O documento discute um texto de Peters sobre governança pública. Ele define governança como uma ferramenta para gestão pública que envolve diversos atores com diferentes pontos de vista. Peters descreve governança como tendo quatro estágios: estabelecimento, coordenação, implementação e avaliação. O documento reflete sobre como a estrutura de governança de Peters se relaciona com os conceitos de política de Hannah Arendt.
O documento discute um texto de Peters sobre governança pública. Ele define governança como uma ferramenta para gestão pública que envolve diversos atores com diferentes pontos de vista. Peters descreve governança como tendo quatro estágios: estabelecimento, coordenação, implementação e avaliação. O documento reflete sobre como a estrutura de governança de Peters se relaciona com os conceitos de política de Hannah Arendt.
O documento discute um texto de Peters sobre governança pública. Ele define governança como uma ferramenta para gestão pública que envolve diversos atores com diferentes pontos de vista. Peters descreve governança como tendo quatro estágios: estabelecimento, coordenação, implementação e avaliação. O documento reflete sobre como a estrutura de governança de Peters se relaciona com os conceitos de política de Hannah Arendt.
Disciplina: Governança pública em serviços e gestão de políticas públicas
Docente: Ivan Beck Ckagnazaroff
Discente: André Luiz Lemos Andrade Gouveia Resenha sobre o texto: Peters, B. G. O que é Governança? Revista do TCU, n. 127, mai/ago,2013. Governança como ferramenta de política pública.
Contexualização: a Governança na visão do Peters
A governança é uma grande ferramenta para o desenvolvimento da gestão pública e se sustenta no propósito de direcionamento das ações realizadas em prol de benefícios coletivos. Em um primeiro momento pode parecer simples, mas, infere-se da obra de Peters que, para aumentar a probabilidade de sucesso da governança é necessário o envolvimento de diversos atores (quase sempre com anseios, pontos de vista e ideologias diferentes) agindo conjuntamente em busca de políticas públicas efetivas e que sejam objeto de uma concomitante ou posterior accountability. Sob uma ótica funcionalista, Peters entende que a governança é uma estrutura para atingimento de metas que, por sua vez, pode ser subdividida em quatro estágios: estabelecimento, coordenação/coerência, implementação e avaliação. Em um Estado Democrático de Direito, é importante que as decisões tomadas pelos agentes públicos sejam aderentes ao interesse da sociedade, mas, a despeito dessa fato,é temerário imaginar que o Estado tem capacidade de, sozinho, definir ações públicas otimizadas. Nesse diapasão, Peters afirma que uma estrutura de governança bem ajustada deve inicialmente prever uma fase de definição de objetivo que necessariamente requer discussões por uma gama de atores. Diferentes anseios e ideologias se chocam nesses debates e isso demanda, portanto, que as metas a serem alcançadas sejam definidas após ser apurado um denominador comum entre os atores que tentarão sempre defender os seus ideais. Em outras palavras, o Estado não fala em uma só voz, portanto, essa compatibilização entre os atores evita desgastes do Governo por um não cumprimento das metas que, por sua vez, mitiga as chances de entregar serviços públicos de baixa qualidade, fato esse que vai de encontro ao princípio da efetividade. Nota-se, portanto, a necessidade de que tais metas sejam coerentes com o momento político e as prioridades elencadas pela sociedade. Em seguida Peters traz à tona o que seria a mais importante das fases, a implementação, que se refere à capacidade de execução de ações por parte do Estado a fim de atingir os propósitos definidos anteriormente. Nesse sentido, o autor lembra que uma das melhoras alternativas é a delegação para agentes sociais e para o mercado, pois dessa forma é possível aumentar o leque de políticas públicas sem perder o controle. Por fim, temos a fase de responsabilização que remete a ideia de accountability onde os responsáveis têm o dever de prestar contas à sociedade sobre o que fora realizado. Com isso, Peters afirma que o poder público tem a possibilidade de aprender com o que foi realizado e aperfeiçoar seu desempenho, o que é de grande valia tendo em vista o princípio da continuidade que vigora no ordenamento jurídico brasileiro.
Reflexões sobre o texto
Pudemos apreender do texto que, por meio de uma estrutura genérica de governança, muito semelhante à metodologia de gestão Plan-Do-Check-Act (PDCA), o Peters buscou evidenciar para o leitor que a governança é elemento primordial para a ciência política, mas, afinal, o que é política? Governo, Estado, poder, democracia, dominação, sociedade, corrupção. Não necessariamente nessa ordem, essas talvez sejam algumas palavras que podem surgir na mente das pessoas quando o tema política se faz presente. A definição de política é uma tarefa um tanto árdua e discutida constantemente por vários estudiosos, contudo, isso pode se tornar menos complexo a partir do momento que revisitamos os ideais da alemã Hannah Arendt cujo cerne da questão está em enxergar política como um ato de liberdade, isto é, uma interação entre indivíduos livres que expressam suas vontades. Portanto, ao darmos abertura para que os homens deem suas opiniões, estaremos fomentando a importância das críticas construtivas, do diálogo, das manifestações, dos embates de ideias divergentes por meio discursos; consequentemente, estaremos nos dando uma oportunidade de ressignificar nossos pensamentos em prol da qualidade de vida da sociedade. Percebe-se, portanto, quão rica foi a contribuição do Peters para o estudo da política pública, tendo em vista que sua estrutura básica de governança se coaduna com os conceitos de política da Arendt. Em que pese a importância do texto é necessário mencionar a lacuna deixada pelo autor no estágio da implementação. Essa, que é a fase crucial da estrutura de governança, acabou sendo pouco trabalhada e se limitou na questão da delegação de tarefas, porém, apesar de sua importância, há políticas públicas que podem (e são) implementadas diretamente pelo poder público e que, portanto, poderiam ter sido mais discutidas no texto. Além disso existem funções típicas de Estado que não podem ser delegadas, fato esse que teria que ter sido aludida pelo autor. A despeito desses pormenores supracitados, entendo que o texto atendeu ao propósito ainda mais por ter sido publicada na Revista do TCU cujo público majoritário é formado por técnicos de controle externo que demandam textos e manuais bem objetivos para facilitar a compreensão do tema e auxiliar no cumprimento de sua função institucional. Contudo, para fins acadêmicos, entendo que o texto serve somente como um ponto de partida sobre o tema até por ser um texto bem sucinto, sendo assim, obras mais trabalhadas, inclusive do Peters, devem ser buscadas pelo pesquisador.