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A proposição desse “resumo” é apenas demarcar os assuntos que são tratados em certos períodos do
livro, pois Florestan escreve capítulos extremamente longos e sem nenhuma separação topical.
Página 43 a 60: Focam na caracterização das debilidades da ordem social competitiva na América
Latina. Traz a tona o por quê de tantas “reminiscências” do escravismo e da sociedade neocolonial
na formação atual do capitalismo dependente. O que ocorreu é que devido a debilidade da formação
de um equilíbrio entre as classes em disputa, o que caracterizaria a ordem competitiva, é necessário
impor uma diferenciação que se dá por forças além do mercado, além da simples posição no modo
de produção capitalista. Aí entram o tradicionalismo, o racismo, o elitismo.
Além disso Florestan coloca em foco a principal função do capitalismo dependente e que faz com
que todas essas características supracitadas que parecem anômalas, quando comparadas com os
capitalismos autonomamente dirigidos e hegemônicos, sejam, na realidade, extremamente
funcionais. A repartição dual dos excedentes econômicos. A posição dependente das burguesias
latino-americanas fizeram-nas optar por manter todas as iniquidades das formações pré-capitalistas
e a apertarem o nó da corda no pescoço das massa, a fim de manter a única função que é repartir o
excedente econômico com o sócio maior dos negócios, garantindo para si o seu punhado de
privilégios que desbalanceiam, novamente, a ordem social competitiva que deveria emergir.
Ao fim e ao cabo, as palavras que marcam o desenvolvimento capitalista dependente são
contraditórias. Há fraqueza, devido a incapacidade de hegemonizar uma dominação de classe
tranquila nos seus territórios, ao mesmo tempo que há pode excessivo, devido ao
superpriveligiamento que é necessário ao sistema. Há democracia, para aqueles que estão no tope, e
autoritarismo. Há o arcaico modernizado e o moderno arcaico. Toda uma conjugação de
contradições que vem da origem histórica do capitalismo dependente.
P. 80 a 100: O processo de independência das nações de capitalismo dependente se deu de forma a
manter todos os valores coloniais e modernizá-los, ajustá-los estruturalmente às novas dinâmicas
que foram ditadas pelo comércio exterior, não é possível esquecer que todas as nações são
dependentes devido ao imperialismo, em primeira instância. A necessidade da produção de
excedentes e econômicos, a necessidade de manutenção de privilégios em sociedades extremamente
desiguais, o fato das classes possuidoras, quase aristocráticas, terem sido os agentes sociais, devido
a sua posição econômica, das mudanças sociais que viriam com o fim da colonização, todos esses
fatores contribuíram para um consentimento tático no que tange a formação da dependência. As
classes possuidoras ganham estabilidade contra o povo, ganham compradores certos e as nações
hegemônicas conseguem satélites para a exportação de capitais e para expandir a empreitada
imperialista.
Daí em diante, os interesses externos e internos se conjugam e dão forma a todo o processo
histórico subsequente da criação de um mercado capitalista moderno, da estruturação de uma ordem
social capitalista, da formação de classes sociais propriamente ditas, mas todas elas já “deformadas”
para a função do capitalismo dependente: produzir excedentes econômicos para ambos os parceiros
econômicos, embora isso implique em todas as tão debatidas consequências do subdesenvolvimento
latino americano – O abismo político, econômico e social entre as diversas classes. A incapacidade
de ação políticas dos pauperizados ou as convulsões rotineiras das modernizações forçadas,
tentativas de superar o subdesenvolvimento sem superar a dependência, o autoritarismo, etc.