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A morfologia de sementes, raízes e folhas na identificação das angiospermas:

uma abordagem investigativa na Educação Básica.

Autores: Antônio Celso da Silva Alves1; Maria Gardênia Sousa Batista2; Rafael Diego
Barbosa Soares3.

E-mail para correspondência: celsoalves575@gmail.com

Instituições: 1Secretaria de Estado da Educação do Estado do Maranhão/URE Timon.


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Universidade Estadual do Piauí/Campus Poeta Torquato Neto/Laboratório de
Ficologia/Teresina - PI. 3Fundação Bradesco/Teresina.

Palavras-chave: Órgão vegetais; Características morfológicas; Ensino investigativo.

1. Introdução
Durante muito tempo, os conhecimentos produzidos historicamente foram pensados
e transmitidos aos alunos como produtos finais, sendo repassados, pelos(as)
professores(as) de maneira direta, cabendo ao aluno apenas decorar e replicar as
experiência vividas em sala de aula (CARVALHO, 2016). Entretanto, sabe-se que cabe à
escola possibilitar aos alunos, conhecer além dos conhecimento produzidos historicamente,
aqueles produzidos pela sociedade contemporânea, que refletem as mudanças sociais do
momento (CARVALHO, 2016). Portanto, cabe à escola contribuir com a transformação dos
educandos, tornando-os mais participativos, solidários e capazes de intervir em sua
comunidade (CARVALHO; GARCIA, 2016).
Sendo assim, Brasil e Galembeck (2018), ressaltam a importância da do uso, de
estratégias didáticas que prezem pela adoção de práticas que sejam mais próximas da
realidade dos alunos, como forma de superação de alguns dos desafios impostos ao
estudante. Dessa maneira, é importante que o professor adote metodologias de ensino que
ajudem o estudante a superar as dificuldades de aprendizagem encontradas no percurso
escolar ... (FILHO; ARAÚJO, 2017).
Para Scarpa e Campos (2018), dependendo da forma como o docente trabalha os
conteúdos da Biologia em sala de aula, esta disciplina pode ser considerada interessante ou
uma das mais enfadonhas para os estudantes. Assim sendo, o ensino de Ciências e, dentro
dele, o ensino de Biologia, numa perspectiva de ensino investigativo, permite interações em
sala de aula que podem contribuir para que o estudante aprenda além dos conceitos
científicos, as “características da natureza da ciência.” ... (FERRAZ; SASSERON, 2017).

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A abordagem de ensino investigativa pode apresenta-se como umas das ferramentas
capazes de ajudar na superação das metodologias didáticas e práticas de ensino
descontextualizadas que vêm perdurando ao longo dos anos nos sistemas educacionais
brasileiros (SASSERON, 2015). Na visão de Scarpa et al. (2017), o ensino por investigação
oferece ao aluno, as condições necessárias para que ele seja capaz de construir
explicações a partir de evidências e dados que ele mesmo coletou .... Neste sentido, ...
traçar investigação desafiadoras com base em situações problema como forma de promover
a aprendizagem do aluno, oferece a ele a oportunidade de desenvolver “liberdade e
autonomia intelectuais” (Sasseron, 2015).
Para Almeida e Almeida (2014), o estudo da Morfologia Vegetal deve oferecer aos
alunos subsídios que os ajudem a compreender as diferentes estratégias adaptativas das
plantas como forma de adaptação a seus diferentes habitats. Ainda segundo esses autores,
é importante para o aluno conhecer as “estratégias adaptativas” através das diferenças
morfológicas dos órgãos vegetais, que são características de cada espécies, para que
possam compreender o processo de seleção natural das espécies viventes ao longo do
tempo. Neste sentido, conhecer a morfologia de sementes, raízes e folhas torna-se muito
importante para que o aluno entenda como estes três órgãos vegetais contribuíram para a
seleção, adaptações e sobrevivência das plantas aqui na Terra.
Para que o estudante consiga compreender esta relação entre a morfologia dessas
estruturas vegetais e os processos de seleção, adaptações e sobrevivência das plantas, é
necessário mais que uma aula onde se expõe conceitos descontextualizados que, para Ursi
et al., (2018), ainda é comum como prática docente, o que tem dificultado alcançar os
objetivos de um processo de ensino e aprendizagem que seja, de fato, significativo e
transformador para o aluno.
Portanto, o uso de uma Sequência de Ensino Investigativa (SEI), mostra-se como
uma das alternativas possíveis na promoção de aprendizagens significativas, visto que as
atividades nela propostas devem possibilitar maior engajamento dos alunos à medida que
vão tendo contato com os elementos do ensino investigativo: “ferramentas de investigação;
problema de pesquisa; levantamento de hipóteses; coleta, manipulação e registro de dados
e informações; discussões” (MORAIS; CARVALHO, 2017).
A proposta de atividade didática aqui apresentada baseia-se na abordagem de
ensino por investigação e foi elaborada para ser aplicada com estudantes da 2ª série do
Ensino Médio noturno de uma escola localizada na zona rural, com aplicação remota
prevista para quatro momentos síncronos de 45 minutos; além de dois momentos
assíncronos. Contudo, o professor pode, segundo suas necessidades, fazer adequações do
número de aula para a aplicação da SEI de acordo com a disponibilidade de tempo e os
objetivos de ensino traçados.

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A investigação deverá ajudar os estudantes a construírem respostas para a seguinte
questão problema: Como fazer a classificação das angiospermas a partir da morfologia das
sementes, raízes e folhas dessas plantas?

2. Objetivos:
- Realizar atividades de investigação escolar sobre a morfologia de raízes, folhas e
sementes.
- Relacionar a morfologia de sementes, raízes e folhas ao grupo vegetal ao qual uma
espécie de planta pertence (eudicotiledôneas e monocotiledônea);
- Coletar informação por meio de observação direta das estruturas vegetais: sementes,
raízes e folhas;
- Argumentar com base em evidências científicas suas idéias.

3. Temas abordados
- Morfologia de sementes, raízes e folhas.
- Classificação das plantas (monocotiledônea e eudicotiledôneas).

4. Público-alvo
- Alunos da 2ª série do Ensino Médio noturno de uma escolas rural.

5. Número de momentos
- 5 momentos: 3 síncronos de 45 minutos cada e 2 assíncronos.

6. Materiais e Recursos
- Material escolar básico: papel, caneta, lápis, borracha;
- Notebook e Datashow;
- Smartphone;
- Apresentação em PowerPoint: figuras de sementes, raízes e folhas buscadas na Web;
- Aplicativo para Smartphones Seek by iNaturalist;
- Vídeo disponível no Youtube;
- Plataforma Google Meet;
- Aplicativo WhatsApp.

7. Desenvolvimento
O desenvolvimento e aplicação desta SEI objetivam proporcionar aos alunos, a
realização de uma investigação escolar sobre o uso da morfologia das raízes, sementes e
folhas das angiospermas para fazer a sua classificação em mono ou eudicotiledôneas. Ela

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foi planejada e estruturada para ser aplicada de forma remota em cinco momentos, sendo
três momentos síncrono de 45 minutos e dois assíncronos.
Os momentos síncronos da aplicação deverão ser realizados através da plataforma
Google Meet. Também deverá ser criado um grupo no WhatsApp com todos os estudantes
participantes e o docente para o compartilhamento de materiais, esclarecimentos de dúvidas
ou quaisquer outras questões relacionadas à aplicação desta SEI.
Como forma de despertar o interesse dos alunos para a investigação, o professor
apresentará as seguintes questões-problema: Como fazer a classificação das angiospermas
a partir da morfologia das sementes, raízes e folhas dessas plantas?
Para responder a esse questionamento propusemos a seguinte SEI que foi
estruturada com base no quadro síntese a seguir:
Quadro 1: Quadro síntese das ações a serem executadas.
Momentos Nº Categorias Atividades Descrição das atividades
Contextualização do tema com um
vídeo e algumas figuras de
sementes, raízes e folhas.
1- Procedimentos Contextualizando; Apresentação da questão problema:
1º Síncron iniciais Problematizando; Como fazer a classificação das
o Hipotetizando. angiospermas a partir da morfologia
das sementes, raízes e folhas
dessas plantas? para o
levantamento das hipóteses.
Coletando as evidências (sementes,
2º Assíncr Aula de campo Indo ao campo raízes, folhas e fotos) no entorna de
ono para a coleta de casa através da pesquisa orientada.
dados.
1- Analisando as Discutindo sobre a Interações discursivas sobre a
3º Síncron amostras morfologia das morfologia das sementes, folhas e
o coletadas amostras raízes coletadas.
coletadas
Elaboração do Produzir um relatório ou um estudo
4º Assíncr Organizando as documento final dirigido sobre os achados da
ono idéias da investigação. investigação.
2- Comunicação e Apresentação oral Apresentação dos resultados do
5º Síncron discussão dos dialogada. processo investigativo.
os resultados
Fonte: próprio autor.

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7.1 Descrição dos diferentes momentos de aplicação da SEI.
1º momento: Procedimentos iniciais.
Neste primeiro momento de 45 minutos, que acontecerá de forma síncrona, serão
feitas, a contextualização, a problematização e o levantamento de hipóteses. Para a
contextualização serão utilizados um vídeo disponível no endereço:
https://youtu.be/w77zPAtVTuI, que mostra o desenvolvimento de um pé de feijão em um
período de 25 dias; além de algumas figuras de sementes, raízes e folhas de plantas
eudicotiledôneas e monocotiledônea, de preferência espécies nativas que sejam utilizadas
na alimentação humana. Na sequência, deverá ser apresentada à turma a seguinte questão
problema: Como fazer a classificação das angiospermas a partir da morfologia das
sementes, raízes e folhas dessas plantas? para que a partir dela, os alunos, possam
levantar as suas hipóteses de pesquisas, a investigação.
Após o levantamento das hipóteses, a turma deverá ser dividida em grupos de 4 ou 5
componentes. Cada um dos grupos irá selecionar, entre as hipóteses levantadas por todos
os seus componentes, uma única hipótese de investigação que deverá nortear todo o
processo investigativo. Em seguida, o professor juntamente com os componentes de cada
grupo de alunos deverá analisar a viabilidade de testagem da hipótese escolhida. Caso
percebam que ela não é passível de testagem, deverão modificá-la de forma a torná-la
possível de testagem ou, então, devem “criar” uma nova hipótese.
Antes do encerramento deste momento, o professor orientará os grupos de alunos
sobre a atividade de campo que deverão realizar, para coleta de amostras de sementes,
raízes e folhas de algumas espécies de plantas que serão utilizadas para fazer a
classificação das mesmas em eudicotiledôneas ou monocotiledônea. Durante esta coleta
deverão ainda, tirar algumas fotografias das espécies amostradas para fazer a sua
classificação utilizando um dos aplicativos (APP) Seek by iNaturalist.
Dentre as orientações repassadas pelo docente aos estudantes sobre a coleta do
material, devem estar aquelas relacionadas ao local de coleta, aos cuidados adotados para
evitar possíveis acidentes, aos procedimentos de coleta das amostras, à quantidade de
amostras, à captura das fotografias e aos procedimentos pós-coleta.

2º momento: Coletando dados no campo.


Este momento acontecerá de forma assíncrona. Aqui, os estudantes devem realizar
no entorno das suas residências e seguindo as orientações prévias repassadas pelo
professor, uma coleta de amostras de sementes, raízes e folhas de algumas espécies de
angiospermas. Estas amostras serão utilizadas para análise das suas características
morfológicas com o propósito de que os estudantes consigam estabelecer algum tipo de
relação entre estas características e a classificação das angiospermas em nos grupos:

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monocotiledôneas ou eudicotiledôneas. Importante salientar que recomendamos a coleta de
amostras de espécies de plantas nativas da região, especialmente daquelas que são fontes
de alimentos para o homem e não de espécies exóticas.
Além das amostras supracitadas os alunos deverão, ainda, fazer algumas fotografias
das espécies amostradas para que possam fazer a sua classificação, ao menos até o
categoria de família, utilizando o APP Seek by iNaturalist.
Após a coletas das amostras, cada grupo de alunos deverá enviar, para o professor,
via grupo de WhatsApp, algumas fotos das amostras coletadas assim como as fotografias
feitas dos espécimes, que serão utilizadas para identificação das plantas amostradas, para
que o professor possa fazer uma análise prévia do material.

3º momento: Discutindo sobre a morfologia das raízes, folhas e sementes de


angiospermas.
Neste terceiro momento, o professor deverá conduzir as interações discursivas com
os estudantes sobre as características morfológicas de sementes, folhas e raízes das
angiospermas. Aqui, o professor deverá instigar os alunos para que consigam identificar as
possíveis características morfológicas das amostras coletadas, que possam permitir
classificar as espécies amostradas em eudicotiledôneas ou monocotiledôneas.
Além dos conceitos relacionadas à morfologia e à classificação das angiospermas,
outros poderão ser abordados neste momento, por exemplo: a germinação das sementes,
os tipos e as partes das folhas, as estruturas das raízes e suas funções, dentre outros.
Ao final deste momento, o professor deverá orientar os grupos, que cada um deverá
produzir um relatório ou um estudo dirigido com os seus achados do processo investigativo
para comunicação dos resultados da investigação.

4º momento: Organizando as ideias.


Neste momento que acontecerá assincronamente, cada grupos de alunos, de acordo
com as orientações repassadas previamente pelo professor, deverá produzir um relatório ou
um estudo dirigido, para fazer a comunicação dos resultados da pesquisa. Neste
documento, deve está claro se o processo investigativo realizado foi suficiente ou não para
responder, de forma satisfatória, à hipótese de pesquisa inicialmente levantada pelo grupo e
que norteou todo o processo investigativo.
Vale lembrar ainda, que este relatório ou estudo dirigido deverá ser enviado ao
professor, via grupo de WhatsApp, para que este possa fazer uma análise prévia e possa
orientar os grupos, caso necessário, sobre possíveis correções a serem feitas. Também é
de suma importância que os alunos se utilizem da linguagem científica para a elaboração

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deste documento e, também, que sejam capazes de argumentar cientificamente sobre seus
resultados.

5º: Momento: Apresentando resultados.


Neste último momento de aplicação da SEI, cada grupo de alunos fará uma
apresentação de no máximo 10 minutos, dos seus resultados da pesquisa. Para tanto,
podem utilizar-se de diferentes recursos didáticos como: apresentação em PowerPoint,
vídeos, exposição oral ou outras que sejam apropriadas para este fim. Ao final destas
apresentações, deverá ser realizada uma roda de conversa para as discussões sobre a
atividade, afim de que os alunos possam relatar possíveis dificuldades encontradas ou fazer
quaisquer outros comentários sobre a SEI e, para que o professor possa fazer suas
considerações acerca do andamento das atividades desenvolvidas e dos resultados
apresentados por cada grupo.
Vale ressaltar aqui, que o mais importante desse processo, é que ao final dele, os
alunos entendam que a classificação das plantas em monocotiledônea ou eudicotiledôneas
pode ser feita utilizando-se, como referência a morfologia das sementes, raízes e folhas
além de características anatômicas e moleculares.
Por fim, o docente fará suas considerações finais sobre a atividade, agradecerá à
turma pela participação de todos e finalizará a mesma.

8. Proposta de Avaliação
A avaliação terá um caráter qualitativo e acontecerá no decorrer de todo o processo
de aplicação da SEI. Para tanto, serão observados: o nível de participação de cada aluno
nas tarefas propostas, o grau de interação dos alunos durante as discussões nos momentos
síncronos, a capacidade argumentativa dos alunos na elaboração do relatório ou estudo
dirigido e durante a apresentação dos achados da investigação. Essa capacidade
argumentativa dos alunos será primordial para mostrar o seu nível de assimilação dos
conteúdos abordados na SEI e se conseguiram responder de forma satisfatória à questão
problema apresentada inicialmente.

9. Análise crítica
Ao traçar um paralelo entre esta proposta de SEI e alguns trabalhos sobre SEI,
desenvolvidos por estudiosos do assunto, é possível identificar alguns pontos importantes
em comuns.
Na proposta de SEI aqui apresentada, propõem-se fazer uso de diferentes recursos
didáticos para o ensino e a aprendizagem sobre a morfologia de folhas, raízes e sementes e

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a classificação das angiospermas. Propomos a realização de uma aula de campo; além do
uso de um APP para Smartphones.
Em seu trabalho sobre a utilização de recursos didáticos nas aulas de Ciências
Naturais, Bueno e Franzolin (2017) observaram que a literatura sobre essa temática cita o
uso de variados recursos pedagógicos, dentre outros: livros didáticos, músicas, vídeos,
materiais de laboratórios; além de “recursos tecnológicos como computadores com uso da
internet, tabletes e lousa interativa”.
A aula de campo será realizada para a coleta de amostras de raízes, folhas e
sementes de angiospermas que serão utilizadas para a identificação de características que
permitam a classificação das espécies em mono ou eudicotiledôneas. Já a atividade de
identificação de espécies de angiospermas será realizada com uso de aplicativo para
Smartphones chamado Seek by iNaturalist. Para a identificação das espécies amostradas,
os alunos deverão tirar, durante a aula de campo, algumas fotografias destas,
principalmente das folhas.
Para Santos et al., (2017), nas aulas de campo, os alunos participam das atividades
de forma mais ativa, pois, conseguem, através da observação e das discussões, estabelecer
relações entre o conteúdo estudado em sala de aula e a sua realidade. Nicola e Paniz
(2016) observaram que quando os alunos são motivados a construir seu próprio
conhecimento, mostram-se mais interessados. Nascimento (2021), afirma que as aulas de
campo permitem uma maior interação entre teoria e prática, assim, permite uma maior
contextualização do processo de ensino e, por isso, possibilita ao docente tornar suas aulas
mais dinâmica e atraente para os estudantes. Além disso, a aula de campo permite ao aluno
fazer diferentes leituras de mundo. Neste sentido, mostra-se como uma excelente
ferramenta pedagógica potencializadora da alfabetização científica, pois permite a ação do
aluno sobre o objeto de estudo (SILVA et al., 2015).
Quanto ao uso de aplicativos digitais (APPs) que podem ser baixados e usados em
dispositivos móveis como Smartphones, estes vêm proporcionando, nos últimos anos,
consideráveis mudanças na forma como professores e alunos têm se relacionado com o
conhecimento (SANTOS; FREITAS, 2017). Portanto, são ferramentas tecnológicas com
grande potencial de uso didático capazes de transformar a maneira como se ensinar e se
aprende. Para as autoras, o uso de APPs nas aulas de Anatomia Humana teve ótima
receptividade pelos estudantes, pois eles se mostraram mais curiosos, interessados e
entusiasmados ... (SANTOS; FREITAS, 2017).
Para Freitas et al., (2019), visto que atualmente, as tecnologias digitais fazem parte
da rotina dos jovens e adolescente, a escola precisa “aprender a lidar com essa nova
realidade e perceber que a utilização de aplicativos móveis no ensino pode contribuir e
facilitar a abordagem de conteúdos complexos de disciplinas, ressignificar conhecimentos e

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relações em sala de aula e proporcionar novas formas de aprendizagem”. Com isso,
diferentes recursos tecnológicos podem ser inseridos na realidade de sala de aula, como
recursos didáticos capazes de tornar o processo de ensino e aprendizagem mais dinâmicos.
Entretanto, como a aula de campo aqui proposta deverá ser realizada pelos alunos
sem o acompanhamento direto do docente, eles poderão encontra algumas dificuldades
como: coletar amostras inadequadas ao propósito determinado, acondicionarem as amostra
de forma inadequada, não conseguirem tirar fotografias com qualidade que permita a
identificação das espécies amostradas dentre outras. Já quanto ao uso do APP, podemos
levantar alguns pontos negativos no tocante ao seu uso como ferramenta didática nesta SEI.
Primeiro porque alguns alunos podem não ter à sua disposição um aparelho de Smartfone
para baixa-lo ou, ter acesso ao aparelho, mas não ter acesso à internet para baixar o
programa.
Se entendemos que o processo de educar deve sempre buscar o preparo dos alunos
para a vida e para o mundo, então, as ações docentes relacionadas ao processo ensino e
aprendizagem devem ser baseadas nas questões relativas ao uso de diferentes recursos e
estratégias didáticas que sejam capazes de dinamizar as aulas e motivar o estudantes na
busca de conhecimentos. Devemos acreditar que o processo de ensino e aprendizagem
seja capaz de permitir ao estudante compreender as ciências e seus processos; além
possibilitar a ele uma formação cidadã crítica que só poderá ser alcançada com o uso de
diferentes métodos e técnicas de ensino.

10. Considerações Finais


Nesta proposta de SEI busca-se do estudante a capacidade de compreender os
principais conceitos-chaves do estudo da morfologia das plantas angiospermas. Para tanto,
propôs-se como principais estratégias didáticas, a realização de uma aula de campo, o uso
de APP para Smartphones e algumas discussões entre todos os envolvidos para alcançar
este propósito. Com isto, espera-se que esta SEI assim estruturada seja capaz de
proporcionar, aos estudantes, algumas práticas investigativas, onde eles precisarão resolver
problemas relacionados à morfologia e classificação das plantas angiospermas.
Neste aspecto, a realização de aulas de campo poderá despertar um novo olhar do
alunos para fenômenos biológicos antes imperceptíveis. Já o uso de APP para a
identificação de plantas, poderá mostrar a eles, como as novas ferramentas digitais podem
ser incorporadas ao processo de ensino e aprendizagem nas salas de aulas do presente.
Importante lembrar também, que o uso dos recursos didáticos sugeridos nesta
proposta didática, poderá estar associado ao uso de outros recursos, especialmente àqueles
que efetivamente venham auxiliar nesta investigação, potencializando assim o entendimento
e a compreensão dos conceitos-chaves abordados.

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Por fim, é essencial entendermos que nenhum método ou técnica de ensino é
perfeita. Cada um deles apresenta vantagens e limitações e, portanto, a sua utilização de
forma complementar pode representar uma forma de facilitar e potencializar as
aprendizagens dos estudantes. Portanto, ao lançar mão de um recurso didático para
abordar um conteúdo de ensino, o professor deve pensar se ele, de fato, ele será capaz de
proporcionar um ganho cognitivo para os aprendizes.

11. Referências Bibliográficas


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