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TEORIA CONSTITUCIONAL

UNIDADE IV
1. No constitucionalismo contemporâneo, quais são as pré-condições jurídico-políticas
para se pensar os diferentes tipos de relação entre o Estado e as religiões?
As modernas Constituições e os catálogos de Direitos Fundamentais e de Direitos
Humanos deixam claro que em uma ancoragem de liberdade de religião e visão de
mundo, não é possível uma relação Estado-Igreja no âmbito da identificação material
(“não há igreja estatal”, art. 137, I, da Constituição de Weimar).
Um sistema eclesiástico-estatal com união material de Estado e Igreja iria confundir-se
já em sua estrutura e poder de coerção de natureza interna e externa, tornando
impossível uma livre decisão de fé/crença e impedindo, em geral, uma igualdade de
religião, seja ela de que natureza fosse.
Assim sendo, o Direito moderno prescreve três pressupostos para as relações atuais
entre Estado e Igreja: cisão (distância ou separação em sentido amplo), liberdade e
igualdade. Todas as três características podem ser entendidas em uma determinação
mínima dissociada, permeável e disposta ao compromisso ou de uma forma estrita,
rigorosa, absoluta ou concorrente.
2. Descreva o modelo de separação estrita entre o Estado e as religiões.
Ampla liberdade de religião significa maior distância entre Estado e religião em si, bem
como das outras religiões, pois na maior distância do poder estatal, fiéis e igrejas podem
desenvolver sua doutrina de forma mais pura, formular suas próprias regras e as aplicar
sem a coerção do poder estatal.
No modelo de distanciamento é difícil proibir ou regulamentar de fora, qualquer religião
é igual para o Estado, tem igual validade, mas é também indiferente.
Religiões são simplesmente concorrentes no amplo e desenfreado mercado da
transcendência. O modelo subentende, além disso, que tal distância não é somente para
as religiões, mas também para o poder secular, o qual se omite das disputas
fundamentalistas que ocorrem entre as religiões isoladas, e se concentra na preservação
dos interesses seculares de proteção da vida, bem estar e não violência.
Sob o ponto de vista jurídico-organizacional, um modelo efetivo de distância leva à
separação estrita entre Estado e Igreja e a uma maior disposição para já antecipadamente
diagnosticar coação estatal e tratamentos desiguais em face dos fiéis e das comunidades
de fé, em caso de intervenções marginais e tratamentos desiguais, e as classificar como
inconstitucionais.
3. Discorra sobre as vantagens e as desvantagens do modelo de separação estrita
entre o Estado e as religiões.
Como vantagem pode-se entender que se garante a maior pureza e liberdade das
doutrinas das comunidades de fé face à regulamentação estatal. Além disso, não surgem
problemas de igualdade nas atividades estatais em relação ao espectro das crenças e
organizações religiosas no país, porque o poder estatal simplesmente se mantém
distante; ele não se ocupa com nada além da proteção contra a violência (Estado e
Direito colocam à disposição somente uma ordem geral que proíbe a violência).
Como desvantagem, cita-se que a relação entre moral estatal e constitucional face à
moral religiosa permanece imprecisa, pois aparecem como fontes separadas, isoladas de
orientação da vida; permanece em aberto como elas se colocam entre si. Com isso, não
ocorre nenhum acordo ou mediação institucional entre as duas fontes de moral, a partir
do que se poderia esperar um direcionamento socioeducativo comum.
4. Descreva o modelo da igualdade das religiões como valor preferencial.
Este modelo da segurança da igualdade propaga que não depende, ou não tanto, de
proximidade ou distanciamento entre Estado e Igreja, enquanto não houver união
material proibida entre ambos; devendo se diferenciar, muito mais, se não deve dominar
uma igualdade formal ou material entre as igrejas e sua relação com o Estado.
O axioma da igualdade nesse modelo é geralmente considerado numa função mais forte
que compreende o tratamento igualitário estrito também e justamente das pequenas
comunidades, ou até ordena a equiparação das chances justamente das religiões
pequenas ou minoritárias, mesmo que nisso se perca distância.
5. Discorra sobre as vantagens e as desvantagens do modelo da igualdade das religiões
como valor preferencial.
O princípio da igualdade, ancorado no âmbito da fundamental cisão e separação, mesmo
que não estrita, tem vantagens quanto ao objetivo político da integração das religiões
minoritárias. Isso vale especialmente se seus adeptos estão sensibilizados para toda
forma de tratamento desigual, ou até mesmo percebem que por detrás de toda
desvantagem há recusa e desprezo.
Ao contrário, atenção especial ou ajuda às religiões minoritárias também podem levar à
desintegração dos adeptos de uma religião minoritária, caso estes desenvolvam a ideia
de que Lei e Direito não têm mais somente caráter geral, mas também oferecem um
status especial para minorias e justamente suas sensibilidades.
Sob o ponto de vista do princípio da distância, o modelo da igualdade tem naturalmente
o problema de que não somente não se devem evitar relações de proximidade, senão até
mesmo buscar essas relações para se cooperar com todas as comunidades de fé em razão
do objetivo do tratamento igualitário ou até de equiparação entre grandes e pequenas,
pobres ou ricas. Com isso pode-se esperar mesclas/confusões e
‘máculas/contaminações’ entre o secular e o religioso.
Também é possível o aumento de prerrogativas/exigências de tratamento igualitário ou
fomento especial de todas as religiões e igrejas possíveis, até para as comunidades
menores. Quanto mais estrita e exigente for entendida e formulada a igualdade, tão mais
amplo e extenso se torna seu âmbito de aplicação, tão maior pode ser a disputa por um
tratamento igualitário adequado, e possivelmente se torna mais conflituosa a relação
entre os fiéis e suas comunidades de fé e o poder estatal
6. Descreva o modelo da integração através da proximidade entre religião civil e moral
constitucional.
O lema é uma aproximação, uma complementação recíproca de ambos os poderes, até a
cooperação em relação ao âmbito moral ou senso de cidadania do qual depende toda a
ordem social.
Aproximação significa, por um lado, uma equiparação ou total identificação entre uma
religião e uma formação estatal, seja em mensagem, organização ou pessoas. Há que se
manter uma separação do âmbito religioso-espiritual em relação ao secular. Por outro
lado, a aproximação pressupõe que apesar das diferenças apontadas, também deve haver
algo que vincule, para que tal aproximação não seja somente expressão de política de
poder vinculada à maioria, de um lado ou de outro.
Historicamente, a concepção de proximidade pode adquirir importância naqueles países
em que partes importantes da moral social não sejam talvez exclusivamente, mas
preponderantemente cunhadas por uma tradição religiosa isolada de maioria. No ponto
central não se encontram, portanto, maiorias políticas ocasionais para determinado
programa de espírito da época, e sim, tradições formadas durante longo tempo em
épocas fáceis e difíceis, geralmente contra adversidades, tendo assim atrás de si uma
prova histórica de afirmação.
7. Discorra sobre as vantagens e as desvantagens do modelo da integração através da
proximidade entre religião civil e moral constitucional.
A vantagem conforme a situação histórica considera que se a identidade e unidade
normativa de um Estado repousam na essência da religião civil, então faz sentido que o
poder estatal entenda esse potencial de identificação e lealdade não de forma estreita ou
indiferente, mas sim como fonte limitada que merece reconhecimento e também apoio.
Assim, se o Estado reconhece e até fomenta tais forças integradoras, isso leva
também a um forte reconhecimento das forças religiosas dominantes. Ou seja, com
tal aproximação se chega a uma consideração e a um reconhecimento mais fortes de
uma crença de toda forma cultural, política e religiosamente dominante.
Contudo, essa ideia trás, por parte das religiões minoritárias, uma suspeita de tutela,
tratamento desigual e discriminação, e também não está distante a dúvida de que os
âmbitos político e religioso se misturam.
Nesse modelo está mal construída a absolutização de separação, distância e liberdade,
como objetiva, tendencialmente, o primeiro modelo. Também está mal construída uma
comparação ou compensação automática em favor de religiões minoritárias através de
‘igual’ ou até mesmo ‘especialmente forte’ fomento, como se apresenta no segundo
modelo.
Pode-se dizer que nesse modelo, as vantagens e desvantagens mais ou menos se
equivalem.
UNIDADE V
1. Distinga os dois significados de liberdade.
Benjamin Constant distinguiu dois gêneros de liberdade: a política e as individuais. A
primeira seria o gênero próprio dos povos antigos e consistiria no direito ao exercício
coletivo e direto pelos cidadãos da soberania como um todo, deliberada na praça
pública. Segundo ele, a liberdade política é a garantia das liberdades individuais, “o
meio mais enérgico de melhoria que o Céu nos deu”).
Já as liberdades individuais seriam o gênero próprio do mundo moderno e consistiriam
no direito de cada indivíduo de não poder ser preso arbitrariamente, no direito de
manifestar livremente seu pensamento, no direito de credo e de culto, no direito de ir,
vir e permanecer, no direito de reunião, no direito de propriedade, etc.
2. Discorra sobre a distinta apreciação do valor igualdade entre direta e esquerda.
Enquanto concepções democráticas, esquerda e direita compartilham a mesma
postura de respeito diante do valor liberdade.
Enquanto entes divergentes, segundo Norberto Bobbio, a distinção deriva da diferença
de percepção daquilo que tornam os homens iguais ou desiguais. Para ele, à esquerda
é atribuída uma maior sensibilidade para diminuir as desigualdades, sendo mais
igualitária que a direita. Entretanto, isso não significa que a esquerda pretenda
eliminar todas as desigualdades ou que a direita queira conservá-las.
Ao passo que, como concepções antidemocráticas, esquerda e direita adotam uma
postura de desrespeito diante do valor liberdade, caracterizando o extremismo
político. Nesse caso, a direita antidemocrática (extrema direita) almeja desigualar os
homens em superiores e inferiores (distopia da hierarquização), ao passo que a
extrema esquerda, no sentido oposto, tem como projeto político a distopia do
nivelamento.
3. Qual o projeto político de Hermann Heller?
Heller acreditava que, com a Constituição da República de Weimar, por meio do
sufrágio universal e das diretrizes materiais do Estado social de direito, seria possível
alavancar uma mudança social.
Seu posicionamento reformista compreendia a instauração do socialismo como a
sujeição da “lei do máximo rendimento” (regente do modelo de produção capitalista) à
“lei da cooperação socioterritorial”.
Visando apresentar soluções às graves desigualdades existentes em uma sociedade de
classes, Heller propunha três frentes de ação dos socialistas na economia: (i) reverter o
processo de privatização do Estado pelo poder econômico; (ii) promover a intervenção
direta do Estado na economia, constituindo o Estado uma sólida base de poder
econômico próprio e (iii) planejar a economia, “buscando uma coincidência relativa
entre o território do Estado e a esfera econômica, ao menos na forma de um
monopólio do comércio exterior”.
4. Qual o conceito de Estado de Hermann Heller?
O conceito de Estado em Heller corresponde ao Estado moderno e suas
transformações, como configuração nova da divisão do poder político em relação à
configuração pluralista da Idade Média.
Segundo ele, “o Estado é a unidade de ação que constitui a instância de decisão sobre
um território” e se “diferencia de todos os outros grupos territoriais de dominação por
seu caráter de unidade soberana de decisão e de ação”, tendo à sua disposição, como
último recurso, a força física atualizada de maneira unitária.
Seu conceito parte de “singulares considerações de tempo e lugar”, compreendendo o
Estado “em sua estrutura e função atual, em “seu vir a ser”, “com o fim de investigar a
específica realidade estatal que nos circunda”.
5. O que significa Estado soberano?
Para Heller, a soberania do Estado significa a soberania da organização estatal como
poder de organização territorial supremo e exclusivo. O Estado, como organização
territorial soberana, é o criador supremo das normas e tem o monopólio do poder de
coação física legítima, a “ultima ratio” de todo poder.
6. Diferencie Estado de governo.
ok
7. Qual o conceito de política de Hermann Heller?
ok
8. Diferencie explicação de justificação.

9. Discorra sobre a concepção burguesa de Estado de direito.

10. Em que consiste a crítica marxista ao Estado de direito?

11. Distinga democracia de autocracia.


12. Relacione Estado liberal e democracia.

13. Discorre sobre as especificidades da democracia representativa.

14. Discorra sobre o pressuposto da democracia.


9.2
15. Discorra sobre a condição material da democracia.
9.3
16. Discorra sobre o conceito de Estado social de direito.

17. Em que sentido o Estado social de direito é a justificação do Estado democrático?


18. Defina o fascismo.

UNIDADE VI
1. A quem se volta o princípio jurídico da igualdade?

2. O princípio jurídico da igualdade interdita todo tratamento diferenciado?


3. Quais são as diferenciações juridicamente intoleráveis?
4. Quando uma diferenciação de tratamento é racionalmente justificada?

5. Qualquer justificativa racional (fundamento lógico) autoriza a diferenciação de


tratamento?

6. Discorra sobre a generalidade e a abstração e sua influência na compreensão do


princípio jurídico da igualdade.
ok
7. Qual o papel da Constituição na compreensão do princípio jurídico da igualdade?

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