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MANEJO DO SOLO

Manejo do solo e plantas


MANEJO DO SOLO E PLANTAS
ORGANIZADORES DANIELE CANDIDO DA COSTA; MONICA DOS SANTOS
E PLANTAS
ORGANIZADORES DANIELE CANDIDO DA COSTA; MONICA DOS SANTOS

O livro Manejo do solo e plantas é direcionado para estudantes de cursos da


área de agricultura e manejo do solo. Além de abordar assuntos gerais, o
livro traz conteúdo específico dos seguintes assuntos: agricultura, suste-
ntabilidade e meio ambiente, pesquisa em erosão, manejo e conservação
do solo e da água.

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Após a leitura da obra, o leitor vai saber os aspectos importantes para uma
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boa gestão ambiental; aprender sobre deterioração química, deterioração
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física, matéria orgânica e ciclagem de nutrientes; entender do que é com-
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posto o sistema solo-planta-atmosfera; aprender sobre a translocação de
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água e solutos na planta; identificar uma área degradada e quais os sinais
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de alerta; compreender os efeitos da poluição do solo e da água. E não é só
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isso. Tem muito mais. O livro tem muito conteúdo relevante. Aproveite.
K

Agora é com você! Bons estudos!

GRUPO SER EDUCACIONAL

ISBN 9786555580280

9 786555 580280 >


gente criando futuro
MANEJO DE SOLO E
PLANTAS
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de
informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional.

Diretor de EAD: Enzo Moreira

Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato

Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes

Coordenadora educacional: Pamela Marques

Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa

Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos, Tiago da Rocha

Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi

da Costa, Daniele Candido.

Manejo do solo e plantas / Daniele Candido da Costa; Monica dos Santos:

Cengage – 2020.

Bibliografia.

ISBN 9786555580280

1. Agricultura 2. Manejo do solo

Grupo Ser Educacional

Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro

CEP: 50100-160, Recife - PE

PABX: (81) 3413-4611

E-mail: sereducacional@sereducacional.com
PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL

“É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com


isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns
anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também
passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o
aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino
Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil.

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec,


tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar
seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento
da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da
democracia com a ampliação da escolaridade.

Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar


as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer-
lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no
contexto da sociedade.”

Janguiê Diniz
Autoria
Daniele Candido da Costa
Graduada em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e mestra em gricultura
Tropical e Subtropical na subárea de Tecnologia da Produção Agrícola pelo Instituto Agronômico de
Campinas (IAC), cursando MBA em Gestão do Agronegócio pela Universidade ederal do Paraná (UFPR).
Atualmente é consultora acadêmica de exatas e agrárias.

Monica dos Santos


Graduada em Ciências Econômicas e Especialista em Gestão Ambiental pela COPPE/UFRJ. Atualmente
Instrutora no SENAC Rio, leciona para os cursos de Aprendizagem e Técnico em Administração, entre
as matérias abordadas estão matemática financeira, contabilidade básica, custos, rotina de compras
e empreendedorismo. Também atua como palestrante em Economia Doméstica e treinamento para
microempreendedores.
SUMÁRIO

Prefácio..................................................................................................................................................8

UNIDADE 1 - Agricultura, sustentabilidade e meio ambiente..........................................................9


Introdução.............................................................................................................................................10
1 Noções preliminares........................................................................................................................... 11
2 Agricultura, sustentabilidade e meio ambiente.................................................................................. 13
3 Erosão do Solo.................................................................................................................................... 20
PARA RESUMIR...............................................................................................................................25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................26

UNIDADE 2 - Pesquisa em erosão ...................................................................................................27


Introdução.............................................................................................................................................28
1 Pesquisa em erosão............................................................................................................................ 29
2 Matéria orgânica e ciclagem de nutrientes........................................................................................ 33
3 Dinâmica físico-estrutural do solo...................................................................................................... 36
PARA RESUMIR...............................................................................................................................40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................41

UNIDADE 3 - Manejo e conservação do solo e da água...................................................................43


Introdução.............................................................................................................................................44
1 Manejo de áreas irrigadas................................................................................................................... 45
2 Práticas conservacionistas.................................................................................................................. 47
3 Como recuperar uma área degradada................................................................................................ 54
PARA RESUMIR...............................................................................................................................58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................59
UNIDADE 4 - Solo, planta, atmosfera..............................................................................................61
Introdução.............................................................................................................................................62
1 Sistema solo-planta-atmosfera........................................................................................................... 63
2 Translocação de água e solutos........................................................................................................... 63
3 Efeito de água e sais minerais na fisiologia da planta......................................................................... 69
PARA RESUMIR...............................................................................................................................72
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................73
PREFÁCIO

Este livro, Manejo do solo e plantas, tem como objetivo informar o leitor para
que ele possa manejar o solo de forma adequada. Informa, além de conceitos básicos
da área, conteúdo específico sobre agricultura, sustentabilidade e meio ambiente,
pesquisa em erosão, manejo e conservação do solo e da água.

Entre muitos assuntos, a primeira unidade, Agricultura, sustentabilidade e meio


ambiente, aborda os princípios de sustentabilidade e os impactos causados pela
agricultura ao meio ambiente quando não são usadas técnicas de manejo sustentável.

A segunda, Pesquisa em erosão, aborda os trabalhos e pesquisas realizados por


estudiosos e instituições que se preocupam com a forma como os solos estão sendo
usados de forma degradante.

A terceira unidade, Manejo e conservação do solo e da água, explica sobre as


dinâmicas envolvidas no manejo de solos em áreas irrigadas, fatores que afetam a
infiltração da água e as práticas conservacionistas que auxiliam no equilíbrio do solo.

Agora, para finalizar o conteúdo da obra, a quarta unidade, Solo-planta-atmosfera,


trata sobre como água e sais minerais, essenciais para o bom desenvolvimento das
plantas, se movimentam do solo para as plantas.

Esta é apenas uma pequena amostra do que o leitor aprenderá após a leitura do
livro.

Desejamos que o leitor tenha uma carreira de sucesso, com muito prestígio. Aos
leitores, sorte em seus estudos!
UNIDADE 1
Agricultura, sustentabilidade e meio
ambiente
Introdução
Olá,

Você está na unidade Agricultura, Sustentabilidade e Meio Ambiente. Aqui você conhecerá
os princípios de sustentabilidade, e também, os impactos causados pela agricultura ao
meio ambiente quando não são usadas técnicas de manejo sustentável. Será levado a
buscar informações e interagir com a natureza de forma responsável, buscando métodos
inovadores do setor agropecuário para a produção de alimentos.

Aprenderá sobre as leis e programas que regulam e orientam os proprietários de terras a


fazer o uso sustentável do solo, evitando dessa forma erosões e deslizamentos de terras
causados pela falta de informação. Verá que em diversos lugares as técnicas inovadoras
serviram para uma melhor gestão da água, trazendo inúmeros benefícios à sociedade.

Bons estudos!
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1 NOÇÕES PRELIMINARES
A Unidade Agricultura, Sustentabilidade e Meio Ambiente apresentará, de forma clara e
objetiva, métodos e técnicas utilizados no Brasil e no mundo que contribuem para uma melhor
gestão dos recursos naturais. Como as Secretarias de Meio Ambiente contribuem com programas
de incentivo, fomentando práticas de recomposição florestal e recuperação de mananciais?

O estudante desenvolverá conhecimentos técnicos no que diz respeito às políticas públicas,


adotadas por estados e municípios, a fim de mitigar os impactos causados pela ação humana.
Para tanto, deverá desenvolver senso crítico, analisando e propondo ações que contribuam para
o bem-estar da população no que diz respeito a produção sustentável da agricultura, perda de
nutrientes do solo e gestão de recursos hídricos.

Figura 1 - Manejo do Solo


Fonte: Shutterstock, 2020

#ParaCegoVer: Na imagem temos dois tratores preparando o solo de uma área rural, o que
indica que em breve será usado pelo agricultor para plantio de alguma espécie agrícola.

Será possível conhecer melhor alguns dos principais documentos que são usados nos estudos
de impactos ambientais de determinados projetos, tais como,

1.1 Aspectos importantes para uma boa gestão ambiental


A gestão ambiental é matéria interdisciplinar, ou seja, o trabalho para reparar um ambiente
degradado depende da união de vários profissionais, de diferentes áreas do conhecimento,
todos trabalhando juntos com suas técnicas e mecanismos, em prol de uma melhor qualidade
ambiental.
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Diante das mudanças climáticas percebidas a olhos nus em nosso planeta, cada vez mais
se exige do profissional que atua na área ambiental conhecimentos técnicos para tomadas
de decisões no caso de acidentes ou imprevistos envolvendo o clima e o tempo. É necessário
conhecimento para que se previnam acidentes e reduzam os impactos. Portanto, é importante o
desenvolvimento de atividades e técnicas que visam a redução do uso degradante do solo. Nesta
unidade será incentivada a capacidade de o aluno analisar de forma crítica e propor medidas
preventivas, objetivando a redução de impactos ambientais no uso do solo.

Em razão da complexidade da questão ambiental, há a necessidade de os processos educativos


proporcionarem condições para as pessoas adquirirem conhecimentos, habilidades e desenvolverem
atitudes a fim de intervir de forma participativa em processos decisórios que implicam a alteração,
para melhor ou pior, na qualidade ambiental. Nesse sentido, a realidade de atividades educativas,
programadas para gestores ambientais, deve oferecer instrumentos que facilitem caracterizar
um problema ambiental e envolve outras pessoas na sua discussão, pois, a partir de um problema
ambiental observado é possível:

• Verificar e reconhecer os principais atores sociais envolvidos e suas formas de organização;

• Relacionar os efeitos sobre o meio físico-natural com ameaças à qualidade de vida dos grupos
sociais afetados;

• Conhecer o posicionamento da comunidade envolvida ou afetada;

• Distinguir os aspectos da legislação ambiental federal relacionados (ao problema) e as


possibilidades de sua utilização pelo órgão ambiental e por organização da sociedade civil;

• Aplicar procedimentos que facilitem a participação dos diferentes segmentos sociais no seu
estudo (do problema), bem como na difusão dos resultados encontrados. (BERTÉ, 2009, p. 75-76)

É importante que se tenha um olhar atencioso e crítico para todas as formas de impactos
ambientais. Como vimos nos tópicos acima levantados por Berté (2009), é preciso conhecer as
legislações que regulam as atividades produtivas causadoras de impactos na natureza. A legislação
pode ser na esfera federal, estadual e municipal. Muitos gestores públicos, ocupando cargos
em secretarias e ministérios, ignoram ou desconhecem as leis que foram criadas para mitigar
os estragos ao meio ambiente que algumas atividades podem causar. A gestão participativa
se faz cada mais necessária. Envolvendo sociedade civil, governo e empreendedores, todos
saem ganhando, pois, o retorno se dá através do aumento da capacidade produtiva de forma
sustentável e do aumento da qualidade ambiental dos ecossistemas.
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Figura 2 - Interação Homem e a Natureza


Fonte: Shutterstock, 2020

#ParaCegoVer: a imagem mostra uma criança cheirando uma muda prestes a ser plantada. É
nítida a interação do homem com a natureza. Temos que trabalhar para fortalecer esse vínculo.

2 AGRICULTURA, SUSTENTABILIDADE E MEIO


AMBIENTE
O termo Agricultura Sustentável já é conhecido por muitos que se dedicam à prática de
proteção ambiental, que tem como princípios o manejo adequado do uso do solo, mantendo seu
potencial produtivo. Para tanto, é necessário preservar algumas propriedades do solo:

• Físicas:

Aeração, retenção de água, compactação, estruturação;

• Químicas:

Reação do solo, disponibilidade de nutrientes e interações entre eles;

• Biológicas:

Teor de matéria orgânica, respiração, biomassa de carbono, biomassa de nitrogênio, taxa de


colonização e espécies de microrganismos.

A preservação das propriedades físicas, químicas e biológicas garante a produtividade não


só no presente, mas também no futuro, pois dessa forma é mantida a fertilidade do solo. O
armazenamento de nutrientes para as plantas vai contar consideravelmente com a quantidade
de matéria orgânica mantida nesse solo, e para isso, é preciso que a terra seja adubada e tratada.
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Assim a estabilidade do solo é mantida, reduzindo a velocidade de percolação das águas da


chuva, e consequentemente, não deixando que escorra com a água. Como estamos falando de
agricultura sustentável, o melhor método é a utilização de compostos orgânicos e biofertilizantes
para adubação.

O solo é fonte de alimentos, nutrientes, água, e diferentes formas de vida. Mas estudos
comprovam que o manuseio inadequado tem trazidos problemas muitas vezes irreparáveis,
tornando-o inapropriado para o cultivo, as chamadas terras inférteis. O manejo correto evita sua
destruição.

A degradação ambiental é matéria de preocupação no Brasil desde a década de 1960.O


presidente militar Humberto de Alencar Castelo Branco já se mostrava preocupado com a migração
da região sul para o centro-oeste, e em seguida para o norte. A preocupação maior era com a
degradação ambiental e suas consequências futuras, principalmente em relação à devastação das
florestas tropicais. Com o propósito de reduzir os impactos ambientais das migrações, em 1965
foi criada a Lei Federal 4.771, que institui o código Florestal Brasileiro.

De acordo com Berté (2009), os impactos ambientais são ocasionados por choque de interesses
diretos ou indiretos envolvendo o homem e a natureza. Esses confrontos são considerados
como positivos ou negativos, ocasionais ou permanentes, locais ou globais. Desmatamento,
queimadas, erosão, aumento da camada de ozônio, efeito estufa, inversão térmica e poluição são
as consequências mais graves.

Diante desse quadro, surge a necessidade de estudar, conhecer e aplicar determinados


princípios e técnicas. Também é preciso recorrer aos dispositivos legais para efetividade da gestão
ambiental (como EIA, AIA, RIMA e outros).

A AIA - Avaliação de Impacto Ambiental é considerada um instrumento preventivo usado


nas políticas de gestão ambiental. Essa avaliação permite que os projetos que possam vir causar
danos ao meio ambiente sejam analisados antes dos impactos, e consequentemente antes da
sua aprovação. Essa avaliação é geralmente desenvolvida por equipes multidisciplinares, que
apresentam em seus relatórios diagnósticos, descrições, analise e avaliações sobre os possíveis
impactos ambientais que possam acontecer no projeto.

A EIA – Estudo de Impacto Ambiental é um dos principais instrumentos utilizados para o


planejamento ambiental, avaliação de impactos, delimitação de área de influência. O estudo
define também os mecanismos de compensação e mitigação dos danos previstos em decorrência
da implantação de atividades/empreendimentos de grande potencial poluidor e degradação
do meio ambiente, conforme preconiza a legislação vigente. Trata-se da exigência dos órgãos
competentes em atendimento as normas estabelecidas, conforme o Art. 2º, da Resolução
Conama nº 01/ 86.
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Por sua vez, o RIMA – Relatório de Impacto Ambiental contém as principais informações do
EIA, bem como sua conclusão, que são apresentadas no Relatório em linguagem clara e objetiva.
Deve ser ilustrado por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual,
de modo que todos entendam as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as
consequências ambientais de sua implementação.

FIQUE DE OLHO
A obra Cultura é natureza – tribos urbanas e povos tradicionais, da autora Lara Moutinho
da Costa, apresenta informações importantes sobre a perda da biodiversidade. De acordo
com a estudiosa, algumas das principais causas da perda de biodiversidade são: exploração
excessiva de espécies animais e vegetais pelo mercado; destruição e diminuição dos
habitats naturais; poluição do solo, água e atmosfera; ampliação desordenada das fronteiras
agropecuárias dentro de áreas nativas; mudanças climáticas e aquecimento global. (DA
COSTA, 2009)

Ainda, de acordo com a autora, dentre as consequências dessa perda estão: diminuição
da variedade na produção de alimentos; aumento da vulnerabilidade de ecossistemas
aos desastres naturais; restrições do uso de energia; menor oferta e distribuição irregular
de água potável; crescimento de doenças e epidemias; instabilidades sociais, políticas e
econômicas (DA COSTA, 2009)

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:


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2.1 Técnicas eficientes no manejo do solo


São diversas as técnicas utilizadas atualmente para manutenção de um solo sadio para o
plantio. Com isso, é possível garantir a preservação dos nutrientes, evitando sua erosão e
desertificação.

A desertificação é um fenômeno que ocorre nas regiões de clima árido, semiárido e subúmido
secos, onde grandes porções de terras se tornam desertos. Ela pode ter várias causas, mas em geral
está relacionada a mudanças no clima e alterações no uso que o homem faz do solo. (CASARIN,
2011, p. 64)

Dentre as técnicas podemos destacar:

• Técnicas de Reflorestamento

Plantio de espécies de madeiras nobres;

• Produção Sustentada em Florestas

Silvicultura: Consiste em colher a floresta por meio de cortes parciais, pois, evitando o
corte total, aumenta-se a produtividade e a erosão é reduzida. Essa técnica se dá pelo gradual
crescimento de árvores novas que ocupam o lugar das que foram cortadas;

• Agricultura Sintrópica

O Sistema de Cultivo Agroflorestal (SAF) se caracteriza pela interação, organização, equilíbrio


e preservação da energia do ambiente. O objetivo é acelerar o processo de sucessão natural,
e para isso são usadas duas técnicas: a capina seletiva e a poda de arvores e arbustos. Na
primeira, as plantas pioneiras nativas (como gramíneas herbáceas e trepadeiras) são removidas.
Em seguida, faz-se a mistura com o material da poda e esses compostos são distribuídos no
solo, tornando-o mais nutritivo. Trata-se de um método eficaz para a recuperação de pastos
abandonados e degradados.

• Integração Lavoura e Pecuária

A Embrapa já faz parceria com fazendeiros desenvolvendo o processo de Integração Lavoura,


Floresta e Pecuária (ILFP). Nessa prática, os produtores rurais fazem rodízio de diferentes culturas e
intercalam os locais de pastagem com capim braquiária. Essa técnica permite a regeneração do solo.

Segundo matéria publicada na página do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,


um estudo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) demonstra
que mais da metade do solo da América Latina sofre algum tipo de degradação. Em comparação,
no mundo o percentual de degradação é de 33%. Os prejuízos mais evidentes são: a compactação
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da terra, que piora os impactos de enchentes; a perda de fertilidade do solo; a menor captação
de carbono da atmosfera.

Figura 3 - Utilização do Solo para Agricultura e Pecuária


Fonte: Shutterstock, 2020

#ParaCegoVer: A imagem mostra a ocupação do solo por gado e, ao fundo, uma plantação de
milho. A imagem apresenta o uso da terra para mais de uma cultura.

2.2 Legislações ambientais


Podemos considerar que o marco essencial na progressão dos fatos rumo a uma política
ambiental foi, em 1981 no governo do presidente João Figueiredo, quando foi implantada a lei
6.938/81. Tal lei estabeleceu a política nacional de meio ambiente, cujo objetivo era a preservação,
melhoria e recuperação da qualidade ambiental, e visava assegurar condições ao desenvolvimento
socioeconômico, interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade humana.

No mesmo período de criação da lei 6.938/81, também foi criado o SISNAMA (Sistema
Nacional de Meio Ambiente) e o Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente). O primeiro
com o propósito de integrar e coordenar a política ambiental nacional, e compatibilizar a atuação
municipal, estadual e federal. O segundo, é um órgão consultivo e deliberativo. Trata-se de um
colegiado representativo de cinco setores, sendo eles os órgãos federais, estaduais e municipais,
o setor empresarial e a sociedade civil.

Lei Federal nº 6.938, de 1981

Nessa lei, o termo meio ambiente é definido como “o conjunto de condições, leis, influências
e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as
suas formas” (BRASIL, 1981).
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Em seu art. 2º fica definido que A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar,
no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à
proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente


como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso
coletivo;

II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;

V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção


dos recursos ambientais; VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

VIII - recuperação de áreas degradadas;

IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade,


objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente (BRASIL, 1981).

Lei nº 7.876, de 13 de dezembro de 1989 O Governo Federal através da Lei 7.876/89 institui o
dia nacional de conservação do solo, a ser comemorado todo dia 15 de abril. Esta data visa motivar a
importância e a necessidade de sua preservação, conscientização dos produtores e toda a sociedade
para um uso sustentável.

Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 A Lei 12.651/12 que atualiza e estabelece o novo Código
Florestal, dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de
1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nºs
4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-
67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.

Em seu Art. 1°, estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação
Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima
florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios
florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos.

Resolução CONAMA nº 420, de 28 de dezembro de 2009 A resolução CONAMA nº420 dispõe


sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias
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químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas
substâncias em decorrência de atividades antrópicas. Em seu Art. 3º define que a proteção do solo
deve ser realizada de maneira preventiva, a fim de garantir a manutenção da sua funcionalidade ou,
de maneira corretiva, visando restaurar sua qualidade ou recuperá-la de forma compatível com os
usos previstos. Parágrafo único. São funções principais do solo:

I - Servir como meio básico para a sustentação da vida e de habitat para pessoas, animais,
plantas e outros organismos vivos;

II - Manter o ciclo da água e dos nutrientes;

III - Servir como meio para a produção de alimentos e outros bens primários de consumo;

IV - Agir como filtro natural, tampão e meio de adsorção, degradação e transformação de


substâncias químicas e organismos;

V - Proteger as águas superficiais e subterrâneas;

VI - Servir como fonte de informação quanto ao patrimônio natural, histórico e cultural;

VII - Constituir fonte de recursos minerais;

VIII - Servir como meio básico para a ocupação territorial, práticas recreacionais e propiciar
outros usos públicos e econômicos.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:


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FIQUE DE OLHO
O CAR – Cadastro Ambiental Rural, criado pela Lei 12.651/12 consiste em um registro
eletrônico público, de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais. O registro
tem a finalidade de integrar informações ambientais das propriedades rurais referentes
à situação das Áreas de Preservação Permanente - APP, das áreas de Reserva Legal, das
florestas e dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de Uso Restrito e das áreas
consolidadas. Com isso, compõe-se uma base de dados para controle, planejamento
ambiental e econômico e combate ao desmatamento.

3 EROSÃO DO SOLO
Agora que os conceitos básicos sobre agricultura e uso do solo foram apresentados,
conheceremos com mais detalhes as causas e consequências da erosão do solo. Percebe-se que
o mau uso da terra traz como consequência a perda de nutrientes, desertificação e abandono de
áreas que poderiam ser cultivadas, caso fossem usadas as técnicas adequadas.

A ação do fluxo de água, e a ação dos ventos, são processos superficiais e naturais que levam a
erosão do solo. Porém, além dos processos naturais, existem os processos que derivam da intervenção
humana, como a agricultura intensiva, construções de estradas, desmatamentos, atividades comerciais
que interferem nas mudanças climáticas, construções irregulares em encostas, entre outros.

A ação da chuva e intempéries podem causar a chamadas “voçorocas”, que são grandes
buracos de erosão. Esse fenômeno geológico acontece onde há indícios da falta de cobertura
vegetal, deixando o solo desprotegido. Um exemplo são as constantes chuvas fortes em regiões
determinadas, que, caso fosse coberta por vegetação, a água iria percolar o solo de forma lenta, uma
vez que as árvores fazem o papel de filtro. Sem as árvores, a água da chuva arrasta os sedimentos,
causando erosão, degradação e formação de crateras sobre o solo.

São muitos e variados os processos que levam a degradação dos sistemas de produção. Em geral,
ocorre em duas fases: A primeira denominada degradação agrícola e, a segunda, degradação biológica.
A degradação agrícola é o processo inicial no qual o sistema perda da produtividade econômica, com
desequilíbrio pela ausência no sentido de mantê-lo no ponto ideal de controle de ervas daninhas e de
agentes bióticos adversos (fitopatógenos, pragas), resultando em menor produção da cultura principal.
Nessa situação, não há necessariamente uma perda da capacidade do solo em sustentar o acumulo de
biomassa, porém, haverá perdas devido a redução do potencial de produção das plantas cultivadas.
Nos sistemas de pastagens do Estado do Acre, principalmente naquelas formadas em sucessão à
floresta primaria, a degradação agrícola é a forma mais comum e a porcentagem de ervas daninhas é
um indicativo do grau de degradação da pastagem. (WADT et. al, 2003, p.12)

No meio ambiente existem necessidades básicas para se ter uma vegetação bem-sucedida,
começando por uma análise do local, exigindo uma avaliação de todas as variáveis que possam
vir a afetar o desenvolvimento e o crescimento de uma vegetação.
21

Incluímos nessa análise fatores como o clima, a vegetação nativa e os parâmetros microlocais,
como por exemplo, solo, possíveis condições tóxicas e topografia. Quando estamos revegetando, a
atividade pode se dar por meio de variedade de plantas e diferentes métodos de plantio. As árvores,
arbustos e gramíneas (plantas rasteiras), podem ser utilizadas na recuperação de áreas degradadas.
A escolha dependerá simplesmente da adaptação de cada uma na região onde será usada.

Outro fator fundamental é a preparação do local onde as plantas serão inseridas. O


nivelamento e a drenagem também estão incluídos nessa preparação.

Figura 4 - Pouca Cobertura Vegetal


Fonte:Shutterstock, 2020

#ParaCegoVer: A imagem mostra uma área com pouca cobertura vegetal, e logo abaixo passa
um rio. Uma chuva forte nessa região, com ação dos ventos deslocaria sedimentos para o rio,
causando assoreamento

3.1 Estimativas do escoamento superficial e perda de solo


Com o conhecimento das causas da erosão, podemos agora aprofundar os conceitos sobre
como evitar, ou mitigar a perda do solo. O ciclo hidrológico interfere diretamente no escoamento
superficial. A chamada Erosão Pluvial acontece através do movimento das chuvas, causando o
desgaste do solo. Quando chegam as chuvas, quanto menos cobertura vegetal tem o solo, mais
sedimentos são arrastados pela água. Vejamos agora os quatro tipos principais de erosão do solo:

Erosão de respingos

Acontece quando o impacto de uma gota de chuva caindo cria uma pequena cratera
levantando partículas do solo. Dependendo da saturação do solo, os sedimentos arrastados
podem ocorrer em maior quantidade, pois o processo de infiltração é reduzido;
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Erosão laminar

Ocorre com o transporte de partículas de solo solto pelo fluxo terrestre;

Erosão em sulcos

É o desenvolvimento de caminhos de fluxo pequenos, esse tipo de erosão é muito comum


em colinas e montanhas

Erosão de desembarque ou voçorocas

Acontece quando o escoamento da água se acumula e precipita de forma rápida em canais


estreitos durante ou logo após chuvas intensas. Esse tipo de erosão causa buracos no solo.

A impermeabilização do solo nas grandes metrópoles e a canalização de rios são fatores que
acarretam as enchentes. A precipitação das chuvas em grande quantidade não tem por onde
escoar ou infiltrar.

As enchentes geralmente, são calamidades naturais que ocorrem quando um curso d’agua recebe
um volume de água superior ao que pode comportar, resultando em transbordamentos. Podem ocorrer
em lagos, rios, córregos e mares, devido a chuvas fortes contínuas. Mas nas cidades, as enchentes, na
maioria das vezes, ocorrem como consequência da ação humana.

As principais causas são: desmatamentos; assoreamento dos rios; alto grau de impermeabilização
do solo, devido ao calçamento de ruas e calçados com asfalto e concreto; lixo que entope os bueiros
e galerias de águas pluviais, impedindo a dispersão das águas; e a retificação dos rios: na natureza, os
rios são curvilíneos, ou seja, caminham como uma serpente. Esse trajeto diminui muito a velocidade da
água. Retificá-lo significa aumentar sua velocidade, podendo ocasionar transbordamentos. (DA COSTA,
2009, p. 64-65)

Alternativas como substituição de concretos ou pisos cimentados, em áreas externas de


residências, por lajotas e gramíneas, a preservação da mata ciliar, emprego de parques pluviais
e ruas de paralelepípedos nas cidades, mitigam os efeitos causados por grandes tempestades.

FIQUE DE OLHO
Mata Ciliar é a vegetação que acompanha os rios. Sua função é proteger os leitos contra
detritos e sedimentos. Assim como os cílios protegem os olhos, a mata ciliar protege os rios,
evitando que os mesmos fiquem assoreados.

As consequências das enchentes, em decorrência principalmente das ações humanas, são


23

incontáveis, tanto para os cidadãos, como para os gestores públicos. Podemos dar como exemplo
vários tipos de , como veremos abaixo:

Perdas financeiras

Cidadãos e gestores públicos terão gastos não esperados. Os cidadãos terão dispêndios para
reconstruírem suas casas, na compra de novos móveis, veículos, entre outros bens. Já os prefeitos
e governadores são os responsáveis por reerguer as cidades, com novas pavimentações de ruas,
desassoreamento dos rios e reconstruções de praças e espaços públicos.

Perdas comerciais

Com a água invadindo lojas e estabelecimentos comerciais, na maioria das vezes mercadorias
que seriam vendidas são perdidas, deixando os comerciantes com enormes prejuízos, muitas
vezes tendo que recomeçar suas atividades do zero.

Perdas de vidas:

Dentre as perdas, podemos considerar essa a principal, pois não são recuperadas. As perdas
de vidas humanas e animais podem se dar de diversas formas. As mortes podem ser causadas por
soterramento, afogamento ou doenças contraídas em contato com a água contaminada, como
por exemplo a leptospirose, entre outras.

Cada vez mais é preciso pensar no planejamento das cidades e na gestão ambiental como um
todo, pois uma população consciente e educada é fundamental para termos mais qualidade de vida.

A crise ecológica atual, em suas diferentes manifestações, seja no nível global ou local, tem
suas origens no processo de desenvolvimento da sociedade moderna. Ou seja, ela está diretamente
relacionada ao modo como a sociedade, a economia e a política se organizam, e tem sido agravada
pelo crescimento explosivo da população e pela distribuição desigual e injusta da riqueza.

Os problemas ambientais que nos afligem hoje são os resultados do consumo excessivo dos
recursos naturais, para atender o crescimento das populações, das cidades e das economias dos
países ao redor do globo. Nesse consumo, predomina o mito da natureza infinita, que existe até hoje
na mentalidade das pessoas. Trata-se de uma ideia errônea, que nos faz achar que os recursos que
a natureza nos oferece são infinitos e inesgotáveis, levando-nos a usar esses recursos de maneira
irresponsável e inconsequente. (FILHO, S. R., 2009, p.10)

3.2 Perda de solo e água


A recomposição florestal de áreas desmatadas tem papel fundamental para a proteção
de nascentes e a produção de água. Não é de conhecimento de muitos, mas as árvores são
consideradas produtoras de água.
24

No estado do Rio de Janeiro foi criado o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais
(PSA), um instrumento econômico que segue o princípio “protetor-recebedor”. O programa visa
recompensar e incentivar cidadãos que provêm serviços ambientais, melhorando a rentabilidade
das atividades de proteção e uso sustentável de recursos naturais.

Conforme informações publicadas pelo Inea (Instituto Ambiental do Ambiente), o órgão do


estado do Rio de Janeiro é responsável por essa estratégia, e tem apoiado os proprietários de
terras que contribuem para a proteção de nascentes.

O PSA foi criado pelo decreto estadual nº 42.029/11 e representa um avanço para a proteção
dos recursos hídricos, das florestas e da biodiversidade no estado. As modalidades de Serviço
Ambiental são:

• Conservação e recuperação da qualidade e da disponibilidade das águas;

• Conservação e recuperação da biodiversidade;

• Conservação e recuperação das FMPs (Faixa Marginal de Proteção);

• Sequestro de carbono originado de reflorestamento das matas ciliares, nascentes e olhos


d´água para fins de minimização dos efeitos das mudanças climáticas globais.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:


25

PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• Aspectos importantes para uma boa gestão ambiental;

• Agricultura, sustentabilidade e meio ambiente;

• Técnicas eficientes no manejo do solo;

• Legislações ambientais;

• Erosão do solo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERTÉ, R. Gestão Socioambiental no Brasil. Curitiba: IBPEX; São Paulo: Saraiva, 2009.
BRASIL. Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981.

CAMPOS, J. D. Transferências hídricas: estudos e experiências brasileiras e internacionais.


Rio de Janeiro: 2009.

CASARIN, F.; DOS SANTOS, M. Água: o ouro azul – usos e abusos dos recursos hídricos.
Ed. Garamond, 2009.

DA COSTA, L. M. Cultura é Natureza - Tribos Urbanas e Povos Tradicionais. Ed. Garamond


2009.

FILHO, S. R.; SANTOS, A. S. Um futuro incerto – mudanças climáticas e a vida no planeta.


Ed. Garamond, 2009.

THIBAU, C. E. Produção sustentada em florestas: conceitos e tecnologias, biomassa ener-


gética, pesquisas e constatações: compêndio (1970-1999). Belo Horizonte, 2000.

WADT, P. G. et. al. Práticas de conservação do solo e recuperação de áreas degradadas.


Rio Branco, AC: Embrapa Acre, 2003.
UNIDADE 2
Pesquisa em erosão
Introdução
Você está na unidade Pesquisa em erosão. Agora, o objetivo é levá-los a buscar informações
sobre os trabalhos e pesquisas realizados por estudiosos e instituições que se preocupam
com a forma em que os solos estão sendo usados. Estudos estão sendo realizados com a
intenção de reduzir impactos, uma vez que pesquisas comprovam que atividades como
mineração, a agricultura intensiva e o desmatamento são os principais vilões nas causas
da erosão do solo. Nesta unidade vocês serão convidados a conhecer melhor as causas da
erosão, como a fauna contribui para a reciclagem de nutrientes do solo, e a importância
dos aspectos físico-estrutural do solo.

Bons estudos!
29

1 PESQUISA EM EROSÃO
A preocupação quanto ao uso degradante do solo vem mobilizando profissionais e instituições
de todo o mundo. Dados divulgados pela ONU (Organização das Nações Unidas) comprovam que
a cada 5 segundos o solo equivalente a um campo de futebol desaparece no mundo. Além dos
fatores naturais, a intervenção do homem com suas atividades econômicas intensifica ainda mais
esse desgaste.

No contexto do combate a erosão do solo, a participação de representantes da sociedade, de


produtores, organizações e órgãos governamentais é de grande importância, pois trabalhando
juntos ganham força para o desenvolvimento de projetos e pesquisas.

A FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) organizou em


2019 o Simpósio Global sobre Erosão do Solo, o evento contou com participantes de 100 países,
e o Brasil foi representado por profissionais da Embrapa Solos (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). A Embrapa liderou
o Plano de manejo e conservação da água e do solo, e os representantes brasileiros apresentaram
trabalhos sobre a construção participativa do plano nacional contra a erosão do solo no Brasil, e
também sobre o impacto dos planos, políticas, práticas e tecnologias baseados nos princípios da
agricultura conservacionista para o controle da erosão do solo no Brasil.

FIQUE DE OLHO
A FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura trabalha no
combate à fome e à pobreza, promove o desenvolvimento agrícola, a melhoria da nutrição,
a busca da segurança alimentar e o acesso de todas as pessoas, em todos os momentos, aos
alimentos necessários para uma vida saudável. Reforça a agricultura e o desenvolvimento
sustentável, como estratégia a longo prazo, para aumentar a produção e o acesso de
todos aos alimentos, ao mesmo tempo em que preserva os recursos naturais. Saiba mais
acessando a página da FAO: http://www.fao.org/brasil/programas-e-projetos/pt/

O “Dia Mundial do Solo” é comemorado dia 05 de dezembro. Essa data foi criada com a
intenção de conscientizar sobre a importância da conservação do solo e sua relação quanto à
sobrevivência da humanidade.

Podemos perceber que o manejo do solo de forma responsável e consciente é uma


preocupação mundial, e, que o combate ao processo de erosão é de responsabilidade de todos.
30

Figura 1 - Gestão Ambiental Participativa


Fonte: Shutterstock, 2020

#ParaCegoVer: A imagem mostra oito pessoas reunidas em torno de uma mesa de trabalho. Atrás
delas, é apresentado um quadro-negro com um esquema de termos inter-relacionados através de
setas e ícones ilustrativos. Na parte superior do quadro está escrita a palavra “organização”. Abaixo
dela e ligadas por setas, estão escritas as palavras “direção (ou equipe gestora)” e “administrativo”.
Abaixo da palavra “direção”, estão escritas as palavras “visão e políticas” e “relacionamentos”.
Abaixo da palavra “administrativo” está escrito “missão. A imagem representa diferentes atores

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

A imagem mostra oito pessoas reunidas em torno de uma mesa de trabalho. Atrás delas, é
apresentado um quadro-negro com um esquema de termos inter-relacionados através de setas e
ícones ilustrativos. Na parte superior do quadro está escrita a palavra “organização”. Abaixo dela
e ligadas por setas, estão escritas as palavras “direção (ou equipe gestora)” e “administrativo”.
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Abaixo da palavra “direção”, estão escritas as palavras “visão e políticas” e “relacionamentos”.


Abaixo da palavra “administrativo” está escrito “missão. A imagem representa diferentes atores.

No final do ano de 2019, o Centro de pesquisa carioca da Embrapa lançou um concurso


que selecionou vídeos de boas práticas de controle e prevenção da erosão. O concurso visou
conhecer as práticas utilizadas nos biomas Mata Atlântica, Cerrados, Amazônia, Caatinga, Pampas
e Pantanal. Ações como essa estimulam estudantes e professores a conhecerem e disseminarem
práticas sustentáveis, levando em consideração as características peculiares de cada bioma.

Figura 2 - Semear
Fonte: Shutterstock, 2020

#ParaCegoVer: a imagem mostra uma mão semeando em solo fértil. O cuidado com a terra
nos permite colher bons frutos.

1.1 Formas de erosão


A forma mais comum de erosão se dá quando o solo perde sua camada superficial. Isso
acontece em decorrência da ação dos ventos e da água. A ação dos ventos tem mais efeito em
climas árido e semiárido, por serem mais secos. Já em regiões onde o índice pluviométrico é mais
intenso, se tem a perda pelo escoamento superficial da água. O solo tem uma redução da sua
fertilidade quando:

1. Se torna mais fino e denso e as plantas não têm como firmar suas raízes;

2. O solo perde a capacidade de retenção da água, tornando-o mais seco e com menos
disponibilidade hídrica para as plantas;

3. Junto com as partículas do solo que são levadas pela água, também se vão os nutrientes
que ficam na parte superficial.

A forma mais extrema de erosão, causada pela ação água, pode ser verificada em situações
como deslizamentos de terras, queda de barreiras, voçorocas, entre outras. A ação dos ventos
32

também pode causar destruição, derrubando árvores, formando grandes buracos e contribuindo
para o processo erosivo do solo.

1.2 Influência dos riscos de erosão


• Condições Naturais – O clima, como a intensidade das chuvas, que nos últimos anos tem
causado muita destruição, o tipo de solo, e a cobertura vegetal do solo;

• Intervenção Humana – Desmatamento, monocultura (contribui para a perda de nutrien-


tes da terra), construções irregulares em encostas, etc.

A expansão da Agricultura moderna se encontra na base das mudanças que ocorreram na


cobertura vegetal do solo ao longo do século XX. Ela representou uma maior capacidade de
manejo do solo para se apropriar dos seus serviços e bens com a utilização de técnicas de irrigação
e, principalmente, de fertilizantes e venenos artificiais.

No início do século XX, as atividades agrícolas no planeta dependiam basicamente da exploração


da energia de animais e seres humanos – Escravizados ou não. Entre 70% e 90% da população se
encontravam nas áreas rurais, trabalhando em um campo que usava pouca tecnologia e muita mão de
obra. Os fertilizantes eram compostos de materiais orgânicos como resíduos de folhas e grãos e esterco
de animais. O controle de insetos e outros predadores da lavoura se davam pelo sistema de rotação das
áreas plantadas. Raramente agricultores eram especializados na plantação de um único grão, e a maior
produtividade era em torno de 1 a 2 toneladas por hectare (área equivalente a um campo de futebol
de 90 metros de largura por 120 de comprimento). (ARAUJO, G. H. et al., 2009)

1.3 Tipos de deterioração do solo


Deterioração química:

• Perda de nutrientes do solo - Fosforo, potássio, e nitrogênio, estão entre os principais, e


matéria orgânica;

• Salinização (concentração de sais na camada superior do solo) – Esse tipo de deteriora-


ção pode ser causado por diversos fatores, como por exemplo, a invasão da água do mar
nos rios ou em reservas com boa qualidade da água;

• Acidificação – Excesso de aplicação de fertilizantes ácidos.

Deterioração Física:

• Compactação do solo – Causado por diversos fatores como o pisoteio de gado, tráfego de
veículos, animais e pessoas;

• Elevação do lençol freático – Fatores como irrigação inapropriada e enchentes ocasiona uma
entrada excessiva de água no solo, não condizente com a capacidade natural de drenagem;

• Subsidência (Rebaixamento da superfície da terra) – Os solos orgânicos perdem seus ho-


33

rizontes pelo processo de escoamento superficial ou pela oxidação do próprio solo. Um


exemplo desse tipo de deterioração é o desbarrancamento em estradas de terra.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

2 MATÉRIA ORGÂNICA E CICLAGEM DE NUTRIENTES


Até aqui vocês foram levados a conhecer os processos erosivos do solo, quais as formas
de deterioração e como ocorrem. Além disso, puderam perceber que existe uma preocupação
mundial para minimizar os impactos da erosão do solo e que diversos projetos de pesquisa estão
sendo colocados em prática, mobilizando vários agentes da sociedade.

A partir deste momento, vocês descobrirão a importância da matéria orgânica e da reciclagem


de nutrientes para a recomposição do solo, como isso acontece e de que forma podemos
contribuir para que microrganismos trabalhem em prol da saúde da terra.

2.1 Matéria orgânica e seus benefícios


A matéria orgânica do solo é proveniente da decomposição de organismos, animais e vegetais.
O material orgânico é originário principalmente da vegetação, folhas, frutos e galhos que formam
a serapilheira no solo. Esse amontoado de restos de plantas juntamente com organismos e micro-
organismos vivos, fezes de animais e animais em decomposição formam um composto natural
que devolve ao solo seus nutrientes.
34

FIQUE DE OLHO
SERRAPILHEIRA – Chamada também de Manta Morta ou Liteira é constituída por camada de
materiais como restos de plantas, folhas ramos, entre outros e material orgânico vivo, todos
eles em diferentes estágios de decomposição. A serapilheira reveste o solo ou o sedimento
aquático de forma superficial e sua principal função é devolver a estes seus nutrientes.

No que se refere à evolução, o ciclo da decomposição da matéria orgânica pode ser rápido, como
é o caso dos solos bem drenados, arejados e pouco ácidos ou, muito lento, nos solos com excesso
de água ou ácido. No primeiro caso, a atividade biológica se desenvolve fortemente por um grande
número de micro-organismos aeróbios, que promovem a biodegradação rápida das matérias vegetais,
e como produtos resultantes estão o CO2 e o NH3, que são liberados durante as transformações; e as
substâncias solúveis ou insolúveis que, posteriormente, vão formar compostos húmicos mais ou menos
polimerizados a depender do PH do meio (CUNHA, MENDES, e GIONGO, p. 275, 2015).

Figura 3 - Serrapilheira
Fonte: Shutterstock, 2020

#ParaCegoVer: a imagem mostra uma camada de material orgânico no solo de uma floresta,
formando uma grande serapilheira.

2.2 Ciclagem de Nutrientes e Benefícios para o Solo


Agora que já sabem a importância da matéria orgânica para a saúde do solo, estão convidados a
conhecer o processo de ciclagem, seu funcionamento e quais os benefícios que pode trazer ao solo.
35

A ciclagem de nutrientes ou reciclagem ecológica acontece dentro dos ecossistemas. Esse


processo ocorre com a decomposição da matéria orgânica se transformando em nutrientes. O
ciclo é contínuo, ou seja, a troca de substâncias passa do solo para as plantas e das plantas para
o solo. Como vimos no tópico anterior, a queda de folhas, galhos, decomposição e excretos de
animais, formando o que chamamos de serapilheira, é responsável por essa troca de nutrientes.

Existe uma diferença entre a ciclagem de nutrientes nos ecossistemas naturais e nos
agrossistemas. Veremos a seguir:

• Ciclagem de nutrientes no ecossistema natural – A entrada de nutrientes no solo através


da queda das folhas, galhos e decomposição de resíduos orgânicos equivale à perda de
nutrientes que as plantas assimilam, e pela mineralização da matéria orgânica. Nesse
caso, podemos dizer que há um equilíbrio.

• Ciclagem de nutrientes nos agrossistemas – Nesse caso existe uma perda de nutrientes atra-
vés da erosão do solo, extração das plantas e mineralização, causando uma saída de nutrien-
tes maior que sua entrada, e a consequência é um desequilíbrio na reciclagem de nutrientes.

Os sistemas biológicos dependem de elementos químicos para sobreviverem. E dos 92


elementos que existem, apenas 18 são fundamentais para as plantas crescerem e completarem
seus ciclos de vida. São eles:

Carbono (CO2) • Hidrogênio (H2O) • Oxigênio (O2, H2O) • Nitrogênio (NO3-, NH4+) • Fósforo
(H2PO4-, HPO42-) • Potássio (K+) • Cálcio (Ca2+) • Magnésio (Mg2+) • Enxofre (SO42-) • Ferro
(Fe2+) • Manganês (Mn2+) • Boro (HBO3) • Zinco (Zn2+) • Cobre (Cu2+) • Cloro (Cl-) • Cobalto
(Co2+) • Molibdênio (MoO42-) • Níquel (Ni2+)

Figura 4 - Tabela Periódica


Fonte: Shutterstock, 2020

#ParaCegoVer: a imagem mostra a tabela periódica com seus elementos químicos.


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De acordo com artigo publicado pela Universidade Federal da Paraíba sobre produção da
serrapilheira e ciclagem de nutrientes em uma área de Caatinga, pesquisas comprovam que

Estudos sobre ciclagem de nutrientes abordando a vegetação nativa da caatinga, são praticamente
inexistentes, apesar da importância biológica do processo de movimentação de nutrientes entre o solo
e a planta, principalmente quando se leva em consideração as severas condições endafoclimáticas
predominante no bioma, retratando assim o elevado nível de desconhecimento científico da sua
vegetação e em consequência, da sua utilização. As restritivas condições ambientais do semiárido,
a falta de políticas adequadas, a fiscalização ineficiente e os altos níveis de pobreza propiciam o
desmatamento desordenado da caatinga, acelerando o ritmo de degradação do solo, dos recursos
hídricos e da qualidade de vida da população, contribuindo assim para o processo de desertificação.
(SANTANA, 2005, p. 95)

As condições endafoclimáticas referem-se às características de cada bioma, como por exemplo


o clima, o relevo, a temperatura, a umidade do ar, o tipo de solo, o vento, entre outros. O processo
de ciclagem da matéria orgânica depende de cada uma dessas características.

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

3 DINÂMICA FÍSICO-ESTRUTURAL DO SOLO


Agora, para finalizar essa unidade, vamos conhecer um pouco sobre a dinâmica físico-
estrutural do solo. Como podemos usar técnicas para um melhor aproveitamento dos diversos
tipos de solo existentes, evitando sua degradação?

3.1 Qualidade física do solo


A qualidade física do solo (QFS) é medida por indicadores físicos como a porosidade, pois um solo
saudável e produtivo deve ser capaz de permitir a percolação da água de forma gradual, garantindo
a manutenção de nutrientes. O uso de indicadores de qualidade física do solo nos permite adotar
37

práticas adequadas de manejo, desenvolvendo pesquisas com o objetivo de avaliar o estado de sua
conservação e possibilitando uma gestão adequada e segura dos recursos naturais.

Figura 5 - Solo fértil


Fonte: Shutterstock, 2020

#ParaCegoVer: a imagem mostra a limpeza de um solo saudável, sendo preparado para o plantio.

Os indicadores existentes possuem inconvenientes como o alto custo para aplicá-los, e, na


maioria das vezes, sua implementação é complexa. Dessa forma, faz-se necessário que sejam
desenvolvidos novos indicadores mais simples e eficientes. Segundo publicação da Revista Safra
em 16 de dezembro de 2019,

A compressão acerca da complexidade e heterogeneidade do sistema solo possibilita a inserção


de manejos que resultem em construção do ambiente produtivo. Neste sentido, são importantes
as questões relacionadas à aptidão agrícola de determinado solo, as necessidades de inserção de
técnicas voltadas à conservação de solos (terraços, culturas de cobertura), visando conter a erosão,
consequentes perdas de solo e degradação da qualidade. As exigências ambientais e nutricionais da
cultura que será implantada também devem ser levadas em consideração. Por exemplo, “em ambientes
restritivos, do ponto de vista de manutenção de umidade no solo, pode-se pensar na irrigação quando
a declividade e o local de captação de água são favoráveis. Além de ser importante a implementação
de um manejo de culturas que mantenha os resíduos de plantas na superfície, intercalando as culturas
com relação ao equilíbrio da relação C/N, o que possibilitará menores perdas por evaporação, impacto
da gota de chuva, erosão laminar, e aumento da atividade biológica do solo. Nestes ambientes o mais
indicado em um primeiro momento, seria a implantação de plantas com sistema radicular profundo e
com massa de raízes considerável, como as gramíneas” (FERREIRA, 2019).
38

FIQUE DE OLHO
Relação C/N – A relação C/N é um índice que permite avaliar o grau de evolução da matéria
orgânica do solo ou a importância de sua mineralização. Permite, também, avaliar a atividade
biológica do solo e a capacidade de produzir formas nitrogenadas assimiláveis. A C/N do
solo perto de 10 e acima de 12 é uma indicação de carbono em excesso. As aplicações de
resíduos com relações C/N muito altas levam mais tempo para decompor os resíduos e um
maior consumo de nitrogênio para buscar o equilíbrio da C/N do solo.

3.2 Estrutura do solo


Podemos dizer que a estrutura do solo é um indicador de qualidade quando apresenta as
seguintes características físicas:

• Estrutura com estabilidade de agregados;

• Permeabilidade;

• Densidade;

• Porosidade do solo adequadas, favorece o desenvolvimento das plantas.

Quando o solo é mantido em estado natural, com as estruturas acima mencionadas, podemos
afirmar que este solo é fértil.

Ao avaliarmos a estrutura do solo, devemos levar em consideração fatores como sua


densidade, a macro e a micro-porosidade (que influenciam na infiltração e retenção da água), a
estabilidade de agregados, a resistência à penetração e infiltração da água no solo.

3.3 Solo Compactado


Podemos definir a compactação como uma ação mecânica por meio da qual se impõe ao
solo uma redução de seu índice de espaços vazios, ou seja, os grãos que compõem o solo são
aproximados ao máximo uns dos outros reduzindo a porosidade, ou seja, os espaços entre eles.
Essa redução de espaços se dá pela expulsão do ar dos poros, um processo artificial que acontece
no curto prazo.
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Figura 6 - Solo Compactado


Fonte: Shutterstock, 2020

#ParaCegoVer: a imagem mostra uma estrada cortando um campo verde. O solo da estrada
está compactado pelo uso de máquinas e passagens de veículos.

Dentre os principais fatores de compactação do solo estão o tráfego de máquinas, atividades


agropecuárias através de implementos agrícolas, criação de estradas e o pisoteio de animais na
pecuária. Esses fatores reduzem a capacidade de infiltração da água, permitindo o escoamento
superficial, e com isso causando a degradação do solo.

Dependendo do estado físico em que o solo se encontra, a degradação pode se dar de


forma mais rápida ou menos intensa. Portanto, medidas como o aporte de matérias orgânicas e
nutrientes e garantir que as culturas sejam intercaladas, são importantes para não ocasionar o
estresse do solo, e, consequentemente, para a sua conservação.
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PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• Conhecer a pesquisa em erosão, estudando sobre o combate a erosão do solo, bem


como as formas de erosão, as influências dos riscos de erosão, e os tipos de deterio-
ração do solo.

• Saber mais sobre a matéria orgânica e ciclagem de nutrientes, assim como entender
os benefícios para o solo.

• Entender a dinâmica físico-estrutural do solo.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAUJO, G. H. et al. Um Equilíbrio Delicado – Crise Ambiental e a Saúde do Planeta, Ed.


Garamond, 2009.

CASARIN, F.; DOS SANTOS, M. Água: O Ouro Azul – Usos e Abusos dos Recursos Hídricos,
Ed. Garamond, 2009.

CUNHA, T.; MENDES, A.; GIONGO, V. Matéria Orgânica do Solo; Embrapa, 2015.

FERREIRA, D. A. Construção de solos produtivos. Revista Safra, 2019.

THIBAU, C. E. Produção Sustentada em Compêndio 1970-1999, Belo Horizonte, IEF - MG.


UNIDADE 3
Manejo e conservação do solo e da
água
Introdução
Você está na unidade Manejo e conservação do solo e da água. Conheça aqui
as dinâmicas envolvidas no manejo de solos em áreas irrigadas, fatores que afetam a
infiltração da água e as práticas conservacionistas que auxiliam no equilíbrio do solo.
Entenda os conceitos importantes quando tratamos da recuperação de áreas degradadas.
Ainda, aprenda sobre os efeitos negativos da poluição do solo e da água e dos principais
causadores desses efeitos.

Bons estudos!
45

1 MANEJO DE ÁREAS IRRIGADAS


Aluno, para entender como manejar as áreas irrigadas é importante compreender quais itens
afetam essas áreas e entender as dinâmicas do solo e os conceitos envolvidos no tema. O termo
manejo é muito utilizado para designar o conjunto de ações e passos que o profissional, produtor,
realiza no dia a dia da produção, e nesse caso nos referimos àquelas práticas ligadas a irrigação.
É cada vez maior a preocupação com o manejo da água, e quando falamos de irrigação algumas
ações acabam contribuindo para a degradação do solo, tais como: não executar uma drenagem
adequada, irrigação de terras marginais, e uso excessivo de água (RIBEIRO, 2010).

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

1.1 Infiltração da água no solo


Você já pensou que a forma como o solo absorve a água impacta diretamente no seu
manejo? E que os diferentes tipos de solo têm efeito direto sob a absorção da água? Assim, para
entendermos melhor sobre o manejo de área irrigadas precisamos rever alguns conceitos sobre
a infiltração da água no solo.

A forma como a água entra no solo é chamada de infiltração, sendo que inicialmente o
seu valor é elevado e vai diminuindo com o tempo, e quando o solo se encontra saturado essa
taxa é constante (SOBRINHO, 2003). Um outro item importante e que deve ser considerado é
a velocidade de infiltração, ou taxa de infiltração i, ela depende da textura e da estrutura dos
solos. Os solos mais argilosos ou arenosos com partículas agregadas, possuem poros maiores e,
portanto, maior velocidade de infiltração.

Reichardt e Timm (2004) reforçam que a infiltração determina o balanço de água na zona das
raízes e assim, o seu conhecimento é essencial para um bom manejo do solo e da água. Ainda,
segundo os autores, algumas implicações práticas decorrem da infiltração. O comportamento
46

do solo quando seco durante uma chuva ou irrigação, será de permitir a infiltração da água.
Porém, com a diminuição da taxa de infiltração ao longo do tempo, e em caso de intensificação
das chuvas, parte da água escoa pela superfície do solo. Desse processo pode ocorrer a erosão.
Nesse caso, não há o controle da condição meteorológica, e cabe ao produtor o correto manejo
da irrigação para evitar esse efeito.

1.2 Fatores que afetam a infiltração


Ainda nesse contexto, no manejo das áreas irrigadas é importante conhecer os fatores que
afetam a infiltração. O escoamento superficial, fator importante quando falamos em erosão,
depende da infiltração, e esta depende de fatores como a precipitação, relevo, vegetação e
características do perfil do solo (MINELLA, 2010).

Segundo Brandão (2003), a textura e a estrutura do solo são características que influenciam
a movimentação da água pois determinam a sua quantidade de macroporos. Por exemplo, os
solos de textura grossa, os arenosos, possuem uma maior quantidade de macroporos do que
os argilosos que possuem textura fina, assim, quando saturados possuem uma maior taxa de
infiltração. Entretanto, um ponto de atenção levantado por Brandão (2003) é de que solos
argilosos bem estruturados também podem apresentar taxas de infiltração altas, e tão altas
quanto dos solos arenosos. Isso se deve a estabilidade dos agregados, assim, quanto maior a
resistência dos agregados, maior a taxa de infiltração. Conforme descrito por Santos e Pereira
(2013), uma maior agregação e coesão das partículas faz com que o solo se torne mais poroso e
isso favorece a infiltração, e a matéria orgânica permite essa maior agregação.

A cobertura do solo também afeta a infiltração, se pensarmos nas áreas urbanas, por exemplo,
o escoamento em uma rua asfaltada será diferente de um parque com grama. Nas cidades a água
pode escoar rapidamente pelos telhados, pavimentos, até os cursos d’água próximos causando
enchentes (MOTTA, 2007).

O escoamento de uma área rural, sem tanta impermeabilização do solo, será maior. Há também o
efeito causado pela cobertura vegetal que é de proteger os agregados do impacto direto da água, em
matas densas, por exemplo, o escoamento acontece pelas laterais de tronco e folhas e de forma suave.
Em regiões topográficas planas ou relativamente planas, há maior absorção das águas provenientes de
precipitação, e assim um menor volume de escoamento superficial (SANTOS, 2013).

Outros pontos importantes são: a umidade inicial do solo, quanto mais seco maior a infiltração;
carga hidráulica, quanto maior a espessura da lâmina de água maior a infiltração; a temperatura
afeta a viscosidade da água e assim a velocidade de infiltração pode aumentar (CARVALHO, 2006).
As raízes decompostas, rachaduras, caminhos feitos pela fauna, auxiliam gerando caminhos por
onde a água pode se movimentar. E da mesma forma a compactação do solo pelo tráfego intenso
de máquinas ou animais, pode reduzir a infiltração no solo (CARVALHO, 2006).
47

1.3 Manejo das áreas irrigadas


Conhecendo as práticas que afetam a infiltração podemos pensar em boas práticas. Uma
boa prática nesse manejo é o monitoramento do teor de água do solo em toda a área irrigada
e a instalação de uma rede de poços de observação do lençol freático com medições regulares
(RIBEIRO, 2010). Práticas conservacionistas auxiliam no manejo de áreas irrigadas por favorecer
o equilíbrio daquele ecossistema.

O manejo ideal envolve compreender os fatores ligados ao solo e suas características, como
a maneira com que ele se comporta ao absorver água. Quando pensamos em solo e irrigação
devemos pensar em responder os seguintes questionamentos: quando, quanto e como irrigar?
Para responder ao quando e quanto precisamos pensar no horário e quantidade de água ideais.
A quantidade de água correta, além de favorecer a economia de água e energia ainda assegura a
produtividade e qualidade dos produtos, e de certa forma auxilia na conservação do solo.

Portanto, é primordial respeitar a fisiologia e as necessidades hídricas diárias da planta. A


irrigação em excesso pode acarretar maior gasto com água e energia, e favorecer a incidência de
doenças pelo excesso de umidade e lixiviação de nutrientes. Clima e solo são fatores determinantes
na hora de definir o manejo a ser adotado. Sobre o solo você já viu um pouco sobre a infiltração e
que as características do solo e ambiente afetam a capacidade de absorção. Sobre o clima, conhecer
a temperatura, umidade relativa do ar, vento e radiação solar, permitem calcular a quantidade de
água que a planta consumiria e assim adaptar à necessidade diária da planta.

Mas, e como irrigar? Levando em consideração também a infiltração, e a intensidade de


aplicação da água, lembrando que se muita água é aplicada pode haver o escoamento superficial
e danos por erosão. O método em si, deve ser avaliado de acordo com as características de cada
propriedade. Não há um sistema ideal, todos têm vantagens e desvantagens, por isso deve se
avaliar caso a caso. Os sistemas de irrigação mais comuns são: localizada, por gotejamento e
microaspersão; aspersão, convencional ou mecanizado; superfície, sulcos faixas e inundação.
E atenção, para implantar um sistema de irrigação em uma propriedade é necessário possuir
outorga para a atividade. No Brasil, a Agência Nacional de Águas (ANA) é a responsável pela
emissão das outorgas de irrigação.

2 PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS
Bom, como discutimos um pouco, algumas práticas auxiliam na conservação do solo e afetam
a capacidade de infiltração do solo e por consequência o manejo da área irrigada. Veremos a seguir
algumas das práticas de caráter edáfico, vegetativo e mecânico que auxiliam no cuidado com o solo.

As práticas de caráter edáfico são aquelas relativas às melhorias das características do solo.
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Adubação verde: é a incorporação de plantas com o objetivo de melhorar as condições físicas,


químicas e biológicas do solo. Pois essas espécies irão se decompor e seus nutrientes estarão disponíveis
no solo. Segundo Borges (2018), podemos utilizar os adubos verdes nas seguintes situações:

Situações de pré-cultivo, a espécie escolhida como adubo é conduzida de forma com que seja roçada
e/ou podada em sua máxima acumulação de nutrientes e após alguns dias de sua decomposição é
introduzida a cultura de interesse comercial. As espécies podem ser tanto incorporadas ao solo quanto
deixadas na superfície do solo para decomposição. O autor cita que é muito comum nesse sistema a
produção de hortaliças aliadas às espécies de rápido crescimento como feijão guandu (Cajanus cajan),
mucuna preta (Mucuna pruriens) e crotalária (Crotalaria juncea).

Figura 1 - Plantas de feijão guandu


Fonte: Shutterstock, 2020

#ParaCegoVer: Na imagem temos plantas de feijão guandu no campo. As plantas são


arbustivas e possuem algumas vagens.

Figura 2 - Plantação de crotalária


Fonte: Shutterstock, 2020
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#ParaCegoVer: A imagem é de uma plantação de crotalária. As plantas são altas e estão


florescendo, apresentando flores de coloração amarela.

Consórcio, é quando o plantio ocorre de maneira conjunta, nesse caso os nutrientes serão
fornecidos para a cultura de interesse comercial ou quando o adubo verde se desenvolve mais
para o fim do ciclo, para a cultura seguinte. Algumas culturas onde pode ser adotado são produção
de mamão, maracujá, açaí e cupuaçu. O cultivo do adubo verde é realizado nas entrelinhas do
cultivo comercial e manejada de tempo em tempo para deposição de biomassa sobre o solo.

Adubação verde móvel, quando é plantada em uma área diferente daquela de interesse
comercial e assim é necessário transportar partes da planta de um local para o outro. Esse sistema é
interessante onde o acesso a adubos é dificultado e também onde há limitação por área de cultivo.

FIQUE DE OLHO
A espécies de leguminosas são muito conhecidas por serem adubos verdes eficientes, tais
como crotalária, mucuna preta, mucuna-cinza, feijão guandu, feijão de-porco, e amendoim.
Algumas não leguminosas utilizadas são milho, sorgo, milheto, girassol, capim-elefante,
braquiária. Como critérios para escolha das espécies é importante considerar que tenham
capacidade de fixação de nitrogênio, elevada produção de biomassa vegetal e acúmulo
de nutrientes, proporcionar rápida e elevada cobertura do solo, possuir sistema radicular
vigoroso e profundo, ter elevada produção de sementes e ser adaptada às condições de solo
e clima da região em questão. E você aluno, consegue pensar em mais alguma espécie que
se encaixaria nesses critérios?

Adubação química, orgânica e calagem: são essenciais para repor os nutrientes retirados pela
cultura e no caso de a calagem permitir a disponibilidade de outros elementos para a planta. Um
solo com baixa disponibilidade de nutrientes limita o crescimento das culturas e assim reduz a
cobertura do solo. E quando se fala em conservação do solo, fala-se de evitar a perda da fertilidade
e do controle ou redução da acidez nociva e, por essa razão, essas práticas são essenciais.

Controle de queimadas: o principal prejuízo das queimadas para o solo é a destruição da


matéria orgânica e volatilização do nitrogênio, reduzindo a fertilidade. Sendo assim as áreas
vão se tornando degradadas. As queimadas, além dos efeitos diretos na perda da diversidade,
influenciam e aceleram o processo de erosão. Segundo Wadt et al (2003), a mineralização da
biomassa vegetal após a passagem do fogo para a limpeza das áreas e a sua exposição direta
promovem a erosão. Como há a perda de solo, há também, a perda de nutrientes.

Práticas de caráter vegetativo: são aquelas onde usa-se a vegetação para proteger o solo e
assim minimizar a sua degradação.
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Florestamento, reflorestamento e pastagem: as florestas protegem o solo devido a sua


vegetação densa e permanente, e elas ainda protegem mananciais e cursos d’água. E as pastagens
quando bem manejadas e conduzidas são uma ótima proteção do solo, pelos mesmos motivos de
cobertura vegetal. Entretanto, há um ponto atenção nesse item, as pastagens podem também ser
vilãs quando há excessos na lotação dos animais, e assim, pisoteamento demasiado.

Plantas de cobertura: são plantas que têm como objetivo cobrir o solo protegendo-o de
processos erosivos e lixiviação de nutrientes. A diferença da adubação verde e das plantas cobertura
é que a primeira busca liberar os nutrientes rapidamente, já a segunda demora mais tempo para
disponibilizar os nutrientes. Essas plantas são utilizadas principalmente nas entrelinhas dos cultivos
comerciais, e além das vantagens já mencionadas também protegem a matéria orgânica do solo
contra a ação direta dos raios solares. Sugere-se que seja uma prática adotada nas entressafras,
lembre-se que é importante manter o solo coberto pelo maior período possível.

Cultivo em contorno ou em curvas de nível: é uma prática recomendada em terrenos com


declividade de até 3% e quando o comprimento da rampa não for muito longo. O primeiro passo
é a locação das curvas de nível, elas irão orientar a direção das linhas de plantio. Com esse tipo de
prática há um aumento da rugosidade superficial causado pelos sulcos deixados pela semeadora,
perpendicularmente ao declive, as linhas é que formam a barreira para o escoamento superficial.
É um sistema que se adapta muito bem a fruticultura.

Figura 3 - Plantio em curvas de nível


Fonte: Shutterstock, 2020

#ParaCegoVer: A imagem apresenta um campo de produção amplo, onde as plantas foram


plantadas em curvas de nível. As plantas são pequenos arbustos.

Rotação de culturas: é uma prática onde se alternam em uma mesma área, diferentes
culturas. É feito um planejamento considerando os diferentes níveis de exploração do solo pela
raiz e também o quanto cada cultura extrai de nutrientes do solo. A prática contribui para reduzir
a incidência de pragas e doenças, por alternar o hospedeiro preferencial desses organismos,
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reduzindo assim seu ciclo de vida e mantendo as culturas mais sadias.

Sistema de plantio direto: resume-se ao menos revolvimento do solo possível. Além de


ser uma prática conservacionista, auxilia na economia de combustível, implementos, tempo e
mão-de-obra e fornece melhores condições de plantio e germinação das sementes. A semente
é depositada em um solo não revolvido, as plantadeiras abrem um sulco onde a semente e
depositada e pode se desenvolver tranquilamente. Conforme apresentado por Zonta et al. (2012)
“o plantio direto consiste em três etapas: colheita e distribuição dos restos da cultura antecessora
para formação da palhada; aplicação de herbicidas e plantio”. Assim como muitas das práticas
apresentadas, é eficiente na proteção do solo pois o mantém coberto por resíduos vegetais.

Algumas outras práticas que podem ser adotadas são: cordões de vegetação permanente,
barreiras vivas ou faixas de retenção, alternância de capinas e cobertura morta.

Práticas de Caráter Mecânico são aquelas que usam estruturas artificiais para a redução da
velocidade de escoamento da água, a ideia é fazer a água perder força e não remover a superfície
do solo.

Terraceamento: consiste na locação e na construção de estruturas no sentido transversal


à direção do declive do terreno. O objetivo é formar obstáculos físicos capazes de reduzir a
velocidade da água. Não é uma prática recomendada para terrenos onde o solo é pedregoso,
raso, com subsolo adensado ou com relevo muito íngreme (ZONTA, 2012).

Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:

Não há como falar de irrigação e manejo de áreas irrigadas sem falar de drenagem. Drenagem
é o processo de remoção do excesso de água dos solos. Ela permite dar aeração, estrutura e
resistência ao solo. Todo solo é drenado naturalmente, porém, não significa que essa drenagem é
capaz de tornar a exploração daquele solo viável, então, algumas medidas precisam ser adotadas.
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Mas quem gera um excesso de água? Tanto a precipitação, como as irrigações e até mesmo o
lençol freático que em certas localidades e épocas do ano pode se elevar.

2.2 Recuperação de áreas degradadas


A Lei n° 9.985 Art. 2°, de 18 de julho de 2000, entende que “uma área recuperada é a
restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não
degradada, que pode ser diferente da condição original”. Para entender como recuperar uma
área degradada precisamos inicialmente entender as causas, como identificar essa área, e assim
pensarmos em soluções de recuperação. Geralmente quando se pensa em uma área degradada
imagina-se uma área como àquela a seguir:

Figura 4 - Área com alto grau de erosão.


Fonte: Shutterstock, 2020

#ParaCegoVer: A imagem apresenta uma área com alto grau de erosão. O solo está exposto, sem
cobertura, em alguns pontos e apresenta uma grande deformação formando uma grande fenda.

Porém, um ponto importante e que pode passar despercebido é que essa é uma
situação extrema, e certamente mais complexa a resolver, mas essa degradação não ocorre
inesperadamente, salvo situações excepcionais. Assim, é importante ter atenção aos sinais iniciais
de degradação. Lembrando que é importante recuperar as áreas não somente para recuperar a
sua capacidade produtiva, mas também para recuperar a função ambiental e os ecossistemas que
ali habitam. Para tal podem ser adotadas estratégias de curto prazo e de longo prazo.

Falando nos termos utilizados há uma diferença entre área degradada e área alterada ou
perturbada. Uma área degradada não retorna ao estado inicial naturalmente, porém, em uma área
alterada ou perturbada, o ambiente pode se regenerar naturalmente. Ainda podemos falar em
recuperar ou restaurar. Ao recuperar uma área estamos restituindo uma situação de degradação,
podendo ser uma condição diferente da original. Quando falamos de restauração a área precisa ser
o mais próximo possível daquela original. E a reabilitação, considera que não há possibilidade de se
obter uma condição igual a original, assim, busca-se uma alternativa para aquele ambiente.
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2.3 Causas da degradação


Muitas das causas da degradação dos solos são antrópicas, o lado positivo é que então, o manejo
adequado pode evitar esses fenômenos. Algumas das causas são desmatamento, queimadas, o uso
intensivo do solo, mineração, irrigação incorreta ou água contaminada. Geralmente uma sucessão
de ações geram essas degradações. Veremos a seguir alguns tipos de degradação.

Acidificação: ocorre a diminuição do pH no solo, aumento do alumínio tóxico e diminuição da


saturação por bases. O solo ácido afeta o crescimento de vegetação, pois muitos dos nutrientes
ficam indisponíveis. Pode ser causada a partir da água da chuva que pode lixiviar cátions trocáveis,
e água contaminada.

Arenização: é a formação de bancos de areia, causadas pela remoção da vegetação, que


protege e mantém o solo firme. As chuvas vão gradativamente lavando o terreno e removendo os
seus nutrientes em um processo que pode ser ainda mais intensificado pela prática exaustiva da
agricultura ou da pecuária. Assoreamento de rios: quando os cursos d’agua não são protegidos
com vegetação, como matas ciliares, pode ocorrer a deposição de sedimentos em momentos de
chuva forte. E os rios assoreados podem gerar inundações.

Desertificação: É o processo de degradação e esgotamento dos solos que ocorre em regiões


onde a pluviosidade não é maior do que 1400mm anuais. Nesses locais a evaporação é maior do
que a infiltração. O clima do local influencia nesse fenômeno, mas o desmatamento, queimadas,
uso intenso do solo, entre outras atividades estão entre as causas.

Erosão: são processos que alteram o relevo e formam crateras. Os solos perdem os nutrientes
e podem se tornar improdutivos. O desmatamento pode agravar a erosão, e gerar o deslizamento
de terras já que a vegetação serve como camada protetora e diminui o impacto da água e dos
efeitos dos ventos sobre a superfície do solo.

Laterização: é o acúmulo de hidróxidos de ferro e alumínio na superfície do solo. É mais


comum em áreas úmidas e quentes de climas tropicais, pode ser intensificado por queimadas e
desmatamentos. É um processo importante na formação dos latossolos, mas é considerado um
problema ambiental pois dificulta a penetração de raízes e diminui a fertilidade.

Lixiviação: é um processo bem conhecido, é uma lavagem dos nutrientes do solo. Pode causar
a formação de voçorocas. Intensificado pelo desmatamento e/ou chuvas intensas. Salinização:
ocorre em áreas muito quentes, pois a intensa evaporação da água vai deixando sobre a camada
superficial do solo uma dura camada de sais. Nessas regiões normalmente existe pouca chuva e
alta taxa de evaporação.
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3 COMO RECUPERAR UMA ÁREA DEGRADADA


Quando falamos em recuperar uma área degrada logo vem à cabeça as práticas
conservacionistas, algumas delas citadas anteriormente. Rachwal e colaboradores discutem
sobre o uso e manejo da terra e consideram:

Sistemas produtivos agrícolas e florestais com foco conservacionista, tais como cultivo mínimo,
rotação de culturas, adubação verde e de cobertura, manejo de restos culturais e reaproveitamento
de resíduos, podem prestar serviços ambientais de suporte e regulação, como aumento da ciclagem
de nutrientes e de infiltração de água no solo e controle da erosão. Portanto, conhecer e monitorar
os indicadores de qualidade do solo, suas potencialidades e fragilidades e as características de cada
sistema, facilita a escolha das melhores formas de uso e manejo do solo (RACHWAL, 2015).

As áreas recuperadas permitem retomar a capacidade produtiva do solo e assim aumentar


a produtividade e auxiliar o produtor. O aumento na fertilidade do solo permite reduzir os
gastos com fertilizantes e outros insumos, e ainda há um ganho ambiental com o equilíbrio dos
ecossistemas. A fauna e flora em equilíbrio auxiliam a manter a conservação do solo e da água. O
ideal é pensar nas práticas antes de acontecer a degradação. Mas e se o solo já está degradado,
o que fazer? Pensando em áreas degradadas monta-se um plano de recuperação, o PRAD, já que
recuperar uma área exige a compreensão de diversos fatores.

A seguir você poderá ver algumas das ações que podem ser tomadas, aplicadas ao PRAD e
que são grandes aliadas na recuperação de uma área. O primeiro passo é interromper a atividade
que está causando a degradação. Atividades como pecuária, agricultura, mineração, entre
outras, podem ser fatores de degradação que, após identificados, devem ser interrompidos. Essa
interrupção pode ser feita por medidas físicas, com auxílio de cercas ou construção de curvas
de nível. É importante realizar uma análise do solo para suprir a necessidades de adubação,
calagem, aração ou subsolagem. Em alguns casos há também a necessidade de adicionar uma
camada superficial para o solo. Algumas espécies são aliadas na hora da recuperação de uma área
degradada. E fazer a seleção depende do método de recuperação escolhido.

O monitoramento e a avaliação do desenvolvimento da área em recuperação são fundamentais.


E é interessante adotar mais métodos de recuperação para aumentar as chances de sucesso. Deve ser
feita a seleção do método que será utilizado para a recuperação da área e essa escolha vai depender
do grau de perturbação da área a ser recuperada. Um método que pode ser utilizado é a regeneração
natural, onde é possível ter a regeneração natural, principalmente se houver banco de sementes no
solo, a área a ser recuperada estiver adjacente a uma floresta e/ou se o solo não estiver compactado.
Um outro método é o plantio de mudas que podem ser distribuídas de forma aleatória ou em linhas.
Pode ser feita a semeadura com as sementes de espécies nativas lançadas ou plantadas em linhas.

O adensamento também faz parte dos métodos, e é o plantio de novas espécies através de
55

mudas ou sementes visando o recobrimento do solo, o plantio ocorre para encobrir as com falhas de
vegetação. Esse processo acelera a cobertura por espécies nativas e aumenta a chance da regeneração
natural para suprimir espécies indesejáveis. Há ainda o método do enriquecimento que é utilizado em
áreas em estágio intermediário de perturbação e pode ser feito por mudas ou sementes.

A nucleação, como o nome já diz, é a formação de núcleos de vegetação. O objetivo é de


fortalecer as interações entre fauna e flora naquela área. Uma área, um ecossistema, é dito
recuperado ou restaurado quando atinge a capacidade de continuar seu desenvolvimento sem o
auxílio e ações diretas, ele já é capaz de ao longo do tempo encontrar o equilibro ecológico. Bitar
e Braga (1995, apud Reis, 2001) compilaram algumas medidas de recuperação do meio físico em
diferentes situações que estão apresentadas na tabela a seguir:

Tabela 1 - Medidas de recuperação


Fonte: AElaborado pela autora.

#ParaCegoVer: Na imagem podemos ver uma tabela onde as linhas são os tipos de área
degradada, em uma das colunas temos quais são os principais processos de degradação (meio
físico) e na outra coluna algumas medidas corretivas (meio físico).

3.1 Poluição da água e do solo


O que você pensa quando lê a palavra poluição? É um termo muito utilizado e discutido, mas
o que de fato ele quer dizer e qual é de fato sua importância no mundo de hoje? A poluição é um
termo que designa a introdução de substâncias de forma acidental ou intencional no ambiente
e que possui consequências negativas para os seres vivos. Esse assunto precisa sempre ser
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discutido ainda mais atualmente com as descobertas frequentes de novos materiais e processos,
e esses precisam ser analisados para entender seus impactos no ambiente e minimizá-los. A
seguir veremos algumas das causas, consequência e formas de mitigar alguns desses impactos.

3.2 Poluição da água


Quando falamos de poluição da água podemos classificá-la como pontual e não pontual. Na poluição
pontual a fonte é facilmente identificável e, normalmente, a sua origem é única. Como exemplo, podemos
falar de um cano de esgoto, ou um acidente num local específico. Na poluição difusa (ou não pontual) já é
mais difícil de identificar a origem da poluição, pois como o nome mesmo sugere, sua origem é pulverizada.

Nesse caso temos de exemplo a contaminação dos corpos d’água por resíduos durante uma
chuva. Segundo Mathiesen 2017, “a agricultura é um dos principais contribuintes para a poluição
difusa no meio rural, mas as deposições no meio urbano também são contribuintes importantes
para a poluição não pontual”. A poluição da água gera um fenômeno chamado de eutrofização,
onde a presença de compostos com nitrogênio e fósforo resultam na reprodução acelerada de
alguns organismos que já estão presentes no ambiente.

Esse processo é devido a um desequilíbrio ambiental, que pode ser temporário, mas durar dias ou
meses. O crescimento desregulado desses organismos pode gerar um prejuízo grande para as comunidades
que utilizam aqueles cursos d’água. Os maiores causadores da poluição da água são a agropecuária, quando
há uso e descarte inadequado de insumos, a urbanização inadequada, sem as devidas estruturas de
saneamento e descarte de dejetos, a indústria, com o indevido descarte de resíduos.

3.3 Poluição do solo


A poluição do solo é a alteração da estrutura natural que acontece pela inserção de substâncias. A
poluição do solo afeta os alimentos nele produzidos, que também estarão contaminados. Atualmente
produzimos muitos resíduos e se esses materiais não tiverem um descarte adequado, acabam sendo
depositados em locais impróprios. A deposição de poluentes no solo sem nenhum tipo de controle
causa a contaminação dos lençóis freáticos (ocasionando também a poluição das águas), produzem
gases tóxicos, além de provocar alterações ambientais, como, por exemplo, a chuva ácida.

Substâncias como lixo, esgoto, agrotóxicos e outros tipos de poluentes produzidos pela ação
do homem provocam sérios efeitos no meio ambiente. As consequências da poluição do solo
são: solos inférteis, alteração da tipografia, perda da fauna, alteração das características do solo e
perda da capacidade de drenagem natural.
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Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:


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PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• Compreender os efeitos da infiltração da água no solo e o manejo das áreas irriga-


das.

• Entender os motivos pelos quais os solos são degradados e como evitar.

• Conhecer as práticas conservacionistas e como elas auxiliam o manejo do solo.

• Aprender a identificar uma área degradada e quais os sinais de alerta.

• Compreender os efeitos da poluição do solo e da água.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BORGES, W. L. Adubação verde. Embrapa Amapá-Fôlder/Folheto/Cartilha (INFOTECA-E),


2018.

BRANDÃO, V. S. Infiltração de água em solos sujeitos a encrostamento. Viçosa, MG: UFV.


Tese de Doutorado em Engenharia Agrícola–Universidade Federal de Viçosa, 2003.

CARVALHO, DF de; SILVA, LDB da. Hidrologia. Rio de Janeiro: Universidade Federal Rural
do Rio de Janeiro, 2006.

MATTHIENSEN, A. Poluição e eutrofização de águas interiores-rios, lagos e represas.


Embrapa Suínos e Aves-Capítulo em livro científico (ALICE), 2017.

MINELLA, J. P. G. et al. Processos e modelagem da erosão: da parcela à bacia hidrográfica;


Manejo e Conservação do Solo e da Água no Contexto das Mudanças Ambientais. 1ª ed.
Rio de Janeiro: EMBRAPA Solos, 2010.

MOTTA, A. C. V.; BARCELLOS, M. Funções do solo no meio ambiente. In: UNIVERSIDADE


FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO DE SOLOS E ENGENHARIA AGRÍCOLA. O solo no
meio ambiente: abordagem para professores do ensino fundamental e médio e alunos
do ensino médio. UFPR, 2007.

RACHWAL, MFG et al. Uso e manejo da terra e aspectos pedológicos na avaliação de


serviços ambientais.Embrapa Florestas-Capítulo em livro científico (ALICE), 2015.
Disponível em:ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/131969/1/Livro-
Servicos-Ambientais-Embrapa.pdf. Acesso em: 28 jan. 2020.

PENA, R. F. A. Formas de degradação do solo. Brasil Escola. Disponível em: https://


brasilescola.uol.com.br/geografia/formas-degradacao-solo.htm. Acesso em 02 de
fevereiro de 2020.

REICHARDT, K.; TIMM, L. C . Solo, planta e atmosfera: conceitos, processos e aplicações


. 2004. 478p

REIS, F. A. G. V. Recuperação de áreas degradadas. 2001. Disponível em: rc.unesp.br/


igce/aplicada/ead/inicio/pag02.. Acesso em: 30 jan. 2020.

RIBEIRO, M. R. Manejo do solo e da água em perímetros irrigados da região Nordeste do


Brasil. Manejo e conservação do solo e da água no contexto das mudanças ambientais.
Rio de Janeiro: Embrapa Solos, p. 171-180, 2010.

RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Agricultura. Manual de conservação do solo. 2. ed.


Porto Manual de conservação do solo Alegre: 1983. 228p.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SANTOS, J. N.; PEREIRA, E. D. Carta de susceptibilidade a infiltração da água no solo na


sub-bacia do rio Maracanã-MA. Cadernos de Pesquisa, São Luís, v. 20, n. especial, 2013.

SOBRINHO, T. A. et al. Infiltração de água no solo em sistemas de plantio direto e


convencional. Rev. bras. eng. agríc. ambient., Campina Grande, v. 7, n. 2, p. 191-
196. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
43662003000200001&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 27 Jan.
UNIDADE 4
Solo, planta, atmosfera
Introdução
Você está na unidade Solo-planta-atmosfera. Conheça aqui como a água e sais minerais,
essenciais para o bom desenvolvimento das plantas, se movimentam do solo para as
plantas. Entenda quais estruturas são essenciais para que esse movimento ocorra e quais
os processos fisiológicos envolvidos. Além disso, aprenda os efeitos quando há falta ou
excesso desses elementos. Será que eles afetam na produtividade das culturas?

Bons estudos!
63

1 SISTEMA SOLO-PLANTA-ATMOSFERA
O sistema de solo-planta-atmosfera (SSPA), faz parte da biosfera e está sujeito a um equilíbrio
dinâmico desses elementos. A interação desses elementos forma um sistema que permite
o desenvolvimento dos diferentes ecossistemas. A seguir iremos falar um pouco sobre cada
elemento.

Solo

O termo solo se refere a camada externa e agricultável da superfície terrestre (Reichardt e


Timm, 2004). Segundo Dos Santos (2018), o solo “é uma coleção de corpos naturais, constituídos
por partes sólidas, líquidas, gasosas, tridimensionais dinâmicos, formados por materiais minerais
e orgânicos”.

A fração sólida é composta por substâncias inorgânicas e materiais orgânicos. A fase líquida
forma a solução do solo, onde se encontram elementos químicos. E os gases que circulam entre
as partículas do solo formam a fração gasosa, sendo resultante de processos bioquímicos, como
a respiração de raízes, microrganismos e da macrofauna.

Planta

As plantas possuem um valor estético, comercial e ainda promovem a manutenção do


oxigênio atmosférico no nosso planeta. Alguns fatores ambientais afetam o seu desenvolvimento
como a luz (intensidade, qualidade e duração), umidade (do solo e da atmosfera), temperatura
(do solo e do ar), concentração de sais solúveis do solo, e de gases na atmosfera (oxigênio, dióxido
de carbono, metano, ozônio, monóxido de carbono) (Lacerda et al. 2002).

Atmosfera

A atmosfera é estruturada em troposfera, estratosfera, mesosfera e termosfera. Sendo a mais


próxima da superfície do solo a troposfera. Sendo seus principais componentes nitrogênio (cerca
de 78%), oxigênio (± 20%), e 1% de outros gases, sendo o mais presente deles o Argônio (0,9%). A
atmosfera funciona como um filtro para a radiação solar, que deixa passar certos comprimentos
de onda e reflete ou retém outros.

2 TRANSLOCAÇÃO DE ÁGUA E SOLUTOS


Quando falamos em movimentação de água e outras substâncias, podemos pensar em
duas estruturas, nas raízes e nas folhas. As raízes têm o papel de fixar a planta, absorver água e
nutrientes. E as folhas assumem o papel de absorver a luz e realizar as trocas gasosas. Porém, é
importante que haja a translocação desses elementos absorvidos para que toda a planta possa
64

se beneficiar dos seus efeitos. E assim, surge a necessidade de sistemas de transporte. Você com
certeza já ouviu falar do xilema e do floema, eles são papel importante nesse processo.

O xilema transporta água e sais minerais das raízes para a parte aérea, e o floema transporta
os produtos da fotossíntese das folhas maduras para as áreas de crescimento e de estoque (como
raízes, frutos, folhas jovens etc.). A imagem a seguir apresenta um esquema resumido da função
de xilema e floema.

Figura 1 - Xilema e Floema


Fonte: Shutterstock, 2020

#ParaCegoVer: A imagem apresenta uma planta com sua parte aérea e raiz em um corte
transversal, na raiz há setas que indicam absorção de água e minerais, e mostrando um fluxo
que vai subindo da raiz até a parte aérea. Setas indicam a absorção de substâncias pela folha
e realização da fotossíntese. Os fotoassimilados se disseminam pela planta, e isso é indicado
por setas azuis. Em cada lado da planta há o desenho de um vaso representando o xilema em
vermelho e floema em azul. O xilema indica um fluxo único, com esferas verdes representando
água e sais minerais, sem película no vaso indicando um fluxo livre e sustentado por lignina. Já
no floema a imagem indica que pode haver o fluxo de duas vias, mediado por películas e esferas
verdes representando água e fotoassimilados.

O xilema, como indicado na figura, faz o carreamento de água e sais minerais, sem película no
vaso indicando um fluxo livre e sustentado por lignina. As células que o compões são chamadas de
elementos do xilema, células mortas que formam vasos capilares que fazem a comunicação entre
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os tecidos da planta. As paredes desses tecidos são muito resistentes, pois imagine a pressão que
elas precisam suportar. Assim como indicado pelas setas na imagem apresentada, o sentido do
transporte é ascendente.

Sua estrutura é formada elementos traqueais: traqueídes e elementos de vaso que são
células longas, lignificadas e mortas, assim não apresentam membranas e organelas, e cada qual
se comunica com a seguinte. Mas atenção, há uma diferença nesses vasos dependendo da sua
divisão, pteridófitas, gimnosperma, angiosperma. Em angiospermas e em um pequeno grupo de
gimnospermas são encontrados os elementos de vasos, já os traqueídes estão presentes tanto
nas Angiospermas como nas Gimnospermas.

O floema também redistribui água e vários compostos orgânicos na planta. Assim como
podemos identificar na imagem, há o fluxo de duas vias desses. As células do floema, chamadas de
elementos crivados que transportam açúcar e outros compostos orgânicos. A expressão “elemento
crivado” inclui os elementos de tubo crivado, encontrados em angiospermas e altamente
diferenciadas, e as células crivadas, encontradas em gimnospermas e não especializadas. O
floema também contempla as células companheiras e as células parenquimáticas.

Um conceito importante quando falamos de floema, é o de fonte e dreno. Como já comentado


anteriormente e apresentado na imagem, os materiais no floema são translocados de forma
ascendente e descendente. Os materiais são translocados das áreas de produção, as fontes, para
as áreas de metabolismo ou estoque, os drenos (Taiz et Zeiger, 2013). Mas quais substâncias são
encontradas no floema? Veja a seguir um exemplo de composição do floema.

Tabela 1 - Composição da seiva do floema de Ricinus communis


Fonte: Hall e Baker, 1972, apud Taiz e Zeiger, 2013, p. 278
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#ParaCegoVer: na imagem vemos uma tabela com a composição da seiva do floema de


Ricinus communis, para cada água orgânico, sua concentração

Segundo Portes et al. (2009), “a velocidade de locomoção no floema é de 30-100cm/h em plantas


C3 e de 200 cm/h em C4, o movimento pode ser ascendente ou descendente. No xilema a velocidade
pode chegar até 60m/h em árvores que transpiram rapidamente, sempre de forma ascendente”.

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2.1 Movimentação da água


A seguir, iremos detalhar um pouco mais da movimentação da água nas plantas. Lembrando
que a água tem papel fundamental no desenvolvimento das culturas, e é um fator limitante na
produtividade. A água no sistema solo-planta-atmosfera sempre busca o equilíbrio termodinâmico,
assim, move-se sempre para os locais onde apresenta maior energia.

A energia livre da água é composta por quatro principais fatores: potencial osmótico Ѱo,
potencial de pressão Ѱp, potencial mátrico Ѱm e potencial gravitacional Ѱg. Já o potencial
hídrico ѰH nas células vegetais é decomposto apenas em potencial osmótico Ѱo, e o potencial
de pressão Ѱp, pois o gravitacional e mátrico são considerados desprezíveis se tratando da célula.

O movimento da água pode se dar em um grupo de moléculas que se movem por alguma
compressão mecânica ou a própria gravidade, o chamado fluxo de massa; num movimento
espontâneo e ao acaso de partículas individuais, a difusão; ou em um movimento da água através
de uma membrana semipermeável, a osmose (Kerbauy, 2008).

Mas como a planta absorve a água disponível no solo? Pelo contato da superfície da raiz com o
solo, o que parece simples de compreender, embora não seja tão simples na prática. A raiz precisa
de uma boa superfície de contato para garantir a absorção da quantidade necessária de água,
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e aí que os seus pelos entram em ação. Segundo Taiz e Zeiger (2013), “os pelos são projeções
filamentosas das células de epiderme que aumentam significativamente a área de superfície das
raízes, proporcionando, assim, maior capacidade para a absorção de íons e água no solo”.

A região onde ocorre maior absorção é no ápice da raiz. Regiões mais velhas da raiz e que já
desenvolveram exoderme possuem menor capacidade de absorção. Há redução no movimento da
água em situações de: baixas temperaturas, níveis elevados de dióxido de carbono, anaerobiose
ou tratamento com inibidores da respiração (Kerbauy, 2008; Taiz e Zeiger, 2013). Em solos
alagados, por exemplo, a anaerobiose é comum, e como há redução de absorção, mesmo na
presença de água, a planta murcha.

As células que compõe essa região absorvem intensamente sais minerais e assim a pressão
osmótica nas células é elevada, o pelo absorvente é mais concentrado que o solo, assim para
que mais sais entrem na célula, precisamos de transporte ativo, ou seja gasto de energia. A água
aproveita desse fenômeno para entrar nas células a partir da osmose. A osmose caracteriza-se
pelo fluxo de água de um meio menos concentrado para um meio mais concentrado. Ambos os
elementos, água ou sais minerais, seguem em direção a região central da raiz. O trajeto da água
até o xilema inicia no solo, pelos, cortéx, endoderme, pericicloxilema.

FIQUE DE OLHO
Atente-se, pois, existem dois caminhos para o deslocamento da solução em direção
ao cilindro central, que é a região central da raiz. Pode acontecer a movimentação da
água pelos espaços intercelulares, é a chamada via apoplástica, até́ a endoderme. A via
simplástica, é o deslocamento da solução aquosa através dos citoplasmas das células
corticais. Pela via simplástica as células utilizam os plasmodesmos para se comunicar e
formar o simplasto contínuo.

A solução de água e sais minerais encontram uma barreira natural na endoderme, e que
protege o interior do cilindro central e impede o refluxo ao córtex, há um reforço em “U” nas
monocotiledôneas e as estrias de Caspary nas dicotiledôneas. Dessa forma os compostos precisam
atravessar a membrana plasmática e o citoplasma das células da endoderme (dicotiledôneas) ou
células de passagem (monocotiledôneas).

Diferentes forças podem provocar o movimento da água no xilema, como a pressão positiva
da raiz e a capilaridade. Mas a teoria mais completa para explicar os movimentos em maiores
distâncias é a teoria da coesão e tensão, e que explica a formação do potencial de pressão.
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2.2 Pressão positiva da raiz


A pressão positiva da raiz pode ser vista quando há um corte em um caule acima da linha
do solo, e a seiva do xilema exsudará na superfície por algum tempo. Quando a transpiração é
baixa ou ausente é criada uma pressão hidrostática positiva pois as raízes continuam a absorver
íons do solo e transportá-los para o xilema. A gutação é um fenômeno decorrente dessa pressão
positiva. Pois há exsudação da seiva do xilema por poros chamados de hidatódios, esses poros
estão associados às terminações de nervuras na margem da folha. Você já observou pela manhã
“gotas de orvalho” nas folhas de algumas plantas? Se for no ápice de folhas de gramíneas, há
grande chance de você ter observado esse fenômeno. Segundo Kerbauy (2008), “a pressão
positiva da raiz é maior em plantas bem hidratadas, sob condições de alta umidade relativa do
ar, acarretando, nessa situação, pouca transpiração, e de solos com boas condições de umidade”.

2.3 Capilaridade
A capilaridade ocorre pela interação de forças como adesão, coesão e tensão superficial
da água, com a força da gravidade agindo sobre a coluna de água. E considerando essas forças
quanto mais estreito for o tubo, mais alto a água subirá. Isso se dá devido às forças atrativas da
superfície, que são maiores em relação à da gravidade, ou seja, a subida da água em um tubo
capilar é inversamente proporcional ao raio do tubo. Um ponto importante é que esse movimento
é relevante apenas para plantas vasculares de pequeno porte.

2.4 Teoria da coesão e tensão


Voltando a falar do xilema, ele participa de 99% da rota de transporte de água. Portanto, ele
precisa ter estruturas que permitam o fluxo de água mesmo em árvores altíssimas. Lembrando
que os traqueides e elementos de vaso são células condutoras do xilema e que devido a sua
anatomia permitem esse transporte. O que explica o transporte é a teoria de coesão e adesão das
partículas. Kerbauy (2008, p. 19), explica a teoria e no que ela é embasada.

Como resultado da remoção de água do xilema, a seiva fica sob tensão (pressão negativa), que
é transmitida para as regiões inferiores da planta até as raízes, através das colunas contínuas de água
existentes nos traqueídeos ou nos elementos de vaso. Nas raízes, o menor potencial de água (mais
negativo) da seiva do xilema fará com que a água se mova em direção aos elementos condutores vinda
da solução do solo atravessando o córtex e a endoderme. A teoria da coesão e tensão fundamenta-se
na existência de uma coluna contínua de água indo da ponta das raízes, passando pelo caule, até́ as
células do mesofilo das folhas.

O metabolismo da água envolve a absorção, o transporte e a transpiração. E então, a


transpiração permite com que a planta perca água em forma de vapor, isso faz com que haja uma
diferença de pressão, e a água se desloque da raiz até as folhas. O fato de a água ter se deslocado,
permite que a haja absorção de água no solo.
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2.5 Translocação de nutrientes


Após serem absorvidos pela raiz os nutrientes, elementos químicos associados a nutrição
da planta, precisam ser translocados. A absorção pode ocorrer de maneira passiva, por meio
da difusão e a favor do gradiente de concentração ou por transporte ativo, onde há gasto de
adenosina trifosfato (ATP). Algumas moléculas pequenas e apolares, como a do oxigênio ou
polares como dióxido de carbono e a água, podem atravessar a membrana por difusão.

Mas a maioria dos nutrientes essenciais e que são retirados do solo são íons, eletricamente
carregados, e assim a cama de ácidos graxos apolares que compõe a matriz lipídica das membranas
impõe uma barreira à sua passagem. (Taiz e Zeiger, 2013). Assim, para transportar esses íons e
outras moléculas maiores como açúcares, aminoácidos, ácidos orgânicos e alguns fitormônios,
necessita-se da mediação por proteínas integrais que possuem um canal interno hidrofílico, o qual
atravessa a barreira hidrofóbica da membrana. Ao atravessarem a endoderme essas substâncias
chegam ao estelo e os sais minerais são bombeados para o interior das traqueides e dos elementos
de vasos, quem faz esse trabalho são as células de transferência (Schwambach e Sobrinho, 2014).

A umidade do solo também desempenha um papel importante na absorção de nutrientes,


pela forte dependência do fluxo de massa e da difusão da umidade do solo e pelo fato de as raízes
crescerem e proliferarem em maior densidade em condições adequadas de nutrientes e umidade
para cada espécie. (Coelho Filho, 2011).

3 EFEITO DE ÁGUA E SAIS MINERAIS NA FISIOLOGIA


DA PLANTA
As culturas necessitam de água e sais minerais para desempenhar suas atividades metabólicas.
Portanto, a redução ou aumento da sua disponibilidade tem impacto direto nas culturas.

FIQUE DE OLHO
Um conceito muito importante quando falamos de nutrição vegetal é o apresentado
pela Lei de Liebig, ou a chamada Lei do Mínimo. A ideia estabelece que a produtividade
é limitada pelo elemento que está presente em quantidade menor. Ou seja, mesmo
se aumentarmos a quantidade dos outros nutrientes isso não afetará a produtividade.
A representação mais famosa dessa lei é um barril com ripas menores e maiores. Se
enchermos ele de água, a ripa menor é que determinará o quanto de água poderemos
colocar no barril.
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3.1 Água
O déficit hídrico tem como efeito primário reduzir o potencial hídrico, acarretar na
desidratação célula e resistência hidráulica. E como fatores secundários a redução da expansão
celular, das atividades celulares e metabólicas, fechamento estomático, inibição fotossintética,
abscisão foliar, alteração na partição do carbono, citorrise, cavitação, desestabilização de
membranas e de proteínas, produção de ERO, citotoxidade iônica, morte celular. Embora o déficit
hídrico seja, em geral, mais enfatizado, o excesso de água no solo também é prejudicial às plantas.
Esse excesso pode acontecer tanto em ambientes encharcados quanto em solos compactados. O
efeito negativo dessas condições é a remoção do oxigênio do solo.

Um ponto que também pode afetar a disponibilidade de água no solo é a umidade relativa
do ar, pois ela determina o gradiente de pressão de vapor entre a cavidade estomática foliar e a
atmosfera. Significa que esse gradiente é uma força motora da perda de água por transpiração. O
efeito da baixa umidade é um amplo gradiente de pressão que, mesmo quando há água no solo,
impede a sua absorção. Quanto mais a planta transpirar, mais ela irá demandar água.

Em geral, a redistribuição de água nas raízes ocorre durante a noite, pois é durante esse
período que a demanda evaporativa das folhas é menor. Mas em situação de ponto de murcha
permanente o que acontece é que mesmo esse período noturno a redistribuição é lenta e não há
tempo da planta se recuperar. E então o que seria esse ponto de murcha permanente (PMP)? O
PMP é o teor de umidade no qual a planta não consegue mais retirar água do solo.

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3.2 Sais minerais


Quando falamos em sais minerais estamos falando de substâncias inorgânicas contendo
cátions e íons metálicos, são os elementos responsáveis pela nutrição da planta. São esses
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elementos que auxiliam no desenvolvimento das plantas e devem ser bem compreendidos. Há
uma definição clássica desenvolvida por Arnon & Stout (1939) sobre os critérios para determinar a
essencialidade de um elemento. Eles consideram que para tal o elemento deve estar diretamente
envolvido no metabolismo da planta, a planta não deve ser capaz de completar o seu ciclo de
vida na ausência do elemento e a função do elemento é específica, o que quer dizer que nenhum
outro elemento poderá substituí-lo.

Assim, buscou-se classificar os nutrientes essenciais de acordo com a quantidade exigida


pelas plantas. Essa divisão foi feita entre macronutrientes e micronutrientes, os macronutrientes
são os exigidos em grandes quantidades (N, P, K, Ca, Mg e S) e os micronutrientes (B, Cl, Cu, Fe,
Mn, Zn, Mo e Ni) em menores quantidades.

Entretanto, essa diferença é apenas nas quantidades, e não a nível de importância. Como
destacado por Lacerda et al. para cada átomo de molibdênio, um micronutriente, a planta
requer um milhão de átomos de nitrogênio (macronutriente). E assim, segundo o autor, se o
nitrogênio for suprido na forma de nitrato (NO3 -), na ausência de molibdênio, o nitrogênio
não será assimilado, pois é essencial para a redução de NO3- para amônio (NH4+). Assim, não
haverá síntese de aminoácidos e de proteínas e a planta não crescerá adequadamente. Alguns
elementos não podem ser considerados essenciais pois não atendem os requisitos, porém, são
importantes para as plantas. Eles são chamados de benéficos, alguns deles são o sódio (Na),
silício (Si) e cobalto (Co). Eles são importantes para as plantas, mas sua ausência não é um fator
limitante.

Pensando nesses nutrientes é importante pensar em formas sustentáveis e conservacionistas


de obter esses recursos. Vimos como é complexa a translocação e absorção e como a planta exige
tanto do solo quanto da água para que possa se desenvolver. Assim é importante pensar em
alternativa de como serão supridos esses nutrientes.

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PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• Entender do que é composto o sistema solo-planta-atmosfera;

• Aprender sobre a translocação de água e solutos na planta;

• Entender os fenômenos que levam a absorção da água no solo;

• Conhecer sobre os elementos que nutrem a planta.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COELHO, M. A. et al. Relação solo-planta-atmosfera. Embrapa Mandioca e Fruticultura.


In: SOUSA, V. F. de et al. Irrigação e fertirrigação em fruteiras e hortaliças. Brasília, DF:
Embrapa Informação Tecnológica, 2011.

DOS SANTOS, H. G. et al. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, DF:


Embrapa, 2018.

KERBAUY, G. B. Fisiologia Vegetal. 2ª edição–Rio de Janeiro: Ed. 2008.

LACERDA, C. F.; ENÉAS FILHO, J.; PINHEIRO, C. B. Fisiologia Vegetal. Apostila. Dept. Eng.
Agrícola-UFC, Fortaleza, 356 p., 2002.

PORTES, T. A. Translocação de solutos orgânicos. Apostila de sala de aula. Universidade


Federal de Goiás. 2009.

SCHWAMBACH, C.; SOBRINHO, G. Ca. Fisiologia Vegetal - Introdução às Características,


Funcionamento e Estruturas das Plantas e Interação com a Natureza, Série Eixos,
Saraiva, 2014.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 5ªed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2013.
O livro Manejo do solo e plantas é direcionado para estudantes
de cursos da área de agricultura e manejo do solo. Além de abordar
assuntos gerais, o livro traz conteúdo específico dos seguintes
assuntos: agricultura, sustentabilidade e meio ambiente, pesquisa
em erosão, manejo e conservação do solo e da água.

Após a leitura da obra, o leitor vai saber os aspectos importantes


para uma boa gestão ambiental; aprender sobre deterioração
química, deterioração física, matéria orgânica e ciclagem de
nutrientes; entender do que é composto o sistema solo-planta-
atmosfera; aprender sobre a translocação de água e solutos na
planta; identificar uma área degradada e quais os sinais de alerta;
compreender os efeitos da poluição do solo e da água. E não é só isso.
Tem muito mais. O livro tem muito conteúdo relevante. Aproveite.

Agora é com você! Bons estudos!

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