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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Campus Universitário do Araguaia – CUA


Instituto de Ciências Exatas e da Terra/ICET
Química Licenciatura

HIDRÓLISE SALINA E SOLUÇÃO TAMPÃO

Davylla Moana Souza Silva e


Vitória Lohanny Gonçalves Nascimento

Pontal do Araguaia – MT
Julho de 2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Campus Universitário do Araguaia – CUA
Instituto de Ciências Exatas e da Terra/ICET
Química Licenciatura

HIDRÓLISE SALINA E SOLUÇÃO TAMPÃO

Relatório apresentado como requisito


parcial para aprovação na disciplina de
Química Analítica Qualitativa, ministrada
pela Professora Joyce Laura da Silva
Gonçalves.

Pontal do Araguaia – MT
Julho de 2022
1. INTRODUÇÃO

É chamado de hidrólise o processo que ocorre tanto em compostos orgânicos


como inorgânicos, e caracteriza-se pela quebra de molécula por água. O termo “hidro”
significa água e “lise” é relativo à quebra. Hidrólise salina, como o nome sugere, é a
reação entre um sal e água, o que nem sempre resulta em soluções neutras. Nessas
reações, após a dissolução do sal, os íons provenientes deste (cátions ou ânions) reagem
com a água, o que pode resultar em alterações no seu pH, tornando-a ácida ou alcalina, de
acordo com o tipo de íons em excesso.
Pode-se dizer que a hidrólise salina é um processo inverso às reações de
neutralização, já que nestas os produtos finais são moléculas de sal e água, enquanto
naquela, estes são os reagentes iniciais. Existem quatro classes, nas quais os sais podem
ser divididos e que demonstram comportamentos distintos em relação à hidrólise. São
eles:
1. Sais derivados de ácidos fortes e bases fortes: possuem a concentração de H + e OH- é
a mesma (produto da auto ionização da água), teremos uma solução neutra (pH = 7).

2. Sais derivados de ácidos fracos e bases fortes: resultam em uma solução básica (pH >
7), em razão da presença de íons OH- que não interagiram com os íons K+.

3. Sais derivados de ácidos fortes e bases fracas: resultam em uma solução ácida (pH <
7), devido de um íon H+ que não interage com o íon X-.

4. Sais derivados de ácidos fracos e bases fracas: resultam em uma solução ligeiramente
básica ou ácida, dependendo das constantes de dissociação do ácido e da base (Ka e
Kb, respectivamente).

Solução tampão são soluções que resistem às modificações de pH quando a elas


é adicionada uma pequena quantidade de um ácido forte ou de uma base forte ou ainda
quando sofrem uma diluição.
As variações de pH ocorridas nas soluções tamponadas são insignificantes
quando comparadas às variações nas soluções não tamponadas. Por este motivo, estas
soluções são utilizadas para manter constante o pH de um sistema e para preparar
soluções de pH definido.
Solução tampão é constituída por um ácido fraco e um sal que tenham o mesmo
ânion ou por uma base e um sal com o mesmo cátion. Soluções tampão podem ser
usadas em eletroforese, lavagem de células, quebra de DNA, entre outros.
Uma solução tampão pode ser constituída por:
 Uma solução moderadamente concentrada de ácido forte ou de base forte,
isto é, soluções de ácidos e bases fortes com pH nas extremidades da escala
de pH, respectivamente. Soluções de ácidos fortes cujo pH varia de 0 a 2 e
soluções de bases fortes cujo pH varia de 12 a 14 são exemplos dessas
soluções tampão.
 Uma solução contendo um par ácido-base conjugado derivado de ácidos
monopróticos ou bases monoácidas, em concentrações adequadas. É
necessário que existam quantidades apreciáveis desses pares conjugados.
 Uma solução contendo um par ácido-base conjugado, derivado de ácidos
polipróticos ou bases poliácidas, em concentrações adequadas.

A capacidade tamponante de uma solução tampão é definida como a quantidade


de matéria de base forte ou ácido forte que deve ser adicionada a um litro de solução
tampão para provocar a variação de uma unidade de pH. Quanto maiores forem as
concentrações do ácido fraco e da base conjugada maior será a quantidade do ácido
forte ou da base forte que deverá ser adicionada para provocar uma dada variação no
pH. A eficiência de um tampão é definida como a resistência à variação de pH. Quanto
menor for a variação de pH após a adição de ácido forte ou de base forte mais eficiente
será a solução tampão.
A eficiência e capacidade tamponante dependem também das concentrações
efetivas dos componentes da solução, isto é, soluções mais concentradas preservam
melhor o seu pH após a adição de ácidos ou bases fortes. Concluir-se que a eficiência de
um dado tampão em resistir à variação de pH é maior quando a relação das
concentrações de seus dois componentes (Ca/Cb) for igual à unidade e quando as
concentrações dos pares ácido e bases conjugados forem mais elevadas. Em geral, a
eficiência da ação tamponante se mantém satisfatória dentro de uma faixa definida pelos
limites 0,1  Ca/Cb  10, ou seja, pH = pKa  1.

Para verificar a ação tamponante e a eficiência de uma solução tampão, vamos


estudar o efeito da adição de um ácido forte e de uma base forte no pH da solução.
Em uma solução tampão formada por um par ácido-base conjugado, HA/NaA,
os seguintes equilíbrios estão envolvidos:

HA + H2O ⇌ H3O + + A
NaA (s) H2O H 2 O Na+ + A
A  + H2O ⇌ HA + OH

A adição de uma determinada quantidade de matéria de ácido forte a esta


solução tampão acarretará uma diminuição na concentração da base conjugada A  e um
aumento da concentração de HA na mesma quantidade, isto é, o ácido forte reagirá com
os íons A e, consequentemente, levará a esse aumento na concentração de HA. Se essas
variações não forem muito grandes, a relação Ca/Cb permanecerá praticamente a
mesma, o que implica numa pequena variação do pH.
A mesma variação insignificante no pH ocorrerá após a adição de uma
determinada quantidade de matéria de uma base forte que levará a um consumo idêntico
em quantidade de matéria do ácido HA e a aumento de A - na mesma quantidade, porém
a relação Ca/Cb também não se altera significativamente.
2. OBJETIVOS
Avaliar o processo de hidrólise de sais e o emprego destes no preparo de
soluções-tampão, bem como verificar a capacidade tamponante deste sistema. Além
disso, desenvolver a capacidade de observar e coletar dados experimentais,
correlacionando-os.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. MATERIAIS

 Balão volumétrico 50 mL
 Balão volumétrico 100 mL
 Bastão de vidro
 Conta-gotas
 Papel indicador de pH
 Tubos de ensaio
 PHmetro

Reagentes

 Água destilada
 NH4Cl
 CH3COONa
 NH4OH 0,2 mol L-1
 CH3COOH 0,2 mol L-1
 HCl 0,1 mol L-1
 NaOH 0,1 mol L-1

3.2. MÉTODOS
Parte 1:
a) Pesou-se 1,345g de cloreto de amônio (NH4Cl), adicionou-se aproximadamente 25
mL de água destilada para dissolução do sal, e deixou a solução homogenia. A
solução foi transferida para um balão volumétrico de 50 mL. Logo em seguida foi
completado com água destilada e homogeneizada. O pH foi verificado utilizando
papel indicador e anotado.

b) Pesou-se 1,65g de acetato de sódio ((CH3COONa), adicionou-se 25 mL de água


destilada para a dissolução do sal, deixou-se a solução homogenia. Em seguida foi-
se transferida a solução para um balão volumétrico de 50 mL, e completado com
água destilada, e homogeneizou-se a solução. O pH foi verificado e anotado.

Parte 2:

a) Adicionou-se 20 mL de uma solução de 0,2 mol L -1 de hidróxido de amônio


(NH4OH) em um béquer de 100 mL. Logo em seguida adicionou-se 30 ml da
solução de cloreto de amônio (NH4Cl) preparada na Parte 1 ao mesmo béquer,
homogeneizou-se a solução. E então mediu-se o pH da solução e anotou.

b) Utilizou-se de dois tubos de ensaio, tubo 1 e tubo 2. No primeiro tubo (tubo 1)


colocou-se aproximadamente 2 mL de água destilada, e verificou seu pH. No tubo 2
adicionou-se aproximadamente 2 mL da solução tampão (preparada na letra a).
Adicionou-se algumas gotas de solução 0,1 mol L -1 de ácido clorídrico (HCl) e
homogeneizou-se. E foi verificado o pH de ambas.

c) Em um béquer foi adicionado 20 ml de solução de ácido acético (CH3COOH) 0,2


mol L-1, em seguida adicionou 20 ml de solução de acetato de sódio (CH3COONa)
preparada na Parte I e agitou-se e mediu-se o pH. Em dois tubos de ensaio, tubo 1 e
tubo 2, sendo adicionado no tubo 1 algumas gotas de hidróxido de sódio (NaOH)
0,1 mol L-1 e no tubo 2 adicione ácido clorídrico (HCl) 0,1 mol L -1. Verificou-se o
pH.

d) Em um béquer foi adicionado 10 ml de solução de ácido acético (CH 3COOH) 0,2


mol L-1 e acrescente 10 ml de hidróxido de amônio (NH 4OH) 0,1 mol L-1, medidos
na proveta e homogeneizou-se a solução (com um bastão). Verificou-se o pH.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Parte 1:
a) O cloreto de amônio é colocado na água e sofre dissociação iônica, liberando os íons
amônio e cloreto:

NH4Cl(aq) → NH4+(aq) + Cl-(aq)

O cátion amônio, NH4+, reage com o ânion hidroxila, OH -, da água, formando a base
hidróxido de amônio:

NH4Cl(aq) → NH4+(aq) + Cl-(aq)


H2O ↔ H+(aq) + OH-(aq)______________________
NH4C?(aq) + H2O(?) → NH4OH + H+(aq) + C?-(aq)

Apesar de se formar uma base fraca, a solução é ácida, porque os íons H + não foram
consumidos, tornando a solução ácida. A reação entre os íons do sal e da água só ocorre
se formar um ácido fraco ou uma base fraca. Foi o que aconteceu na formação do
NH4OH, que é uma base fraca. No entanto, se os Cl - e H+ reagirem, será formado o ácido
clorídrico, HCl, que é um ácido forte. Portanto, não ocorrerá a reação. Ácidos e bases
fortes permanecem totalmente dissolvidos, com seus íons livres em solução. A fita
indicadora mancou pH=4 e o pHmetro indicou pH=4,358.

b) O sal é composto iônico, e encontra-se dissociado em solução; o hidróxido de sódio


(base forte) também se apresenta dissociado; o ácido acético (ácido fraco)
praticamente não está dissociado.

Na verdade, o que acontece é o seguinte:

O íon acetato é uma base forte (o ácido acético, ácido conjugado, é fraco), sendo capaz
de receber próton da água. A água pura tem pH = 7. Se adicionarmos acetato de sódio
na água, o meio ficará alcalino (pH maior que sete), em razão da consequente formação
de íons OH– pela hidrólise dos íons acetato. A fita indicadora marcou pH=8. O pHmetro
indicou pH=8,213.

Parte 2:

a) A solução é formada pela base hidróxido de amônio (NH 4OH) e pelo sal cloreto de
amônio (NH4Cl), com pH marcando 8 no papel indicador e 8,035 no pHmetro, cujo
cátion em comum é o amônio (NH4+). Nessa solução ocorre uma:

 Dissociação da base:

NH4OH ↔ NH4++ OH-

 Dissociação do sal:

NH4Cl ↔ NH4+ + Cl-

Se a essa solução for adicionado um ácido forte, os seus cátions H + irão reagir com os
ânions OH- da dissociação da base fraca. Com isso, haverá um deslocamento do
equilíbrio da dissociação da base no sentido da formação de mais OH -, fazendo com que
o pOH da solução-tampão permaneça praticamente inalterado.

Já no caso de se adicionar uma base forte, os seus ânions OH - irão reagir com os cátions
amônio, que estão presentes em grande quantidade no meio pelas duas dissociações,
principalmente a do sal, porque a base é fraca e se dissocia pouco. Desse modo, será
formado mais NH4OH.

Isso significa que o aumento de íons OH- pela adição da base forte provoca um aumento
de NH4OH, e a variação de pH será muito pequena.

b) No tubo 1, o tubo com água destilada o pH indicou 6 com o papel indicador e no


pHmetro indicou 6,485. Ao adicionar 20 gotas ácido clorídrico no tubo 1 o papel
indicador marcou pH=1, e o pHmetro marcou pH=0,403. Pois adicionou um ácido
forte a água destilada.
No tubo 2 ao adicionar HCl na solução tampão preparada pela mistura de cloreto e
hidróxido de amônio o papel indicador marcou pH=8 e no pHmetro= 7,458,
sofrendo uma pequena alteração no pH. O que foi explicado acima que ocorreria ao
adicionarmos um ácido forte.
Testou-se também adicionar NaOH na mistura de cloreto e hidróxido de amônio, o
pH indicado pelo papel indicador foi pH= 8 e pelo pHmetro foi pH=7,892 após a
adição de 20 gotas da base.

c) No béquer foi adicionado 20 ml de solução de ácido acético (CH 3COOH) 0,2 mol L-
1
e 20 ml de solução de acetato de sódio (CH3COONa) preparada na Parte 1, ao
medir o pH foi indicado pH=4 no papel indicador e pH= 3,984 no pHmetro.

Ambos possuem o ânion acetato (H 3CCOO-). O acetato do sódio sofre uma grande
dissociação na solução, enquanto o ácido acético sofre uma pequena ionização, pois ele
é um ácido fraco:

Ao adicionar 20 gotas de HCl:

Os seus cátions H+ reagiram com os ânions acetato (H3CCOO-), que estão em grande
quantidade na solução pela dissociação do sal. Com isso, o equilíbrio da dissociação do
sal irá se deslocar no sentido da formação de mais ânions acetato. Desse modo, o pH
ficará praticamente inalterado.

Tendo seu pH indicando pH=4 no papel indicador e pH=4 no pHmetro.

Ao adicionar 20 gotas de NaOH:

Os seus cátions H+ irão reagir com os ânions acetato (H 3CCOO-), que estão em grande
quantidade na solução pela dissociação do sal. Com isso, o equilíbrio da dissociação do
sal irá se deslocar no sentido da formação de mais ânions acetato. Desse modo, o pH
ficará praticamente inalterado.

Tendo se pH indicando pH=4 no papel indicador e pH=4 no pHmetro.

d) Ao adicionar o ácido acético que é um ácido fraco e hidróxido de amônio que é uma
base fraca obtemos o pH=3 pelo papel indicador e pH=3,302.
5. CONCLUSÃO

Conclui-se que hidrólise salina é a dissolução de um sal na água, e os íons


reagem com a água formando fraco e/ou uma base fraca e solução-tampão é uma
solução que contém, geralmente, um ácido fraco com um sal desse ácido, ou uma base
fraca com o sal dessa base, com a finalidade de evitar que o pH varie.
Com os experimentos foi possível observar a ação tamponante, pois só se
enxergou a variação do pH utilizando o pHmetro, pois era uma variação muito que
pequena que não foi possível observar pelo papel indicador.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. FOGEÇA, J.R.V. Hidrólise Salina. Mundo Educação, 2018. Disponível em:


https://mundoeducacao.uol.com.br/quimica/hidrolisesalina.htm#:~:text=A
%20hidrólise%20salina%20ocorre%20quando,e%2Fou%20uma%20base
%20fraca..
2. OLIVEIRA, J.M.F. Fundamentos de Química Analítica. FQ Analítica, 2010.
Disponivel em:
https://www2.ufjf.br/quimicaead/wpcontent/uploads/sites/224/2013/05/
FQAnalitica_Aula6

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