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RICUPERO, Bernardo. Sete lições sobre as interpretações do Brasil. São Paulo: Alameda, 2011.

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Movimento Regionalista do Nordeste: “Essa vertente do modernismo, desenvolvida numa
região não tão tocada pela industrialização e a urbanização, valoriza mais a tradição e nutre
certa hostilidade pelo cosmopolitismo.

Casa-Grande & Senzala relaciona-se diretamente com a Revolução de 1930: ver citação abaixo:
PÁGINA 79:
A partir da Revolução de 1930, o mundo rural e aristocrático que Freyre tenta trazer de volta,
nem que seja pela recordação, desaparece definitivamente. Mas, num sentido diferente, é
possível, considerar, como Elide Rugai Bastos, que o sociólogo pernambucano, apesar de seu
saudosismo aparentemente até antipolítico, é o principal idólogo da modernização conservadora
brasileira, isto é, do processo de transformação social sem ruptura com o passado que o país
passa a viver a partir de 1930.

PÁGINA 80:
Num outro sentido, a crise da época estimula igualmente a reavaliação do passado do país,
contribuindo para a edição de livros sobre o Brasil.

Ricupero destaca a postura originalmente racista de Freyre

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O patriarcalismo não seria fenômeno geográfico, mas social, criado pelo latifúndio monocultor
e a escravidão. A força desse sistema seria tal que, para além do Brasil, ele surgiria em outros
ambientes.

Para Gilberto Freyre é o patriarcalismo que, existindo de norte a sul, daria unidade ao país.

PÁGINA 89:
De qualquer maneira, o patriarcalismo tornaria possível falar na existência de uma cultura
brasileira, não simples prolongamento da europeia, mas algo próprio e distinto, relacionado com
o tipo de ambiente que o colonizador encontrou na América.

Ricupero alerta que o retrato da família patriarcal construído por Freyre não é capaz de
representar todo o conjunto da população brasileira.
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Todas essas características, raciais, culturais e sociais, tornariam o português um povo de grande
plasticidade social. Portanto, estaria particularmente apto para realizar a obra de colonização.
A falta de homens brancos que pudessem realizar o trabalho exigido nas colônias teria sido
compensada pela mobilidade do colonizador e, principalmente, sua miscibilidade. Tal tendência
possibilitaria que uns poucos homens brancos minorassem o problema da ausência de braços,
"fazendo filhos" nas mulheres índias e negras.

PÁGINA 94:
Em particular, as relações entre portugueses e índios e entre portugueses e negros, ou melhor,
entre senhores-homens e es-cravas-mulheres seriam marcadas pelo sadismo dos primeiros e
masoquismo das últimas. Ou seja, a proximidade, inclusive, ou principalmente, sexual, não se
daria de maneira igualitária, mas como expressão da condição social dos envolvidos com ela.
Uns, os senhores, submeteriam as outras, as escravas, a seus caprichos.
Dessa maneira, o sadismo e o masoquismo da relação entre senhor e escrava se faria sentir para
além dela, inclusive na política, onde o mandonismo sempre encontraria quem estivesse
disposto a submeter-se a ele.
De qualquer maneira, o equilíbrio de antagonismos, que marcaria a colonização portuguesa,
teria criado algo novo e original:
"a primeira sociedade moderna constituída nos trópicos"≥ Isto é, se teria formado não uma
simples feitoria, mas uma organização social que deixou marca de permanência.

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