Você está na página 1de 11

INTRODUÇÃO

A palavra “Liderança” está em voga nos dias atuais. É marca e sinal de status,
poder e importância diante dos homens e isso é algo que não podemos negar. Toda
instituição precisa de liderança, pois sem ela não há ordem, propósito e visão de onde se
quer chegar. É inegável o papel, a necessidade e a relevância da liderança.

Na bíblia, com exceção das versões mais atualizadas, a palavra ‘Liderança’ não
aparece. Apesar da função e do papel da liderança estar presente na prática, os termos
bíblicos para a função são outros. Por exemplo, o texto de Números 33.1, na NVI (Nova
Versão Internacional) usa o termo ’liderança’ para a obra de Moisés e Arão. Já na ARC
(Almeida Revista e Corrigida), usa-se a palavra “pela mão de Moisés e Arão”. É claro
que estamos introduzindo o assunto para fins de interação de terminologia, sem
menosprezar a importância e a presença da liderança em toda a bíblia. O nosso desafio
neste ensaio é contrastar e comparar, a fim de entendimento, o conceito popular e
secular de liderança, com aquilo que a bíblia esclarece sobre o assunto. Veremos que
liderança segundo a Bíblia é totalmente oposta àquilo que se entende do assunto no
meio humano.

Liderança é um chamado, uma vocação e uma arte. Não é fácil ser líder, e
podemos dizer que liderança espiritual é ainda mais desafiadora. Por isso, vamos ver o
que a bíblia tem a nos ensinar sobre o tema. Nosso anseio e oração é que Deus levante
líderes segundo o seu coração, para conduzir e liderar seu povo piedosamente e com
temor de Deus.

Que mais essa jornada se inicie!


1. CONCEITUANDO O TERMO

Em certa página de significados na internet, a palavra liderança é assim definida:


“Arte de comandar pessoas, atraindo seguidores e influenciando de forma positiva
mentalidades e comportamentos”. No dicionário Aurélio, encontramos a seguinte
definição: “Condição ou função de líder; capacidade de liderar”. Continuando nossa
busca por significado, liderança é o processo de conduzir pessoas, motivando,
influenciando para, voluntariamente, contribuírem em atingir os objetivos propostos do
grupo. Numa perspectiva bíblica, liderar é a capacidade de influenciar e motivar pessoas
dentro dos preceitos e alvos das escrituras.

Charles Swindoll, em seu excelente livro “Liderança em tempos de crise”, diz


que liderança pode ser definida com uma única palavra: Influência. O falecido
presidente americano Harry Trauman se referia ao líder como alguém capaz de fazer os
outros executarem algo que não gostam e fazê-los gostar.

Numa definição bíblica do termo, podemos afirmar que liderança, como descrita
no livro “Redescobrindo o ministério pastoral” é: “O desenvolvimento de
relacionamentos com as pessoas de uma instituição ou de um corpo cristão, de tal
maneira que os indivíduos e o grupo sejam capazes de formular e atingir alvos que
sejam compatíveis com a bíblia e que preencham suas verdadeiras necessidades. Por sua
influência ética, os líderes espirituais servem para motivar e capacitar os outros para que
alcancem o que, de outra forma, talvez não fosse alcançado”.

Sendo assim, entendemos que liderança espiritual é coisa séria. A bíblia mesmo
assevera que não havendo sábia direção o povo cai (Pv 11. 14). O sucesso de uma igreja
depende em muito de sua liderança.

Vivemos numa era de falta de referências, onde os absolutos, outrora aceitos e


presentes em nossa cultura e sociedade, estão ausentes. Conseqüentemente, há hoje um
vazio no que diz respeito à liderança. Podemos dizer que verdadeiros líderes são
espécies em extinção. Mas há esperança para a igreja de Cristo, pois Ele mesmo disse
que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela, e isso, no que diz respeito à
liderança, significa que o Senhor sempre suprirá a necessidade de liderança de seu povo.

Neste tratado, veremos que a arte da liderança Cristã é um dom e um chamado


divino, que precisa ser lapidado e trabalhado para ser aperfeiçoado. Como a célebre
frase do saudoso missionário Nils Taranger: “Deus escolhe pessoas para fazer a sua
obra, e cabe aos seus escolhidos prepararem-se para realizá-la”. Liderança, portanto, é
tanto uma iniciativa soberana divina, quanto uma responsabilidade humana. Se você foi
escolhido por Deus para liderar, recaí sobre seus ombros a responsabilidade de se
preparar para liderar com excelência, pois para Deus temos que fazer o melhor. Fazendo
assim, naquele grande dia ouvirá do Senhor: “ Muito bem, sevo bom e fiel; sobre o
pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor” Mt 25.21.
2. LIDERANÇA NA BÍBLIA

O homem em sua essência foi criado para governar, para liderar (Gn 1.28).
Criado à imagem e semelhança de Deus, o homem recebeu a incumbência e a
capacidade de dominar todo o restante da criação. Sendo assim, podemos afirmar que há
um chamado e um propósito na tarefa de liderar. Em outro módulo já tratamos da
chamada específica para o ministério, e por isso não vamos nos ater a esta questão.
Partindo do pressuposto de que a liderança bíblica é um chamado e uma vocação vinda
de Deus, podemos afirmar que a tarefa de alguém liderando outros está fortemente
fundamentada na bíblia. No Antigo testamento, vemos Deus chamando e usando
homens para cumprir sua vontade. Abrãao, Noé, Moisés, Josué, Davi, e muitos outros
cumpriram papel importantíssimo de conduzir, em missões específicas, o povo de Deus.
O mesmo padrão é encontrado no Novo testamento com os apóstolos, Paulo e os pais da
igreja ao longo da história. Quando Deus se propõe a cumprir um objetivo, Ele procura
e capacita uma pessoa e o faz líder. Mas na prática, como se pode saber que sou
chamado por Deus para a tarefa de liderar?

2.1. UMA FORTE CONVICÇÃO

Nas palavras de J.I. Packer, este é o fator pneumático. Está situado no campo da
vontade e dos desejos. É uma inclinação para uma determinada tarefa, mas que ao
mesmo tempo não deve ser confundida com habilidades naturais. Tais habilidades estão
envolvidas no chamado, mas a ênfase recaí sobre o aspecto divino e espiritual da
vocação. Neemias exemplifica claramente este princípio ao se sentir inclinado em
reconstruir os muros derrubados de Jerusalém. Ao saber da situação de seus
conterrâneos na capital de Israel, Neemias foi impulsionado á orar, jejuar e traçar um
plano de reconstrução. Aqui, apesar das emoções estarem envolvidas, não são os
sentimentos que norteiam este impulso, mas a ação do Espírito Santo de Deus. Foi Deus
que plantou no coração de Neemias o desejo e a convicção de realizar tão grande obra
(Ne 2.12). Tanto Isaías quanto Jeremias falam, no início de seus livros. Foi esse
chamado que os fez perseverar nos momentos difíceis. É sempre esta convicção que faz
o chamado perseverar. Se somos chamados, teremos obstáculos em nosso caminho; e o
que nos fará permanecer, é a certeza que Deus está no controle. Mas a tarefa de liderar
não fica somente neste primeiro passo.

2.2. UMA CONFIRMAÇÃO DA IGREJA

A igreja é o corpo de Cristo, a comunidade que é um organismo vivo antes de


tudo. Se o primeiro passo é a convicção do chamado, o segundo é o reconhecimento,
por parte do povo de Deus deste chamado. Desde o Antigo testamento, a dinâmica e a
forma que a liderança é estabelecida por Deus, segue um padrão; é claro que começa
com um senso pessoal de chamada, mas ninguém se auto-envia; sempre tal indivíduo é
enviado, e neste envio, está envolvido o reconhecimento e a chancela do povo de Deus.
Neste quesito, qualquer auto-avaliarão pode ser inexata. Além da chamada, tem que ser
avaliado se o temperamento, o caráter moral e os talentos correspondem entre si, e essa
avaliação não pode ser feita por si mesmo, mas passa necessariamente pelo crivo da
igreja e do ministério. Toda avaliação e julgamento pessoal devem ser feito em especial
pelos outros.

2.3. A OPORTUNIDADE

Acima de tudo, cremos em um Deus soberano, Senhor do tempo e da história,


que como tal, governa e dirige circunstâncias. Sendo assim, o chamado por Deus deve
ter paciência e confiança no Senhor que, sendo ele realmente um chamado, a sua hora
vai chegar. Deus sabe a hora certa, e não sãos poucos os exemplos de homens que,
precipitando-se, colocaram sua chamada por água á baixo. Em especial os jovens, tema
que estar atentos e submissos à Deus, á liderança e á igreja, na espera do tempo certo
para o exercício de seu chamado. Moisés precisou viver dois terços de sua vida para só
então ser enviado por Deus; Davi, entre a unção e o trono, viveu um espaço entre 15 e
20 anos. Passou por muitas lutas, provas e provações, mas o dia chegou. O maior
exemplo é o do próprio Senhor Jesus Cristo. Ele passou 30 anos de sua vida, antes de
exercer seu ministério terreno. Paulo, é outro exemplo bíblico de alguém que soube
esperar a oportunidade. Depois de convertido, ele fica 3 anos na Arábia, e só depois de
14 anos é que ele sobe à Jerusalém. O homem chamado por Deus precisa esperar N’Ele,
a hora certa para exercer sua chamada.

2.4. LIDERANÇA SEGUNDO JESUS

Um dos maiores equívocos no entendimento do ofício e da prática da liderança é


quanto ao caráter da mesma. Confunde-se facilmente liderança com o aspecto de chefia;
a autoridade com autoritarismo; de alguém que deve ser modelo, com uma ditadura,
etc... Pensa-se em liderar, no sentido de mandar; pensa-se em liderar, tendo em mente o
status da posição; pensa-se em liderar, como um trabalho midiático, e nunca com o
sentido de servir; Sim, é isso mesmo: LIDERAR SEGUNDO O MODELO E O
EXEMPLO DE JESUS É SERVIR. Isso é revolucionário, e o foi também para os
primeiros discípulos. Impregnado em nossa natureza humana, está o anseio pelo
reconhecimento, o desejo de dominar e a busca por galgar posições superiores. O
comportamento dos discípulos em algumas ocasiões, deixa isso bem claro. Em uma
ocasião, a mãe dos filhos de Zebedeu, faz um pedido inusitado ao Senhor: “Permita que
meus filhos se assentem um à direita e outro à esquerda no teu reino” (Mt 20.20,21). Em
outra feita, os próprios discípulos discutiam entre si quem era o maior (Mc 9.33,34),
sem falar na ocasião em que todos se negaram em lavar os pés uns dos outros e o
próprio Cristo o fez (Jo 13). Isso mostra o quão facilmente nos equivocamos no
entendimento do que é liderança, pois o erro dos discípulos são erros que são
comumente cometidos em nossos dias também.

Jesus ensinou e personificou a liderança servil. Ele não somente falava como
servir, mas demonstrava em seu ministério e ações como isso era na prática. Depois do
pedido de Tiago e João para que concedesse lugar privilegiado aos dois no seu reino, o
Senhor faz uma de suas declarações mais taxativas acerca da natureza da sua missão: “E
qualquer que dentre vós, quiser ser o primeiro, será servo de todos. Porquê o filho do
homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate
de muitos” (Mc 10.44,45). Estando numa posição de liderança e ser servo ao mesmo
tempo não é tarefa simples; vejamos alguns segredos acerca desta verdade:
a) A liderança servil é fruto de um CORAÇÃO HUMILDE (Mt 11.29)
b) A liderança servil depende de um coração de SERVO (Js 1.1; Js 24.29) –
Antes de galgar-mos posição de liderança, precisamos ser servos de
alguém.
c) A liderança servil depende de uma vida submissa à Deus.

2.4.1. O PERIGO DA SÍNDROME DA MESA PRINCIPAL

Jesus ensinou que, ao contrário dos conceitos mundanos de liderança, que


relaciona a tarefa de liderar á poder, posição, influência, visibilidade e elevação, liderar
é uma tarefa que reconhece seu lugar e espera as oportunidades surgirem. Para
exemplificar, ele menciona a atitude que se espera quando somos convidados para uma
festa, mostrando que a posição de liderança pode muitas vezes nos levar à uma visão
míope da realidade (Lc 14.8-11). Serviço, não posição, é a meta do líder servo.

2.4.2. SEGURANÇA PARA SER UM LÍDER SERVO

Muitos líderes tem medo, no que diz respeito à liderança, no que tange à
demonstrar vulnerabilidade e humildade. Pensam que com tais atitudes, terão a sua
liderança ameaçada. Jesus, nos dá o exemplo e nos mostra o segredo para servir sem
receio, estando em posição de liderança. Em João 13.1-17, na famosa passagem em que
o mestre lava os pés dos seus discípulos, encontramos inseridos no texto algumas
verdades aplicáveis à todo líder. Por quê Jesus, sem receio algum, tomou a iniciativa de
fazer um trabalho que era responsabilidade do escravo mais inferior da casa? Por que
Ele era alguém bem resolvido e seguro. Vejamos algumas coisas fundamentais na vida
de um líder:

a. Jesus estava cônscio de seu tempo (Jo 13.1). O líder tem que ser conhecedor de
seu tempo; saber a hora certa de cada coisa.
b. Jesus estava certo de responsabilidade (Jo 13.3a). Ele sabia o que era sua
responsabilidade e que tal missão fora dada pelo pai.
c. Jesus tinha convicção de sua origem (Jo 13.3b). Ele sabia com certeza de onde
tinha vindo e quem o tinha comissionado.
d. Jesus tinha convicção de seu destino (Jo 13.3c). O Senhor sabia onde queria ir
e o propósito do seu destino.

O líder, para ser seguro acerca de sua liderança, precisa estar consciente destas
verdades. Ele tem que ter convicção do seu tempo, de sua tarefa, de sua origem e de seu
destino. Tal segurança está em Deus. Sendo assim, o líder servo terá condições de amar
aqueles à quem lidera, sem nenhum receio de perder sua posição, ou de ter sua liderança
ameaçada. Acima de tudo, um líder assim serve aos seus liderados e o faz por que acima
de tudo ele ama à Deus.

3. OS DESAFIOS DA LIDERANÇA

São inúmeros os desafios da liderança. Uma relação exaustiva, ou precisaria de


um espaço muito grande, ou talvez fosse impossível. Liderança, no que diz respeito à
obra de Deus, não é uma lide que trata com estatísticas, nem um desenvolvimento de
projetos, nem uma tratativa de números; Apesar de tudo isso estar envolvido de alguma
forma na liderança cristã, o ministério é um trato com pessoas; nós lidamos com almas.
Sendo assim, a complexidade da tarefa indica que os maiores desafios da liderança
envolvem e advém das pessoas, estando no campo dos relacionamentos. Lidar e tratar
com pessoas é extremamente problemático, pelo fato da diversidade de formações ,
temperamentos e personalidades. É grande o desafio do líder em saber como se
relacionar esse portar nas mais diversas situações. Vejamos, no campo dos desafios,com
algumas situações que o líder tem que lidar:

3.1. OPOSIÇÃO

Oposição é inevitável no exercício da liderança. Quanto maior o desafio; quanto


maior o sucesso, maior a oposição. Nenhuma prova de liderança é mais reveladora do
que a oposição. Oposição traz consigo algumas conseqüências danosas:

a) Desestímulo – A oposição tem a capacidade de desencorajar o líder e


tentar fazê-lo desistir. Ler Josué 1.9
b) Isolamento – Na oposição, muitos, na busca de se proteger, se retraem,
construindo muros de proteção ao seu redor. Ler Salmos 121
c) Amargura – Facilmente o líder que sofre oposição, se entrega ao rancor,
á amargura e ao ressentimento. Ler Hebreus 12.15
d) Vingança – Em meio à oposição, a tendência do líder é a retaliação. Ler
Romanos 12.19

Em tudo isso, e em qualquer outra ação que busca atingir o líder cristão,
precisamos entender que, por trás dos canais humanos existe uma fonte espiritual, neste
caso, maligna. Em toda a história bíblica encontramos casos de oposição, tanto externa,
quanto interna. Aliás, é internamente, entre nós, que devemos esperar a mais ferrenha
oposição na maioria das vezes. Há dois exemplos clássicos de oposição doméstica, que
comprovam esta verdade. O primeiro é José ( Gn 37-50). Deus revelou em sonho coisas
que aconteceriam no futuro para José; que ele dominaria sobre seus irmãos e seus pais.
De onde veio oposição para José? De casa; dos seus irmãos. Outro Exemplo é Davi. O
menor da casa, ungido por Samuel para ser Rei sobre Israel, ele enfrentou escárnio e
desprezo por parte de seus irmãos. Se você está numa posição de liderança, espere
oposição.

3.2. CRÍTICAS

A crítica é por demais reveladora. Nada é mais eficaz em matar a capacidade e a


iniciativa de um líder do que a crítica. O que fazer com as críticas? Como reagir quando
elas aparecerem? Para uma reação correta diante das críticas, precisamos lembrar de
algumas coisas:

a. Ninguém está isento das críticas. Muito menos líderes. Críticas são
companhia constante do líder.
b. Devemos averiguar honestamente as críticas. Existem críticas que
ajudam, e críticas que destroem. Há críticas positivas e construtivas,
feitas não ao público, mas privadamente, que nos despertam de alguma
situação e corrigem nossa miopia humana e espiritual
c. Devemos enfrentar as críticas com oração. Antes de nos defender-mos;
antes de retaliar, devemos orar, inclusive pelos críticos.

3.3. DESÂNIMO

Há um ciclo no que estamos estudando. Seja por oposição, seja por críticas, seja
por decepções, seja por expectativas frustradas, ou por outra situação difícil, é muito
fácil de que se estabeleça o desânimo. E o desânimo é algo contagioso. O exemplo do
relatório dos espias que foram espiar a terra prometida é esclarecedor (Números 13-14).
O relatório incrédulo dos dez espias contagiou em desânimo todo o povo. Quando
desânimo nos ataca e nos afeta, conforme vemos em Neemias 4, ele traz consigo alguns
sintomas:

a. Perda das forças, tanto físicas como emocional (Ne 4.10a)


b. Perda da visão (Ne 4.10b) – O desânimo fez eles perderem a perspectiva
do muro e atentar para os entulhos. Aqui simboliza aquele que só fixa os
olhos nas dificuldades e nas impossibilidades.
c. Perda da confiança (Ne 4.10c) – Eles já não viam como concluir a obra;
achavam difícil demais ou até impossível concluir o muro.

O líder, diante do desânimo, precisa de encorajamento. Por isso, talvez a palavra que
mais um líder precise ouvir da parte de Deus é: “Não temas”. Ler Josué 1.7,9.

3.4. ESTRESSE

As exigências e as pressões sempre crescentes drenam nossas forças e nossos


recursos, físicos e psicológicos, causando e gerando estresse. Esse termo, originado da
palavra inglesa “Stress”, significa “Pressão, tensão ou insistência”. Esse mal afeta todo
o nosso ser, físico, emocional e espiritual. Aqui vemos o ciclo mais uma vez:

a. O sucesso e o bom andamento da obra gera e atrai oposição


b. Os ataques serão focados na liderança, nos servos de Deus – Isso gera
estresse

Sendo assim, nunca podemos perder de vista duas verdades:

1. A Fonte da oposição – Ler Efésios 6.12 – Por mais que sejamos


tentamos à nos voltar contra as pessoas primeiramente, temos que ter isso
como verdade: Satanás é o nosso real inimigo.
2. O Alvo da oposição – Como no caso dos muros em Jerusalém, o alvo
principal do inimigo é que a obra pare.

Precisamos ter por convicção que, aquele que começou e nos chamou para a obra,
haverá de aperfeiçoar até o dia do Senhor. São grandes os desafios da liderança, mas o
Senhor em tudo nos dará a vitória.
4. LIDERANÇA NA PRÁTICA

Neste último tópico, quero ser sucinto, mesmo sabendo que haveria inúmeros
assuntos relacionados à liderança que deveríamos tratar. Me detenho agora, mais nos
aspectos práticos e corriqueiros que envolvem a liderança na igreja seja em ministérios,
departamentos ou em outra área do meio eclesiástico. Às vezes são apenas pequenos
detalhes, mas que fazem toda a diferença e podem evitar mal-entendidos e equívocos no
andamento da obra do Senhor. Sem ser exaustivo, exponho uma lista de coisas à serem
observadas no exercício e na prática ministerial:

1. Ética na relação com aos superiores – Nunca um líder deve tomar


qualquer atitude que diga respeito à igreja sem a ciência e a
concordância do Pastor ou daquele que é superior dentro de qualquer
departamento (Exs: Agendar eventos no local ou em outra igreja)
2. Ética na relação com os liderados – Mesmo sendo superior na
hierarquia, nenhum líder deve ser abusivo ou desrespeitoso com seus
liderados. (Ex: Repreensão ou humilhação em público)
3. Respeito á hierarquia – Seja na vida privada, ou no âmbito eclesiástico,
aquele que é, por ofício, ou por grau departamental, deve ser respeitado
e honrado (Ex: A direção de um culto, qualquer decisão que envolva
determinado trabalho não pode ser tomada por um segundo dirigente,
etc...)
4. Honrar seus líderes – às vezes, alguém que toma a iniciativa de honrar
seu líder é taxado de “Bajulador”. A Bíblia porém ensina, que devemos
dar honra a quem merece honra (Romanos 13.7). (Ex: Homenagear seu
líder em seu aniversário; elogiar sem hipocrisia com estímulo, etc...)
5. Ética no falar. Seja no púlpito, seja em particular, o líder deve ter muito
cuidado com o que profere com os lábios. Palavras dão vida ou matam;
Palavras constroem, ou destroem.
6. Espiritualidade – Numa troca ou substituição, sempre lembrar que não
somos insubstituíveis. Temos que ter respeito com aquele que
substituímos e com aquele que nos substitui.
CONCLUSÃO:

A liderança cristã não é tarefa fácil. Diferente dos conceitos populares e


mundanos, que vêem e descrevem o líder como um chefe, um ditador ou como alguém
dotado de posição e poder, a bíblia conceitua e define o líder como aquele que acima de
tudo ama à Deus, e submisso à ELE, lidera, servindo o seu povo, sendo de exemplo em
tudo. Aquele que pensa em liderança tendo em vista apenas o status da posição, ou
como um meio de ter alguma vantagem, não é apto, nem entendeu o que Deus requer de
um líder. O que podemos firmar com certeza é que, sendo chamado para tão árdua e ao
mesmo tempo tão maravilhosa tarefa, o Senhor nos dará as condições e o sustento
necessário, sendo feito nossa parte que é se preparar para tal. Creio que Salomão tem
muito a nos ensinar no que diz respeito á liderança do povo de Deus. Em sonho, Deus
aparece á ele e lhe pergunta o que quer que lhe dê. Primeiro, é notória a consciência de
Salomão de sua própria incapacidade e desqualificação. Ele tem uma imagem exata de
si mesmo, entendendo que não tinha condições de guiar o povo de Deus. Segundo,
Salomão pede sabedoria. Como resultado, além de sabedoria, Deus lhe concede, além
de sabedoria, riqueza, poder e prosperidade (1 Reis 3.5-13). Diante das demandas de
nossos dias, como líderes chamados por Deus, o que mais precisamos é de Sabedoria.

Que Deus nos dê sabedoria!


Bibliografia

1. Henry, Matthew. Bíblia de estudo. 1ª Edição, Rio de Janeiro – RS; Central


Gospel, 2014.

2. Kraft, Dave. Líderes que permanecem. 1ª Edição, São Paulo – SP; Vida Nova, 2013.

3. White, John. Encontrei um líder. 1ª Edição, Niterói – RJ; Editora Textus, 2002.

4. Esperança, Instituto Bíblico. Teologia Pastoral. 1ª Edição, Porto Alegre – RS;


Editora Pallotti, 2011.

5. Packer, J.I.. Paixão pela fidelidade. 1ª Edição, Rio de Janeiro – RJ; CPAD, 2010.

6. Swindoll, Charles. Liderança em tempos de crise. 1ª Edição, São Paulo – RS;


Mundo Cristão, 2004.

7. MacARTHUR Jr., John. Redescobrindo o Ministério Pastoral. 1ª Edição, Rio de


Janeiro – RJ; CPAD, 1998.

8. Wilkes, C. Gene. O último degrau da liderança. 1ª Edição, São Paulo – SP; Mundo
Cristão, 2000.

9. Lawrence, Bill. Autoridade Pastoral. 1ª Edição, São Paulo – SP; Editora Vida, 2001.

Você também pode gostar