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ARTIGO ORIGINAL

Convivendo com a diferença: o impacto da


sorodiscordância na vida afetivo-sexual de
portadores do HIV/AIDS*

LIVING WITH THE DIFFERENCE: THE IMPACT OF SERODISCORDANCE ON THE


AFFECTIVE AND SEXUAL LIFE OF HIV/AIDS PATIENTS

CONVIVIENDO CON LA DIFERENCIA: EL IMPACTO DE LA SERODISCORDANCIA


EN LA VIDA AFECTIVA-SEXUAL DE PORTADORES DEL VIH/SIDA

Renata Karina Reis1, Elucir Gir2

RESUMO ABSTRACT RESUMEN


Este estudo descritivo exploratório e quali- The purpose of this descriptive-exploratory Este estudio descriptivo, exploratorio y cua-
tativo objetivou descrever e analisar o im- qualitative study was to describe and ana- litativo, tuvo como objetivo describir y ana-
pacto da sorodiscordância na vida afetivo- lyze the impact of serodiscordance on the lizar el impacto de la serodiscordancia en
sexual de indivíduos com HIV/AIDS que con- affective-sexual life of HIV/AIDS patients la vida afectivo-sexual de individuos con
vivem em parceria heterossexual e sorone- who have HIV seronegative heterosexual HIV/aids que conviven con pareja hetero-
gativa ao HIV. Foram entrevistados 11 por- partners. Eleven HIV/AIDS carriers in out- sexual seronegativa al HIV. Fueron entre-
tadores do HIV/AIDS que realizavam acom- patient clinic follow-up were interviewed, vistados 11 portadores de HIV/aids que
panhamento clínico ambulatorial em um in a reference university-hospital in the efectuaban seguimiento clínico ambulato-
hospital universitário-referência do interi- state of São Paulo. Data were collected rio en un hospital universitario de referen-
or paulista. Os dados foram coletados atra- through recorded individual interviews and cia del interior de San Pablo, Brasil. Los da-
vés de entrevista individual gravada, e ana- analyzed according to Prose analysis. Living tos fueron recogidos a través de entrevista
lisados segundo análise de Prosa. A vivência with HIV/AIDS serodiscordance implies individual grabada, y analizados según aná-
com a sorodiscordância ao HIV/AIDS impõe these couples have to deal with several in- lisis de la Prosa. La convivencia con la sero-
a esses casais o manejo de muitas dificul- timacy-related difficulties, due to the pos- discordancia impone a tales parejas el ma-
dades relacionadas à sua intimidade, dian- sibility of HIV transmission to the serone- nejo de muchas dificultades relacionadas
te da possibilidade de transmissão do HIV gative partner. This has a negative effect on con su intimidad, ante la posibilidad de
para o parceiro soronegativo, com impacto serodiscordant partners, reflecting in chan- transmisión del HIV al compañero serone-
negativo na vivência da sexualidade entre ges in human sexual response, which could gativo, con impacto negativo en la experien-
parceiros sorodiscordantes, repercutindo lead to sexual abstinence. Interdisciplinary cia de la sexualidad entre parejas serodis-
em alterações da resposta sexual humana, care should be provided to HIV/AIDS carri- cordantes, repercutiendo eso en altera-
favorecendo até mesmo a abstinência se- ers and their partners, thus providing com- ciones de la respuesta sexual humana y fa-
xual. Apontamos a necessidade de atendi- prehensive care regarding their sexuality voreciendo hasta la propia abstinencia
mento por equipes interdisciplinares junto and difficulties caused by serodiscordance. sexual. Se pone de manifiesto la necesidad
aos portadores do HIV/AIDS, e também de de atención por parte de equipos inter-
sua parceria sexual, proporcionando assis- disciplinarios para los portadores de HIB/
tência integral, contemplando a sexualida- aids y también de sus parejas, a fin de pro-
de e as dificuldades advindas com a soro- porcionarles asistencia integral, contem-
discordância. plando la sexualidad y las dificultades deri-
vadas de la serodiscordancia.

DESCRITORES KEY WORDS DESCRIPTORES


HIV. HIV. VIH.
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Acquired Immunodeficiency Syndrome. Síndrome de Inmunodeficiencia Adquirida.
Sexualidade. Sexuality. Sexualidad.
Vulnerabilidade. Vulnerability Vulnerabilidad

* Extraído da dissertação "Convivendo com a diferença: impacto da sorodiscordancia na vida afetivo-sexual de portadores do HIV/AIDS", Escola de Enferma-
gem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, 2004. 1 Enfermeira. Professora Doutora da Escola de Enfermagem e Farmácia da Universidade Federal
de Alagoas. Maceió, AL, Brasil. renatakreis@gmail.com 2 Enfermeira. Professora Titular da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo. Ribeirão Preto, SP, Brasil. egir@eerp.usp.br

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Portuguêso/impacto
Convivendo com a diferença: Inglês dasorodiscordância Recebido: 28/11/2008 Rev Esc Enferm USP
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na vida afetivo-sexual de portadores do HIV/AIDS Aprovado: 18/11/2009 2010; 44(3):759-65
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INTRODUÇÃO masculinidade, da complementaridade e interação das pes-
soas. Manifesta-se em todas as fases da vida de um ser hu-
Desde a sua descoberta, a infecção pelo HIV/aids vem mano, exerce influência em todas as relações humanas, do
se modificando no Brasil e no mundo no que se refere ao nascimento até a morte. É inerente à pessoa e é também
perfil epidemiológico e história natural. Esta característica determinante de um modo individual de ser, de se mani-
impõe expressivos desafios tanto para a sua prevenção, festar, comunicar, sentir e expressar(5).
quanto para a assistência integral à saúde dos indivíduos Considerando que a sexualidade é uma dimensão rele-
acometidos. Uma importante mudança a ser destacada é vante na vida humana, estando as relações sexuais ligadas
o caráter de cronicidade da infecção pelo HIV/aids, apre- não só à reprodução, mas também à afetividade de cada
sentado nos últimos anos. um, é fundamental compreender a sexualidade de porta-
Apesar da aids ser incurável, os avanços científicos re- dores do HIV/aids, para se promover assistência à saúde
ferentes ao diagnóstico e sobretudo ao tratamento medi- adequada e humanizada, quebrando o paradigma do mo-
camentoso, com a utilização da terapia antiretroviral, pro- delo biomédico de atenção à saúde que enfoca principal-
porcionaram redução da morbimortalidade e significativo mente os aspectos biológicos para o cuidar.
aumento na sobrevida dos indivíduos com o HIV/aids, uma Na literatura nacional são escassos estudos referentes
vez que esta deixou de ser considerada como doença incu- à sexualidade humana no contexto da assistência de enfer-
rável, fatal e irreversível, tornando-se uma condição crôni- magem. Ao longo de toda sua história, a enfermagem, abor-
ca potencialmente controlável(1). dou o cliente, em geral, como um ser assexuado, deixando
A disponibilidade de recursos terapêuticos mais efica- de lado as questões referentes à sexualidade e, paradoxal-
zes tem implicações importantes para os indivíduos com mente é uma das profissões que tem permissão social para
o HIV/aids, pois propiciam diferentes perspectivas de vida tocar o corpo, inclusive partes íntimas, com o objetivo de
e geram novas necessidades ou ampliam as promover cuidados higiênicos básicos ao ser humano(6).
já existentes, reforçando a necessidade da No discurso teórico da enfermagem, a se-
integralidade na assistência à saúde desta xualidade é tratada como uma necessidade
população(2). ...comparativamente
pouco se sabe sobre humana básica, porém as discussões críti-
Em decorrência destas mudanças, é pos- cas e contextualizadas são insuficientes e
as experiências quando abordadas, contemplam, sobretudo,
sível a reconstrução dos projetos de vida após
a descoberta da soropositividade ao HIV, im-
sexuais e adaptações os aspectos biológico e reprodutivo. A abor-
plicando em alguns casos o estabelecimento dos indivíduos dagem sobre sexualidade requer conheci-
de novas relações amorosas, constituídas in- que vivem com mento suficiente, sobretudo acerca de sua
clusive, com pessoas não portadoras do HIV/ HIV/aids. manifestação nas diferentes fases do ciclo
aids, chamados de casais sorodiscordantes . (3) vital e das conseqüências advindas de en-
fermidades, onde o paciente enfrenta pro-
Apesar disto, a compreensão da sexualidade de indiví- blemas que, rotineiramente, requerem ajuda de profissi-
duos com o HIV/aids ainda é reduzida(4). Durante muito tem- onais para solução(7).
po, o comportamento sexual das pessoas infectadas pelo
HIV não recebeu qualquer atenção. Inicialmente o diagnós- Considerando a necessidade de se compreender e abor-
tico da infecção pelo HIV implicava uma sentença de mor- dar a sexualidade no contexto de atenção à saúde e ainda
te. A vida sexual das pessoas com HIV/aids parecia ser uma a escassez de estudos, notória entre indivíduos portadores
questão secundária centrada apenas na prevenção. Os es- do HIV/aids, especialmente entre parceiros com sorologia
tudos sobre a sexualidade das pessoas que vivem com o distinta ao HIV, julgamos imprescindível a realização deste
HIV/aids foram primeiramente realizados para se compre- estudo, que teve como objetivo descrever e analisar o im-
ender os fatores associados com prática de sexo inseguro e pacto da sorodiscordância na vida afetivo-sexual de porta-
avaliar a eficácia das intervenções que objetivam alterar dores do HIV/aids que convivem com parceria heterosse-
este comportamento. No entanto, comparativamente pou- xual, com condição sorológica discordante.
co se sabe sobre as experiências sexuais e adaptações dos
indivíduos que vivem com HIV/aids(4). MÉTODO
A sexualidade tem uma conceituação bastante ampla e
diversificada, a ela associam-se hábitos, costumes, signifi- Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, desen-
cados e atitudes; está relacionada à história pessoal de cada volvido em um serviço público ambulatorial de um hospi-
indivíduo, constituindo-se em aspecto inerente a todo ser tal universitário, em um município do interior do Estado
humano. Compreende-se sexualidade como a energia que de São Paulo, que se constitui em um Serviço de Assistên-
impulsiona o ser humano não apenas para a reprodução, cia Especializada (SAE), e que tem como objetivo prestar
mas para a obtenção do prazer, do amor e do erotismo; é a assistência integral, através de equipes multidisciplinares a
descoberta de si mesmo e do outro, da feminilidade e da portadores do HIV/aids.

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Foram entrevistados 11 portadores do HIV/aids de am- Medo da Transmissão Sexual para o Parceiro, Alteração da
bos os sexos, pertencentes ao ambulatório, que realizavam Resposta Sexual, Abstinência Sexual e Manutenção da Vida
acompanhamento clínico-ambulatorial no período de es- Sexual.
tudo. Participaram do estudo indivíduos sabidamente por-
tadores do HIV/aids há pelo menos seis meses, que apre- Tema - 1 A sexualidade após infecção pelo HIV/aids entre
sentavam condição física e emocional para participar do casais sorodiscordantes
estudo e que conviviam com parceiro previamente testado
e soronegativo ao HIV/aids. A particularidade da infecção pelo HIV ser de caráter
transmissível e ainda incurável, impõe mudanças e adapta-
A técnica para a coleta de dados foi a entrevista indivi- ções no relacionamento entre casais sorodiscordantes. Es-
dual gravada em fita cassete, realizada em sala de atendi- sas mudanças causam impacto no relacionamento e no
mento privativo do próprio ambulatório, utilizando um ro- comportamento afetivo-sexual do casal, levando desde a
teiro previamente elaborado com questões abertas e fe- abstinência sexual entre eles, até atitudes de negação do
chadas, realizada pela própria pesquisadora. O instrumen- risco de aquisição e transmissão do HIV/aids.
to construído para coleta de dados dividia-se em questões
sobre a identificação e dados sóciodemográficos, e ques- É importante destacar que tais mudanças e adaptações
tões sobre a vida afetivo-sexual. impõem inúmeros desafios a estes casais, e, mesmo para
aqueles com maior tempo de conhecimento de diagnósti-
As entrevistas foram realizadas no dia da consulta mé- co e convivência numa relação sorodiscordante, pode-se
dica, previamente agendada; o pesquisador convidava o evidenciar conflitos, medos, sentimentos de culpa, tendo
participante enquanto este aguardava atendimento. Dian- estes aspectos emocionais impacto negativo na vivência da
te do seu consentimento, realizava as entrevistas após con- sexualidade.
sulta médica ou de enfermagem, tendo cada encontro du-
ração média de 30 a 90 minutos. Todas as entrevistas fo- Apesar da aids ser considerada doença crônica, possi-
ram transcritas na íntegra, e os dados analisados segundo bilitando ao indivíduo infectado importante melhora física
a proposta da análise de prosa(8), por se mostrar pertinen- e emocional, estes ainda enfrentam diversos desafios no
te aos objetivos do estudo. que se refere aos aspectos psicossociais, como o estigma e
preconceito, pois desde a sua descoberta esteve associada
Esta análise é uma forma de investigação do significado a práticas sexuais desviantes das regras sociais, com conse-
dos dados qualitativos, um meio de levantar questões so- qüente comprometimento na vivência da sexualidade.
bre o conteúdo de um determinado material, incluindo as A partir deste tema, a análise das falas foram agrupa-
mensagens intencionais e não intencionais, explícitas ou das em quatro tópicos, a seguir apresentados.
implícitas, verbais ou não verbais, alternativas ou contradi-
tórias. No primeiro passo da análise, utilizou-se a constru-
Tópico I - Medo da transmissão do HIV para o parceiro
ção de um sistema de categorias através do exame do ma-
terial coletado, procurando identificar os tópicos, temas e Uma das questões suscitadas de forma muito constan-
padrões relevantes, caracterizando o tópico como um as- te pela sorodiscordância e que tem impacto negativo na
sunto e o tema como uma idéia. Os temas envolvem nível sexualidade entre parceiros com sorologias diferentes, re-
de abstração maior que os tópicos. Após leituras exausti- fere-se ao medo da transmissão da infecção pelo HIV ao
vas do material referente às falas dos participantes, foram parceiro soronegativo.
realizados os recortes das unidades de fala e interpretados
Após a descoberta da sorodiscordância, os casais viven-
os seus significados, o que permitiu construir um Tema e
ciam muitas dificuldades relacionadas com a prática sexu-
quatro Tópicos, considerando-se o agrupamento pela sua
al, evidenciada pelo medo e o afastamento, já que nesta
convergência temática.
situação existe o risco de infecção pelo HIV através da rela-
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesqui- ção sexual(3).
sa do referido hospital (protocolo número 7656/2002). To- Após o diagnóstico de soropositividade ao HIV, os ca-
dos os participantes foram informados dos objetivos do sais sorodiscordantes precisam desenvolver estratégias de
estudo, assinaram o termo de consentimento livre e escla- enfrentamento do risco sexual para diminuírem a tensão
recido e concordaram em gravar a entrevista. Na aborda- entre a preocupação com uma possível contaminação e o
gem ao participante, foi lhe garantido seu anonimato, as- desejo de permanecerem sexualmente ativos. Tais estraté-
sim como o caráter sigiloso do estudo; desta forma os no- gias compreendem, desde a negação e a racionalização
mes apresentados no estudo são fictícios. (acreditarem que são imunes ao vírus), até regras de com-
portamento muito rígidas (utilizarem mais de um preser-
RESULTADOS E DISCUSSÃO vativo), chegando à abstinência sexual total(9).
Toda vez que eu tenho relação eu mando ele parar pra
Para a organização dos resultados, os dados foram dis- mim ver; vê, eu tenho que apertar pra ver, aí eu vejo; eu
tribuídos a partir das falas em um Tema denominado: A mando até ele trocar o preservativo. E toda vez que acaba
sexualidade após a infecção pelo HIV/aids entre casais soro- de ter relação ele tira e eu aperto pra ver se vazou alguma
discordantes, e quatro Tópicos articulados com o tema: coisa (Solange).

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[...] eu não me sinto à vontade com a esposa, à vontade dado, mais eu me sinto mais seguro, porque com um já
do jeito que era, eu me sinto um estranho, não marido houve casos de estourar, aí eu fico pensando se estoura
(Sandro). um eu tô com outro em baixo, porque aí ela tá preservada,
porque o problema não tá comigo, o problema pode vir se
[...] o preservativo você se acostuma, mas o medo conti-
eu passar pra ela, pelo zelo a ela, pelo amor que eu tenho
nua... (Cláudio).
a ela, não quero que isto jamais aconteça (Marcelo).
Reconhecer a possibilidade de transmissão sexual do
O uso de dois preservativos não é recomendado, ao
HIV é uma das questões suscitadas pela sorodiscordância e
contrário, tem sido apontado como fator de risco para rom-
muito presente no cotidiano de portadores que convivem
pimento, devido à fricção que ocorre entre eles, o que ex-
com parcerias sorologicamente diferentes.
põe o casal ao risco de infecção pelo HIV. Entre casais soro-
Perceber-se como alguém que traz perigo para a parce- discordantes, verifica-se a dificuldade no uso sistemático
ria sexual pode desencadear intensa angústia no parceiro do preservativo masculino, seja pela desconfiança desse
infectado, bem como sentimentos de culpa e ansiedade, dispositivo como método seguro para a prevenção da trans-
sendo estes aspectos emocionais bastante importantes, que missão sexual pelo HIV, ou pela alteração na satisfação se-
trazem impacto negativo à vivência da sexualidade, como xual, decorrente do uso obrigatório do preservativo e tam-
podemos observar nas falas a seguir: bém pela diferença na aceitação entre homens e mulheres
relacionadas pela assimetria das relações de gênero(10), es-
[...] eu peguei essa mulher numa casa de família e vou
tas questões denotam o limite da racionalidade do discur-
devolver a mulher toda com HIV, que é uma doença... Na
so preventivo e sua limitação no âmbito da subjetividade
minha cabeça não encaixa, minha ignorância é muito gran-
de, eu tenho muito medo (Pedro).
do casal(3).

Eu tenho medo de transmitir, de passar a doença pra ele,


Uma outra questão a ser considerada é que o medo de
eu vou ficar com culpa, é horrível do jeito que eu senti, eu
transmissão sexual do HIV pode estar relacionado com o des-
já tentei largar dele por causa desses negócios (sexo), ele conhecimento das formas de transmissão do vírus, o que
ficou meio revoltado, às vezes eu nem quero ter relação contribui para o medo de sua transmissão ao parceiro sorone-
com ele, porque eu fico preocupada, minha cabeça fica gativo durante o ato sexual, conforme relato a seguir:
em outro lugar, não fica aonde tem que ficar, eu fico preo-
O medo sempre há, porque a gente não tem leitura que vai
cupada pra não prejudicar ele, que é uma pessoa muito
lá adiante que nem o médico, no começo pra mim se mo-
boa (Solange).
lhasse em volta dos órgãos (genitais) eu já ficava preocu-
[...] eu morro de medo, já pensou se a pessoa pega, que pado (Cláudio).
horrível você sair com uma pessoa que não é portador, é
Diante destas questões trazidas pela sorodiscordância,
muito estranho. Imagina se eu forçar ou convencê-lo aí
evidencia-se que os serviços de saúde também devem es-
depois ele pega, tem que ser uma coisa espontânea, aí
tender seu atendimento ao parceiro soronegativo, visto que
ele contrai o vírus e vai me odiar pelo resto da vida
(Antônia).
o impacto da soropositividade, reflete-se diretamente na
vida de ambos.
Eu tenho medo da camisinha estourar, de contaminar a
parceira, é uma vida. Se eu contaminar uma pessoa, é Tópico II - Alteração da Resposta Sexual
uma vida que eu tô pondo em sofrimento (Pedro).
A redução da libido pode ser provocada por processos
Os aspectos emocionais são fatores que interferem com orgânicos ou fatores psicossociais(11), e tende a ser um pro-
o prazer e a vivência da sexualidade. Diante disso, como blema sexual quando existe discrepância acentuada entre
fica a qualidade da relação sexual entre casais sorodiscor- os níveis de interesse sexual entre duas pessoas envolvidas
dantes, já que o risco de transmissão do HIV para a pessoa no relacionamento. Consideram ainda que qualquer doen-
amada está sempre presente durante o relacionamento ça crônica pode potencialmente inibir o desejo sexual, com
sexual, além dos sentimentos negativos vivenciados nesta impacto sobre a sexualidade, dependendo da adaptação
relação sorodiscordante? psicossocial à doença. Entre portadores da infecção pelo
Para enfrentar o medo de transmissão sexual do HIV, HIV/aids, outros estudos apontam o enfrentamento nega-
percebe-se a utilização de estratégias muito rígidas, como tivo na vida sexual, devido tanto pelas alterações biológi-
a utilização de dois preservativos com a finalidade de im- cas tais como cansaço, fadiga, diarréia, quanto emocionais,
pedir a transmissão sexual do HIV para a parceria sexual e que provocam ansiedade, depressão, isolamento, tensão,
pode ser observada entre aqueles que desejam permane- medo de ser rejeitado, insegurança e apatia(12-13).
cer sexualmente ativos, mesmo sabendo que esta não é A sexualidade fica bastante comprometida pelo impac-
uma prática indicada. to da soropositividade ao HIV e das consequências físicas,
Nessa questão de tranqüilidade, eu uso o preservativo por emocionais e sociais associadas a ela, principalmente en-
isso, na verdade eu uso dois preservativos, com a preocu- tre as mulheres portadoras do HIV/aids(12), que após a des-
pação de estourar, porque já houve casos de estourar, então coberta do diagnóstico da infecção pelo HIV/aids vivenciam
eu uso dois preservativos. Minha esposa não gosta de que sentimentos de incerteza, insegurança, caracterizado como
eu use dois, mais é eu que sou taxativo. Não é recomen- um momento de crise(12-13).

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Ser soropositivo ao HIV/aids e o outro não, implica nos Dentre os fatores diretamente envolvidos com tais al-
cuidados para proteção, o que podemos perceber nos re- terações, podemos citar o uso obrigatório de preservati-
latos é que a sorodiscordância interfere na relação afetiva vos, e o medo de transmissão do HIV, já que se trata de
e sexual, introduzindo o medo na relação sexual, que pas- relacionamento entre pessoas com sorologia distinta para
sa ser vista como perigosa, levando a bloqueio na ativida- o HIV. Além disso, podemos destacar a baixa auto-estima e
de sexual satisfatória e prazerosa. de desvalorização, a angústia de conviver com a possibili-
dade de transmissão do HIV para a pessoa amada, e os sen-
Entre os indivíduos investigados identificou-se altera-
timentos de culpa, como aspectos de impacto negativo e
ção da resposta sexual manifestada pela inibição do desejo
que interferem com a vivência da sexualidade.
e da excitação sexual, além da diminuição ou ausência da
sensação orgásmica, conforme podemos observar nas fa- Embora o uso do preservativo seja percebido como
las a seguir: necessário para evitar transmissão sexual do HIV ao par-
ceiro soronegativo, os indivíduos investigados apontam o
Com o preservativo ela (parceira) nunca consegue chegar
seu uso como um dos fatores que interferem na satisfação
ao orgasmo, pelo contrário. Às vezes nem eu, pela sensi-
sexual, sendo percebido como barreira para a intimidade
bilidade, às vezes retarda o orgasmo e já tive várias vezes
de nem eu chegar ao orgasmo (Rogério).
do casal, interferindo no prazer e na satisfação sexual, o
que dificulta sua aceitação.
Antes a gente nunca usou (camisinha) isso me agonia ter
que usar o preservativo. Então francamente eu não me
Aqueles casais constituídos antes da descoberta do HIV,
sinto à vontade com a minha esposa. Tá bom vou usar mostraram maior dificuldade na utilização do preservati-
camisinha pronto, às vezes põe a camisinha e de repente vo, principalmente quando esta não era uma prática co-
não consegue manter o relacionamento sexual (Sandro). mum entre eles. Muitas vezes a necessidade do seu uso
gera diversos conflitos no relacionamento, como afastamen-
[...] teve diminuição da freqüência, do prazer, em ambas to do casal, motivado pelo desejo de continuar sexualmen-
as partes diminuiu parte do carinho tanto um quanto o ou- te ativo.
tro, às vezes de certa forma evita ter relação" (Rogério).
Os enfermeiros dificilmente abordam os aspectos da
[...] ás vezes passa três, quatro dias, não tem aquele pra- dimensão sexual e mesmo as influências da doença, da tera-
zer, aquela coisa, aquela vontade, a gente não tem aquela pêutica, e do emocional sobre o exercício da sexualidade.
intimidade igual tinha antigamente (Sandro).
Compete a este profissional intervir sobre as questões
Nem relação com ele eu não gosto de ter, eu tenho rela-
sexuais, quando realmente se busca uma visão holística do
ção preocupada com a camisinha, se ela vai estourar ou
homem com seus múltiplos processos interdependentes,
não (Solange).
que permeiam o ciclo da vida, para a atuação profissional,
[...] eu não me sinto à vontade com a esposa, à vontade buscando auxílio junto a outros profissionais, em busca de
do jeito que era, eu me sinto um estranho, não marido um trabalho interdisciplinar(6).
(Sandro).

[...] a gente fazia com mais freqüência, talvez o choque Tópico III - Abstinência Sexual
que a gente levou, porque antigamente a gente fazia (sexo) Quando se aborda a sexualidade de portadores do HIV/
com toda aquela liberdade e agora sabendo deste proble- aids, observa-se primeiramente que após a descoberta da
ma, às vezes acumula aquilo na cabeça, sei lá psicológico soropositividade ao HIV existe uma fase que se vive a im-
também (João).
possibilidade de vida afetiva e sexual. Existe uma relação
É possível identificar os aspectos emocionais envolvi- entre ser infectado e o anúncio do encerramento da vida
dos que contribuem para estas alterações, como os senti- sexual(3-14).
mentos negativos relacionados com a possível transmissão
Essa associação pode ocorrer por diversos fatores, den-
para a pessoa amada, os aspectos emocionais advindos
tre eles, o fato da infecção ter ocorrido por via sexual, acar-
após a soropositividade, além do afastamento do casal e
reta o medo de infectar outra pessoa, associado às dificul-
do vínculo afetivo entre eles.
dades de uso e negociação do preservativo, além da rela-
Estas mudanças ocorrem muitas vezes, pelas dificulda- ção sexual estar vinculada com um importante grau de in-
des de adaptação, tanto do parceiro soropositivo como o timidade e afeto que não seria mais possível conquistar sem
soronegativo a esta nova realidade vivenciadas com o esta- revelar a soropositividade, correndo o risco então de ser
belecimento de uma relação sorodiscordante. abandonado, magoado. Outro aspecto importante é que
aids traz a idéia de morte em um tempo curto e faz com
O desejo sexual diminuído é marcado por um baixo nível
que a importância da vida sexual seja relativizada, poden-
de receptividade sexual, que pode gerar problemas no rela-
do inclusive não ser mais vivenciada(14).
cionamento, uma vez que não ser receptivo às necessidades
sexuais do parceiro faz com que o outro que deseja ativida- Entre casais sorodiscordantes ao HIV, o medo de infectar
de sexual sinta-se frustrado, rejeitado, isolado e, por outro a parceria soronegativa durante o relacionamento sexual
lado, o parceiro que não é receptivo pode sentir-se culpado constitui-se num dilema entre casais sorodiscordantes, oca-
por não estar disposto a satisfazer a necessidade do outro. sionando afastamento emocional e até abstinência sexual.

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Apesar de não ter ocorrido separação conjugal entre os sexualidade transcende a genitalidade sendo este apenas um
casais já constituídos antes da descoberta da infecção pelo dos seus aspectos, outras formas de expressão de sexualida-
HIV, identificou-se que alguns casais decidem abster-se se- de podem ser incentivadas entre os casais sorodiscordantes(5).
xualmente. É comum observar o sentimento de rejeição
entre os portadores do HIV e medo da aquisição deste ví- Nesse sentido, em relação aos casais sorodiscordantes,
rus pelo parceiro soronegativo, que interfere na intimida- não basta que os mesmos tenham acesso aos preservati-
de, afeto e na atividade sexual. vos e que estes sejam de boa qualidade, fica evidente que
os profissionais de saúde devem estar preparados para as-
Antes era normal como todo casal, agora não tenho mais sistir as pessoas que vivem e convivem com a sorodiscor-
relacionamento sexual com meu marido, é o relacionamen- dância, considerando os aspectos psicossociais advindos da
to mais louco que eu já vi na vida, porque é perfeito duran- sua presença na sua vida pessoal e no seu relacionamento
te o dia; à noite, vai assistir televisão (Antônia).
afetivo-sexual.
A gente não tem relação sexual ...se afastou muito por
A maneira de lidar com a sexualidade dependerá da
conta do HIV, eu não procuro ela, ela não me procura, às
vezes eu já tentei procurar, fazer carinho, dá atenção, mas
qualidade do apoio e do aconselhamento que os portado-
a frieza te machuca mais, você não sente mais com vida
res receberem nesse processo, reforçando que é fundamen-
conjugal (Pedro). tal a abordagem baseada no diálogo e no respeito às deci-
sões do cliente(15).
Após a descoberta da sorodiscordância ao HIV, o relaci-
onamento é permeado pelos cuidados em proteger o ou- Para tal, mudanças devem ocorrer na prática dos profissi-
tro, e o medo de aquisição da infecção pelo HIV em cada onais de saúde, para que estes atuem efetivamente num tra-
ato sexual é um sentimento vivenciado pelo casal, trazen- balho interdisciplinar, que extrapolem apenas a esfera bioló-
do angústia e sofrimento. gica da doença, a adesão medicamentosa, mas também seu
impacto e suas implicações psicossociais(10). O atendimento
[ ...] às vezes tá no auge, ela (esposa) olha 4-5 vezes, tem interdisciplinar a parceiros sorodiscordantes promove integra-
medo de furar a camisinha, de rasgar. É assim de segun-
ção entre a equipe e pacientes, favorecendo o vínculo e o su-
do em segundo, ela tá olhando, ela não tem confiança, ela
porte que são fundamentais para o sucesso terapêutico(17).
usa o preservativo, mas ela não tem confiança de que não
corre perigo, que não corre risco (Sandro).
Tópico IV - Manutenção da vida sexual
[...] ela (esposa) sente medo mesmo, a gente discutia 'oh
cuidado se estourar' (preservativo), mas não é a mesma A restrição ou encerramento da vida afetivo-sexual pode
coisa, você tá ali mais com a cabeça em outro lado, não é ser duradoura ou ocasional, pois o relacionamento entre
a mesma coisa, qualquer motivo que aparece ela tem medo casais sorodiscordantes perpassa por dificuldades e temores.
(Pedro). Apesar disto, após as dificuldades vivenciadas com a desco-
berta da soropositividade ao HIV, muitos indivíduos conse-
[...] ele (esposo) tem um pavor imenso de pegar... eu acho
guem refazer sua vida profissional e também afetivo-sexual.
engraçado porque ele fala que não, ele só não é de falar,
só não demonstra nas atitudes, mas ele morre de medo... Mesmo com a angústia que advêm do diagnóstico de
você fica com a pessoa 24 horas do seu lado com medo ser soropositivo e de vivenciar uma relação sorodiscordan-
(Antônia). te, alguns portadores do HIV/aids buscam manutenção da
No estudo realizado na cidade de São Paulo, que inves- vida afetiva e sexual.
tigou a sexualidade de mulheres portadoras do HIV/aids, Não é porque descobriu este diagnóstico que vai deixar de
também aponta que o medo de transmissão do HIV é dos ter vida sexual, minha vida vai continuar normal, tanto a
principais motivos alegados que pioram a vida sexual(15). minha como a dela, não é por causa deste problema que a
Em outro estudo com 148 mulheres vivendo com o HIV/ gente tem que vai atrapalhar (João).
aids também apontou que mais da metade destas mulhe-
res entrevistadas estavam em abstinência sexual desde que Eu tenho minha vida normal, não é porque eu tive este
souberam da sua soropositividade para o HIV(16). problema aí, que minha vida vai acabar, minha vida conti-
nua a mesma coisa, eu tenho que ter meus prazeres nor-
Entre casais sorodiscordantes esta questão pode ser
mal como eu tinha antigamente (Mário).
acentuada, já que ficou evidente que o medo é comparti-
lhado por ambos os parceiros, gerando conflitos no relaci- Como é que vai viver com uma pessoa sem relação sexu-
onamento quando a necessidade de satisfação sexual mos- al? (Cláudio).
tra-se diferente entre os parceiros, implicando na descon-
fiança da parceira. Com a cronificação da aids é cada vez mais comum a
existência de casais sorodiscordantes, e com a descoberta
[...] eu já cheguei nela várias vezes, porque ela tá diferen- da soropositividade, os casais precisam desenvolver estra-
te, porque ela tá agindo assim comigo, eu tenho consciên- tégias de enfrentamento do risco sexual para procurar di-
cia que uma mulher não fica dois anos sem ter relação
minuir a tensão entre a preocupação com uma possível in-
com um homem... (Pedro).
fecção e o desejo de permanecer sexualmente ativo(10);
Vale salientar a relevância do risco de transmissão sexual entretanto, encontramos poucos estudos realizados sobre
em práticas sexuais penetrativas. É importante destacar que a esta temática, e ainda a falta de atendimento específico

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Rev Esc Enferm USP Convivendo com a diferença: o impacto dasorodiscordância
2010; 44(3):759-65 na vida afetivo-sexual de portadores do HIV/AIDS
www.ee.usp.br/reeusp/ Reis RK, Gir E
em serviços especializados no atendimento desta popula- Para a abordagem integral das necessidades do casal
ção, quando se observa a falta de ações preventiva/ sorodiscordante, a equipe de saúde deve estar capacitada
educativas e de aconselhamento contínuas direcionadas à e ajudá-los a superar dificuldades no âmbito sexual. Esta
assistência integral aos portadores do HIV/aids e seus par- equipe deve trabalhar os aspectos emocionais que interfe-
ceiros, visando a melhor qualidade de vida destes indivídu- rem com a qualidade e prazer sexual, buscar desmistificar
os. Entretanto, esta deve ser uma busca conjunta, tanto os significados atribuídos à aids, trabalhar com a culpa que
das pessoas vivendo com o HIV/aids, quanto dos profissio- muitos portadores sentem em relação à sexualidade, aju-
nais de saúde no sentido de se ter uma assistência com o dando no enfrentamento do medo de transmissão sexual
aspecto da sexualidade devidamente contemplado. e aquisição do HIV, facilitar a comunicação e o diálogo en-
tre os casais, criando oportunidades para a discussão en-
tre a equipe e o casal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para aqueles casais que decidem manter abstinência
sexual, os profissionais de saúde devem respeitar suas de-
A descoberta de que um dos parceiros é portador do
cisões, enfocando que a sexualidade transcende o aspecto
HIV/aids impõe ao casal o manejo de muitas dificuldades
genital, e que outras formas de obtenção de prazer, sem
relacionadas à sua intimidade, derivada sobretudo da pos-
risco de aquisição do HIV podem ser realizadas.
sibilidade de transmissão do HIV para o parceiro soronega-
tivo. Para aqueles casais que desejam manter-se sexualmen- Compreender as dificuldades de casais sorodiscordantes
te ativos, a questão do risco e proteção do parceiro no âmbito afetivo-sexual e ajudá-los a enfrentá-las, é res-
soronegativo referente à infecção pelo HIV, vivenciadas por peitar o indivíduo, extrapolando a sua condição sorológica
sorodiscordantes, é problemática. Por isso os profissionais e a questão da prevenção sexual do HIV, considerando-o
de saúde devem estar preparados para ajudar esses indiví- como ser humano com necessidades individuais e subjeti-
duos a enfrentá-la. vas para a vivência da sexualidade.

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Correspondência: Renata Karina
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Univers. Federal de Alagoas
na vida afetivo-sexual - Campus
de portadores A.C. Simões
do HIV/AIDS 2010; 44(3):759-65
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Reis RK, Gir E www.ee.usp.br/reeusp/
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