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EMPREENDEDORISMO

CAPÍTULO 4 - QUAIS SÃO OS TIPOS DE


EMPREENDEDORISMO QUE EXISTEM?
Ana Lúcia Ferraresi Schmitz

INICIAR
Introdução
Olá! Em nossos estudos sobre empreendedorismo, observamos com empreendedores
diferentes, com perfis e metas que variam de acorda com sua motivação pessoal e
profissional. Neste capítulo, vamos estudar os tipos de empreendedorismo como:
intraempreendedorismo, empreendedorismo de impacto social; empreendedorismo
como oportunidade de carreira, e políticas públicas como fomento ao
empreendedorismo.
Além de aprender mais um pouco sobre esse universo, nosso objetivo é provocar o
empreendedor que existe em cada um e, também, compreender a importância do
profissional empreendedor para o desenvolvimento econômico de uma sociedade.
Para isso, é preciso criar uma consciência crítica e reflexiva para responder perguntas
como: qual a diferença entre empreendedor e intraempreendedor? Como um
empreendedor pode causar impacto social? Qual a importância do empreendedorismo
para a minha carreira profissional? Posso contribuir com a construção de políticas
públicas de fomento ao empreendedorismo?
Ao responder esses questionamentos, vamos refletir sobre o conteúdo de cada tópico e
compreender quais os tipos de empreendedorismo existem e como eles se inserem em
nosso meio.
Acompanhe a leitura e bons estudos!

4.1 Intraempreendedorismo
Neste item, vamos entender que o empreendedor pode ser também em um ambiente
interno, isto é, dentro de uma organização Como isso pode ser feito? O que é necessário
para se tornar um intraempreendedor? O empreendedorismo é algo tão importante nos
dias atuais e presentes no cenário globalizado e mutável, que encontramos os
empreendedores atuando tanto em nível pessoal, como é o caso do empreendedor
individual; atuando em nível organizacional, que é definido como o intraempreendedor;
empreendedores atuando também em nível social, o empreendedor social e seu
impacto na sustentabilidade (meio ambiente).
Em todos os níveis do empreendedorismo, encontramos a agregação de valor, seja em
processos ou em produtos, em nível individual ou pessoal do empreendedor. A
satisfação do empreendedor ao realizar ou alcançar seus sonhos e objetivos reflete ao
seu redor trazendo benefícios e melhorias e, ao mesmo tempo, despertando novos
sonhos e objetivos do empreendedor.
Portanto, a atuação de um empreendedor organizacional é um diferencial competitivo e
que agrega valor. Mas o que vem a ser intraempreendedorismo? Vamos à resposta a
seguir.

4.1.1. Entendendo o intraempreendedorismo


Hashimoto (2009) explica sobre a necessidade do empreendedor interno, ou
intraempreendedor, afirmando que há muitos estudos que comprovam que uma das
principais características das empresas bem sucedidas no atual cenário instável, flexível
e global do mercado está na implantação de uma cultura empresarial de estímulo ao
intraempreendedorismo. E que tornar os colaboradores motivados e proativos, a fim de
obter maiores e melhores resultados, ainda é um grande desafio para as empresas
preocupadas em manter-se no mercado competitivo.
Um dos autores ícone neste assunto, Pinchot III (1985), define o intraempreendedor
como: um forte visionário e insaciável que não descansa até que sua visão esteja
manifestada dentro da empresa.
O autor também apresenta formas de como uma empresa pode adquirir uma cultura e
propiciar um ambiente facilitador ao intraempreendedorismo, o que ele chamou de “os
dez mandamentos do intraempreendedor” (PINCHOT III, 1985). Ao retomar o assunto,
Santos et al. (2013, p. 145) nos apresente esses mandamentos:

1 – Encontre pessoas para ajudá-lo, pois o intraempreendedorismo não é uma atividade


solitária;

2 – Vá para o trabalho a cada dia disposto a ser demitido;


3 – Evite quaisquer ordens que visem interromper seu sonho;

4 – Execute qualquer tarefa necessária a fazer seu projeto funcionar, a despeito de sua
descrição de cargo;

5 – Siga sua intuição a respeito das pessoas que escolher e, trabalhe somente com as
melhores;

6 – Trabalhe de forma clandestina o máximo que puder, pois a publicidade aciona o


mecanismo de imunidade da corporação;

7 – Nunca aposte em uma corrida, a menos que esteja correndo nela;

8 – Lembre-se de que é mais fácil pedir perdão do que pedir permissão;

9 – Seja leal as suas metas, mas realista quanto as maneiras para atingi-las;

10 – Honre seus patrocinadores.

Pinchot III (1985) afirma que o intraempreendedor é o profissional que possui talento
suficiente para ser um terceiro caminho na empresa. É ele que preenche o vazio entre o
gerente e o inventor organizacional. Segundo o autor: “os intraempreendedores não
são necessariamente inventores de novos produtos ou serviços”, mas contribuem com
“novas ideias ou protótipos e transforma-os em realidade lucrativa” (PINCHOT III, 1985,
p. 26). A figura a seguir apresenta o espanto da equipe de trabalho quando um
intraempreendedor apresenta suas ideias revolucionárias.

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Figura 1 - O intraempreendedor em ação pode causar forte impacto na empresa ao expressar suas ideias e
sonhos. Fonte: Roman King, Shutterstock, 2018.

Então qual é o papel do empreendedor dentro das empresas? Em uma empresa,


organização, instituição, ONGs, entre outras formas de atuação no mercado de trabalho,
o papel do intraempreendedor é fundamental para o alcance dos objetivos. No entanto,
nem sempre é fácil entender a atuação de um empreendedor interno ou
intraempreendedor.
Dentro das organizações, o empreendedor possui características diferenciadas dos
demais como criatividade, liderança, assumir riscos, é orientado para resultados, mas
também é independente, tem necessidade de autorrealização, pensa e age de modo
diferente dos demais, sendo em muitos casos inesperado e inusitado.
Schmitz (2013, p. 11) conceitua o intraempreendedor como: “... paixão e proatividade
[...] Talentos incontidos, aberto às oportunidades [...] um ser apaixonado, criativo e
necessário a qualquer empresa que pretenda se manter competitiva no mercado nos
tempos atuais”.

VOCÊ O CONHECE?
Gifford Pinchot III é o autor referência para o intraempreendedorismo. Em 1978, conceituou pela primeira vez
o termo. Ele é um grande empresário norte americano, dono da empresa Pinchot & Company e tem atuado no
mercado ajudando empresas, empresários e intraempreendedores a criarem produtos novos, bem como a
educá-los a criarem um ambiente favorável ao intraempreendedorismo.

Assim como o empreendedor, o intraempreendedor, para executar suas ações e assumir


um papel decisivo, precisa de um ambiente predisposto ao empreendedorismo. E para
isso é essencial que haja comprometimento e incentivo de patrocinadores, a fim de
incentivar as ações empreendedoras de forma efetiva. Pois com o constante aumento
da competitividade, as ideias e ações inovadoras dos intraempreendedores são de
extrema importância, pois podem garantir sustentabilidade da organização no
mercado.
Para que o intraempreendedor alcance seus objetivos na organização em que trabalha,
ele precisará de um ou mais patrocinadores. E neste caso, quem são os patrocinadores?
São aqueles indivíduos que vão acreditar em você, no seu potencial de
desenvolvimento e vão facilitar os meios de alcançar algo. Normalmente se encontram
em níveis hierárquicos acima do intraempreendedor. E por isso mesmo, tem o poder de
facilitar e alavancar processos e insumos para o alcance dos objetivos. Estes
patrocinadores são pessoas que conseguem visualizar o intraempreendedor como
alguém que agrega valor além de reconhecerem as atitudes empreendedoras.
Pinchot III (1985, p. 125) conceitua o patrocinador como alguém que está envolvido com
problemas técnicos, ou marketing, ou apresenta ideias a gerencia para, por trás desse
cenário, manter vivo o intraempreendedor. Pois ajudam e protegem os
intraempreendedores lhes dando o “controle dos recursos de que necessitam para
realizar suas visões e constroem um ambiente que torna válida a sua permanência”.
Autores como Pinchot III (1985), Bueno e Lapolli (2001), Fialho et al. (2006), Santos et al.
(2013) e Schmitz (2012) apresentam características comuns aos intraempreendedores,
como você pode observar a seguir:

visão – imagina em sua mente a sua obra acabada, além de pensar no caminho
para alcançá-la, analisando e avaliando. Ainda é aquele cooperador que sonha e
realiza seus sonhos;
polivalência – ultrapassam suas funções e acabam realizando a de outras
pessoas, têm flexibilidade e adaptam-se com facilidade aos grupos de trabalho,
pois executam qualquer tarefa necessária para fazer seu projeto empreendedor
funcionar a despeito de sua descrição de cargo;
orientados para ação – sempre que vislumbram algo, logo se colocam em
atividade a fim de alcança-lo, tem facilidade para avaliar caminhos tortuosos e
evitam ordens que visem interromper seus sonhos;
assumem riscos – por serem grandes estrategistas e prospectarem cenários
procuram alternativas para atender seus anseios de forma independente,
assumindo, dessa forma, riscos inerentes as suas ações. Todos os dias vão para o
trabalho dispostos a serem demitidos. Seu foco é a realização de seus sonhos;
planejam e executam – planejam suas ações e logo as colocam em prática, ou
seja, planejam e trabalham quase que simultaneamente, pois são leais às suas
metas não medindo esforços;
são velozes – não perdem tempo para executar suas ações, por isso planejam e
logo colocam em ação seus planos. Tomam decisões com urgência e são rápidos
para resolver problemas, mas tem plena consciência de que somente apostam em
suas próprias corridas;
são independentes – não aderem padrões impostos. Agem de forma autônoma e
trabalham de forma clandestina o máximo que podem;
tomam decisões – por serem independentes muitas vezes tomam decisões
independe de aprovação de seus gerentes. São leais às suas metas;
buscam patrocinadores – na rede de relacionamentos do intraempreendedor
encontram as pessoas estratégicas para alcançar seus objetivos, são persuasivos.
Mas tem uma grande característica: são leais aos seus patrocinadores. Sabem que
suas atividades não acontecem de forma solitária;
são autoconfiantes – confiam sua própria habilidade para realizar seus
objetivos, pois são realistas quanto a maneira de atingir suas metas;
são criativos e inovadores – utilizam sua criatividade para não perder as
oportunidades e inovar em ideias para agregar valor e angariar recursos. Mas
antes e acima de tudo está seu foco em alcançar seus sonhos.

Por meio do uso de suas características de personalidade e comportamento, os


intraempreendedores contribuem para transformarem novas ideias em realidades
lucrativas agregando valor ao negócio e possibilitando a manutenção da empresa no
cenário competitivo global.
Nesse cenário competitivo e global encontramos empreendedores de sucesso. São eles
os responsáveis pelo que conhecemos como empreendedorismo de impacto social.

4.2 Empreendedorismo de impacto social


Vamos refletir sobre ações sociais feitas por empreendedores que se preocupam com o
bem-estar das pessoas ao seu redor e com o desenvolvimento econômico e mais
igualitário de uma comunidade.
Algumas vezes essas atitudes empreendedoras são tão importantes que acabam
tomando dimensões não imaginadas no início do projeto quando o empreendedor
começou a colocar em prática suas ideias e ideais. Mas o que é empreendedorismo
social?

4.2.1 Empreendedorismo Social


Dess (2001) define o empreendedor social como aquele que defende uma missão social
e não a geração de riqueza, pois em suas metas não há lugar para benefício do
empreendedor.
Autores e estudiosos como Melo Neto e Froes (2002) definem os empreendedores
sociais como vítimas da exclusão social e movidos por ideias e soluções para as
disfunções existentes, com atitude de inconformismo e crítica diante do cenário de
injustiças, não se acomodam. Direcionam esforços, criam e implementam ações no
sentido de promover um sistema mais equilibrado e funcional, garantindo o
autossustento e a melhoria contínua do bem-estar da comunidade.
Saiba que em toda a atividade de um empreendedor o objetivo primordial é o alcance
de seus sonhos, de sua realização pessoal. Mas como consequência dessa atitude,
ocorre a geração de valor, isso porque o empreendedor agrega valor ao seu produto
final, até mesmo quando transforma a realidade de uma comunidade, trazendo
educação, lazer, entre outros, alterando dessa forma a vida das pessoas e criando
inclusive oportunidades de trabalho.
A figura a seguir mostra a ilustração de uma ação social desenvolvida voltada a
sustentabilidade e que acaba por agregar valor à sociedade.
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Figura 2 - Empreendedorismo social inicia com ações pequenas e de inconformismo do empreendedor e


agrega valor à sociedade. Fonte: Jacob_09, Shutterstock, 2018.

Em nosso país, os problemas sociais vêm se avolumando e agravando. A ausência de


ações do Estado acaba por obrigar a população a conviver com a falta de assistência dos
órgãos públicos que deveriam assistir a sociedade em, por exemplo, saúde, educação,
cultura, laser, segurança, entre outros. Esses problemas agregados à lentidão e a pouca
eficácia dos serviços oferecidos pelo poder público, impelem ao desafio de alguns, os
empreendedores. Normalmente são pessoas comuns e nascidas naquelas realidades e
que tem em seu ideal de vida o sonho de transformar aquela realidade local. Vemos
iniciativas esportivas, musicais, educacionais, que modificam a realidade de muitas
comunidades em nosso país. São ações sociais fruto de habilidades e dons que os
empreendedores costumam colocar em prática. Em outras vezes, essas habilidades
também podem ser adquiridas e transformadas em benefícios sociais, somente pelo
simples fato de querer mudar uma realidade.
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Figura 3 - Ao construir uma escola, por exemplo, a realidade foi mudada e acabou agregando valor pelo
empenho e inconformismo de um empreendedor social. Fonte: Rawpixel, Shutterstock, 2018.

Muitas vezes esse tipo de empreendedorismo acontece em uma comunidade carente,


em que um empreendedor com grandes ideias vem oferecer seus serviços para mudar a
condição das pessoas que ali vivem. Quando se fala em empreendedorismo de impacto
social, não necessariamente se está falando de algo grande e de grande valor
econômico, mas de algo que pode iniciar pequeno e se tornar grande, de visualização e
valor econômico e social. Você já deve ter ouvido falar em cooperativas? Em obras
sociais que visam mudar a realidade de crianças carentes? Ou então em produtos que
geram valor econômico para um país – criação ou inovação? Então, trata-se de ações
sociais que tem como a frente um grande empreendedor, que conseguiu vislumbrar
situações diferentes daquelas que os olhos comuns enxergam.
O empreendedor social, portanto, é aquele que está sempre em busca de algo que
possa modificar realidades. São pessoas inconformadas que buscam soluções e se
sentem atraídas por desafios e querem ver realidades modificadas em que condições de
miséria, doença e violência sejam transformadas em realidades produtivas. Seja na
música, no esporte, no artesanato, na alimentação, na ajuda comunitária e no
desenvolvimento social de uma região.

VOCÊ QUER LER?


No site <https://groundswell.org/ (https://groundswell.org/)> (GROUNDWELL, 2018), você encontra uma
iniciativa para que as comunidades carentes obtenham energia limpa, com um baixíssimo custo. Ler e
entender como ideias simples podem se tornar em soluções importantes Vemos em telhados de casas as
placas de energia solar, mas não em comunidades carentes. Como pessoas de baixa renda podem usufruir de
algo que inclusive não agride a natureza? Essa é a proposta, que a energia seja compartilhada.

Conhecer o impacto social de iniciativas empreendedoras estimula a criação de novos


projetos ou organizações sociais. Para isso, essas iniciativas estão apresentadas de
diversas formas, seja em blogs, em sites, livros, ou reportagens na TV. E há também
muitos livros escritos por empreendedores nas mais diversas áreas que trazem, os
sonhos, as ações, os sentimentos e os entendimentos dos empreendedores envolvidos.

VOCÊ QUER VER?


Amyr Klink é um grande empreendedor na navegação. Entre 1998 e 1999, realiza o Projeto Antártica 360º, em
que faz a navegação circular polar pela rota mais curta, rápida e difícil, sozinho a bordo do navio Paratii. Essa
viagem é contada no documentário Mar Sem Fim (CORRÊA; KUBRUSLY, 2002).
Por fim, o empreendedorismo social acontece não só no Brasil, como em todo o mundo.
No caso de Amyr Klink, foi ele quem construiu sua primeira embarcação, sua própria
marina, sendo hoje dono de um estaleiro. Seu negócio é rentável e agregou valor para a
comunidade (KLINK, 2014). Temos, então, um grande empresário que investiu em sua
carreira profissional naquilo que gosta, um exemplo de empreendedorismo como
oportunidade de carreira, nosso assunto do próximo tópico de estudo.

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4.3 Empreendedorismo como


oportunidade de carreira
O empreendedorismo na própria carreira começa quando você idealiza algo para sua
vida. É nesse ponto que se inicia a caminhada para realização de seus sonhos. Muitas
vezes o empreendedor tem um sonho e não sabe como fazer. Ou tem uma habilidade
até então desconhecida e a partir da visão do outro é que a reconhecemos.

CASO
Muitos são os casos de empreendedores brasileiros que iniciaram suas carreiras
por necessidade. Um exemplo bem conhecido é do apresentador Silvio Santos.
Iniciou sua carreia como vendedor ambulante aos 14 anos, vendendo capas para
título de eleitor. Mas chamou a atenção com sua voz. Embora fosse muito
habilidoso para as vendas, foi sua voz que o ajudou no desenvolvimento de sua
carreira. Contava com outras características importantes para um empreendedor
de sucesso: ser um visionário, um sonhador, e não ter receio de correr riscos. Não
teve medo de procurar o desconhecido e foi morar em São Paulo. Lá acabou
conhecendo um empresário que estava com dificuldades de administrar seus
negócios e aí inicia uma rede de contatos poderosa. O empresário tornou-se seu
patrocinador, o que culminou com sua carreira como locutor de TV. Durante toda
sua caminhada rumo ao sucesso jamais desistiu mesmo nos tempos de
turbulência. Usou sua visão empreendedora e hoje, com mais de 80 anos, ainda
encontra-se na ativa.

Talvez você não tenha se dado conta, mas o fato de estar estudando para alcançar um
novo patamar de conhecimento pode ser o ponto de partida. A partir desse momento,
você começa a conhecer e vislumbrar novos horizontes que, talvez, jamais tenha
pensado ou imaginado. Mas se até aqui você ainda não encontrou seu propósito, saiba
que todo o empreendedor não desiste. Continue sua busca, faça outros cursos, ande
por outros caminhos e esteja tenha atenção ao que vai surgir, pois aí pode estar sua
oportunidade de carreira. A seguir, vamos tratar da questão carreira profissional e os
obstáculos do mercado global.

4.3.1 Carreira pro ssional x Mercado global


Muitos são os efeitos da globalização ao mundo do trabalho. Hoje dar conta de
acompanhar o fluxo de novas informações é necessária criatividade e acesso às novas
tecnologias. O outro lado desses efeitos é a diminuição da oferta de trabalho e a
exigência de qualificação profissional. Outro fator agravante é que o novo padrão de
trabalho prevê pouca estabilidade, ou seja, o colaborador encontra pouca garantia de
permanência na empresa.
É nesse cenário globalizado e instável que entra o papel do empreendedorismo na
carreira profissional. Flexibilização passa a ser a palavra de ordem. E também a
necessidade de planejar, traçar boas estratégias, pensar, vislumbrar oportunidades,
criar, inovar. As condições de conhecimento, condutas e posturas impostas pelo
mercado, chamamos de empregabilidade. E agregado a isso, planejar e traçar a carreira
profissional de forma criativa e inovadora chamamos de carreira empreendedora. Ela
inicia com a observação do que vêm sofrendo o mundo do trabalho com a globalização,
inovações tecnológicas, comunicação global, mudança e surgimento de novos postos
de trabalho e novas necessidades de mercado. Com isso, se torna necessário construir a
carreira em bases sólidas com visão, estudos, habilidades e conhecimentos.

VOCÊ QUER VER?


Walt Antes do Mickey (GUTIERREZ; BERNSTEIN, 2014) traz a história real de Walt Disney. Vivendo da carreira de
desenhista, o protagonista superou vários obstáculos até desenhar Mickey Mouse, a criação que o tornou
famoso. Além de mostrar a superação das dificuldades para desenvolver sua carreira profissional, o filme
apresenta muitas características empreendedoras. Também traz um importante conselho: “tudo o que vale a
pena fazer deve ser bem feito”.

As atitudes empreendedoras podem tomar dimensões não imaginadas no início do


projeto de carreira. Mas o empreendedor sempre procura conhecer e buscar o novo, os
desafios e ultrapassar os obstáculos quando obstinadamente coloca em prática suas
ideias e necessidades.
Saiba que o desenvolvimento de sua carreira, quando bem investida, pode agregar
valor à empresa que está vinculado, à comunidade a que se pertence e ao ambiente em
que você está investindo.
Birley e MuzyKa (2001, p. 6-7) afirmam que “gerenciar um empreendedor nem sempre é
uma tarefa fácil.[...] os empreendedores tem suas próprias formas de lidar com os
problemas da vida cotidiana [...] criam novas atividades e estimulam a economia”.
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Figura 4 - A carreira profissional de um empreendedor é cheia de vieses necessários para alcançar o sucesso
sonhado. Fonte: OPOLJA, Shutterstock, 2018.

Muitas vezes o empreendedor está obstinado em empreender em sua própria carreira


profissional, e para isso, utiliza as características do comportamento empreendedor,
além de outras que já desenvolveu no transcorrer de sua vida.
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Figura 5 - O empreendedor ao planejar sua carreira põe em práticas suas características de sonhador,
planejador e visionário de oportunidades. Fonte: Peshkova, Shutterstock, 2018.

Outras vezes o empreendedor se depara com situações em que encontra dificuldades


para resolver. Essas são as preferidas pelos empreendedores, pois são movidos por
desafios. E quando o empreendedor realizou cursos de capacitação, logo vai saber que
fazer coisas que não são rotineiras, são necessárias nesses momentos. São atitudes
simples, mas que representam o vislumbre de novas perspectivas, muitas vezes
necessárias para despertar a criatividade e estimular a inventividade.

VOCÊ SABIA?
Como você faria para impulsionar sua carreira? Você pensa em impactar a sociedade, em
agregar valor a um produto? Muitas literaturas apresentam características
empreendedoras, outras apresentam exemplos de empreendedorismo, mas outros
agregam as duas informações, como é o caso de “O Segredo de Luísa” de Fernando
Dolabela (2008).

O empreendedor de sucesso, em grande parte, não depende de ações do governo. Ele


age para realizar seus sonhos. Visto serem os empreendedores, pessoas que contribuem
para o desenvolvimento econômico de uma nação, o próprio governo cria políticas para
ajudarem na implementação de ideias empreendedoras.

4.4 Políticas Públicas de fomento ao


empreendedorismo
Em nível mundial, muitos estudos são desenvolvidos a fim de compreender a ação do
empreendedorismo para o desenvolvimento econômico e social de um país. Apesar de
muitos estudiosos terem constatado que o empreendedorismo é uma mola propulsora
para o desenvolvimento em nível econômico ou social, no Brasil, pouco tem sido feito
quanto a políticas públicas de fomento ao empreendedorismo social.

4.4.1 Apresentando políticas públicas de fomento ao


empreendedorismo
Dornelas (2001, p. 181) afirma que “existem diversas fontes de financiamento
provenientes de governos municipais, estaduais e federal,” no país, mas que muitas
vezes não aparecem de forma estruturada e exigem atenção dos empreendedores.
Muitas vezes os empreendedores desconhecem esta informação de há nem ouviram
sequer falar. Mas que os empreendedores devem ficar atentos e sempre procurar
informações a respeito.
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Figura 6 - A atenção e a busca de informações são de grande importância e devem ser a constante para os
empreendedores em relação às políticas públicas. Fonte: Picsfive, Shutterstock, 2018.

Observe no quadro a seguir a indicação de autor de referência e as ações e política


pública de fomento e incentivo ao empreendedorismo de Micro e Pequenas Empresas
(MPEs).
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Quadro 1 - Alguns estados se destacam ao investir em Políticas de fomento ao empreendedorismo tanto em


nível inicial como no desenvolvimento. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em Gomes; Alves; Fernandes,
2013.

A partir das informações do quadro, fica evidente o que afirma Spink (2013):
a área de fomento ao empreendedorismo é – antes de mais nada – uma área híbrida,
conforme a própria expressão. Cabe ao estado as ações de “fomento”, cabe aos atores
empresariais as ações de “empreender”, cabe a ambos juntos a construção de uma arena
efetiva de ação pública empreendedora (SPINK, 2013, p. 58)

Outro local propício para informações sobre políticas públicas e mecanismos de


fomento e reconhecimento da ação empreendedora com impacto social é o anuário
Global Entrepreneurship Monitor (GEM). O GEM apresenta o que há de novo no Brasil e no
mundo em relação ao empreendedorismo e desenvolvimento de ações norteadoras ao
empreendedor.
Em nível de Brasil, apresenta algumas limitações como é o caso de impostos e dos casos
de corrupção tão amplamente divulgados nos últimos tempos. Mas ao mesmo tempo
apresenta entidades como SEBRAE, SENAC e SENAI como organizações propulsoras do
empreendedorismo.

VOCÊ SABIA?
O SEBRAE é um órgão de fomento ao empreendedorismo que oferece cursos de
capacitação e auxilia os empreendedores em suas dúvidas e necessidades? Está sempre
aprimorando os cursos para as novas necessidades do mercado, complexidade e
burocracia na criação de empresas no Brasil. Também oferece ajuda no desenvolvimento
de micro ou pequena empresa. Encontre respostas aos seus questionamentos no portal
SEBRAE (2018): <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/>
(http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae></a>).

O SENAC e SENAI são instituições que oferecem cursos para desenvolver habilidades
especificas para profissões técnicas. Já o SEBRAE é uma organização que dá suporte ao
empreendedor, não só trazendo orientações necessárias ao desenvolvimento de
negócios, como também oferecendo e adaptando cursos que fomentam ações
empreendedoras.

VOCÊ QUER LER?


Políticas públicas de fomento ao empreendedorismo são tão relevantes para a economia que vários
pesquisadores se interessam sobre o assunto. O livro “Políticas Públicas de Fomento ao Empreendedorismo e
às Micro e Pequenas Empresas” (GOMES; ALVES; FERNANDES, 2013) traz a perspectiva de políticas públicas
como fomento a ações empreendedoras em algumas regiões brasileiras.

O Brasil tem investido em importantes, mas poucas políticas públicas, que tem
fomentado e aumentado o surgimento de negócios desenvolvidos por
empreendedores. No contexto das políticas públicas em favor do micro, pequenos e
médios negócios são exemplos a “Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas em 2006, a
implantação do Microempreendedor Individual (MEI) em 2009, e a ampliação dos
limites de faturamento do Simples Nacional em 2012” (SEBRAE, 2013, p. 7).
Silva e Machado (2008) também acrescentam que, no caso brasileiro, há necessidade de
políticas públicas para programas voltados ao crescimento de micro e pequenas
empresas, “[...] à otimização do processo de abertura de empresas, à capacitação para
pequenos empresários e ao incentivo a instalações para empreendedores iniciantes
[...]” (SILVA; MACHADO, 2008, p. 11). O anuário GEM (2016) também aponta na mesma
direção quando comenta sobre o fomento financeiro para implantação de empresas
MEI e, posteriormente, explica que não há preocupação em acompanhar o
desenvolvimento, crescimento e maturidade. Políticas públicas para o
acompanhamento e suporte para sustentação não são desenvolvidas pelo governo, o
que normalmente encontramos no Brasil são organizações como SEBRAE, SENAC,
SENAI que trabalham com cursos como citamos anteriormente.
O governo brasileiro demonstra que sua intenção é dar importância para a área
economia, pois as políticas públicas são voltadas ao financiamento. Já as políticas de
estímulo ao empreendedorismo precisam de um olhar mais atento do poder público.
Conforme Sarfati (2013, p. 22) afirma que não há políticas públicas de estimulo ao
empreendedorismo, por isso sugere que haja:

(...) necessidade de políticas relacionadas a ações que diretamente promovem a atividade


empreendedora, como:

• Políticas Públicas para a promoção de cultura e educação empreendedora;

• Políticas Públicas para o desenvolvimento de indústria de incubadoras e venture-capital;


• Políticas Públicas para Programas de promoção a inovação (pesquisa e
desenvolvimento);

• Políticas Públicas para Programas de fomento à internacionalização.

Quanto ao desenvolvimento das diversas regiões brasileiras, no que se refere ao


cuidado com a educação e saúde da população, as fontes de informação não
apresentam políticas públicas de fomento. Assim, avalia-se como ações fragmentas de
fomento, voltadas somente ao ambiente de negócios financeiros. O que reflete um
“estágio incipiente em nosso país na elaboração de políticas públicas de fomento ao
empreendedorismo” (BURGOS; COSTA, 2013, p. 119).
Eis aí uma grande lacuna. Isso é o que tem sido observado pelos empreendedores
sociais. Daí a criação de ONGs e o surgimento de empreendedores sociais na busca por
sanar este déficit nacional. Muitas dessas iniciativas não são conhecidas, pois não tem
ampla divulgação pelos meios de comunicação. Essa é uma das razões que devem levar
o empreendedor a procurar por essas iniciativas, pois podem proporcionar momentos
de insight importantes para o desenvolvimento de novas ações empreendedoras
voltadas para o social.

Síntese
Concluímos os estudos sobre tipos de empreendedorismo. Neste capítulo, entendemos
o empreendedorismo como oportunidade para a carreira profissional, buscando
desenvolver a motivação para empreender e compreender que, mesmo sendo um
profissional inserido em uma organização, o resultado de suas ações gera um espírito
intraempreendedor visível aos membros da empresa. Isso transforma a vida
empresarial e acrescenta valor aos produtos e processos da empresa.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
definir o conceito de intraempreendedorismo;
compreender a importância de ser um empreendedor em sua carreira
profissional;
compreender a geração de impacto social por meio de suas ações
empreendedoras;
conhecer sugestões de s políticas públicas de fomento ao empreendedorismo.

Bibliografia
BIRLEY, S.; MUZYKA, D.F. Dominando os desafios do empreendedor. São Paulo:
Makron Books, 2001. 334p.
BUENO, J. L. P.; LAPOLLI, É. M. Vivências empreendedoras: empreendedorismo
tecnológico na educação. Florianópolis: UFSC, 2001.
BURGOS, F.; COSTA, A. B. Badesc e o Programa de Microcrédito Catarinense. In: GOMES,
M. V. P.; ALVES, M. A.; FERNANDES, R. J. R (Orgs.). Políticas Públicas de fomento ao
empreendedorismo e às micro e pequenas empresas. São Paulo: Programa Gestão
Pública e Cidadania - FGV, 2013, 167p.
CORRÊA, M. S.; KUBRUSLY, V. Mar Sem Fim. [documentário] Direção de Breno Silveira.
Produção de Conspiração Filmes, VideoFilmes, GNT-Globosat, AKPP. Brasil, 2002.
DESS, J. G. O Significado do “Empreendorismo Social”. Tradução de Victor Ferreira.
2001. Disponível em: <http://www.uc.pt/feuc/ceces/ficheiros/dees
(http://www.uc.pt/feuc/ceces/ficheiros/dees)>. Acesso em: 26/03/2018.
DIAS, G. P. Empreendedorismo: Uma "Nova" Noção para a (Com) Formação Humana,
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