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Em que pese o livro ter como objetivo apresentar as ideias e contribuições dos principais autores do

pós-estruturalismo, o Peters busca inicialmente deixa claro que pós-estruturalismo e pós-


modernismo não são a mesma coisa, ainda que eles sejam comumente vistos como sinônimos, o que
não deve ser feito, conforme o Peters.
Então, dada essa contextualização o Peters inicia sua obra falando sobre o modernismo que se pode
ser analisado sobre dois pontos de vista: o primeiro deles, mais simplista, está atrelado à evolução de
movimentos artísticos, de questões culturais, do fim do século XIX, seria uma quebra de métodos
clássicos e tradicionais, já na segunda visão , de cunho mais filosófico, histórico, impera um
movimento de que o conhecimento apreendido por meio da experiência seja cientificamente
validado, ou seja, entra aí a necessidade de uma avaliação crítica dessas crenças tradicionais. Então,
a ideia do modernismo, que teria sido iniciado pelo Kant, seria a de promover a autocrítica de
determinado conhecimento, então, entendo que o objetivo seria dar mais firmeza a essas crenças
estabelecidas tradicionalmente.
No outro lado da moeda, temos o pós-modernismo que conforme a obra do Peters, tem também
duas acepções. Sob aquela primeira ótica mais cultural, o pós-modernismo seria simplesmente uma
transformação artística, um movimento estético, digamos assim, enquanto sob o sentido histórco-
filosófico, o pós-modernismo representaria a chegada de um no período, a chegada de um ethos,
que vai causar uma mudança no sistema de práticas atrelado ao modernismo, a filosofia pos-
moderna vai questionar, por exemplo, as pretensões da modernidade de se chegar a uma verdade
absoluta. Lembrando que essa é a ideia do Peters, isso porque, entende-se mais plausível a ideia de
que não existe pós-moderno, a gente ainda está na modernidade. Segundo o prof carrieri, a única
coisa “Pós-moderna” seria a constituição da família, que está fugindo do que era, por muitos,
considerado usual.
Posteriormente, o Peters entra na relação entre estruturalismo e pós-estruturalismo, enfatizando,
inicialmente, que, em que as diferenças entre eles.. Há autores que preferem o termo
“neoestruturalismo”, para que fique evidente que, na verdade, o pós-estruturalismo é uma
continuidade da corrente estruturalista isso porque boa parte das concepções estruturalistas são
base do pós-esruturalismo. As questões da linguística e da arbritariedade 1 do signo linguístico estão
amarradas no estruturalismo e no pós. Temos também a noção de sujeito do pensamento humanista
(sujeito cartesiano-kantiano) que o aponta como autônomo, livre e autoconsciente, que é um
questionamento do estruturalismo e do pós-estruturalismo.
O pós-estruturaismo, inclusive, vai questionar o sujeito hegeliano também (O próprio Niestzche, ele
vai contestar o idealismo de Hegel).
Contudo, apesar do pós-estruturalismo preservar elementos da crítica estruturalista ao sujeito
humanista, existe uma percepção diferente sobre esse aspecto. O pós-estrururalismo rompe com a
ideia de um ser humano existencialista e universal do estruturalismo, ao trazer à tona o sujeitado
descentrado, ou seja, a importância das estruturas estaria não no processo de constituição do
sujeito, mas sim no processo de determinar as diversas posições que esse sujeito pode tomar, sendo
que essas possíveis situações serão determinantes para a construção da sua. Ou seja, como fala o
Peters, seria “um sujeito discursivamente construído”
Então perceba que enquanto no estruturalismo as estruturas são vistas de maneira estática, o pós-
estruturalismo se volta contra verdades e realidades absolutas, vai de encontro a essa característica
de imutabilidade. Além dessas diferenças de posicionamento acerca do sujeito, é importante
destacar, ainda,que o pós-estruturalismo adota um posicionamento antifundacionalista ao passo que
questiona o cientificismo nas ciências humanas, e também questiona o racionalismo e do realismo,
que foram aspectos resgatadas do positivismo pelo estruturalismo.

1
Na linguística saussuriana, diz-se que a relação que une o significado ao significante é marcada pela arbitrariedade.
De forma geral, pode-se dizer que o signo linguístico é arbitrário porque é sempre uma convenção reconhecida pelos falantes
de uma língua. Por exemplo, a ideia de garrafa e o seu significante [g a R a f a ] mostra que existe arbitrariedade na relação
significado/significante, porque em outras línguas o registo fonético é diferente para o mesmo significado (bottle, em inglês,
ou bouteille, em francês). Quer dizer, não existe uma relação natural entre a realidade fonética de um signo linguístico e o seu
significado.

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