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Νεκρομαντεῖον- Nishitani Keiji, Platão e a diferença entre o pensamento ocidental e o pensamento oriental
Νεκρομαντεῖον- Nishitani Keiji, Platão e a diferença entre o pensamento ocidental e o pensamento oriental
O filósofo japonês Keiji Nisihitani (1900 - 1990), em sua obra Nishida Kitaro: The Man and
His Thought, apresenta o pensamento filosófico de seu mestre Kitaro Nishida (1870 -
1945), figura principal da chamada Escola de Kioto. Nishitani mostra como Nishida
estava profundamente imbuído do espírito do Zen Budismo (por exemplo, passando
diariamente horas praticando zazen), e como, não obstante, estava inserido nas
intrincadas discussões filosóficas ocidentais, clássicas e contemporâneas.
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No segundo capítulo do livro, Nishitani aponta as características definidoras do
pensamento ocidental e do pensamento oriental. O sentido ocidental de "conhecimento"
inicia-se com os gregos e inclui tanto a filosofia quanto a ciência. Platão, principalmente,
e Aristóteles, não seria exagero afirmar, lançaram os fundamentos da ciência e da
filosofia ocidentais. Platão apresentou sua filosofia na forma de diálogos. Nishitani
considera esse fato de grande interesse e significado, pois o diálogo é uma disputa que
acontece quando duas pessoas estão em um solo comum, a saber, o da razão.
Não significa que no oriente não haja diálogo, mas estes acontecem em um cenário mais
controlado, tendo como objetivo uma compreensão mais correta da doutrina budista, por
exemplo. Os diálogos de Platão, por seu turno, não possuem tais padrões ou estruturas
fixas. Tudo acontece como nas conversações e discussões ordinárias, embora o diálogo
esteja assentado e garantido pela lógica e pela razão.
A aceitação dos ditames da razão é requerida como conditio sine qua non do diálogo, de
modo que aferrar-se à própria opinião a despeito de suas bases racionais é abandonar a
discussão. Nishitani afirma que o diálogo é uma submissão do ego à razoabilidade, uma
ascensão do ponto de vista do ego ao ponto de vista da razão. Nesse sentido, o diálogo
é sempre uma busca, seu espírito é o da pesquisa e da descoberta.
Nishitani considera que é daí que decorrem os importantes aspectos sociais e históricos
do conhecimento ocidental. Desde Platão e Aristóteles, fundadores da Academia e do
Liceu respectivamente, o saber do Ocidente é comunal e colaborativo. A consciência
social/histórica ocidental desenvolveu-se a partir dessa base de conhecimento comunal.
"As dimensões racional, inquisitiva, metódica, histórica e social do espírito ocidental estão
unidas, por assim dizer, desde a raiz. Falar sobre o lógico é falar, ao mesmo tempo,
sobre o inquisitivo e a descoberta. Todos compartilham a característica de uma busca
pela novidade, da qual a historicidade emerge para forjar as várias facetas do espírito
ocidental em um único todo." (p.58)
Segundo Nishitani, a filosofia de seu mestre, Kitaro Nishida, por exemplo, é baseada na
absoluta vacuidade. Isso não significa, todavia, que não haja nada. Ao contrário,
vacuidade é a forma de todas as coisas. É o ponto a partir do qual as coisas aparecem
em sua realidade, distanciadas de toda interferência das discriminações e relativizações
do ego. Ver as coisas como opostas ao eu é vê-las como separadas em termos de sujeito
e de objeto. O "ponto de vista" que transcende essa dualidade é chamado vacuidade ou
não-ego (Anatta). Tornar-se um com tudo e agir de acordo com essa unidade.
...
* Ver: http://oleniski.blogspot.com/2018/09/notas-sobre-o-caminho-da-espada-e.html
Leia também:
http://oleniski.blogspot.com/2019/06/kitaro-nishida-zen-e-o-senso-da-beleza.html
http://oleniski.blogspot.com/2019/02/eihei-dogen-taisen-deshimaru-e-o.html
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Immanuel Rosenkreuz às 13:42
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