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TEMA DE DEBATE: Desenvolvimento embrionário em alguns animais.

No desenvolvimento embrionário inicial, há pouco crescimento durante a clivagem e a formação


da blástula e as células tornam-se menores a cada divisão de clivagem. Em animais, o padrão
corporal básico é estabelecido quando o embrião ainda é pequeno. O programa de crescimento –
isto é, o quanto um organismo ou órgão individual cresce e como ele responde a fatores como
hormônios – também pode ser especificado em um estágio inicial do desenvolvimento.

Desenvolvimento do ouriço-do-mar e do anfioxo

a) Ouriço-do-mar

Segundo Vanderley (2015) “o ouriço-do-mar é um invertebrado marinho pertencente ao filo


echinodermata. Esse animal deuterostomo possui celoma bem desenvolvido, sistema digestório
completo e um sistema circulatório incompleto, e não possui estruturas excretoras especializadas.
A larva, denominada de pluteus, possui simetria bilateral, porém, no adulto, ela é radial”.

Os óvulos são liberados para o meio externo envoltos por uma camada gelatinosa que tende a se
dissolver em contato com a água do mar. Ao serem expelidos os óvulos, eles já encontram-se com
a meiose concluída. Portanto, os dois corpúsculos polares são emitidos para o ovário antes da
postura, podendo a fertilização ocorrer imediatamente (fecundação externa). O ovo do ouriço-
do-mar é pobre em vitelo (oligolécito), porém já existe uma distribuição polarizada de vitelo,
encontrando-se, desde a fecundação, uma região com pigmento alaranjado concentrado num anel
subequatorial, deixando apenas uma calota despigmentada no polo vegetativo (Vanderley, 2015).

b) Anfioxo

Os cefalocordados são um pequeno grupo (cerca de 30 espécies) de animais de aspecto


pisciformes e translúcidos, geralmente designados anfioxos (Vanderley, 2015).

Os anfioxos são dioicos de reprodução sexuada. As gônadas são numerosas e se dispõem em


pares (mais ou menos 28). A ovulação ocorre quando o gameta feminino completa a primeira
divisão meiótica, liberando o primeiro corpúsculo polar. A segunda divisão meiótica continua e
estaciona em metáfase II, completando apenas por ocasião da fecundação (como nos vertebrados)
externa.

 Segmentação

O ovo do anfioxo é oligolécito e por ocasião da ovulação é radialmente simétrico. Quando ocorre
a fecundação, o espermatozoide estabelece a simetria bilateral do ovo. Observa-se que o vitelo
não é distribuído uniformemente no ovo, havendo maior concentração do mesmo no polo
vegetativo, enquanto no polo animal predomina o citoplasma activo (Vanderley, 2015).

 Gastrulação e neurulação

Segundo (Junqueira & Carneiro, 2004) percebe-se que o anfioxo entrou na fase de gastrulação
quando a blástula, que é arredondada, sofre um achatamento do seu polo vegetativo, e as células
deste polo começam a invaginar para o interior da blastocele, resultando no aparecimento de uma
cavidade externa, a gastrocele (arquêntero ou intestino primitivo). A gástrula inicial assume um
formato parabólico. À medida que o arquêntero cresce, a blastocele é obliterada. A cavidade
arquentérica se comunicará com o exterior por um orifício, o blastóporo. Nesta fase, a gástrula é
organismo bidérmico, pois a sua parede é constituída por dois folhetos, o externo, denominado
ectoderma, e o interno, denominado endoderme.

Desenvolvimento de peixes

 Segmentação

Apesar das suas pequenas dimensões, os ovos de peixes teleósteos são do tipo telolécito e
apresentam uma polaridade bem marcada, na qual a maior parte do citoplasma claro forma uma
calota sobre a grande massa compacta de vitelo. O padrão de desenvolvimento segue o mesmo
daquele das anamniotas cujos ovos têm dimensões maiores, como os dos elasmobrânquios, e são
também telolécitos. A segmentação é meroblástica discoidal, pois só atinge a calota de citoplasma
ativo localizada no ápice do polo animal (Junqueira & Carneiro, 2004).

Após a fecundação, o blastodisco se divide em planos verticais, perpendiculares uns aos outros
(como descrito no capítulo anterior). As contínuas clivagens até o aparecimento de 32 células são
características de ovos telolécitos e formam uma blastoderme com uma camada celular única. A
partir deste ponto, as segmentações passam a ter orientação horizontal, dividindo a blastoderme
em duas camadas, a blastoderme superior e o periblasto inferior.

As células do periblasto inferior migram para o interior (parte central) da blastoderme. Enquanto
esta migração ocorre, surge uma cavidade (blastocele) entre a blastoderme superior e o periblasto
inferior. As células do periblasto são contínuas com o vitelo e formam sincícios com grandes
núcleos. Essas células sinciciais recobrem o vitelo, formando o saco vitelínico e tornando-o
metabolizável para o embrião.

 Gastrulação e neurulação

A gastrulação transforma a blástula em gástrula, o qual apresenta o plano básico do adulto. O


primeiro movimento celular é a epibolia das células blastodérmicas sobre o vitelo. Neste
momento, o embrião de peixe teleósteo (a exemplo do zebrafish) tem atingido sua décima
clivagem, e as divisões celulares perderam sua sincronia.

Desenvolvimento de anfíbios

Segundo (Stevens & Lowe, 2004) O ovo típico de anfíbios é o heterolécito. A fecundação, em
muitas espécies, é externa com liberação de um grande número de ovos para o meio externo. O
gameta feminino é ovulado ainda em primeira divisão meiótica, e a progressão desta divisão se
dá no trajeto do oviduto. Quando chega ao ovissaco (útero), ele atinge a metáfase II e fica
bloqueado neste estágio até a fecundação.

Segmentação - o ovo de anfíbio é heterolécito de segmentação total, porém desigual, formando


blastômeros de tamanhos diferentes. A clivagem, na maioria dos embriões de rãs e de
salamandras, é holoblástica radial, como na clivagem de equinodermos.

Gastrulação e neurulação – Segundo Gilbert (2003, citado em Vanderley, 2015) As blástulas de


anfíbios têm as mesmas tarefas que seus companheiros, equinodermos e peixes, ou seja, trazer
para dentro da blastocele as áreas destinadas a formar os órgãos endodérmicos, envolver o
embrião com células capazes de formar o ectoderma e colocar as células mesodérmicas no lugar
apropriado entre elas.
Referencias bibliográficas

Junqueira, L. C. & Carneiro, J. (2004). Histologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan. 524 p

Stevens, A. & Lowe, J. S. (2004). Histologia Humana. 2. ed. São Paulo: Manole. 655 p.

Vanderley, C. S. B. S. (2015). Histologia e embriologia animal comparada. 2. ed. Fortaleza:


EdUECE,

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