EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DE FAMÍLIA DA
COMARCA DE SALVADOR – BAHIA
FULANA DE TAL, menor impú bere, brasileira, aqui, representada por sua genitora, FULANA, brasileira, solteira, XXXXXXXXXXXXX, CPF n.º XXXXXXXXXXXXXX e RG Nº XXXXXXXXXXXXX, residente e domiciliada em XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, Nº XXX, apto XXXX, CEP: XXXXXXXX Salvador/BA. Vem, respeitosamente perante vossa Excelência, com espeque na Lei nº 5.478/68 e artigo 1.694 do Có digo Civil, Devidamente representado por sua procuradora infra-assinado, propor: AÇÃO DE ALIMENTOS COM PEDIDO LIMINAR DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS Em face CICRANO brasileiro, solteiro, auxiliar de topografia, residente e domiciliado à Rua XXXXXXXXXXXXX, bloco XXXXX, XXXXXXXXXX, CEP: XXXXXXXXX, Salvador-BA, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA Conforme o disposto na Lei nº 1060/50 e nos termos do art. 5º, LXXIV da Constituiçã o Federal/1988, bem como art. 1º da Lei nº 5.478/68, a requerente declara para todos os fins de direito e sob as penas da lei, estar na condiçã o de pessoa hipossuficiente, nã o dispondo de meios a arcar com pagamento de custas e demais despesas processuais, sem prejuízo do pró prio sustento e de sua família, pelo que requer desde já , os benefícios da justiça gratuita. Aliá s, sedimentando o praticado pelos Tribunais pá trios acerca da gratuidade de justiça, o novo Có digo de Processo Civil/2015 assim dispô s: Art. 99. [...] § 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos. § 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. § 4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça (grifei). Ainda nesta linha de raciocínio: Conforme entendimento sedimentado na jurisprudência pá tria, o fato de a parte autora encontrar-se assistida por advogado particular nã o induz a nenhuma presunçã o de possibilidade econô mica, veja-se: AGRAVO DE INSTRUMENTO - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA - PESSOA FÍSICA - DECLARAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS - PRESUNÇÃO "JURIS TANTUM" - PARTE ASSISTIDA POR ADVOGADO PARTICULAR - IRRELEVÂNCIA - RECURSO PROVIDO - Para a concessão do benefício da justiça gratuita, basta a simples afirmação da parte de que não possui condições de arcar com as despesas do processo, sem prejuízo próprio ou de sua família, cabendo à parte contrária, por se tratar de presunção relativa, comprovar a inexistência ou a cessação do alegado estado de pobreza, ou ao Juiz averiguar a veracidade do alegado através de apuração iniciada de ofício. - O simples fato de a parte estar sendo assistida por advogado particular não a impede de se ver agraciada com a concessão do benefício da justiça gratuita. (TJ-MG - AI: XXXXX60035739001 MG, Relator: Evandro Lopes da Costa Teixeira, Data de Julgamento: 20/07/2017, Câ maras Cíveis / 17ª C MARA CÍVEL, Data de Publicaçã o: 27/07/2017) (grifei). Por todo o exposto, firmes que estas circunstâ ncias em nada obstam o beneficio ora pleiteado pela requerente e que a simples afirmaçã o na exordial se coaduna com a presunçã o de veracidade garantida pelo novo Có digo de Processo Civil, e pela lei de alimentos. Credita-se que essas sejam suficientes a fazer prova da hipossuficiência financeira desta, desde logo se requer que, se digne Vossa Excelência a deferir o beneficio pleiteado. DOS FATOS A menor, autora da presente demanda, é filha inconteste do Requerido com a Genitora, que aqui lhe representa, tendo permanecido sob a guarda conjunta dos genitores durante toda a Constancia da uniã o está vel entre ambos. Há cerca de dois anos optaram pela dissoluçã o amigá vel da uniã o está vel, seguindo cada um por caminhos opostos. Atualmente 04 anos de idade, a autora reside com a genitora nesta capital, o Requerido reside também nesta capital em outra localidade e nã o possui outra família ou outros filhos. A representante e genitora da autora é funcioná ria de setor administrativo de empresa terceirizada a um Banco, percebe como renda 01 (um) salá rio mínimo, reside com a sua Mã e (avó da menor) e nã o possui outros meios de renda que nã o este, nã o recebe qualquer tipo de auxilio do Requerido, teve sua ú ltima contribuiçã o no ano de 2017 onde pagou uma parcela da escola da menor. Assim, tem sobrevivido com ajuda de parentes pró ximos que lhe ajudam com os custos relativos à criaçã o da menor, na forma de suas possibilidades. O requerido até certo tempo contribuía ESPORADICAMENTE com quantias variá veis em datas e ocasiõ es a seu critério exclusivo e independente da variaçã o de gastos com a menor. Ocorre que, como toda a criança, a autora gera gastos com escola, alimentaçã o, transporte, lazer, medicaçã o, gastos que a autora nã o consegue suportar sozinha e nem tem o dever de fazê-lo, por obvio. Razã o pela qual vem solicitando amigavelmente junto ao Requerido que os gatos sejam arcados de modo igual e proporcional aos gastos reais da Menor, sendo essencial que a contribuiçã o do pai seja constante e proporcional aos gastos reais da requerente. O réu, porém, se recusa a arcar com qualquer despesa sob a alegaçã o de estar desempregado, ocorre que mesmo tendo recebido sua rescisã o e eventual seguro desemprego continuou sem contribuir. O Requerido contribui RARAMENTE com quantias que nã o ultrapassam os R$ 200,00 (duzentos reais) o Requerido paga o que lhe é conveniente pagar. A situaçã o gera inconformismo, já que o Requerido nã o concorre com esforços para a educaçã o e criaçã o da requerente, e nã o produz esforços para alcançar novo emprego, sabe-se que o pais atravessa situaçã o de crise e que ofertas de empregos estã o cada vez mais raras, entretanto, as necessidades da menor existem e nã o cessam por conta da crise. De fato, se o individuo que busca por colocaçã o no mercado de trabalho já encontra dificuldades em conseguir, de certo, aquele nã o procurar torna o emprego pretendido coisa de alcance impossível. De modo que se espera que contribuía de acordo com as reais necessidades da criança e nã o conforme seus critérios pessoais. Tal prestaçã o e de suma importâ ncia para mantença da Menor, que está sendo privada de necessidades bá sicas, como vestuá rio, assistência médica e odontoló gica, e o que é pior, ate mesmo de alimentaçã o substancial, pois a renda percebida por sua genitora vem de sua verba salarial que com descontos legais beira os 70% de um salá rio mínimo. DO DIREITO a) DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR: Nos termos do art. 1.694 do CC, é dever dos parentes prestar alimentos, de modo a arcar com as necessidades dos demais. O réu é pai da autora, como se percebe pela Carteira de identidade da menor em questã o (autora). Vale lembrar que o § 1º do art. 1.694 é claro ao afirmar que os alimentos devem ser fixados à luz do binô mio necessidade/possibilidade, sendo este verificado à luz da proporcionalidade. No caso, o réu vem pagando mó dicos valores em prol da filha, nã o havendo regularidade de valor nem de datas, o que muito a prejudica, vez que as despesas de um ser humano, sobretudo um infante, sã o diá rias, variá veis e constantes. b) DAS NECESSIDADES DA ALIMENTANDA E DAS POSSIBILIDADES DO ALIMENTANTE As necessidades da autora sã o evidentes no que tange à moradia, à alimentaçã o, ao transporte, à escola, à saú de e ao lazer. Como se percebe pela documentaçã o anexada a esta petiçã o, as necessidades foram claramente expostas e seu quantum foi devidamente demonstrado. A autora precisa ter acesso a tudo aquilo necessá rio para um crescimento saudá vel e condigno, fazendo jus ao recebimento de pensã o alimentícia compatível. A possibilidade do réu também resta claramente configurada, visto sua excelente saú de financeira, bebedeiras semanais além da ausência de outras obrigaçõ es com familiares, visto que vive com companheiro e nã o tem filhos. Saliente-se desde logo, a Lei nº 5.478/68 sequer impõ e qualquer outro requisito, além da prova do vínculo de parentesco, neste sentido: "O credor, pessoalmente ou por intermédio de advogado, dirigir-se à ao juiz competente, qualificando-se, e exporá suas necessidades, provando, apenas o parentesco ou a obrigação de alimentar do devedor, indicando seu nome e sobrenome, residência ou local de trabalho, profissão e naturalidade, quanto ganha aproximadamente ou os recursos de que dispõe." Nas palavras de Maria Berenice Dias: "Assim, é imperativo reconhecer que na ação de alimentos se invertem os ônus probatórios. O autor deve provar documentalmente a existência da obrigação, ou seja, o vínculo de parentesco com o réu. Em se tratando de ação que tem por fundamento obrigação alimentícia decorrente do casamento, ou quando há prova pré-constituída de união estável, precisa o autor justificar a necessidade dos alimentos. Na ação que tem por causa de pedir obrigação decorrente do vínculo de filiação, a demonstração da necessidade só se impõe quando o demandante é maior de idade. Mas se o autor é menor, sequer precisa provar suas necessidades, que são presumidas.” Quanto a valor dos alimentos, a jurisprudência brasileira nã o hesita em fixar o valor da pensã o alimentícia em até 30% dos vencimentos do pai. Aliá s, razoá vel e compatível com o binô mio X necessidade possibilidade a fixaçã o em 30% sobre os rendimentos líquidos totais do Requerido, isso porque o CPC/2015 admite que os débitos oriundos de obrigaçã o alimentar sejam alçados até o patamar de 50%, Conforme vejamos: Art. 529. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento da importância da prestação alimentícia. § 1o Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de desobediência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício. § 2o O ofício conterá o nome e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a importância a ser descontada mensalmente, o tempo de sua duração e a conta na qual deve ser feito o depósito. § 3o Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução pode ser descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput deste artigo, contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos líquidos. (grifei) c) DA FIXAÇÃO DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS Nos termos do art. 4.º da Lei no 5.478/1968, ao despachar o pedido o juiz fixará desde logo alimentos provisó rios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles nã o necessita. A autora necessita com urgência de tal fixaçã o, já que as condiçõ es financeiras da mã e sã o precá rias; por ter que suprir sozinha as necessidades da filha, precisou acumular tantas dívidas que mal tem crédito no mercado, o que pode complicar o acesso da autora aos bens de que necessita. A lei nã o exige prova da urgência para o pleito de alimentos provisó rios. A argumentaçã o vem como reforço para que o juiz fixe a pensã o em valor pró ximo do pleiteado e nã o seja excessivamente restritivo. Assim, faz-se de rigor a fixaçã o dos alimentos provisó rios no valor correspondente a 30% sobre os rendimentos líquidos totais do Requerido, a serem pagos imediatamente com vistas a que as despesas do pró ximo mês possam ser regularmente pagas. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Diante do exposto, requer que Vossa Excelência se digne a: A. Conceder o benefício da assistência judiciá ria gratuita, nos termos dos arts. 98 e 99, § 3º do Có digo de Processo Civil bem como da Lei art. 1º, §§ 2º e 3ºda Lei de Alimentos, porquanto desprovida de recursos financeiros para custeio das despesas processuais e honorá rios advocatícios; B. Cite-se o Requerido, nos termos do art. 5º da Lei no 5.478/1968 por carta, com aviso de recebimento para, querendo, comparecer à audiência de conciliaçã o, instruçã o e julgamento, ocasiã o em que deverá apresentar sua defesa, sob pena de revelia, bem como produzir as provas que tiver interesse. C. Que seja oficiado o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, requerendo informaçõ es acerca da existência de vínculos empregatícios em nome do executado, que seja oficiado o empregador (se houver) para que seja descontado diretamente da folha de pagamento do devedor o valor devido a título de alimentos, tanto vencidos quanto vincendos, evitando novos inadimplementos (art. 529, § 3º, Có digo de Processo Civil/2015); D. Achando vinculo empregatício, a fixaçã o de alimentos provisó rios liminarmente em R$ 30% dos rendimentos líquidos totais do Requerido, mediante desconto em folha de pagamento, nos termos do art. 4.º da Lei no 5.478/1968 e 529 do CPC, depositando a importâ ncia na Conta Corrente a ser designada por este juízo; E. Intimaçã o do ilustre parquet, Ministério Pú blico, para intervir no feito; F. Ao final, a condenaçã o do réu, em definitivo, ao pagamento de pensã o mensal, no valor correspondente a 30% dos rendimentos líquido totais, sendo ainda condenado a arcar com o ô nus da sucumbência atinente a custas, despesas e honorá rios advocatícios. G. Requer provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, pugnando-se desde já pela distribuiçã o dinâ mica do ô nus da prova ( CPC/2015, art. 373, § 1º) em relaçã o aos fatos de prova inviá vel pela alimentante. DO VALOR DA CAUSA Dá a causa o valor de R$ 3.600 (três mil e seiscentos reais). Nos exatos termos, Pugna deferimento. Salvador/BA. 07 de março de 2018. EDUILA MAURIZ OAB/BA xx.xxxx