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A configuração do Governo como órgão autónomo de soberania não pode significar que ele
não tenha dependência política- tem dependência política, por um lado, do Parlamento e da
AR (porque é responsável politicamente perante a AR), ainda que, nos últimos anos, a
Constituição não-oficial tenha ditado que o motivo principalmente determinante da
esmagadora maioria do eleitorado quando vota na escolha de deputados não é tanto o partido
politico, mas é mais o individuo que quer ver como PM (houve aqui uma transfiguração do
sentido das eleições parlamentares). Por outro lado, não obstante, ser um órgão autónomo,
tem um nexo de dependência política dentro do PR.
1) Ele é o órgão de condução da política geral do país- assim sendo, reflete-se não só na
política interna, mas também na política externa;
- Está limitado pelo programa de Governo- função de implementar e dar execução ao seu
programa .
2) É o órgão superior da Administração Pública (tem funções como órgão político e como
órgão administrativo)
O governo tem uma dupla função: nos termos do artigo 182º CRP, ele é por um lado, o órgão
de condução da vida política do país, mas ele também é o órgão superior da administração
pública- o governo tem por isso mesmo função como órgão político como órgão
administrativo; no plano da função administrativa ele é o órgão superior da administração,
isto significa que o governo tem poderes de intervenção intra administrativa, isto é, poderes
de intervenção no interior na administração pública (não são poderes de forma idêntica sobre
toda a administração pública, mas sobre toda a administração pública o governo tem poderes
de intervenção)- exemplo: o artigo 199º d) CRP diz que o governo tem poderes mais intensos
sobre a administração direta do estado, o governo tem poderes intermédios sobre a
administração indireta, o governo tem poderes mais debilitados sobre a administração
autónoma que correspondem a 3 figuras que corresponde ao poder de direção (também dito
poder hierárquico), ao poder de superintendência e ao poder de tutela.
A composição constitucional do Governo tem, nos termos do artigo 183º CRP, órgãos de
existência obrigatória e órgãos de existência facultativa:
O estatuto do PM começa com a sua nomeação- artigo 187º CRP: impõe ao PR que, antes de
nomear o PM, deve ouvir os partidos políticos com representação parlamentar, deve ter em
conta os resultados eleitorais. O PR é obrigado a nomear como PM o líder do partido mais
votado para chefiar o Governo?
∙ A pratica política portuguesa diz-nos que depois de uma eleição o PR chama a formar
Governo o líder do partido mais votado- indigitação do PM (não faz parte da Constituição
oficial, mas é uma norma de natureza consuetudinária que integra a Constituição não-oficial).
- Caso não exista maioria, tentar encontrar uma base partidária de apoio que permita
sustentar aquele Governo;
∙ A Constituição não impõe que tenha de ser o líder do partido mais votado a ser nomeado
como PM- o PR pode designar uma individualidade fora até dos partidos políticos, chamando-a
para encarregar de formar Governo. É isto a que chama “governos de iniciática presidencial”.
Funções do Primeiro-Ministro:
Ministros:
Os ministros são todos eles propostos pelo PM ao PR, isto significa que há aqui uma divisão
de poderes: ao PM compete a formulação da proposta, ao PR compete a decisão. Numa
divisão de poderes que pressupõe a interdependência e a colaboração entre os órgãos, porque
nem o PM consegue ver nomeados os ministros que quer, mas o PR não aceita, nem o PR pode
nomear quem não lhe tenha sido proposto pelo PM. Isto significa que o PR tem o poder de
recusar os nomes propostos pelo PM, mas o PR não pode nem sugerir juridicamente, nem
nomear quem não lhe tenha sido proposto pelo PM.
Por outro lado, isto significa que os ministros têm uma dupla legitimidade política: a
legitimidade de quem os propõe e a legitimidade de quem os nomeia formalmente.
1) Competência de execução
2) Competência de coordenação e orientação dos respetivos serviços
3) Competência de participação
4) Competência de substituição do PM nos casos em que não há vice PM
Nota: podem existir ainda outros membros do Governo (vice PM, secretários de Estado,
subsecretários de Estado). Em todos estes casos não há uma hierarquia administrativa entre
eles, há uma hierarquia de natureza política.
Entrada em funções do Governo (Artigo 186º, nº1/2 CRP)- ocorre com a sua tomada de posse
(o momento de tomada de posse do Governo é simultaneamente o momento em que cessa
funções o anterior Governo e inicia funções o novo Governo).
Quando é que há Governo de gestão? Todos os Governos são, em dois momentos, Governos
de gestão:
- Período decorre desde a sua demissão até à tomada de posse de um novo Governo.
Ou seja, todos os Governos são, no princípio e no final da sua vida, Governos de gestão. Pode
ocorrer que o Governo durante toda a sua vida seja Governo de gestão porque ele era
Governo de gestão até à apresentação do programa de Governo no Parlamento e este decide
rejeitar o programa de Governo, e ao fazê-lo o Governo ficou demitido.
- É uma forma de heterovinculação (perante a AR e perante o país) sobre a sua atuação futura.
Isto permite ao Parlamento, quando aprecia o programa do Governo, fazer um juízo sobre o
mérito daquilo que o Governo pensa vir a fazer. Pode ocorrer que o Parlamento entenda que
aqueles membros do Governo, aquele programa e aquelas linhas não sejam as mais
adequadas- isto significa que a discussão do programa do Governo pode terminar mal para o
Governo, o que significa que, perante o programa do Governo, o Parlamento pode adotar uma
de três soluções:
Notas:
◦ Competência do Governo: