do Código Penal restringe-se aos casos dos concursos material e
formal, não se encontrando no âmbito de abrangência da continuidade delitiva. (...)”

STJ, HC 221782/RJ, Rel. Des. Conv. Vasco Della Giustina, Sexta Turma, DJe 11/04/2012.

255 - TESE 440

A tese número quatrocentos e quarenta tem o seguinte teor:

EXTORSÃO QUALIFICADA – POLICIAIS QUE RESTRINGEM A LIBERDADE DA VÍTIMA


E EXIGEM VANTAGEM INDEVIDA PARA LIBERTÁ-LA. CARACTERIZAÇÃO

Comete o crime de extorsão qualificada, e não concussão, o agente público que


restringe a liberdade da vítima e se utiliza de violência ou grave ameaça para obter
vantagem indevida.

Comentários

O caso tratado na tese realmente se amolda ao tipo penal da extorsão mediante sequestro:

Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate:

Pena - reclusão, de oito a quinze anos.

163
222
256 - TESE 441

A tese número quatrocentos e quarenta e um tem o seguinte teor:

CRIME CONTINUADO – RECONHECIMENTO DA PRÁTICA DE 07 OU MAIS


INFRAÇÕES PENAIS – AUMENTO NA FRAÇÃO MÁXIMA DE 2/3 – NECESSIDADE.

O reconhecimento a prática de 07 ou mais delitos em continuidade delitiva tem como


efeito necessário a aplicação do índice máximo (2/3), previsto no artigo 71, caput, do
Código Penal.

Comentários

“(...) 6. A exasperação da pena do crime de maior pena, realizado em continuidade


delitiva, será determinada, basicamente, pelo número de infrações penais cometidas,
parâmetro este que especificará no caso concreto a fração de aumento, dentro do
intervalo legal de 1/6 a 2/3. Nesse diapasão, esta Corte Superior de Justiça possui o
entendimento consolidado de que, em se tratando de aumento de pena referente à
continuidade delitiva, aplica-se a fração de aumento de 1/6 pela prática de 2 infrações;
1/5, para 3 infrações; 1/4 para 4 infrações; 1/3 para 5 infrações; 1/2 para 6 infrações e
2/3 para 7 ou mais infrações. In casu, tratando-se de mais de 10 crimes, deve ser
mantido o aumento operado pela sentença condenatória. (...)”

HC 401139, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª Turma, DJe 21/09/2017.

164
222
257 - TESE 443

A tese número quatrocentos e quarenta e três tem o seguinte teor:

CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL – ESTUPRO – FATO POSTERIOR À LEI


12.015/2009 – VIOLÊNCIA REAL – AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.

Tese 443 CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL – ESTUPRO – FATO POSTERIOR À


LEI 12.015/2009 – VIOLÊNCIA REAL – AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. No
crime de estupro praticado mediante violência real, a ação penal é pública
incondicionada, ainda que o fato tenha sido praticado após a Lei 12.015/2009.

Comentários

O tema era bastante controverso, tendo a PGR proposto ADI contra a Lei 12.015/2009, que alterou
a redação do artigo 225 do Código Penal.

Atualmente, entretanto, a redação é a data pela Lei 13.718/2018, que tornou a ação penal sempre
pública incondicionada.

258 - TESE 444

A tese número quatrocentos e quarenta e quatro tem o seguinte teor:

PENA – REINCIDÊNCIA – CONTAGEM DO PERÍODO DEPURADOR, PREVISTO NO


INCISO I DO ARTIGO 64 DO CÓDIGO PENAL, A PARTIR DA EXTINÇÃO OU DO
CUMPRIMENTO EFETIVO DA PENA.

A contagem do período depurador, previsto no inciso I do artigo 64 do Código Penal,


se dá a partir da extinção ou cumprimento efetivo da pena, e não da data anotada na
Folha de Antecedentes como a provável ou do trânsito em julgado da condenação.

Comentários

É exatamente o que diz a lei:

“Art. 64 - Para efeito de reincidência:

(...)

165
222
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção
da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco)
anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se
não ocorrer revogação;

259 - TESE 445

A tese número quatrocentos e quarenta e cinco tem o seguinte teor:

CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL – ESTUPRO DE VULNERÁVEL – PRÁTICA DE


ATOS LIBIDINOSOS DIVERSOS DA CONJUNÇÃO CARNAL – TENTATIVA –
IMPOSSIBILIDADE.

A prática de atos libidinosos diversos da conjunção carnal, com contato físico entre o
agente e a vítima, caracteriza o crime de estupro de vulnerável consumado, previsto na
atual redação dada pela Lei 12.015/2009, não se podendo falar em tentativa.

Comentários

“(...) 1. Nos termos da orientação desta Casa, "o delito de estupro, na redação dada
pela Lei n. 12.015/2009, inclui atos libidinosos praticados de diversas formas, onde
se inserem os toques, contatos voluptuosos, beijos lascivos, consumando-se o crime
com o contato físico entre o agressor e a vítima" (AgRg no REsp n. 1.359.608/MG,
relatora Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEXTA TURMA, julgado em 19/11/2013,
DJe 16/12/2013) (...)” STJ, HC 483883/RJ, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta
Turma, DJe 01/03/2019).

260 - TESE 446

A tese número quatrocentos e quarenta e seis tem o seguinte teor:

CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL – ESTUPRO DE VULNERÁVEL – VIOLÊNCIA


PRESUMIDA – SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA
DE DIREITOS – IMPOSSIBILIDADE.

A vulnerabilidade da vítima, em crime contra a dignidade sexual cometidos contra


menor de 14 anos, obsta a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos.

Comentários

166
222
“(...) 3. "Sendo a presunção de violência absoluta em crimes sexuais cometidos contra
menores de 14 anos, obsta a substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos, uma vez que ausente o requisito do art. 44, inciso I, do CP"
(AgRg no REsp 1472138/GO, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA, julgado em 23/02/2016, DJe 29/02/2016). Habeas corpus não
conhecido. (...)”

STJ, HC 433109/RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, DJe 01/06/2018

261 - TESE 447

A tese número quatrocentos e quarenta e sete tem o seguinte teor:

CORRUPÇÃO DE MENOR – PRÁTICA DE INFRAÇÃO EM CONCURSO COM MAIS DE


UM MENOR – PLURALIDADE DE CRIMES DO ARTIGO 244-B, CAPUT, DO ESTATUTO
DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.

A prática de infração penal com mais de uma pessoa menor de 18 anos caracteriza
tantos crimes de corrupção de menor, em concurso formal, quantos forem os incapazes
que protagonizaram a ação ilícita em companhia do acusado, não havendo se falar em
crime único.

Comentários

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CORRUPÇÃO


DE MENORES. DOIS ADOLESCENTES. RESTABELECIMENTO DO CONCURSO
FORMAL. REVALORAÇÃO DA PROVA. POSSIBILIDADE. I - O art. 244-B do ECA tem
como finalidade impedir tanto o ingresso como a permanência do menor no universo
do crime. O bem juridicamente tutelado não se restringe à inocência moral do menor,
abrangendo, também, a formação moral da criança e do adolescente. II - Sendo vítimas
dois adolescentes, dois serão os bens jurídicos violados, sendo desarrazoado atribuir
a prática de crime único ao réu que corrompeu dois adolescentes, assim como ao
que corrompeu apenas um. (...)”

STJ, AgRg no AREsp 1389738/GO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta
Turma, DJe 19/12/2018.

262 - TESE 448

A tese número quatrocentos e quarenta e oito tem o seguinte teor:

167
222
FURTO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE PESSOAS – CORRUPÇÃO DE MENORES
– BIS IN IDEM – NÃO OCORRÊNCIA

Não configura bis in idem a incidência da causa de aumento referente ao concurso de


pessoas no delito de furto qualificado seguida da condenação pelo crime de corrupção
de menores, uma vez que são condutas autônomas e independentes, que ofendem
bens jurídicos distintos.

Comentários

Apesar de tratar de roubo, o caso seguinte tem entendimento do STJ também aplicável ao furto,
por serem as razões as mesmas:

“(...) 1. Nos termos do entendimento do Superior Tribunal de Justiça "Não configura


bis in idem a incidência da causa de aumento referente ao concurso de agentes no
delito de roubo, seguida da condenação pelo crime de corrupção de menores, já que
são duas condutas, autônomas e independentes, que ofendem bens jurídicos
distintos. Precedentes“ (HC 157.201/DF, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA
TURMA, julgado em 16/12/2014, DJe 02/02/2015). (...)”. STJ, AgRg no REsp
1646346/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª T, DJe 17/03/2017.

263 - TESE 451

A tese número quatrocentos e cinquenta e um tem o seguinte teor:

ARMA – DISPARO E POSSE DE ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO SUPRIMIDA –


CONDUTAS PRATICADAS EM MOMENTOS DISTINTOS – PRINCÍPIO DA
CONSUNÇÃO – IMPOSSIBILIDADE.

Não há que se falar em absorção se os momentos consumativos dos delitos de disparo


e de posse de arma de fogo com numeração suprimida são diversos, porque
perpetrados em contextos destacados.

Comentários

“(...) II In casu, não há imputação de eventual fato delituoso pré-existente ao contexto


fático narrado na prefacial acusatória (contexto do disparo de arma de fogo). Vale dizer,
a denúncia não descreve fato anterior que esteja inserido em outro contexto fático, de
modo a possibilitar a configuração de delitos autônomos. Assim sendo, considerando a

168
222
narração contida na denúncia, que descreve um único contexto fático, deve o delito
tipificado no art. 14 da Lei nº 10.826/03 (porte ilegal de arma de fogo) ser absorvido
pelo disparo de arma de fogo (art. 15 do mesmo diploma legal). (...)”

STJ, HC 94672/MS, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 18/08/2008.

264 - TESE 452

A tese número quatrocentos e cinquenta e dois tem o seguinte teor:

ARMA – DISPARO E POSSE DE ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO SUPRIMIDA –


ABSORÇÃO DO CRIME COM PENA MAIOR PELO CRIME MENOS GRAVE –
IMPOSSIBILIDADE.

Desde que perpetrado no mesmo contexto fático, o disparo de arma de fogo fica
absorvido pelo porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, que é punido mais
severamente.

Comentários

“(...) II In casu, não há imputação de eventual fato delituoso pré-existente ao contexto


fático narrado na prefacial acusatória (contexto do disparo de arma de fogo). Vale dizer,
a denúncia não descreve fato anterior que esteja inserido em outro contexto fático, de
modo a possibilitar a configuração de delitos autônomos. Assim sendo, considerando a
narração contida na denúncia, que descreve um único contexto fático, deve o delito
tipificado no art. 14 da Lei nº 10.826/03 (porte ilegal de arma de fogo) ser absorvido
pelo disparo de arma de fogo (art. 15 do mesmo diploma legal). (...)”

STJ, HC 94672/MS, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 18/08/2008.

265 - TESE 453

A tese número quatrocentos e cinquenta e três tem o seguinte teor:

ARMA DE FOGO – PORTE – CERTIFICADO DE REGISTRO VENCIDO –


CARACTERIZAÇÃO DO CRIME.

169
222
O agente que traz consigo, em via pública, arma de fogo, fora do horário e trajeto
eventualmente permitido por guia de trânsito, comete o crime do artigo 14 da lei n.
10.826/03, sendo irrelevante haver registro e eventual guia de tráfego.

Comentários

Lei n. 10.826/03

Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder,
ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar
arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de
fogo estiver registrada em nome do agente.

266 - TESE 455

A tese número quatrocentos e cinquenta e cinco tem o seguinte teor:

DROGAS – ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO – INDULTO – CONCESSÃO –


IMPOSSIBILIDADE – ARTIGO 44 DA LEI N. 11.343/06.

O artigo 44 da Lei n. 11.343/06 veda, expressamente, a concessão de indulto aos


condenados por crime de associação ao tráfico (artigo 35), quando se refere aos
“artigos 34 a 37 desta Lei”.

Comentários

“(...) 3. Não é possível a concessão de indulto ou comutação da pena ao condenado


pelo delito de associação para o tráfico de drogas, pois há vedação legal contida no
art. 44, caput, da Lei n. 11.343/2006. Precedentes. (...)”

STJ, AgRg no HC 464605/RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 08/04/2019.

170
222
267 - TESE 456

A tese número quatrocentos e cinquenta e seis tem o seguinte teor:

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – AMEAÇA – CONDENAÇÃO – APLICAÇÃO DE PENA


EXCLUSIVA DE MULTA PREVISTA NO ARTIGO 147 DO CÓDIGO PENAL –
IMPOSSIBILIDADE – VEDAÇÃO DO ARTIGO 17 DA LEI N. 11.340/06.

Nos crimes praticados sob a égide da lei n. 11.340/06, é vedada a aplicação de pena
exclusiva de multa, ainda que prevista originariamente no tipo penal do artigo 147 do
Código Penal, como alternativa à pena privativa de liberdade.

Comentários

“RECURSO ESPECIAL. AMEAÇA. FIXAÇÃO DE PENA DE MULTA DE FORMA


AUTÔNOMA E ISOLADA. IMPOSSIBILIDADE. VEDAÇÃO EXPRESSA DA LEI MARIA DA
PENHA. 1. O artigo 17 da Lei n. 11.340/2006 expressamente veda a aplicação da
multa, de forma autônoma ou isolada, nos crimes de violência doméstica e familiar
contra a mulher. Precedentes. 2. Recurso especial provido.”

STJ, REsp 1727454/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 22/08/2018.

268 - TESE 458

A tese número quatrocentos e cinquenta e oito tem o seguinte teor:

CRIME DA LEI DE LICITAÇÕES – IRREGULAR INEXIGIBILIDADE LICITATÓRIA –


CONTRATAÇÃO DE PROFISSIONAL DO SETOR ARTÍSTICO – CARTA DE
EXCLUSIVIDADE PARA EVENTO ESPECÍFICO – NÃO CARACTERIZAÇÃO DA
HIPÓTESE DE EMPRESÁRIO EXCLUSIVO.

A mera “carta de exclusividade” para intermediar apresentação específica de


profissional do setor artístico não caracteriza a hipótese de “empresário exclusivo”
prevista no artigo 25, III, Lei 8.666/93 para fins de inexigibilidade licitatória por
inviabilidade de competição.

Comentários

Lei 8.666/93

171
222
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em
especial:

(...)

III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através


de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela
opinião pública.

Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de
observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:

Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente


concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou
inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público.

269 - TESE 460

A tese número quatrocentos e sessenta tem o seguinte teor:

SONEGAÇÃO FISCAL – OFERECIMENTO DE BENS À PENHORA – EXTINÇÃO DA


PUNIBILIDADE – IMPOSSIBILIDADE.

O oferecimento de bens à penhora em sede de embargos à execução fiscal, ainda que


com valor de mercado suficiente para garantir a dívida com a Fazenda Pública, não
pode ser equiparado ao pagamento do débito tributário, que dá ensejo à extinção da
punibilidade do crime de sonegação fiscal nos termos do §2º do artigo 9º da Lei
10.684/03.

Comentários

“(...) 3. A teor da dicção do artigo 168-A, do Código Penal, não há previsão de que a
penhora de bens seja causa de extinção de punibilidade, o que se poderia dar, tão-
somente, com o pagamento da contribuição previdenciária devida, antes do início da
ação fiscal, situação que não ocorre nos autos. (...)”

STJ, HC 41618/PE, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, 6ª Turma, DJ 24/10/2005

172
222
270 - TESE 461

A tese número quatrocentos e sessenta e um tem o seguinte teor:

INDULTO – CONDENADO POR ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO DE DROGAS –


INADMISSIBILIDADE.

O artigo 9º, II, do Decreto Presidencial nº. 8.615, de 24-12-2015 veda a concessão de
indulto aos condenados por crime de associação ao tráfico, previsto no artigo 35 da Lei
nº. 11.343/06.

Comentários

“(...) 4. O Decreto n. 8.615/2015, em seu art. 9º, inciso II, veda expressamente a
concessão dos benefícios de comutação e indulto aos condenados pelo crime de
associação ao tráfico. A definição das hipóteses e dos requisitos para a concessão de
comutação de penas ou indulto é de competência privativa do Presidente da República,
sendo vedado ao magistrado deixar de observar as exigências legais para a concessão
da benesse, sob pena de interferir, indevidamente, em ato do chefe do Poder
Executivo. (...)”

STJ, HC 407020/SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 01/08/2018.

271 - TESE 462

A tese número quatrocentos e sessenta e dois tem o seguinte teor:

ARMA – PORTE ILEGAL – CONDENAÇÃO – DEVOLUÇÃO AO PROPRIETÁRIO –


DESCABIMENTO – INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 25 DO ESTATUTO DO
DESARMAMENTO.

O artigo 25 da Lei nº 10.826/2003, complementado pelo artigo 65, §10, do Decreto


5.123/04 (Regulamento do Estatuto), veda a devolução da arma ao seu proprietário,
condenado por porte ilegal.”

Comentários

173
222
“(...) 1. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento
de que a condenação por porte ilegal de arma de fogo acarreta, como efeito, o
perdimento do armamento apreendido, em razão do disposto nos arts. 91, II, "a", do
CP e 1º da LCP (EREsp 83.359/SP, Rel. Ministro GILSON DIPP, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 13/12/1999, DJ 21/02/2000) . 2. O perdimento do armamento apreendido
é um efeito da prática da conduta tipificada no art. 14, caput, do Estatuto do
Desarmamento, não podendo ser conferido prazo para regularização do artefato,
haja vista que tal providência somente é cabível nos casos de posse de arma de fogo,
não sendo aplicada à hipótese de porte, como o caso dos autos. (...)”

STJ, REsp 1666879/SC, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 01/08/2018

272 - TESE 463

A tese número quatrocentos e sessenta e três tem o seguinte teor:

PRESCRIÇÃO – REDUTOR DO ARTIGO 115 DO CÓDIGO PENAL – RÉU QUE NÃO


TINHA 70 ANOS À ÉPOCA DA SENTENÇA CONDENATÓRIA – IDADE ATINGIDA
SOMENTE QUANDO DO ACÓRDÃO QUE CONFIRMOU A CONDENAÇÃO –
REDUÇÃO INAPLICÁVEL.

A redução do prazo prescricional prevista no artigo 115 do Código Penal não incide nas
hipóteses em que o réu completou 70 anos após a sentença condenatória, ainda que
essa idade tenha sido atingida à época do acórdão que manteve a condenação.

Comentários

“(...) 4. A redução do prazo prescricional aplica-se apenas àqueles que, na data da


primeira decisão condenatória já tenham completado 70 (setenta) anos de idade. (...)”

STJ, AgRg no AREsp 311775/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe 03/06/2014.

273 - TESE 464

A tese número quatrocentos e sessenta e quatro tem o seguinte teor:

ARMA – PORTE – LESÃO CORPORAL DE NATUREZA LEVE – CRIMES AUTÔNOMOS


– PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO – IMPOSSIBILIDADE.

174
222
O crime de lesão corporal de natureza leve não absorve o de porte ilegal de arma de
fogo, quando cometidos com desígnios autônomos.

Comentários

“DIREITO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO TENTADO, RECEPTAÇÃO E PORTE


DE ARMA. TRANCAMENTO QUANTO AO CRIME DE PORTE DE ARMA. PRINCÍPIO
DA CONSUNÇÃO. INAPLICABILIDADE. 1. O tema do concurso aparente de normas
guarda indissociável relação com a idéia-força bem jurídico. Reconhece-se a
aplicabilidade do princípio da consunção quando há relação entre os delitos no tocante
a diferentes graus de lesão ao mesmo valor tutelado. 2. Na hipótese, o reconhecimento
da consunção passaria, necessariamente, por exame profundo de matéria fática, inviável
no seio do writ. 3. Ordem denegada.”

STJ, HC 51884/RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, DJe
09/12/2008.

274 - TESE 466

A tese número quatrocentos e sessenta e seis tem o seguinte teor:

PRESCRIÇÃO – COAUTORIA – CAUSAS INTERRUPTIVAS (ART. 117, INCISOS I A IV,


CP) – COMUNICABILIDADE – DESMEMBRAMENTO DO PROCESSO – IRRELEVÂNCIA.

A interrupção da prescrição em relação a um dos autores do crime estende-se aos


coautores do crime, nos termos do artigo 117, § 1º, primeira parte, CP, ainda que tenha
havido desmembramento do processo.

Comentários

“(...) 3. Todavia, da interpretação do dispositivo em voga, vê-se que a


comunicabilidade da interrupção do prazo prescricional nos casos de
desmembramento do feito não é imposta, mas sim mitigada. Com efeito, se um novo
processo será formado e correrá de forma autônoma, trará consigo suas peculiaridades
e condições processuais, seus próprios prazos, inclusive em relação à prescrição, de
modo que impor que uma situação processual ocorrida em feito diverso tenha reflexo
nestes autos causaria indesejável desordem processual e jurídica. E o cometimento
do crime em concurso de pessoas não desconfigura tal premissa. (...)”

STJ, AgRg no AREsp 506599/RJ, Rel. Min. Antonio Saldanha Pinheiro, Sexta Turma, DJe
11/03/2019.

175
222
275 - TESE 468

A tese número quatrocentos e sessenta e oito tem o seguinte teor:

PENA – PRIVATIVA DE LIBERDADE – SUBSTITUIÇÃO POR RESTRITIVA DE DIREITOS –


AUSÊNCIA DO REQUISITO OBJETIVO – IMPOSSIBILIDADE.

Em se tratando de condenação por prática de crime doloso, o artigo 44, I, do Código


Penal, proíbe a substituição da sanção privativa de liberdade superior a 04 anos por
penas restritivas de direitos.

Comentários

“(...) III - A Lei nº 9.714/98, que alterou os artigos 43, 44, 45, 46, 47, 55 e 77 do Código
Penal, introduziu em nosso sistema a substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos. Assim determina o art. 44 do Código Penal, in verbis: "Art. 44 -
As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando: I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a 4 (quatro) anos e o
crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja
a pena aplicada, se o crime for culposo; II - o réu não for reincidente em crime doloso;
III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição
seja suficiente".(...)”

STJ, HC 458896/SP, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 24/08/2018.

276 - TESE 469

A tese número quatrocentos e sessenta e nove tem o seguinte teor:

USO DE DOCUMENTO FALSO – CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO –


FALSIDADE – CARACTERIZAÇÃO.

Caracteriza o crime do artigo 304 do Código Penal a falsidade de dado pessoal ou da


habilitação na CNH.

Comentários

“(...) 1.- O uso de Carteira Nacional de Habilitação falsa perante autoridade da Polícia
Rodoviária Federal lesa serviço da União. Precedentes. 2.- É irrelevante para determinar

176
222
a competência do Juízo no crime de uso de documento falso a qualificação do órgão
expedidor do documento público pois o critério a ser utilizado se define em razão da
entidade ou do órgão ao qual ele foi apresentado, porquanto são estes que
efetivamente sofrem os prejuízos em seus bens e serviços. 3.- Competência da Justiça
Federal, nos termos do art. 109, IV, da Constituição Federal. (...)”

STJ, CC 115285/ES, Rel. p/ acórdão Min. Moura Ribeiro, Terceira Seção, DJe
09/09/2014.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este é o fim de mais uma aula nossa. Espero que o estudo do primeiro lote de teses sobre o Direito
Penal tenha sido interessante e ajudado no aprendizado, bem como na revisão dos relevantes
temas tratados.

Quaisquer sugestões são bem-vindas e, apesar de elaborada com muito rigor, toda aula pode ser
aperfeiçoada a partir de contribuições. O contato pode ser feito pelo fórum, por e-mail ou pelo
Instragram.

Até a próxima aula. Forte abraço e meus desejos de sempre de sucesso!

Michael Procopio.

procopioavelar@gmail.com

professor.procopio

177
222
TESES INSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE SÃO
PAULO – PROF. IVAN MARQUES

1 - TESE 1

RÉU PRESO - FALTA DE REQUISIÇÃO - NULIDADE RELATIVA

A não requisição de réu preso, para acompanhar ato da instrução, constitui nulidade
sanável, cujo reconhecimento depende de oportuna alegação. (D.O.E., 12/06/2003, p.
30) Tese 001

DIREITO PROCESSUAL PENAL

2 - TESE 2

CRIMES CONTRA OS COSTUMES – ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR – ESTUPRO –


CRIME CONTINUADO – INADMISSIBILIDADE

É inadmissível a continuidade delitiva entre atentado violento ao pudor e estupro, eis


que se trata de crimes de espécies distintas. (D.O.E.,12/06/2003, p. 30). Redação
determinada na reunião de 03/04/2008, (D.O.E., 16/04/2008, p. 57). Cancelada na
R.O.M. de 10/06/2010, conforme Aviso nº 436/2010-PGJ, publicado no D.O.E. de
23/06/2010. Tese-002

3 - TESE 3

CRIMES CONTRA OS COSTUMES - MISERABILIDADE - COMPROVAÇÃO - MEIO


IDÔNEO - ATESTADO DE POBREZA - DISPENSABILIDADE

178
222
A miserabilidade pode ser reconhecida desde que comprovada por qualquer meio
idôneo. O atestado de pobreza é prescindível. (D.O.E., 12/06/2003, p. 30) Tese 003

DIREITO PROCESSUAL PENAL

4 - TESE 4

CRIMES CONTRA OS COSTUMES - MISERABILIDADE - ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO

O estado de miserabilidade do representante legal da ofendida não é desfigurado, por


si só, ante a nomeação de advogado como assistente do Ministério Público, desde que
tenha este atuação comprovadamente gratuita. (D.O.E., 12/06/2003, p. 30) Tese 004

DIREITO PROCESSUAL PENAL

5 - TESE 5

CRIMES CONTRA OS COSTUMES- CONCUBINO - AUMENTO DE PENA

O concubino da mãe da vítima é considerado padrasto para fins do artigo 226, II, do
Código Penal.(D.O.E., 12/06/2003, p. 30) Cancelada na R.O.M. de 02/02/2006,
conforme Aviso nº 122/2006-PGJ, publicado no D.O.E. de 17/03/2006, p.80.
Restabelecida na R.O.M. de 06/04/2006, conforme Aviso nº 448/2006-PGJ, publicado
no D.O.E. de 15/09/2006, p 45. Tese-005

DIREITO PENAL

6 - TESE 6

FURTO - PRIVILEGIADO - PEQUENO VALOR - AUSÊNCIA DE PREJUÍZO

O fato de a vítima haver recuperado a "res" não se equipara a "pequeno valor", para
os fins do parágrafo 2º do artigo 155, do Código Penal. (D.O.E., 12/06/2003, p. 30) Tese
006

DIREITO PENAL

179
222
7 - TESE 7

RECURSO EXCLUSIVO DA ACUSAÇÃO - "REFORMATIO IN MELIUS" - INADMISSIBILIDADE

É inadmissível melhorar a situação do réu em recurso exclusivo do Ministério Público.


(D.O.E., 12/06/2003, p. 30). Cancelada na R.O.M. de 11/08/2005, conforme Aviso nº
450/05-PGJ, publicado no D.O.E. de 20/08/2005, p. 39. Tese-007

8 - TESE 8

FURTO - PRIVILEGIADO - QUALIFICADO - INADMISSIBILIDADE

O privilégio do parágrafo 2º do artigo 155 do Código Penal é inaplicável às hipóteses


de furtos qualificados previstas no parágrafo 4º do mesmo preceito. (D.O.E.,
12/06/2003, p. 30) Tese-008.Cancelada na R.O.M. de 02/06/2011, conforme Aviso nº
316/2011-PGJ, publicado no D.O.E. de 15/06/2011, p. 137.

9 - TESE 9

PRESCRIÇÃO - INTERRUPÇÃO - SENTENÇA CONDENATÓRIA RECORRÍVEL OU ACÓRDÃO


CONDENATÓRIO

A sentença condenatória recorrível interrompe a prescrição. O acórdão condenatório,


quando o acusado foi absolvido em primeiro grau, é causa interruptiva da prescrição,
pois substitui a sentença. (D.O.E., 12/06/2003, p. 30) Tese 009

DIREITO PENAL

10 - TESE 10

FALSO TESTEMUNHO – ADVOGADO – PARTICIPAÇÃO (INDUZIMENTO OU INSTIGAÇÃO) –


POSSIBILIDADE - RESTRITO

É possível a participação de advogado, por induzimento ou instigação, no crime de falso


testemunho. (D.O.E., 12/06/2003, p. 30) Tese 010

DIREITO PENAL

180
222
11 - TESE 11

REPRESENTAÇÃO - AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA - FORMA

A representação do ofendido ou de seu representante legal não exige formalidade.


(D.O.E., 12/06/2003, p. 30) Tese 011

DIREITO PENAL

12 - TESE 12

CRIME CONTINUADO - ROUBO E LATROCÍNIO - INADMISSIBILIDADE

O roubo e o latrocínio atingem bens jurídicos diversos. Impossível o reconhecimento da


continuidade delitiva. (D.O.E., 12/06/2003, p. 30) Tese 012

DIREITO PENAL

13 - TESE 13

PENA - AUMENTO - CONCURSO DE CRIMES

Ocorrendo crimes com causa de aumento de pena, em concurso formal ou crime


continuado, o acréscimo correspondente deve incidir sobre a pena já aumentada por
outra causa e não sobre a pena-base fixada. (D.O.E., 12/06/2003, p. 30) Tese 013

DIREITO PENAL

14 - TESE 14

REPRESENTAÇÃO - AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA - VÁRIOS AUTORES

Feita a representação, o Ministério Público tem legitimidade para agir contra todos os
implicados, mesmo quando não nomeados na mesma. (D.O.E., 12/06/2003, p. 30) Tese
014

DIREITO PENAL

181
222
15 - TESE 15

MANDADO DE SEGURANÇA - LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO

O Ministério Público tem legitimidade para impetrar mandado de segurança em matéria


criminal. (D.O.E., 12/06/2003, p. 30). Tese-015. Cancelada na R.O.M. de 06/08/2009,
conforme Aviso nº 470/2009-PGJ, publicado no D.O.E. de 12/08/2009, p. 77.

16 - TESE 16

ROUBO - EXTORSÃO - ARMA DE BRINQUEDO - CAUSA DE AUMENTO DE PENA

O uso de arma de brinquedo constitui causa de aumento de pena no roubo ou na


extorsão. (D.O.E., 11/10/2000, p. 25) Cancelada na R.O.M. de 05/09/2002, conforme
Aviso nº 597/2002-PGJ, publicado no D.O.E. de 06/09/2002, p. 35. Tese-016

17 - TESE 17

REVISÃO CRIMINAL - INTERPRETAÇÃO CONTROVERTIDA NOS TRIBUNAIS -


INADMISSIBILIDADE - AUSÊNCIA DE ERRO JUDICIÁRIO

Inadmissível revisão criminal, se a sentença condenatória estiver fundamentada em


texto expresso de lei penal de interpretação controvertida nos Tribunais, porque
ausente o erro judiciário. (D.O.E., 12/06/2003, p. 30) Tese 017

DIREITO PROCESSUAL PENAL

18 - TESE 18

EXTORSÃO – CONSUMAÇÃO – CRIME FORMAL - RESTRITO

A consumação não depende da obtenção da vantagem indevida. (D.O.E., 12/06/2003,


p. 30) Tese 018

DIREITO PENAL

182
222
19 - TESE 19

DENÚNCIA - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS - "HABEAS CORPUS" - TRANCAMENTO -


ARGÜIÇÃO DE FALTA DE JUSTA CAUSA - EXAME APROFUNDADO DE PROVAS -
INADMISSIBILIDADE

Preenchendo a denúncia os requisitos legais, incabível o trancamento da ação penal em


sede de "habeas corpus", quando demandar exame aprofundado das provas. (D.O.E.,
12/06/2003, p. 30) Tese 019

DIREITO PROCESSUAL PENAL

20 - TESE 20

CITAÇÃO - EDITAL - COMARCAS ONDE NÃO HÁ IMPRENSA OFICIAL

A publicação, pela imprensa, de citação por edital somente é exigível nas comarcas
onde haja imprensa oficial. (D.O.E., 12/06/2003, p. 30) Tese 020

DIREITO PROCESSUAL PENAL

21 - TESE 21

CURADOR – RÉU MENOR – AUSÊNCIA DE NOMEAÇÃO – NULIDADE RELATIVA - RESTRITO

Não se declara a nulidade de interrogatório judicial de réu menor de 21 anos, realizado


sem a presença de curador, se do ato não tiver resultado prejuízo para a defesa. Tese
021 (D.O.E., 12/06/2003, p. 30) Cancelada na reunião de 02/02/2006, conforme Aviso
nº 135/06-PGJ., publicado no D.O.E. de 24/03/2006, p. 31.

22 - TESE 22

JÚRI - MOTIVO FÚTIL - EMOÇÃO

Possível o reconhecimento da qualificadora do motivo fútil e a atenuante genérica da


emoção. Impossível, no entanto, a coexistência do motivo fútil com a causa de
diminuição da pena pela violenta emoção. (D.O.E., 12/06/2003, p. 30) Tese 022

183
222
DIREITO PENAL

23 - TESE 23

REVELIA - PRISÃO POSTERIOR - DESCONHECIMENTO PELO JUIZ - FALTA DE


RECONHECIMENTO - NULIDADE - NÃO OCORRÊNCIA

A prisão do réu, posterior à decretação da revelia e desconhecida pelo Juiz, não justifica
a nulidade do processo por não ter sido requisitado para os atos da instrução. (D.O.E.,
12/06/2003, p. 31) Tese 023

DIREITO PROCESSUAL PENAL

24 - TESE 24

CRIMES FALIMENTARES - PRESCRIÇÃO - INTERRUPÇÃO

Nos crimes falimentares aplicam-se as causas interruptivas da prescrição, previstas no


Código Penal (Súmula 592 do Supremo Tribunal Federal). (D.O.E., 12/06/2003, p. 31)
Tese 024

DIREITO PENAL

25 - TESE 25

ENTORPECENTES - USO - PEQUENA QUANTIDADE

Para configuração do crime previsto no artigo 16, da Lei 6.368/76, é irrelevante a


quantidade da substância entorpecente apreendida. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese
025

26 - TESE 26

CITAÇÃO - RÉU PRESO - REQUISIÇÃO

A requisição do réu preso, feita nos moldes do artigo 360 do Código de Processo Penal,
supre a citação por mandado quando o acusado comparece e não é demonstrada,

184
222
depois, a existência de prejuízo. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31). Cancelada na R.O.M. de
04/03/2004, Conforme Aviso nº 116/2004-PGJ, publicado no D.O.E. de 18/03/2004, p.
26. Tese-026

27 - TESE 27

MINISTÉRIO PÚBLICO - PRAZO - FLUÊNCIA - INÍCIO - CIÊNCIA PESSOAL E INEQUÍVOCA

O prazo para o Ministério Público começa a fluir a partir da ciência pessoal e inequívoca
do seu representante e não desde o simples ingresso dos autos em serviço
administrativo da Instituição. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 027

DIREITO PROCESSUAL PENAL

28 - TESE 28

CRIMES FALIMENTARES - PENA ACESSÓRIA - INTERDIÇÃO PARA O EXERCÍCIO DO


COMÉRCIO - SUBSISTÊNCIA

A pena de interdição para o exercício do comércio pode ser imposta na sentença, se


motivada. A reforma do Código Penal de 1984 não revogou o artigo 195 da Lei de
Falências. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31)Cancelada na reunião do dia 08/11/2007,
conforme Aviso nº 718/2007 – PGJ, publicado no D.O.E. de 28/11/2007, p. 70/71. Tese
028

29 - TESE 29

ROUBO - AMEAÇA - PORTE DE ARMA - SIMULAÇÃO DE ARMA

A simulação do uso de arma configura a ameaça caracterizadora do roubo. (D.O.E.,


12/06/2003, p. 31) Tese 029

DIREITO PENAL

30 - TESE 30

PENA – LIMITE MÁXIMO – TEMPO DE CUMPRIMENTO – OUTROS BENEFÍCIOS NÃO


ABRANGIDOS - RESTRITO

185
222
O limite estabelecido no artigo 75 do Código Penal, refere-se ao tempo máximo de
cumprimento da pena, não se aplicando a outros benefícios. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31)
Tese 030

DIREITO PENAL

31 - TESE 31

EFEITO DA CONDENAÇÃO - PERDA DE CARGO, FUNÇÃO PÚBLICA OU MANDATO ELETIVO -


ADMISSIBILIDADE - DECLARAÇÃO NA SENTENÇA

A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo é efeito da condenação, mas


precisa ser expressamente declarada na sentença. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 031

DIREITO PENAL

32 - TESE 32

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA - PRORROGAÇÃO - REVOGAÇÃO

Se o beneficiário for processado por outro delito, o período de prova do "sursis" é


prorrogado até o julgamento definitivo. Condenado por crime doloso, a revogação é
obrigatória. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 032

DIREITO PENAL

33 - TESE 33

CRIMES FALIMENTARES - PRESCRIÇÃO - TERMO INICIAL - PRAZO

Nos crimes falimentares, o prazo prescricional tem por termo inicial data em que deveria
estar encerrada a falência ou a partir do trânsito em julgado da sentença que a encerrar.
Esse prazo é único, de dois anos, quer para a prescrição da pretensão punitiva, quer
para a prescrição da pretensão executória. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 033

DIREITO PENAL

186
222
34 - TESE 34

CONTRAVENÇÃO PENAL - JOGO DO BICHO - PERMISSÃO OU TOLERÂNCIA DO PODER


PÚBLICO

A permissão ou tolerância pelo poder público da exploração de outras modalidades de


jogo, não exclui a ilicitude da contravenção do denominado "jogo do bicho". (D.O.E.,
12/06/2003, p. 31) Tese 034

DIREITO PENAL

35 - TESE 35

REVISÃO CRIMINAL – PROVA – EVIDÊNCIA DOS AUTOS - RESTRITO

Em sede de revisão criminal, somente se cassa decisão, como contrária à evidência dos
autos, que não se apóia em nenhuma prova. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 035

DIREITO PROCESSUAL PENAL

36 - TESE 36

MENORIDADE – PROVA – DOCUMENTO HÁBIL - RESTRITO

Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por


documento hábil. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 036

DIREITO PROCESSUAL PENAL

37 - TESE 37

ENTORPECENTES – APELAÇÃO – RECOLHIMENTO À PRISÃO – DESERÇÃO - RESTRITO

Para poder apelar, o condenado por crime definido nos artigos 12 e 13 da Lei nº
6.368/76 precisa recolher-se à prisão, salvo se já estiver em liberdade provisória ou se
o Juiz fundamentar a decisão concedendo-lhe o direito de recorrer em liberdade.
(D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 037

DIREITO PROCESSUAL PENAL

187
222
38 - TESE 38

SENTENÇA - CONDENATÓRIA - INTIMAÇÃO POR EDITAL - TRÂNSITO EM JULGADO - PRISÃO


POSTERIOR

Se o condenado for preso depois da intimação por edital e da certidão do trânsito em


julgado, irrelevante a posterior intimação pessoal da sentença, não se reabrindo o prazo
para recurso. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 038

DIREITO PROCESSUAL PENAL

39 - TESE 39

CRIMES FALIMENTARES – DENÚNCIA – DESPACHO DE RECEBIMENTO – FUNDAMENTAÇÃO


SUCINTA – POSSIBILIDADE - RESTRITO

O despacho de recebimento da denúncia será válido se fundamentado, ainda que


sucintamente. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 039

DIREITO PROCESSUAL PENAL

40 - TESE 40

CARTA PRECATÓRIA - DEFESA - INTIMAÇÃO - EXPEDIÇÃO - AUDIÊNCIA - JUÍZO DEPRECADO

Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessária intimação


da data da audiência no juízo deprecado. (D.O.E., 12/02/2003, p. 39) Tese 040

DIREITO PROCESSUAL PENAL

41 - TESE 41

DEFESA - CONFLITO - UM ADVOGADO PARA MAIS DE UM RÉU - NULIDADE RELATIVA

Só há nulidade por conflito de defesas se demonstrado o prejuízo. (D.O.E., 12/06/2003,


p. 31) Tese 041

188
222
DIREITO PROCESSUAL PENAL

42 - TESE 42

FURTO - REPOUSO NOTURNO - RECONHECIMENTO

Para o reconhecimento da causa de aumento de pena do repouso noturno (artigo 155,


parágrafo 1º, do Código Penal) não tem relevância o fato de a casa, onde ocorreu o
furto, estar habitada. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 042

DIREITO PENAL

43 - TESE 43

ENTORPECENTES - TRÁFICO - FLAGRANTE PREPARADO

O crime de tráfico de entorpecentes, de natureza permanente, já estava consumado,


antes do flagrante preparado pela venda do tóxico feita a policiais, não se aplicando a
Súmula 145 do Supremo Tribunal Federal para reconhecimento do crime impossível.
(D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 043

DIREITO PENAL

44 - TESE 44

CONTRAVENÇÃO PENAL - JOGO DO BICHO - IDENTIFICAÇÃO DE TODOS OS AGENTES -


DESNECESSIDADE

A punição do "jogo do bicho" não depende da identificação de todos os agentes.


(D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 044

45 - TESE 45

JÚRI - REFORMATIO IN PEJUS INDIRETA - POSSIBILIDADE

189
222
Anulado o julgamento do júri pelo tribunal e, submetido o réu a novo júri, é possível
impor pena maior daquela que havia sido aplicada no primeiro julgamento. (D.O.E.,
12/06/2003, p. 31) Tese 045

DIREITO PROCESSUAL PENAL

46 - TESE 46

DENÚNCIA - VÍCIOS - PRECLUSÃO - SENTENÇA

Os vícios da denúncia devem ser alegados antes da sentença. Proferida a decisão,


ocorre a preclusão. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 046

DIREITO PROCESSUAL PENAL

47 - TESE 47

REABILITAÇÃO - RESSARCIMENTO DO DANO - OBRIGATORIEDADE

A reabilitação exige prova do ressarcimento do dano ou da impossibilidade de fazê-lo.


(D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 047

DIREITO PENAL

48 - TESE 49

CRIME CONTINUADO - REQUISITOS

Para a caracterização do crime continuado não basta a simples reiteração dos fatos
delitivos sob pena de tornar letra morta a regra do concurso material. É necessário o
preenchimento, entre outros, do requisito da denominada unidade de desígnios ou do
vínculo subjetivo entre os eventos. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 049

DIREITO PENAL

190
222
49 - TESE 50

PRESCRIÇÃO - PENA DE MULTA - SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA

A prescrição da pena de multa cumulativamente imposta com privativa de liberdade


somente começa a correr após o período de prova do "sursis". (D.O.E., 12/06/2003, p.
31) Tese 050

50 - TESE 51

CRIMES FALIMENTARES – INQUÉRITO JUDICIAL – DEFESA DO FALIDO – PRAZO – INTIMAÇÃO

O prazo previsto no artigo 106 da Lei de Falências corre em cartório, não havendo
necessidade de intimar o falido para apresentar defesa. (D.O.E., 12/06/2003, p.
31)Cancelada na reunião do dia 08/11/2007, conforme Aviso nº 719/2007 – PGJ,
publicado no D.O.E. de 28/11/2007, p. 70/71. Tese 051

51 - TESE 52

CRIMES DE IMPRENSA – PRESCRIÇÃO – INTERRUPÇÃO

Aplicam-se aos crimes tipificados na Lei 5.250/67, as causas interruptivas da prescrição


previstas no artigo 117 do Código Penal. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 052

DIREITO PENAL

52 - TESE 53

USO DE DOCUMENTO FALSO – CARTEIRA DE HABILITAÇÃO – APRESENTAÇÃO A POLICIAL

O crime de uso de documento falso está caracterizado com o seu simples porte. Se o
agente o apresentou à autoridade policial o crime já estava consumado. (D.O.E.,
12/06/2003, p. 31) Tese 053

DIREITO PENAL

191
222
53 - TESE 54

JÚRI – HOMICÍDIO QUALIFICADO E PRIVILEGIADO – POSSIBILIDADE

É compatível a coexistência de qualificadora objetiva com a forma privilegiada do


homicídio. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 054

DIREITO PENAL

54 - TESE 55

JÚRI – AGRAVANTE NÃO CONSTANTE DA DENÚNCIA – RECONHECIMENTO PELO JÚRI –


NULIDADE RELATIVA

Não pode o Juiz considerar agravante não constante da pronúncia, mas reconhecida
pelo júri. Porém, a nulidade é relativa, devendo o tribunal apenas adequar a pena.
(D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 055

DIREITO PROCESSUAL PENAL

55 - TESE 56

FALSO TESTEMUNHO – SENTENÇA – CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE - RESTRITO

A sentença, no processo em que o falso testemunho foi prestado, não é condição de


procedibilidade para o oferecimento da denúncia. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 056

DIREITO PENAL

56 - TESE 57

FALSO TESTEMUNHO – CRIME FORMAL – EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DO CRIME


ANTECEDENTE

A extinção da punibilidade do crime onde ocorreu o depoimento mendaz não se


estende ao crime de falso testemunho. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 057

192
222
DIREITO PENAL

57 - TESE 58

PRESCRIÇÃO – INTERRUPÇÃO – ACÓRDÃO CONDENATÓRIO – SESSÃO DE JULGAMENTO

O acórdão que reforma sentença absolutória condenando o réu, é causa interruptiva da


prescrição. A interrupção ocorre na data da sessão de julgamento. (D.O.E., 12/06/2003,
p. 31) Tese 058

DIREITO PENAL

58 - TESE 59

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA – CONDIÇÃO – PENA RESTRITIVA DE DIREITOS –


OBRIGATORIEDADE

A imposição de prestação de serviços à comunidade ou outra pena restritiva de direito


como condição do "sursis" no primeiro ano do período de provas é, em princípio,
obrigatória. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 059

DIREITO PENAL

59 - TESE 60

PARCELAMENTO DO SOLO URBANO – LOTEAMENTO IRREGULAR OU CLANDESTINO – CRIME


FORMAL

Os crimes contra a administração pública definidos pela Lei de Parcelamento do Solo


Urbano (Lei nº 6.766/79) são formais, consumando-se independentemente da
verificação de prejuízo. A posterior regularização do loteamento não afasta, assim, a
justa causa para a ação penal. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 060

DIREITO PENAL

60 - TESE 61

PRESCRIÇÃO – INTERRUPÇÃO – REINCIDÊNCIA – PRÁTICA DO CRIME

193
222
A interrupção do prazo prescricional, a que se refere o artigo 117, VI, do Código Penal,
dá-se quando da prática do segundo crime. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 061

DIREITO PENAL

61 - TESE 62

PENA – PRIVATIVA DE LIBERDADE – SUBSTITUIÇÃO POR MULTA – LEI ESPECIAL –


INADMISSIBILIDADE

Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativa de liberdade e pecuniária,


é vedada a substituição da prisão por multa. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 062

DIREIRO PENAL

62 - TESE 63

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – SUSPENSÃO DO PRAZO PARA OUTROS RECURSOS

A oposição de embargos de declaração, se conhecidos, suspende o prazo para


interposição de outros recursos. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31).cancelada na reunião de
08/11/2007, conforme aviso nº755/2007-PGJ, publicado no D.O.E. de 12/12/2007,
p.75. Tese-063

DIREITO PROCESSUAL PENAL

63 - TESE 64

PRISÃO ESPECIAL – PRISÃO DOMICILIAR – EXCEÇÃO

Somente ante a demonstração inequívoca de que os estabelecimentos prisionais não


dispõem de condições para o recolhimento de presos provisórios que façam jus à prisão
especial, é que o Juiz, nos termos da Lei 5.256/67, poderá conceder o recolhimento
domiciliar. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 064

DIREITO PROCESSUAL PENAL

194
222
64 - TESE 65

APELAÇÃO EM LIBERDADE – RÉU REINCIDENTE OU COM MAUS ANTECEDENTES - RESTRITO

Se o réu é reincidente ou, embora primário, tem maus antecedentes, assim reconhecido
na sentença condenatória, não pode apelar em liberdade. (D.O.E., 11/10/2000, p. 25)
Cancelada na R.O.M. de 06/06/2003, conforme Aviso nº 289/2003-PGJ, publicado no
D.O.E. de 11/06/03, p. 46. Tese-065

DIREITO PROCESSUAL PENAL

65 - TESE 66

PRESCRIÇÃO – INTERRUPÇÃO – PRONÚNCIA – DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME

A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a


desclassificar o crime. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 066

DIREITO PENAL

66 - TESE 67

REABILITAÇÃO – RECURSO DE OFÍCIO – OBRIGATORIEDADE

O artigo 746 do Código de Processo Penal não foi revogado pela Lei de Execuções
Penais. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 067

DIREITO PROCESSUAL PENAL

67 - TESE 68

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA – CONDIÇÕES – OMISSÃO DO JUIZ DO PROCESSO –


FIXAÇÃO PELO JUIZ DAS EXECUÇÕES – POSSIBILIDADE

Tendo o Juiz se omitido quanto às condições do "sursis", pode o juízo da execução


fixá-las. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 068

195
222
DIREITO PENAL

68 - TESE 69

LATROCÍNIO – MAIS DE UMA MORTE – CONCURSO FORMAL

Se o agente, para roubar, comete duas ou mais mortes, pratica latrocínio em concurso
formal. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 069

69 - TESE 70

JÚRI – DECISÃO DO JUIZ DIVERGENTE DO VEREDICTO – POSSIBILIDADE DE CORREÇÃO

Se a decisão do Juiz for diferente do veredicto dos jurados, o tribunal deve reparar o
erro e não anular o julgamento. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 070

(PROCESSO PENAL)

70 - TESE 70

CRIMES CONTRA OS COSTUMES - REPRESENTAÇÃO - PARENTE OU PESSOA QUE DETÉM A


GUARDA DA VÍTIMA - POSSIBILIDADE

Nos crimes contra os costumes, admite-se a representação formulada por pessoa que,
de qualquer forma, seja responsável pelo menor, ainda que momentaneamente.
(D.O.E., 12/06/2003, p. 31)

(PROCESSO PENAL)

71 - TESE 71

CRIMES CONTRA OS COSTUMES - REPRESENTAÇÃO - PARENTE OU PESSOA QUE DETÉM A


GUARDA DA VÍTIMA - POSSIBILIDADE

Nos crimes contra os costumes, admite-se a representação formulada por pessoa que,
de qualquer forma, seja responsável pelo menor, ainda que momentaneamente.
(D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 071

196
222
72 - TESE 72

SENTENÇA – FIXAÇÃO DO REGIME – OMISSÃO – NULIDADE INEXISTENTE

Não caracteriza nulidade a omissão, pela sentença, do regime inicial de cumprimento


da pena. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 072

(PROCESSO PENAL)

73 - TESE 73

ENTORPECENTES - ARTIGO 14 DA LEI Nº 6.368/76 - VIGÊNCIA

O artigo 8º da Lei nº 8.072/90 não revogou o artigo 14 da Lei 6.368/76. (D.O.E., 12/06/2003, p.
31) Tese 073

74 - TESE 74

CRIMES CONTRA OS COSTUMES - ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR - ESTUPRO - VIOLÊNCIA


PRESUMIDA - AUMENTO DE PENA PELO ARTIGO 9º DA LEI Nº 8.072/90

Não configura "bis in idem" a aplicação da causa de aumento de pena do artigo 9º da


Lei 8.072/90, no atentado violento ao pudor e no estupro cometidos contra menor de
14 anos, mediante violência presumida. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Cancelada na
R.O.M. de 04/11/2004, conforme Aviso nº 624/2004, publicado no D.O.E. de
10/11/2004, p. 34. Tese-074

75 - TESE 75

JÚRI – PRONÚNCIA – PRISÃO PREVENTIVA

A sentença de pronúncia constituiu causa nova e distinta da que determinara a prisão


preventiva e que fora afastada por decisão do tribunal em "habeas corpus". (D.O.E.,
12/06/2003, p. 31) Tese 075

(PROCESSO PENAL)

197
222
76 - TESE 76

JÚRI – DUAS VERSÕES – DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA

Não se caracteriza como manifestamente contrária à prova dos autos a decisão que,
optando por uma das versões trazidas aos autos, não se encontra inteiramente
divorciada da prova existente no processo. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 076

(PROCESSO PENAL)

77 - TESE 77

CRIMES HEDIONDOS - REGIME INTEGRALMENTE FECHADO

As condenações por delito nomeado ou equiparado a hediondo pela Lei nº 8.072/90,


devem ser cumpridas em regime integralmente fechado, vedada a progressão. (D.O.E.,
12/06/2003, p. 31). Cancelada na R.O.M. de 12/04/2007, conforme aviso nº 235/2007-
PGJ, publicado no D.O.E. de 18/04/2007, p. 51. Tese-077

78 - TESE 78

DEFESA – DEFICIÊNCIA – NULIDADE

A falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só anulará o


processo se houver prova de prejuízo para o réu. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 078

(PROCESSO PENAL)

79 - TESE 79

ENTORPECENTES – TRÁFICO – TENTATIVA – INADMISSIBILIDADE - RESTRITO

O crime do artigo 12 da Lei nº 6.368/76 consuma-se com a prática de qualquer das


ações nele previstas, não se podendo falar em tentativa. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31)
Tese 079

198
222
80 - TESE 80

PENA – ATENUANTE – MÍNIMO

A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo


do mínimo legal. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 080

81 - TESE 81

CRIMES HEDIONDOS - PRISÃO EM FLAGRANTE - LIBERDADE PROVISÓRIA -


INADMISSIBILIDADE

A lei nº 8.072/90 veda a concessão de liberdade provisória ao autor de crimes


considerados hediondos ou assemelhados. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31). Cancelada na
R.O.M. de 12/04/2007, conforme aviso n. 232/2007, publicado no D.O.E. de
18/04/2007, p. 51.Tese-081

82 - TESE 82

CRIMES CONTRA OS COSTUMES – ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR – CONSUMAÇÃO

I – Para a consumação do crime de atentado violento ao pudor, imprescindível se faz o


contato físico entre o agente e a vítima, durante o ato apontado como libidinoso. II –
Evidenciada a existência de contato físico entre a vítima e o agente, inviável o
reconhecimento da tentativa. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 082

83 - TESE 83

JÚRI – AUSÊNCIA DE ALEGAÇÕES FINAIS – NULIDADE INEXISTENTE

A não apresentação de alegações finais pela defesa, devidamente intimada, não gera
nulidade. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 083

(PROCESSO PENAL)

84 - TESE 84

JÚRI - PRISÃO - PRONÚNCIA - MAUS ANTECEDENTES

199
222
Se o réu ostenta maus antecedentes, ainda que primário tecnicamente, impõe-se o seu
recolhimento à prisão. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese-084

Tese-084-X

85 - TESE 85

JÚRI - PRONÚNCIA - QUALIFICADORAS - EXCLUSÃO

As qualificadoras somente podem ser excluídas da pronúncia quando manifestamente


improcedentes. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 085

(PROCESSO PENAL)

86 - TESE 86

REINCIDÊNCIA – CONDENAÇÃO ANTERIOR A PENA DE MULTA

A condenação anterior à pena de multa não afasta a reincidência. (D.O.E., 12/06/2003,


p. 31) Tese 086

87 - TESE 87

ROUBO – VÍTIMAS DIVERSAS – CONCURSO FORMAL

Se o agente subtrai bens de várias pessoas, no mesmo contexto, pratica roubos em


concurso formal. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 087

88 - TESE 88

SONEGAÇÃO FISCAL – PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO – SOLUÇÃO – SUSPENSÃO DO


PROCESSO – INADMISSIBILIDADE

As instâncias penal e administrativa não guardam dependência uma da outra e nem as


disposições do Código de Processo Penal autorizam a suspensão, de oficio, da ação
penal no aguardo de solução a ser proferida no procedimento administrativo. (D.O.E.,
12/06/2003, p. 31). Cancelada na R.O.M. de 02/02/2006, conforme Aviso nº 146/2006-
PGJ, publicado no D.O.E. de 31/03/2006, p. 106. Tese-088

200
222
89 - TESE 89

DETRAÇÃO - PRISÃO POR OUTRO PROCESSO - INADMISSIBILIDADE

Necessário que haja nexo de causalidade entre a prisão provisória e a prisão definitiva.
(D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 089

90 - TESE 90

PENA – REGIME FECHADO – REINCIDÊNCIA - RESTRITO

Se o réu for reincidente o regime inicial do cumprimento da pena deve ser o fechado,
não importando a quantidade de pena imposta. (D.O.E., 11/10/2000, p. 26) Cancelada
na R.O.M. de 10/10/2002, conforme Aviso nº 712/2002-PGJ, publicado no D.O.E. de
18/10/2002, p. 31. Tese-090

91 - TESE 92

ESTELIONATO – PRIVILÉGIO – RESSARCIMENTO OU RESTITUIÇÃO DA COISA –


INAMISSIBILIDADE

O estelionato privilegiado não se caracteriza pelo ressarcimento ou restituição da coisa,


pois o pequeno valor do prejuízo deve ser aferido no momento da consumação do
crime. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 092

92 - TESE 93

HABEAS CORPUS – ATO DO PROMOTOR DE JUSTIÇA – COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA OU DO TRIBUNAL DE ALÇADA CRIMINAL

A ordem de "habeas corpus" impetrada contra ato do Promotor de Justiça deve ser
julgada pelo Tribunal de Justiça ou pelo Tribunal de Alçada Criminal. (D.O.E.,
12/06/2003, p. 31) Tese 093

(PROCESSO PENAL)

201
222
93 - TESE 94

ROUBO – DOCUMENTOS – TIPIFICAÇÃO

Os documentos, mesmo não tendo expressão comercial, representam valor para a


vítima, podendo ser objeto do crime de roubo. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 094

94 - TESE 95

CRIME CONTINUADO – PRESCRIÇÃO – TERMO INICIAL

O termo inicial da prescrição é considerado em relação a cada delito componente,


isoladamente. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 095

95 - TESE 96

CRIMES HEDIONDOS – SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA – INADMISSIBILIDADE -


RESTRITO

O instituto do "sursis" é incompatível com os ilícitos enumerados no artigo 2º, "caput",


da Lei dos Crimes Hediondos. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 096

96 - TESE 97

MAUS ANTECEDENTES – CONCEITO – PENA – FIXAÇÃO – SUSPENSÃO CONDICIONAL DA


PENA

Maus antecedentes, como tal se classificam outros procedimentos penais em curso


contra o réu, impedem benefícios como o "sursis", ou aumentam a pena.(D.O.E.,
12/06/2003, p. 31). Cancelada na R.O.M. de 13/09/2007, conforme Aviso nº 562/2007-
PGJ, publicado no D.O.E. de 19/09/2007, p. 39. Tese-097

97 - TESE 98

MAGISTRADO – INVESTIGAÇÃO DE CRIME OU PROCESSO PARA PERDA DO CARGO –


MANIFESTAÇÃO OBRIGATÓRIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO

202
222
Nos procedimentos instaurados pelo Tribunal de Justiça para apurar crime praticado
por Magistrado, ou para decretar a perda do cargo, a manifestação do Ministério
Público é obrigatória. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 098

(PROCESSO PENAL)

98 - TESE 99

APELAÇÃO – RAZÕES INTEMPESTIVAS – CONHECIMENTO

A apresentação intempestiva das razões é mera irregularidade, quando a apelação foi


interposta no prazo. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 099

PROCESSO PENAL

99 - TESE 100

CONTRAVENÇÃO PENAL – FALTA DE HABILITAÇÃO – CRIME CULPOSO – CONCURSO


MATERIAL - RESTRITO

Há concurso material entre a falta de habilitação e o crime culposo. (D.O.E., 11/10/2000,


p. 26) Cancelada, conforme Aviso nº 279/01, publicado no D.O.E. de 19/05/2001, p. 29.
Tese 100

100 - TESE 101

RECURSO EXCLUSIVO DA ACUSAÇÃO – "REFORMATIO IN PEJUS" INDIRETA – SENTENÇA


ANULADA – ADMISSIBILIDADE

Se, em recurso exclusivo da acusação, a sentença for anulada, o Juiz pode, na Segunda
decisão, fixar pena superior àquela imposta na primeira. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31)
Tese 101

(PROCESSO PENAL)

101 - TESE 102

FALSA IDENTIDADE – FLAGRANTE POR OUTRO CRIME – ADMISSIBILIDADE - RESTRITO

203
222
Se o agente se identifica com documentos falsos no momento da prisão, pratica o crime
de falsa identidade. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Cancelada conforme Aviso nº 118/05,
publicado no D.O.E. de 16/03/2005, p. 32 Tese 102

102 - TESE 103

JÚRI - PRONÚNCIA - EXISTÊNCIA DO CRIME E INDÍCIOS DE AUTORIA

Para a sentença de pronúncia bastam a prova da existência do crime e indícios da


autoria. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 103

(PROCESSO PENAL)

103 - TESE 104

RÉU REVEL CITADO POR EDITAL – CRIME ANTERIOR À LEI Nº 9.271/96, QUE ALTEROU O
ARTIGO 366 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL – SUSPENSÃO DO PROCESSO SEM A
SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO – INADMISSIBILIDADE

Se o réu praticou crime antes de 17 de abril de 1996 e é revel, citado por edital, não há
suspensão do processo, tampouco da prescrição, vez que a lei deve ser aplicada por
inteiro. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 104

(PROCESSO PENAL)

104 - TESE 105

IMPUTABILIDADE PENAL - INÍCIO - 18º ANIVERSÁRIO

O agente torna-se imputável no primeiro momento do dia do seu 18º aniversário, pouco
importando a hora do seu nascimento. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 105

105 - TESE 106

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO – PENA MÍNIMA – CONCURSO MATERIAL – CONCURSO FORMAL – CRIME
CONTINUADO - RESTRITO

204
222
O benefício da suspensão condicional do processo não é aplicável em relação às
infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade
delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da
causa de aumento da pena, ultrapassar o limite de (1) ano. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31)
Tese 106

(PROCESSO PENAL)

106 - TESE 107

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO – CAUSAS DE AUMENTO DE PENA – PENA MÍNIMA COM O AUMENTO
OBRIGATÓRIO SUPERIOR A UM ANO – INADMISSIBILIDADE

Para efeito da suspensão condicional do processo, prevista na Lei nº 9.099/95, levam-


se em conta as causas de aumento e diminuição da pena. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31)
Tese 107

(PROCESSO PENAL)

107 - TESE 108

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO – ACUSADO – RESPONDENDO A OUTRO PROCESSO – CONDENADO POR OUTRO
CRIME – INADMISSIBILIDADE - RESTRITO

Inadmissível a suspensão condicional do processo, se o acusado estiver sendo


processado ou tenha sido condenado por outro crime. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese
108

(PROCESSO PENAL)

108 - TESE 109

RÉU REVEL CITADO POR EDITAL – CRIME ANTERIOR À LEI Nº 9.271/96, QUE ALTEROU O
ARTIGO 366 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL – DECISÃO QUE SUSPENDE O PROCESSO
SEM A SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO – RECURSO EM SENTIDO ESTRITO CABÍVEL

205
222
Da decisão que determina o sobrestamento do processo é admissível interpor recurso
em sentido estrito. (D.O.E., 12/06/2003, p. 31) Tese 109

(PROCESSO PENAL)

109 - TESE 110

CRIMES CONTRA OS COSTUMES - ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR - ESTUPRO - VIOLÊNCIA


PRESUMIDA RELATIVA - CONSENTIMENTO DA OFENDIDA

O consentimento da ofendida, menor de 14 anos, para a conjunção carnal ou outro ato


libidinoso, e sua experiência anterior, não elidem a presunção de violência para a
caracterização do estupro ou do atentado violento ao pudor. É preciso, porém, que o
agente saiba a idade da vítima, pois a presunção de violência é relativa. (D.O.E.,
12/06/2003, p. 31) Tese 110

110 - TESE 111

ROUBO – DUAS OU MAIS CAUSAS DE AUMENTO DE PENA – O AUMENTO DEVE SER ALÉM
DO MÍNIMO DE 1/3 - RESTRITO

O aumento de pena acima do limite mínimo de 1/3, no crime de roubo, faz-se


necessário quando houver causas de aumento concorrentes. (D.O.E., 12/06/2003, p.
31/32) Cancelada, conforme Aviso nº 581/04, publicado no D.O.E. de 20/10/2004, p.
32. Tese 111

111 - TESE 112

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – TRANSAÇÃO PENAL – ATO


DISCRICIONÁRIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO – CONCESSÃO DE OFÍCIO PELO JUIZ –
INADMISSIBILIDADE - RESTRITO

A transação penal é ato discricionário do representante do Ministério Público. Se houver


recusa deste, o Juiz deve remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça, por
aplicação analógica do artigo 28 do Código de Processo Penal. (D.O.E., 12/06/2003, p.
32) Tese 112

(PROCESSO PENAL)

206
222
112 - TESE 113

ROUBO – EXTORSÃO – CRIME CONTINUADO – INADMISSIBILIDADE - RESTRITO

Se o agente subtrai objetos da vítima e a obriga a assinar cheques ou retirar dinheiro


de caixa eletrônico pratica crimes de roubo e extorsão em concurso material. (D.O.E.,
12/06/2003, p. 32) Tese 113

113 - TESE 114

ROUBO – EMPREGO DE ARMA – NATUREZA SUBJETIVA ("MAIOR INTIMIDAÇÃO DA VÍTIMA")


– INSTRUMENTO UTILIZADO – APREENSÃO – LAUDO PERICIAL – DESNECESSIDADE

No crime de roubo, para o reconhecimento da causa de aumento de pena pelo


emprego de arma, não é necessária a apreensão do instrumento utilizado ou de laudo
pericial, por ser de natureza subjetiva ("maior intimidação da vítima"). (D.O.E.,
12/06/2003, p. 32) Tese 114

(PROCESSO PENAL)

114 - TESE 115

REMIÇÃO – FALTA GRAVE – PERDA DOS DIAS REMIDOS

Praticada falta a grave, o sentenciado perderá todos os dias remidos. (D.O.E.,


12/06/2003, p. 32). Cancelada na R.O.M. de 01/09/2011, conforme Aviso nº 515/2011-
PGJ, publicado no D.O.E. de 07/09/2011, p. 72. Tese 115

115 - TESE 116

JÚRI – REVISÃO CRIMINAL – NOVO JULGAMENTO - RESTRITO

Em revisão criminal, o Tribunal de Justiça pode determinar seja o réu submetido a novo
julgamento pelo júri, se entender que a decisão é manifestamente contrária à prova dos
autos, mas não pode alterar a decisão do conselho de sentença. (D.O.E., 12/06/2003,
p. 32) Tese 116

207
222
(PROCESSO PENAL)

116 - TESE 117

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS - LEI Nº 9.099/95 - SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO - ATO DISCRICIONÁRIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO - CONCESSÃO DE OFÍCIO PELO
JUIZ - INADMISSIBILIDADE

A suspensão condicional do processo é ato discricionário do representante do


Ministério Público. Se houver recusa deste, deve o Juiz remeter os autos ao Procurador-
Geral de Justiça, por aplicação analógica do artigo 28 do Código de Processo Penal.
(D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 117

PROCESSO PENAL)

117 - TESE 118

RÉU REVEL CITADO POR EDITAL – PROVA TESTEMUNHAL – PRODUÇÃO ANTECIPADA –


URGENTE - RESTRITO

A produção antecipada de prova oral é, de regra, urgente. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32)


Tese 118

(PROCESSO PENAL)

118 - TESE 119

APROPRIAÇÃO INDÉBITA – RESSARCIMENTO DO PREJUÍZO – PERMANÊNCIA DA TIPICIDADE

Consumado o crime de apropriação indébita, o ressarcimento do prejuízo não afasta o


caráter ilícito do fato, servindo tão-somente para diminuir a pena. (D.O.E., 12/06/2003,
p. 32) Tese 119

119 - TESE 120

FALTA DE HABILITAÇÃO PARA DIRIGIR VEÍCULO - ARTIGO 32 DA LEI DAS CONTRAVENÇÕES


PENAIS - VIGÊNCIA

208
222
O artigo 32 da LCP não foi revogado pelo Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº
9.503/97). (D.O.E., 11/10/2000, p. 26) Cancelada na Reunião Extraordinária de
24/04/2001, conforme Aviso nº 251/2001-PGJ, publicado no D.O.E de 08/05/2001, p.
25. Tese-120

120 - TESE 121

ROUBO - CONSUMAÇÃO - IMPRÓPRIO

O roubo impróprio se consuma com o emprego da grave ameaça ou violência à pessoa.


(D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 121

121 - TESE 122

DENÚNCIA - CRIMES SOCIETÁRIOS - DESNECESSIDADE DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA


CONDUTA - NECESSIDADE DE NARRATIVA DE FATO CRIMINOSO

Nos crimes societários ou de autoria coletiva, não é imprescindível que a denúncia


descreva a participação pormenorizada de cada acusado. Mas é necessário que
descreva, pelo menos, o modo como os co-autores concorreram para o crime. (D.O.E.,
12/06/2003, p. 32) Tese 122

(PROCESSO PENAL)

122 - TESE 123

PROVA – GRAVAÇÃO DE CONVERSA TELEFÔNICA – UM DOS INTERLOCUTORES –


LEGALIDADE

A gravação de conversa telefônica por um dos interlocutores é lícita como prova no


processo penal. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 123

(PROCESSO PENAL)

123 - TESE 124

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – TRANSAÇÃO PENAL – SUSPENSÃO


CONDICIONAL DO PROCESSO – CRIMES COM PENA DE MULTA ALTERNATIVA –
INADMISSIBILIDADE

209
222
Nos crimes onde haja pena de prisão ou multa, deve ser considerada a pena privativa
de liberdade e não a pecuniária, para os efeitos da transação penal e da suspensão
condicional do processo. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 124

(PROCESSO PENAL)

124 - TESE 125

PERIGO ABSTRATO – CRIMES OU CONTRAVENÇÕES – ADMISSIBILIDADE

O legislador penal brasileiro não está proibido de prescrever crimes e contravenções


penais de perigo abstrato. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 125

125 - TESE 126

CRIMES DE RESPONSABILIDADE DE PREFEITO MUNICIPAL – DECRETO LEI Nº 201/67 – PENA


ACESSÓRIA – PERDA DO MANDATO ELETIVO – ADMISSIBILIDADE

O parágrafo 2º do artigo 1º do Decreto-lei nº 201/67 não foi revogado pelo artigo 12


do Código Penal. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 126

126 - TESE 127

ROUBO – CONSUMAÇÃO – PRÓPRIO

O crime de roubo próprio se consuma no momento, ainda que breve, em que o agente
se torna possuidor da coisa mediante grave ameaça ou violência, sendo desnecessário
que o bem saia da esfera de vigilância da vítima, bastando que cesse a clandestinidade
ou a violência. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 127

127 - TESE 128

JÚRI - ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA - PROVA ABSOLUTAMENTE SEGURA

A absolvição sumária exige prova segura e incontroversa. (D.O.E., 11/10/2000, p. 26).


Cancelada na R.O.M. de 05/06/2003, conforme Aviso nº 288/2003, publicado no D.O.E.
de 11/06/03, p. 45. Tese-128

210
222
128 - TESE 129

INDULTO – EXCLUSÃO DOS CRIMES HEDIONDOS – ADMISSIBILIDADE – RETROATIVIDADE


GRAVOSA INEXISTENTE - RESTRITO

O decreto presidencial que concede indulto coletivo pode ser parcial, ou seja,
beneficiar condenados por certos delitos e excluir os condenados por outros. Essa
exclusão pode fazer-se com a simples referência aos crimes que a lei classifica como
hediondos (Lei nº 8.072/90), ainda que praticados antes da lei entrar em vigor. (D.O.E.,
12/06/2003, p. 32) Tese 129

129 - TESE 130

PROVA – LOCALIZAÇÃO DE TESTEMUNHAS – REQUERIMENTO DO PROMOTOR


SOLICITANDO QUE O JUÍZO EXPEÇA OFÍCIOS – ADMISSIBILIDADE

O Ministério Público pode expedir ofícios a órgãos públicos para localizar testemunhas.
No entanto, esta faculdade não desobriga o Juiz de atender ao requerimento do
representante do Ministério Público. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 130

(PROCESSO PENAL)

130 - TESE 131

JÚRI – SEMI-IMPUTABILIDADE – RECONHECIMENTO – CONSELHO DE SENTENÇA

O reconhecimento da semi-imputabilidade é da competência do Conselho de


Sentença. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32, retificada na R.O.M de 14/02/2008, conforme
Aviso nº 081/2008-PGJ, publicado no D.O.E. de 20/02/2008, p. 79). Tese-131

(PROCESSO PENAL)

131 - TESE 132

CRIMES HEDIONDOS - REGIME INTEGRALMENTE FECHADO - LEI Nº 9.455/97 (TORTURA) -


NÃO APLICAÇÃO

As condenações por delito nomeado ou equiparado a hediondo pela Lei nº 8.072/90,


devem ser cumpridas em regime integralmente fechado, vedada a progressão. A lei nº

211
222
9.455/97 não derrogou a Lei dos Crimes Hediondos. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32).
Cancelada na R.O.M. de 12/04/2007, conforme Aviso n. 234/2007-PGJ, publicado no
D.O.E. de 18/04/2007, p.51. Tese-132

132 - TESE 133

PRISÃO PREVENTIVA – FUGA DO RÉU – ADMISSIBILIDADE

A fuga do réu justifica o decreto de prisão preventiva para viabilizar a instrução criminal
e a aplicação da lei penal. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 133

(PROCESSO PENAL)

133 - TESE 134

PENA – REGIME – FECHADO OU SEMI-ABERTO – DISPOSIÇÃO EXPRESSA

Nos termos do artigo 33 do Código Penal, se o réu for condenado a pena superior a
oito anos o regime inicial fechado é obrigatório. Se for condenado a pena superior a
quatro e inferior a oito o regime inicial é o semi-aberto. (D.O.E., 11/10/2000, p. 26)
Cancelada na R.O.M. de 05/06/2003, conforme Aviso nº 292/2003-PGJ, publicado no
D.O.E. de 11/06/03, p. 46. Tese-134

134 - TESE 135

HOMICÍDIO - DUAS OU MAIS MORTES EM UM SÓ ATO - CONCURSO FORMAL IMPERFEITO E


NÃO CRIME CONTINUADO

Na prática de mais de um crime doloso contra a vida, mediante uma só ação, havendo
múltiplos desígnios, ocorrerá o concurso formal imperfeito e não o crime continuado.
(D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 135

135 - TESE 136

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO – MAUS ANTECEDENTES – INADMISSIBILIDADE

212
222
Os maus antecedentes do autor do fato impedem a suspensão do processo.
Condenações há mais de cinco anos, inquéritos policiais arquivados ou crimes em que
ocorreu prescrição são indicativos de maus antecedentes. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32)
Tese 136

(PROCESSO PENAL)

136 - TESE 137

ENTORPECENTES - TRÁFICO - CAUSA DE AUMENTO DE PENA - INTERIOR DE


ESTABELECIMENTO PENAL - PRESIDIÁRIO - ADMISSIBILIDADE

Aplica-se ao presidiário que comete o crime de tráfico de entorpecentes no interior de


estabelecimento penal a causa de aumento de pena do artigo 18, IV, da Lei nº 6.368/76.
(D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 137

137 - TESE 138

DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA – CARACTERIZAÇÃO – INEXISTÊNCIA DE INQUÉRITO POLICIAL


OU PROCESSO JUDICIAL – IRRELEVÂNCIA – INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 339 DO CÓDIGO
PENAL - RESTRITO

Para a consumação do delito do artigo 339 do Código Penal, basta que a imputação de
crime, a quem sabe inocente, acarrete investigação policial, que não precisa assumir
feições de inquérito policial. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 138

138 - TESE 139

DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA - MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO - REPRESENTAÇÃO


APRESENTADA NA PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA PARA APURAR INFRAÇÕES PENAIS -
CARACTERIZAÇÃO - PRERROGATIVA DE SEU CARGO

A representação apresentada na Procuradoria-Geral de Justiça, objetivando apurar


prática de infrações penais atribuídas a membros do Ministério Público é suficiente para
a caracterização do crime de denunciação caluniosa, tendo em vista as prerrogativas
dos seus representantes. (D.O.E., 11/10/2000, p. 26). Cancelada na R.O.M. de

213
222
05/06/2003, conforme Aviso nº 293/2003-PGJ, publicado no D.O.E. de 11/06/03, p. 46.
Tese 139

139 - TESE 140

PENAS – RESTRITIVAS DE DIREITOS – MULTA – ABSTRATAMENTE COMINADAS NA PARTE


ESPECIAL – CUMULAÇÃO – ADMISSIBILIDADE

As penas alternativas e a pena de multa, abstratamente cominadas na parte especial,


devem ser cumuladas. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 140

140 - TESE 141

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS - LEI Nº 9.099/95 - SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO - PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE PROVAS - ADMISSIBILIDADE

Se o beneficiário descumprir condições cuja revogação é facultativa, ou permanecer


fora do país, ainda que com autorização judicial, o Juiz pode determinar a prorrogação
do período de provas da suspensão condicional do processo. (D.O.E., 12/06/2003, p.
32). Tese 141

(PROCESSO PENAL)

141 - TESE 142

PENAS – RESTRITIVAS DE DIREITOS – PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE SUPERIOR A UM ANO


– DUAS RESTRITIVAS – CUMULAÇÃO OBRIGATÓRIA

Condenado o réu a pena privativa de liberdade superior a um ano, deve ser substituída
por duas penas restritivas de direitos. Inadmissível a substituição por uma restritiva e
multa e o afastamento desta. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 142

142 - TESE 143

MEDIDA DE SEGURANÇA - FATO PUNÍVEL COM RECLUSÃO - INTERNAÇÃO OBRIGATÓRIA


DO INIMPUTÁVEL

Se o fato for punível com reclusão, a medida de segurança inicial será obrigatoriamente
a de internação. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 143

214
222
143 - TESE 144

APELAÇÃO – DESERÇÃO

A decisão que julga deserta a apelação pela fuga do réu não ofende a garantia
constitucional da presunção de inocência. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 144

(PROCESSO PENAL)

144 - TESE 145

ARMA – PORTE – “DESMUNICIADA” – LEI Nº 10.826/03.

Os artigos 14 e 16 da Lei nº 10.826/03 não exigem esteja a arma municiada. (D.O.E.,


12/06/2003, p. 32) Redação alterada na R.O.M. de 13/09/2007 – D.O.E de 26/09/2007,
p. 51. Tese-145

145 - TESE 146

PROVA – DILIGÊNCIA – DETERMINAÇÃO DE OFÍCIO PELO JUIZ – ADMISSIBILIDADE –


PRINCÍPIO DA VERDADE REAL – ARTIGOS 156 E 538, "CAPUT", E PARÁGRAFO 4º, DO CÓDIGO
DE PROCESSO PENAL - RESTRITO

A lei processual penal atribui ao Juiz a faculdade da iniciativa das provas, tendo em vista
o princípio da verdade real. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 146

(PROCESSO PENAL)

146 - TESE 147

DUPLICATA SIMULADA – LEI 8.137/90 – VENDA E PRESTAÇÃO DE SERVIÇO INEXISTENTE –


TIPICIDADE

A emissão de duplicata sem a correspondente venda ou prestação de serviço, total ou


parcial, tipifica o delito do artigo 172 do Código Penal. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese
147

215
222
147 - TESE 148

ENTORPECENTES - TRÁFICO - CO-AUTORIA EVENTUAL - AUMENTO PREVISTO NO ARTIGO


18, III DA LEI Nº 6.368/76

Para a configuração da causa de aumento prevista no artigo 18, III, da Lei de Tóxicos,
basta a mera co-autoria, ainda que eventual.(D.O.E., 12/06/2003, p. 32)Cancelada na
R.O.M. de 07/12/2006, conforme Aviso nº 521/2007-PGJ, publicado no D.O.E. de
29/08/2007, p. 36. Tese-148

148 - TESE 149

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO – ACUSADO DENUNCIADO POR INFRAÇÃO PENAL CUJA PENA MÍNIMA É
SUPERIOR A UM ANO – DESCLASSIFICAÇÃO NA SENTENÇA – INADMISSIBILIDADE

Se o réu for denunciado por crime cuja pena mínima ultrapasse um ano e na sentença
houver desclassificação para infração penal com reprimenda mínima igual ou inferior a
um ano, inadmissível a suspensão condicional do processo, prevista no artigo 89, da Lei
nº 9.099/95. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 149

(PROCESSO PENAL)

149 - TESE 150

INDULTO – COMUTAÇÃO – DECRETO Nº 3.226/99

A comutação da pena é espécie de indulto, portanto, o artigo 7º do Decreto nº 3.226/99


veda a sua concessão. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 150

150 - TESE 151

PENA – REGIME – FECHADO OU SEMI-ABERTO – DISPOSIÇÃO EXPRESSA

Nos termos do artigo 33 do Código Penal, se o réu for condenado a pena superior a
quatro e inferior a oito anos o regime inicial é o fechado ou o semi-aberto. Superior a
oito anos, o regime é o fechado. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 151

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151 - TESE 152

ROUBO – RESISTÊNCIA – CONCURSO MATERIAL

Responde pelo delito de roubo em concurso material com o crime de resistência o


agente que, logo após a prática do crime patrimonial, resiste à ordem de prisão que lhe
deram policiais. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 152

152 - TESE 153

ROUBO - EXTORSÃO - ARMA INEFICAZ - CAUSA DE AUMENTO DE PENA

O uso de arma ineficaz constitui causa de aumento de pena no roubo ou na extorsão.


(D.O.E., 12/06/2003, p. 32). Cancelada na R.O.M. de 04/11/2004, conforme Aviso nº
643/2004-PGJ, publicado no D.O.E. de 19/11/2004, p. 26. Tese-153

153 - TESE 154

ARMA – QUALIFICADORA – CONDENAÇÃO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI Nº 9.437/97 –


ADMISSIBILIDADE

Se o réu já foi condenado por crime contra a pessoa, contra o patrimônio ou por tráfico
de entorpecente, irrelevante que a condenação tenha ocorrido em data anterior à
vigência da Lei nº 9.437/97, pois a conduta apenada é a do porte ilegal de armas.
(D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Cancelada na R.O.M. de 02/02/2006, conforme Aviso nº
160/2006-PGJ, publicado no D.O.E. de 07/04/2006, p. 63. Tese-154

154 - TESE 155

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO – REVOGAÇÃO – NOTÍCIA DE OUTRO PROCESSO APÓS O PERÍODO DE PROVAS

A suspensão condicional do processo será revogada se, no curso do prazo, o


beneficiário vier a ser processado por outro crime, mesmo que a notícia chegue após
expirado o prazo do período de provas. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 155

(PROCESSO PENAL)

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155 - TESE 156

FURTO – DEMISSÃO DO EMPREGO – PROMESSA DE REPARAÇÃO DO DANO – DENÚNCIA –


REJEIÇÃO – AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA – INADMISSIBILIDADE

O fato de o agente ter sido demitido do emprego e prometido reparar o dano causado
pela prática do crime de furto não permite a rejeição da denúncia por falta de justa
causa. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 156

156 - TESE 157

ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO AUTOMOTOR – PLACAS


ADULTERADAS – FITA ADESIVA

Caracteriza o crime do artigo 311 do Código Penal o fato de o agente adulterar as


placas do automóvel com utilização de fita adesiva. Tese 157 (D.O.E., 12/06/2003, p.
32)

157 - TESE 158

CRIMES CONTRA OS COSTUMES - ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR - ESTUPRO - TODAS AS


FORMAS - CRIMES HEDIONDOS

O atentado violento ao pudor e o estupro, em todas as suas formas, são considerados


crimes hediondos. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 158

158- TESE 159

EXECUÇÃO PENAL – FALTA GRAVE – FUGA – PRESCRIÇÃO – TERMO INICIAL

Em se tratando de falta grave, consistente em fuga, o prazo prescricional flui a partir da


recaptura, pois se trata de infração disciplinar permanente. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32)
Tese 159

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222
159 - TESE 160

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO – REVOGAÇÃO – PERÍODO DE PROVA – BENEFICIÁRIO PROCESSADO POR
OUTRO CRIME – PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA – CONSTITUCIONALIDADE

A revogação da suspensão condicional do processo, em virtude de ser o beneficiário


processado, durante o período de prova, por outro crime, não constitui
constrangimento ilegal, porque não fere o princípio constitucional da presunção de
inocência. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Tese 160

(PROCESSO PENAL)

160 - TESE 161

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – LEI Nº 10.259/01 – INFRAÇÃO PENAL DE


MENOR POTENCIAL OFENSIVO – CONCEPÇÃO – NÃO ALCANCE - RESTRITO

A Lei nº 10.259/01, em seu artigo 2º, parágrafo único, alterando a concepção de


infração de menor potencial ofensivo, não alcança o disposto no artigo 61, da Lei nº
9.099/95. (D.O.E., 12/06/2003, p. 32) Cancelada conforme Aviso nº 622/03, publicado
no D.O.E de 18/11/2003, p. 31. Tese 161

161 - TESE 162

CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE - PROPRIEDADE PARTICULAR - COMPETÊNCIA - JUSTIÇA


ESTADUAL

Compete à Justiça Estadual processar e julgar os crimes contra o meio ambiente, exceto
se houver lesões a bens, serviços ou interesses da União. (D.O.E., 04/11/2003, p. 47)
Tese 162

(PROCESSO PENAL)

162 - TESE 163

CRIMES DE TRÂNSITO – EMBRIAGUEZ AO VOLANTE – AÇÃO PENAL PÚBLICA


INCONDICIONADA

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O crime de embriaguez ao volante, definido no artigo 306 do CTB, é de ação penal
pública incondicionada, dado o caráter coletivo do bem jurídico tutelado (segurança
viária), bem como a inexistência de vítima determinada. (D.O.E., 05/11/2003, p. 30) Tese
163

163 - TESE 164

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI Nº 9.099/95 – LEI Nº 10.259/01 – SUSPENSÃO


CONDICIONAL DO PROCESSO – CONCEPÇÃO – NÃO ALCANCE

A Lei nº 10.259/01, em seu artigo 2º, parágrafo único, alterando a concepção de


infração de menor potencial ofensivo, não alcança o disposto no artigo 89, da Lei nº
9.099/95. (D.O.E., 20/01/2004, p. 32) Tese 164

(PROCESSO PENAL)

164 - TESE 165

RECURSO – PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE – AUSÊNCIA DE MÁ FÉ – DIREITO AO DUPLO GRAU


DE JURISDIÇÃO

A interposição de um recurso pelo outro não impede seu conhecimento, salvo hipótese
de má fé. (D.O.E., 24/03/2004, p. 27) Tese 165

(PROCESSO PENAL)

165 - TESE 166

SONEGAÇÃO FISCAL – QUITAÇÃO DO DÉBITO TRIBUTÁRIO APÓS O OFERECIMENTO DA


DENÚNCIA – EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE – INOCORRÊNCIA

Se o débito tributário for quitado após o oferecimento da denúncia por crime de


sonegação fiscal, não há falar em extinção da punibilidade. (D.O.E., 31/03/2004, p. 217)
Tese 166

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166 - TESE 167

CRIMES CONTRA OS COSTUMES - ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR - ESTUPRO - FORMA


SIMPLES - CRIME HEDIONDO - COMUTAÇÃO DE PENA - INADMISSIBILIDADE

O atentado violento ao pudor e o estupro, na forma simples, são crimes hediondos,


inadmissível, pois, a comutação de pena. (D.O.E., 07/04/2004, p. 48) Tese 167

167 - TESE 168

MINISTÉRIO PÚBLICO – DESENTRANHAMENTO DA MANIFESTAÇÃO DO PROCURADOR DE


JUSTIÇA – DETERMINAÇÃO DA CÂMARA JULGADORA – OFENSA AOS ARTIGOS 1º,
PARÁGRAFO ÚNICO; E 41, V, DA LONMP – INADMISSIBILIDADE

O Ministério Público é livre em suas manifestações processuais ou procedimentais, nos


limites de sua independência funcional (artigos 41, V, da LONMP; e 129 da CF) (D.O.E.,
14/04/2004, p. 53) Tese 168

168 - TESE 169

QUEIXA OU REPRESENTAÇÃO – OFENDIDO – PRAZO – SÚMULA 594 DO STF

Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente,


pelo ofendido ou por seu representante legal (Súmula 594 do STF). Assim, o prazo
decadencial para o ofendido começa a fluir a partir dos 18 anos. (D.O.E., 21/04/2004,
p. 37) Tese 169

(PROCESSO PENAL)

169 - TESE 170

LATROCÍNIO – CONCURSO DE AGENTES – PARTICIPAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA –


INAPLICABILIDADE

O roubo com morte é delito qualificado pelo resultado, sendo que este plus pode ser
imputado na forma de dolo ou de culpa. Respondem, portanto, pelo resultado morte,
situado evidentemente em pleno desdobramento causal da ação delituosa, todos que,
mesmo não agindo diretamente na execução da morte, contribuíram para a execução
do tipo fundamental. (D.O.E., 05/05/2004, p. 40) Tese 170

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