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Hunted by The Bratva Beast 3 Bratvas Claim JC
Hunted by The Bratva Beast 3 Bratvas Claim JC
Warrior
Jewell Designs
Março 2024
Hunted
by the
Bratva
Beast
Livro 3 da série Bratva’s Claim
Sinopse
O monstro que está caçando meus pesadelos pode ser o homem dos meus sonhos.
O inferno em que nasci me quebrou, me danificou e me recompôs. Percorri um longo
caminho desde o sistema de adoção da Rússia - agora sou a terceira no comando, atrás do
meu irmão, o chefe da Bratva Kashenko.
Mas o passado tem uma maneira de nunca ficar lá.
Há um demônio à solta - um assassino enorme, selvagem e implacável que eles chamam de
A Fera. Kostya Romanoff saiu de sua jaula para saldar uma dívida de sangue que ele acha
que minha família tem com ele.
Agora ele está caçando uma coisa: eu.
A caçada está em andamento. Mas eu não deveria gostar do fato de ele me observar. Eu não
deveria tremer de calor e expectativa toda vez que sinto aqueles olhos me penetrarem,
possuírem e acariciarem.
A presa não deveria sofrer com o caçador. O coelho não deveria desejar os dentes afiados do
lobo.
Ele está invadindo todos os meus pensamentos. Corrompendo todos os sonhos. E está
ficando difícil controlar o que eu deveria ou não estar sentindo.
Talvez eu seja a beleza quebrada que ele está procurando. E, que Deus me ajude, ele pode ser
exatamente a fera que eu sempre quis.
Kostya
Meu dedo desliza pelo metal frio do gatilho como o toque familiar de
uma amante. Aperto com mais força a coronha do rifle e me inclino para a mira.
Lentamente, faço uma panorâmica para a esquerda no luxuoso pátio da piscina.
O vento agita os galhos da árvore em que estou sentado, mas não dou
importância a isso.
A culpa por não estar com ele - e talvez por ter impedido o que
aconteceu - surge como bile em minha garganta. Mas empurro esses
arrependimentos para baixo e os enterro com meu ódio e raiva - o mesmo ódio
e raiva que têm sido minha espada e escudo durante toda a minha vida.
1Era um sistema de campos de trabalhos forçados para criminosos, presos políticos e qualquer
cidadão em geral que se opusesse ao regime na União Soviética.
cervejas. Eu simplesmente balanço minha cabeça. Depois me concentro na
tarefa que tenho em mãos. Estou praticando com esse rifle há semanas. Conheço
o recuo. Eu sei como ele funciona e cronometrei minha recarga em um décimo
de segundo. Sei que posso dar três tiros antes mesmo de o primeiro homem
chegar ao chão.
O biquíni lhe serve como uma segunda pele. Como se tivesse sido
feito sob medida para suas curvas tentadoras e pernas longas e sensuais. Seus
quadris balançam enquanto ela caminha descalça pelo pátio, com os longos
cabelos escuros puxados para trás em um rabo de cavalo alto e óculos escuros
empoleirados em um lindo nariz de botão.
— Irmã.
Minha mira desliza de volta para ela. Minha pulsação bate em meus
ouvidos enquanto meus olhos absorvem cada centímetro de sua beleza
deslumbrante e tentadora. Mas, de repente, os três homens se levantam. Sibilo,
amaldiçoando-me por me deixar distrair por uma mulher.
Eu giro o rifle para trás, mas é tarde demais. Eles estão voltando para
a casa. Talvez eu consiga disparar um tiro. Mas não conseguirei acertar os três.
E acertar um significa alertar os outros dois de que estão sendo caçados,
tornando uma segunda tentativa ainda mais impossível.
Mas eu a encaro mesmo assim - com raiva, com desejo, com vontade.
Nina
— Ok! Pronto?! Nina! Vem cá! — Dou risada quando Fiona me puxa
para a selfie que está tirando com Zoey. Tiro meus óculos para evitar o brilho
do flash, sorrio - bem, minha versão de sorriso - e inclino a cabeça para o lado
enquanto ela clica na câmera do celular.
Fiona revira os olhos. — Cara, você está ótima. Não se preocupe com
isso.
Sorrio quando Fiona suspira e me olha com cara de - ela está falando
sério.
— Certo, certo, tudo bem. Nina, venha aqui novamente para que
possamos ter certeza de que Sua Majestade está feliz.
Nunca conheci uma família ou um amor como este até seis anos atrás,
quando ele me encontrou. Na verdade, antes disso, eu não conhecia nada além
de dor e medo. Mas há seis anos, meu irmão - bem, meio-irmão - me encontrou
no horrível lar adotivo em Moscou que era minha casa. Ele me encontrou, me
tirou de lá e me trouxe para cá, para Chicago e para a vida que tenho agora.
Zoey sorri. — Seu quarto estava no mesmo código postal que o deles?
— Hilário.
2 Pessoa que acompanha dois (ou mais) casais em situação social, que não tem companheiro
próprio.
muito bom para nós dois.
Mas a questão - e isso é algo que eu realmente não espero que Zoey
ou Fiona entendam - é que eu não sou 'diferente' porque não tenho um interesse
amoroso em minha vida. Sou diferente porque não sou como nenhuma dessas
pessoas. Não sou como Fiona e Zoey, que cresceram com riqueza e segurança.
Não sou como os vários políticos, as elites da sociedade e as celebridades
menores dessa festa, com as quais meu irmão se dá bem, dado o poder que ele
detém. E, embora ele e Lev tenham crescido de forma muito dura e rude nas
ruas, nem mesmo eles conhecem a escuridão que foi a minha vida enquanto eu
crescia.
E é por isso que, mesmo com meu irmão sendo quem ele é, e mesmo
com o dinheiro, os privilégios e a vida que tenho agora, não sou como as outras
pessoas. Jamais serei como a maioria das outras pessoas, e já me conformei com
isso. Não há como 'superar' ou ultrapassar os traumas de minha vida anterior.
Há apenas que seguir em frente e manter os demônios afastados da melhor
forma possível.
Fiona, Zoey e Lev acabam entrando para comer alguma coisa. Viktor
se afasta e sorri ao colocar um braço sobre meus ombros.
Ele acena com a cabeça. — Ainda estou chateado por você ter saído
de casa, mas eu entendo.
3 Irmã em Russo.
4 Sim em Russo.
— Mas não se trata disso, Viktor. Estou muito feliz por você tê-la
encontrado, sinceramente. Eu só...
— Perfeito.
— No primeiro dia.
Ele dá uma risadinha. — Não consigo deixar passar nada por você,
não é?
Ele sorri. — E?
Eu rio. — Viktor, não precisa fingir que não está feliz por eu não estar
namorando um de seus subordinados.
— Ei, não reclame comigo se o Raw bar 5 estiver limpo quando você
5 A “raw” significa cru, então é uma proposta de cardápio onde todos os itens são a bases de crus
ou frios, oferecendo uma variedade de frutos do mar e mariscos crus e cozidos servidos frios.
entrar lá.
Dou risada quando meu irmão bebe seu champanhe e entra. Tomo um
gole do meu e fico olhando como as luzes de Chicago brilham na superfície
ondulada do lago. Estou feliz, penso comigo mesma. Ou, pelo menos, tão feliz
quanto alguém com meu passado pode ser.
Ele pisca e, de repente, seu aperto de mão vacila. Ele me encara com
uma mistura de choque, horror e... franzo a testa. E reconhecimento. Ele pisca,
como se não tivesse certeza do que está realmente me vendo, e sua mandíbula
poderosa e esculpida se contrai com força.
— Você...
Eu nunca teria chegado aos dez anos de idade sem saber como pensar
rapidamente diante do perigo. E eu tenho uma arma em minhas mãos.
— Você...
— Nikolai...
Viktor se vira para apontar para alguns de seus homens que estão
ajudando Nikolai a se levantar. — Ele pegou um no braço, mas vai sobreviver.
— Baixas?
— Quem...
— Nina...
Franzo a testa. Sei que ainda estou em choque, mas ele não está
fazendo sentido. — Viktor, estou bem...
Giro e meu queixo cai. O homem enorme com olhos azuis penetrantes
desapareceu. Eu o alvejei no peito e ele se foi - literalmente não está mais
deitado no chão. Mas há sangue, e muito sangue.
— Nina...
— Eu não sei.
Meu coração dispara quando minto para meu irmão. Não sei bem por
que não digo a verdade. Também não entendo por que, neste momento, optei
por não mencionar o fato de ter atirado em alguém à queima-roupa no peito.
Mas não tenho tempo para ficar pensando nisso. Os reforços da Bratva chegam
ao telhado. Fiona e Zoey correm para mim, abraçando-me com força enquanto
soluçam de medo.
Nina
E minha camisa não é a única peça de roupa que está molhada quando
acordo.
Meu rosto arde em brasa quando ele volta a entrar. Seus rosnados em
meu ouvido. Seu toque em toda a minha pele. Sua boca provocando cada vez
mais, até que...
Tenho vinte e três anos e só fiz sexo com um homem; e esse homem
existe exclusivamente em minha cabeça e em meus sonhos.
Eu rio quando ele abre a porta do carro para mim. — Nós realmente
precisamos elevar seus padrões de santidade.
Deborah, minha assistente, sorri quando passo por ela e entro em meu
escritório. Lá dentro, fecho a porta, paro por um momento para apreciar a vista
da janela do meu escritório e me acomodo em minha cadeira. Mas depois disso,
não há mais como me conter.
Envio uma mensagem de texto a Oleg dizendo que estou pronta para
ir embora e pego um táxi para casa. A riqueza e o privilégio que vêm com a
vida que levo são ótimos. Mas, às vezes, é bom se sentir um pouco mais como
uma pessoa normal do cotidiano.
Sei que isso é terrível e errado. Sei que, honestamente, isso pode
significar que há algo profundamente fodido e quebrado dentro de mim. Mas
pode ser isso. Estou quebrada por dentro. Eu me recompus, com muita ajuda
de Viktor. Mas até mesmo as partes curadas são tortas e remendadas.
Então, em vez disso, passo minhas noites fantasiando com uma fera
de um homem que pode muito bem estar tentando me matar. Ou, no mínimo,
me sequestrar ou algo assim.
Grito.
Meu coração está batendo tão forte que juro que posso vê-lo batendo
contra meu peito. Meus sentidos estão afinados, a adrenalina acelerada. Faço
mais uma varredura em todos os cômodos e armários. Mas quando tenho certeza
de que estou sozinha, minha pulsação ainda não diminui.
— Em breve...
Kostya
— De novo!
Ergo meu punho de volta, mas hesito. Não quero atingir o outro
garoto novamente. Ele é meu amigo, não meu inimigo - o mais próximo de um
irmão que já conheci. Assim como o homem que está gritando para eu bater
nele é o que mais se aproxima de um pai que já tive.
— Eu...
— Eu disse para bater nele, sua vadiazinha! — Fyodor grita em meu
rosto. Eu tremo, ainda hesitante. Mas Dimitri não. Posso ser maior do que ele,
mas, aos doze anos, ele ainda é dois anos mais velho do que eu, que tenho dez.
E, neste momento, ele usa isso.
Fyodor ri. Ele se vira para Dimitri, que está se limpando na pia da
cozinha. — Você acredita nesta merda ingrata, Dimitri?
Meu 'irmão' olha para mim com preocupação. Mas, rapidamente, seu
rosto endurece. Seus lábios se curvam em um sorriso.
Balanço a cabeça.
E, no entanto, sei que ele está certo. Sei o inferno que teria sido minha
vida se eu tivesse ficado lá.
— Este teto sobre sua cabeça, a comida que você come, esta vida que
eu lhe dou? — Fyodor balança a cabeça. — Você não está lá fora na rua
tomando no cu, está? Não? — Ele me olha fixamente. — Não, você não está.
Porque você tem família, comigo. Você pode pensar que sou um homem cruel,
Kostya. Mas estou apenas preparando-o para um mundo cruel e frio. Um mundo
que vai foder você e machucá-lo sempre que puder.
— Sim, senhor.
Ele sorri. — Bom garoto. Agora, vá buscar uma cerveja para mim.
— Da.
Ele sorri e estende a mão para bagunçar meu cabelo. — Bom menino,
Kostya. Lembre-se: somos uma família. Ninguém mais cuidará de você ou o
ajudará. Somente eu. Você entende isso, sim?
É assim que sempre é, com ela. Esta é a minha vida agora. Observá-
la; protegê-la, como ela já me protegeu. Embora eu tenha certeza de que ela não
se lembra disso. Ou ela bloqueou isso, como qualquer pessoa normal faria
depois do trauma e do horror daquela noite, há mais de dez anos.
Ela era tão jovem na época. E, no entanto, tão corajosa. Ela estava
quebrada - tão quebrada quanto eu, talvez mais. E ainda assim, ela encontrou
misericórdia nela. Ela viu uma fera e me salvou.
Mas isso foi naquela época. Agora, estamos aqui, dez anos depois.
Agora, ela não é mais uma criaturinha tão pequena. Ela cresceu. Eu respiro
fundo enquanto minha luxúria surge dentro de mim. Ela certamente cresceu.
O que eu sentia por ela naquela época não era o que sinto agora.
Quando senti seus braços pequenos ao meu redor e quando pensei nela durante
todos esses anos no meu inferno, não senti luxúria ou desejo. Não, porra.
Conheci homens assim na prisão. Eu matei esses homens, lentamente.
Não. O que eu sentia antes por esse anjo era algo mais próximo do
amor de uma irmã. Amor por Deus ou religião, talvez. A devoção ou reverência
que você pode sentir por um cirurgião que o tira do eterno abismo negro da
morte.
Isso agora mudou. O que eu sinto por ela e em relação a ela mudou.
Radicalmente. Muitas coisas mudaram naquela noite, três meses atrás.
Observo Nina através das grandes janelas do chão ao teto de sua sala
de estar. Ela anda pelo apartamento, curiosa, com uma arma na mão. Mas eu
sorrio quando a vejo. Conheço bem essa arma. Seu cano está gravado em meu
peito.
Coletes à prova de balas são bons, mas não impedem uma .45 à
queima-roupa. No entanto, eles vão mutilar e retardar a bala. Eles transformarão
a sentença de morte em uma sessão de tortura que durará meses.
Isso só fez com que eu a desejasse ainda mais. Fez com que eu a
desejasse. Há meses que estou com tesão por ela.
Fui àquela festa para levar algo que Viktor Komarov prezava. O que
encontrei foi algo eu considerava precioso e que havia perdido dez anos antes.
Não posso traçar os caminhos que o universo tomou. Não tenho as peças do
quebra-cabeça para me mostrar como o anjo machucado e danificado que me
salvou da morte em um beco sujo em Moscou há dez anos é agora a irmã de um
dos homens mais ricos e poderosos da Bratva Kashenko.
Ela poderia ter sido ferida naquela noite - uma bala perdida, qualquer
coisa. Posso dizer a mim mesmo que é por isso que a observo, mas essa não é
toda a verdade. É por ela que eu a vigio. Eu a observo para protegê-la, sim. Mas
também a observo porque ela se tornou minha obsessão.
Garota inteligente.
Em breve, eu a levarei. Vou ficar com você. E farei com que você
seja minha.
4
Nina
No entanto, quando não ouço mais nada - nem ele gritando com
Dima, minha mãe adotiva, nem abrindo mais bebidas alcoólicas, - eu expiro.
Talvez eu tenha sorte esta noite. Talvez esta seja uma daquelas raras noites em
que ele chega em casa bêbado e furioso e simplesmente desmaia no chão.
Não há porta no meu quarto para ele arrombar - isso foi há meses e
ela ainda está encostada na parede. Mas quando Bogdan entra no quarto, o
inferno e o trovão vêm com ele. Sinto seu cheiro antes mesmo de ele puxar o
lençol para longe de mim. Grito e me enrosco em uma bola quando o primeiro
estalo do cinto passa pelas minhas costas, cortando minha camisa.
— Não minta para mim! — ele grita. — Você acha que pode roubar
minha cerveja? Acha que ela é para você? Não, sua vadiazinha. É para mim,
para abafar a decepção de ter uma putinha de merda como você debaixo do meu
teto!
Sinto que ele me alcança e eu me viro. Sei que é um ato suicida, mas
faço isso de qualquer maneira. Cuspo em seu rosto e depois sorrio para sua fúria
de rosto vermelho.
Seu punho bate em minha boca. Caio de costas na cama, cega pela
dor e pelo gosto de sangue em minha boca. Ele rosna e se levanta. O cinto se
ergue e eu me enrolo em uma bola antes que ele caia sobre mim.
Meu corpo treme. Parece que minhas costas estão pegando fogo. Mas
fico olhando pela janela pequena e suja do quarto e sei que esta não será minha
vida. Não sei como, mas sei disso. Não morrerei neste lugar, pelas mãos de
Bogdan.
Ele estava aqui. Ele estava na porra da minha casa. Na verdade, que
se dane, ele estava no banheiro enquanto eu tomava banho.
Continuo dizendo isso repetidamente, como um mantra. E, ainda
assim, o medo que sei que deveria estar sentindo simplesmente não vem. Estou
preocupada. Estou inquieta. E sim, talvez eu esteja com medo. Mas não estou
apavorada, e isso deveria me assustar muito.
Ele não me machucou. Ele poderia ter feito o que quisesse comigo,
na verdade. Eu não estava armada no banheiro, e ele é enorme e forte como um
urso. Mas ele não me tocou. Ele nem sequer me avisou que estava aqui. Ele
entrou, escreveu sua mensagem e foi embora.
Ele me viu. Fico vermelha quando revejo a cena através de seus olhos.
Ele estava aqui, em minha casa. Ele estava no meu quarto, onde eu durmo, para
chegar ao banheiro. E então ele estava lá, comigo nua, molhada e totalmente à
sua mercê. Estava úmido, mas a porta do meu chuveiro é de vidro. E ele
certamente me viu; tudo de mim.
Então, aqui estou eu: vinte e três anos, sozinha, virgem e ficando
desesperadamente excitada por... bem, o que quer que ele seja. Seja ele quem
for.
Mas uma coisa é certa: ele está lá fora. Ele está vivo. E ainda não
terminou comigo.
Kostya
— Pronto.
7 Perder a virgindade
— Ay8, Kostya.
Ele sorri para mim, como se estivesse brincando. Não está. Mas sei
que ele precisa ser duro conosco. A vida é dura. O mundo é cruel. É isso que
uma figura paterna como Fyodor deve fazer para nos preparar: nos tornar duros
e à prova de balas.
Às vezes me preocupo com o fato de não ter sido feito para isso.
Fisicamente, sim. Aos treze anos, está claro agora que serei ainda maior do que
Dimitri. Na verdade, sou maior do que metade dos homens adultos sob o
comando de Fyodor. Não hesito em me machucar quando preciso. Já derrotei
corretores de apostas desonestos, viciados que deviam, subordinados rivais da
Bratva que entraram no bairro errado. Há algumas semanas, fui até à cidade e
bati em um homem com uma corrente que havia machucado uma das prostitutas
de Fyodor.
8 Ah em Russo.
minhas mãos. Com balas de verdade. E há homens de verdade no armazém à
frente que receberão essas balas.
— Kostya.
Mas não sei se sou como ele. Eu quero ser. Eu me esforço para ser.
Sou o maior, mas Dimitri é o verdadeiro soldado. Ele é inabalável. Quando ele
vai lutar ou matar, é como se ele desligasse completamente suas emoções. Sem
medo, sem piedade, sem nada.
Dimitri abre a traseira da van com um chute e salta para fora. Estou
logo atrás dele, meu pulso batendo nos ouvidos enquanto entramos pela porta
da frente. Dimitri passou primeiro, mas eu cheguei meio segundo depois. Ele
começa a atirar primeiro e, quando me viro, vejo como ele está rindo enquanto
espalha balas pela sala.
Algo chama minha atenção com o canto do olho. Eu me viro para ver
um homem correndo em minha direção com uma arma na mão. Mas Dimitri
estava certo: não há hesitação.
Levanto meu rifle, olho bem nos olhos dele e puxo o gatilho. Sem
mais nem menos, minha primeira morte.
Os homens que o irmão dela tem vigiando-a são uma piada. Talvez
eles sejam assassinos treinados da Bratva, mas eu andei em círculos com eles
por meses. Já estive perto o suficiente de alguns deles para matá-los com minhas
próprias mãos, mas não o fiz.
Perceber isso faz meu pau pulsar e meu desejo por ela disparar. Parte
de mim quer pular a divisão entre os prédios e atravessar aquelas janelas para
agarrá-la. Prendê-la na cama, atrás dela, e fazê-la gemer por mim.
Ela sabe que está sendo observada. Essa é a única explicação para a
maneira como ela invadiu seu apartamento no outro dia com a arma, parecendo
assustada e selvagem. De alguma forma, ela sabe. E, no entanto, aqui está ela,
fazendo um strip tease.
Para mim.
— O quê?
O homem ri. — E uma boa noite para você também, raio de sol.
— Sim, tenho algo para você. Acho que encontrei uma pista naquelas
peças que você me deu para dar uma olhada.
Erik dá uma risadinha. — Você não vai me culpar por esperar para
ver primeiro.
Cerro os dentes e me viro para examinar a noite. É uma boa noite para
uma caçada.
Eu o encaro. — E?
Baixo meus olhos para ele, rosnando. — Você precisa ler um livro de
história.
— Olha, cara, o que você quiser, é seu, ok? Eu juro, cara, pegue o que
quiser...
— Desculpe-me?
— O quê?
— Não, não é nada, cara. Ele só estava... ele disse que todos nós
poderíamos comer aquele lanchinho dele depois que ele provasse.
— Cara, era uma garota russa que ele estava procurando. Cabelo
escuro, óculos? Bunda gostosa?
Meu coração dispara. Pego meu celular e deslizo até uma foto que
tirei de Nina, a caminho do trabalho, no outro dia. Viro a tela para ele.
— Ela?
Nina
— São.
— Dezoito.
— Sim, com certeza. — Ele se vira para sorrir para mim. — Ei, sem
pressão, mas você quer ir a essa festa? Sou membro da Omega Kappa e eles vão
fazer uma festa hoje à noite. Quer dar uma passada lá?
Eu hesito. Nunca fui a uma festa - pelo menos, não uma de verdade.
E nunca tinha bebido antes. A parte quebrada de mim hesita. Situações novas e
incontroláveis têm um jeito de me desencadear às vezes. Mas o terapeuta que
Viktor me indicou diz que eu deveria tentar coisas novas, - sair da minha zona
10 O ensino médio americano tem 4 anos: 9th grade, 10th grade, 11th grade e 12th grade
11 Teste General Educational Development ou Desenvolvimento Educacional Geral são um grupo
de quarto testes de disciplinas acadêmicas nos EUA que certificam o conhecimento acadêmico equivalente a
um diploma do ensino médio.
de conforto.
Quando penso nisso dessa forma, quase rio de mim mesma. Por que
eu estaria nervosa? Sobrevivi a um inferno que nenhum de meus colegas de
classe pode sequer imaginar. Uma festa de fraternidade não é nada que eu não
possa suportar.
— Claro!
***
Eu aceno com a cabeça. Mas acho que meu rosto diz o contrário. Ele
franze as sobrancelhas enquanto me agarra com mais força.
Deixo que ele me puxe em meio à multidão e depois suba uma escada.
Ainda estou tremendo um pouco quando ele me leva por um corredor e depois
para um cômodo. A porta se fecha atrás de nós, e eu me permito expirar.
— Obrigada.
— Pessoal?
Balanço a cabeça. — Estou aqui apenas com meu irmão mais velho.
Ele mora aqui há algum tempo.
Neil revira os olhos. — Ah, vamos lá, você sabe o que eu quero dizer.
Ele ri. — Ah, vamos lá, Nina. — Ele se levanta e caminha em minha
direção. Fico tensa, mas depois digo a mim mesma para relaxar. É só Neil. É
apenas o cara jovem e simpático que me comprou um café com leite.
— Porque sim.
— Svoloch. — Eu cuspo.
— Não, Nina, — ele sorri. — Eu quis dizer algo sujo. Tipo, sexual.
Eu engulo. — Oh.
— Neil...
— Vamos, Nina.
— Eu não sei.
Ele ri. — Cara, você fala russo. Que tal 'tirar a calcinha'?
— Vamos, diga.
— Sua vadia de merda! — ele grita. — Mas que merda, Nina!?!! Essa
é a porra do meu braço de arremesso, sua psicopata!!!
12 É um sistema de combate corpo a corpo, desenvolvido em Israel, que envolve técnicas de luta,
torções, defesa contra armas como armas de fogo, bastões, facas e golpes como socos, chutes, cotoveladas e
joelhadas.
ao campus.
— É só um jantar, Deb.
— Eu não estava, mas sinto que você está prestes a me dizer por que
eu deveria.
— E você está indo ao Chez Patise para um jantar de mil dólares, não
para a mesa de negociações com a empresa de caminhões.
Eu rio. — Uh oh.
Ela caminha até uma sala lateral e sai carregando uma bolsa preta da
Dior em um cabide.
— Deb...
— Não, mas você está sabotando isso antes mesmo de começar. Nina,
Pierre é gostoso, alto, rico, mas não tão rico quanto você, um sócio de renome
na empresa dele e um cara doce. Ele é perfeito.
Ela ri. — Tudo bem, fique com os óculos. Você pode arrasar com este
visual nerd sexy.
Toda arrumada, mas está tudo errado. Não quero o boneco Ken, doce,
bem-feito, de queixo quadrado, sócio de nome em sua empresa.
13 É uma cirurgia a laser nos olhos para o tratamento de miopia, hipermetropia e astigmatismo.
Eu quero a fera.
***
— Ah... sim? — Parece que isso deveria significar algo para mim. Ou
talvez significasse se eu soubesse tudo sobre raquetebol.
— Uau! Fascinante!
— Ei, você quer ouvir esta história maluca sobre o novo piso que
acabaram de colocar no clube de raquete?
Verifico meu telefone, passo mais três minutos e então decido que é
hora de fazer isso e acabar logo com tudo. Ei, pelo menos a comida deve ser
incrível aqui. Posso ignorar a aula de raquetebol por causa disso.
Dou um passo em sua direção, mas ele se retrai, pulando para trás.
Ele vira a cabeça para trás, olhando ao redor da sala com um olhar aterrorizado
no rosto.
— Olha, Nina, quando você o vir da próxima vez, pode dizer a ele
que eu entendo perfeitamente e que ele não tem nada com que se preocupar
comigo.
— O quê?
— Por favor, diga isso a ele. Diga a ele que eu disse: 'Entendo
perfeitamente e nunca mais serei um problema.' Você pode fazer isso, por
favor? Por favor?
Fico olhando para ele, perplexa. — Que diabos você está falando? Da
próxima vez que eu ver quem?
— Adeus, Nina.
E agora ele foi embora e piorou as coisas. Agora, ele está aparecendo
para jantar e afugentando meus encontros. Fico corada, tremendo no assento
enquanto dirijo pela cidade.
Ele é meu perseguidor. Mas também minha fuga. Ele é meu pesadelo
sombrio e também minha fantasia proibida. Mas a fantasia está se tornando real.
Talvez real demais...
O golpe é forte. Meu mundo inteiro vira de cabeça para baixo em uma
chuva de cacos de vidro. O som de metal sendo arrancado e de pneus
guinchando é tudo o que sei quando meu carro bate de lado. O airbag bate em
meu rosto e o carro se inclina sobre duas rodas. Em seguida, ele cai totalmente
do teto enquanto eu grito.
Pisco os olhos, sentindo algo quente e úmido escorrer pelo meu rosto.
Mas, em meio a isso e ao atordoamento do acidente, consigo ouvir as portas do
caminhão se abrindo. Ouço um comando latido em russo e minha mandíbula se
contrai. Eu me aproximo, mexendo no porta-luvas antes de abri-lo. Puxo a arma
para fora, tiro a trava de segurança e rodopio enquanto as botas correm para o
lado do carro.
Hoje não, filho da puta. Estou de cabeça para baixo e presa pelo
airbag e pelo cinto de segurança. Mas torço e aponto a arma para as pernas que
se aproximam da porta do lado do motorista. Cerro os dentes e aperto o gatilho.
O homem ruge, o sangue explode de sua canela enquanto ele cai. Atiro nele
novamente, matando-o desta vez.
— Não desta vez, — ele rosna pesadamente. Deixo que ele pegue a
arma. Deixo que ele me pegue em seus braços musculosos e enormes. Deixo
que ele se incline e sinto dor por tudo o que aconteceu em meus sonhos imundos
quando seus lábios se aproximam dos meus.
Ele faz uma pausa por um segundo, sua boca a centímetros da minha.
Estou tremendo, com o coração batendo no peito, enquanto olho para seus olhos
lindos, perigosos e, de certa forma, familiares.
Mas, então, o momento se rompe. E eu sei que não há nada no mundo
que possa impedir este beijo.
Nina
— Nina?
— Eu os tenho.
O som da voz de meu irmão me acalma. Uma figura se aproxima e
sinto suas mãos pressionando meus óculos nas minhas mãos. Eu os coloco
lentamente e, de repente, as coisas entram em foco. Minha pulsação ainda está
acelerada enquanto observo lentamente o ambiente ao meu redor.
— Os médicos dizem que você vai ficar bem, Nina, — diz Fiona
gentilmente, apertando meu braço de forma reconfortante. — Mas eles vão
mantê-la por uma ou duas noites para monitorar as coisas. Você bateu muito
forte a cabeça, — ela franze a testa. Levanto a mão para o lado da cabeça e
estremeço quando toco o curativo.
— Quão ruim?
Viro-me para sorrir para meu irmão. — Não precisa fazer isso.
— Sim, eu preciso.
— E a arma?
— Que arma?
Eu sorrio ironicamente.
— Foi... foi?
— Garota, — Fiona levanta uma sobrancelha. — Você derrotou uns
dez caras.
— Alguma coisa?
Ele acena com a cabeça sombriamente e se vira para dar uma olhada
em Nikolai por um segundo antes de voltar. — O negócio do ano passado com
Fyodor Kuznetsov...
Franzo a testa. Falei com Lev brevemente antes sobre seu pai
biológico - que não era muito diferente de Bogdan, meu pai adotivo. Ambos
eram cruéis, impiedosos e abusivos.
Kostya
— Você conseguiu?
— Sim, claro. — Dimitri sorri com seu sorriso vitorioso e pisca para
mim. Ele tira um maço de dinheiro do bolso do paletó e o passa para Fyodor.
Fyodor ri. — O bebê aqui teve alguns problemas com sua tarefa.
Eu faço cara feia. Dimitri ri. — É apenas uma coleta, Kostya. Você
não precisava transar com eles.
Mas quando ele se foi, ela lentamente se levanta. Ela se arrasta até a
janela e olha para fora. Eu olho para trás, para o pátio amplo e vazio. Seus olhos
vagueiam sem rumo, mas quando de repente pousam em mim, ela faz uma
pausa, assustada.
— Kostya! — Fyodor ruge. Franzo a testa e dou uma olhada para trás,
para a porta. Viro-me para trás, mas a garota já se foi, com as cortinas fechadas.
Sorrio novamente, acenando para ninguém.
— Kostya!
— Da?
— Ei, pegue uma boa comida para o jantar. Pizza, talvez? — Ele sorri.
— Você mereceu, meu rapaz. — Ele me joga um maço de dinheiro com uma
piscadela.
Para que ela acorde gemendo meu nome enquanto minha língua
mergulha profundamente em sua doçura.
O plano deu errado. Mas essa é a história de minha vida, não é? Parte
de mim ainda quer pegá-la e levá-la para um lugar onde eu possa cuidar dela
para sempre. Mas, a contragosto, sei que ela está mais segura aqui.
Ele não era uma ameaça. Pelo menos, não da mesma forma que os
homens que vieram atrás dela mais tarde. Mas não permitirei que um único
chacal a circule, farejando-a, procurando um ponto fraco. Sobrevivi tanto
tempo, especialmente na prisão, por ser capaz de ler o demônio nas pessoas. Há
criminosos e há pessoas más que cometem coisas más porque isso está em sua
natureza. A prisão me ensinou a identificar a diferença.
Seu 'par' - esse homem mole e covarde - não era mau. Não acredito
que ele tivesse a intenção de machucá-la, nem mesmo de manipulá-la, como
alguns homens tendem a fazer quando se trata de uma bela inocente como Nina.
Mas, mesmo assim, ele tinha de ir embora. Era preciso dizer a ele para se afastar
do que não era dele.
— Terminamos, amigo.
— Ouça, cara, eu não faço perguntas, não escolho times, não escolho
lados e não faço política. Mas o que quer que você esteja fazendo? Não posso
fazer parte disso.
— Nós tínhamos.
Franzo a testa. — Do que você está falando? Dos filhos da puta dos
nazistas?
— Olha, eu sei o que você está fazendo. E seja lá o que for, isso é
Chicago, certo?
— Você está conquistando uma parte dela. Olhe, cara, não estou
odiando isso. E se precisar de trabalho no futuro, você sabe onde me encontrar.
Mas só quando a poeira baixar...
— Então veja, irmão. Boa sorte e tudo o mais. Mas estou fora até que
o tiroteio pare. Não é nada pessoal.
Erik está certo e errado ao mesmo tempo. Ele está certo no fato de eu
ser um lobo solitário - um predador solitário, de grande porte, em uma longa
caçada. Mas não estou construindo um império. Não estou recrutando ninguém
e não estou atrás de território ou dos interesses de ninguém.
Nina
Fecho os olhos para tentar voltar a dormir. Mas meu coração está
acelerado agora. Minha mente também está acordada. Franzo a testa e me viro
para olhar o relógio na parede. São duas da manhã. Suspiro e me viro novamente
para tentar dormir. Mas não importa o quanto eu feche os olhos ou diga ao meu
cérebro para se calar, isso não está acontecendo.
Ele também ainda não tem código de bloqueio. Abro a tela com o
polegar e, sim, é novinho em folha. Minha testa franze quando abro os contatos,
mas quando vejo apenas um número, minha pulsação acelera. Engulo em seco
e minha língua molha os lábios quando me dou conta.
Meu rosto arde quando passo o polegar sobre o número. Mas então
eu me contenho. Que porra eu vou fazer, ligar para ele? Mastigo meu lábio
enquanto tento imaginar como seria essa conversa. Mas, sem conseguir parar,
meu dedo volta para o número único. Clico no ícone de mensagem e a tela de
texto em branco aparece.
Quem é você?
A fera.
Sim.
Eu me arrepio, mordendo o lábio.
Eu sorrio.
— Nina.
O modo como ele rosna meu nome com uma voz de couro e uísque
me faz tremer. Isso me aquece por inteiro e faz com que eu passe os dentes pelo
lábio.
— Por quê?
— Então me diga.
— De onde você é?
— Moscou.
— Eu sei.
Fico corada, sentindo meu pulso acelerar. — Você sabe muito sobre
mim.
Sinto meu rosto queimar. — Você também fez sua lição de casa.
— Nina...
— Não.
— Casado?
— Não, Nina...
— Sim.
Ele solta uma risada discreta. É a primeira vez que eu o ouço rir.
— Por quê?
Kostya respira fundo. — Esta é outra pergunta para a qual você talvez
não goste da resposta.
— Experimente-me.
— Kostya...
— E tem me observado.
— Tenho.
Kostya rosna.
— Por quê?
— De quê?
— Nina...
— Sim, — admito.
Ele geme.
— Você está...
Eu gemo. — Eu...
— Sinta como você está molhada para mim, — ele rosna. — Sinta o
quanto sua bocetinha me deseja. O quanto ela anseia por meus dedos. Por minha
língua...
Eu gemo.
— Kostya...
— Faça sua bocetinha gozar para mim, Nina, — ele rosna. — Deixe
essa boceta gulosa bem molhada para mim e depois me deixe ouvir você gozar.
Minha respiração fica presa e meu corpo se enrijece. Isso é uma
merda. Isso é tão errado. E isso está prestes a me fazer gozar mais forte do que
jamais gozei antes.
— Kostya!
Grito seu nome, com vergonha, quando começo a gozar. Meus olhos
se fecham e minha boca se abre. Meu corpo se contrai e ondula, e eu gemo
enquanto pressiono minha boceta contra minha mão. Torço-me nos lençóis,
deslizando para o lado enquanto outro orgasmo me atinge com força. Meu corpo
se fecha em uma bola, apertando e prendendo minha mão entre as pernas. Viro
a cabeça para gritar no travesseiro quando um último clímax explode dentro de
mim.
Meu pulso bate forte. Minha pele formiga por todos os lados, e eu
chupo o lábio entre os dentes.
Kostya
São poucas e distantes. Mas quando elas estão em sua janela, toda a
minha semana fica mais iluminada. Meu mês inteiro, talvez. Desta vez, sento-
me em minha própria janela monótona, sorrindo para ela do outro lado do pátio.
Hoje, tenho uma surpresa para ela.
Ela vem até a janela. Ela me vê e sorri como sempre faz. Ela também
acena, e eu sorrio e aceno de volta. Então me viro e lentamente enrolo a manga
da minha camisa. Ela franze a testa com curiosidade até que eu a enrolo até ao
fim e pressiono meu ombro contra o vidro. Instantaneamente, seu rosto se
ilumina.
Ela está puxando as borboletas o mais rápido que pode. Ele está
chegando - posso ver pelo medo em seu rosto. Minhas mãos se fecham em
punhos e eu as bato na moldura da janela. Sinto-me indefeso, enjaulado.
De repente, ele entra em seu quarto atrás dela. Eu a vejo gritar e tentar
empurrar as borboletas para fora da janela. Mas não foi rápida o suficiente. Ele
a agarra e a joga no chão, enquanto pequenas borboletas de papel coloridas se
espalham pelo lado de fora do prédio cinza como confete.
Algo em mim se rompe. Não é a primeira vez que vejo esse homem
bater nela. Vivo em um mundo de violência, e pais bêbados e irritados não são
novidade neste bairro. Mas, por alguma razão, esse é o meu ponto de ruptura.
— Não posso.
— Que porra você quer dizer com não pode!? — Ele rosna para mim
e, de repente, se lança contra mim. Ele agarra minha camisa, me gira e me
empurra contra a parede. Sou maior do que ele, mas ainda assim, de alguma
forma, sempre me submeto a ele. Como se ele realmente fosse meu irmão mais
velho - de sangue, e não apenas pela circunstância de Fyodor ter escolhido nós
dois para treinarmos como soldados.
— Sim, ele é. Onde está seu pai, Kostya? Seu verdadeiro pai. Ele tem
lhe escrito ultimamente? Enviou algum cartão de aniversário? — Ele faz uma
careta para mim. — Será que ele sabe que você existe como mais do que um
arrependimento na boceta de sua mãe prostituta na manhã seguinte?
— Fyodor é nosso pai, Kostya. Ele é o único pai que nós conhecemos.
Ele nos criou. Ele nos deu comida e um teto. Ele nos deu treinamento e um
propósito, Kostya. — Ele me olha fixamente. — E você quer apagar tudo isso
e negligenciá-lo quando ele precisa de nós, por causa de uma maldita garota?
— Não é como...
— Dimitri...
Eu franzo a testa.
Viro-me para dar uma olhada pela porta do quarto, para a janela. Do
outro lado do pátio, as borboletas desapareceram de sua janela.
— Faça esse trabalho comigo, Kostya. E depois disso, você fará o que
quiser. Qualquer coisa. Vá ver a garota que 'não é nada disso.' Mas eu preciso
de você. Fyodor precisa de você. É isso que a família faz, Kostya.
Ela não está em casa, é claro. Ainda está no hospital, sendo cuidada.
Mas a única razão pela qual eu a deixei lá é que os homens que o irmão dela
está vigiando-a são, na verdade, alguns de seus melhores. Além disso, ele tem
alguns de seus policiais pagos patrulhando o corredor também. Além disso, eu
coloquei arames nos parapeitos do lado de fora de suas janelas, caso alguém,
além de mim, tente entrar por ali.
E ela vai ficar bem. Esse é realmente o maior motivo pelo qual eu não
tive problemas em deixá-la lá. Entrei no consultório do médico enquanto ele
estava com um paciente para ler a ficha dela. Ela vai ficar bem. Nenhum dano
duradouro, nenhuma concussão. Mas isso não significa que eu não esteja vendo
que alguém lá fora quer machucá-la.
Vou até sua cama. Minha mão toca o travesseiro, meus dedos traçam
o local onde ela se deita à noite. Quero enterrar meu rosto em seu travesseiro e
inalar seu perfume. Mas lembro a mim mesmo que não é por isso que estou
aqui.
— Porra!
Eu grito e me viro para entrar no banheiro. Eu me afasto enquanto
ligo a água quente da pia e enfio as mãos embaixo dela. Passo sabão em todos
os meus dedos e os esfrego vigorosamente antes de colocá-los de volta na água.
Alguém estava aqui. Um homem estava aqui. Ele estava em sua casa,
tocando em sua roupa íntima, e ele gozou sobre ela. Minha mente gira e começo
a folhear as anotações que tenho em minha cabeça sobre as pessoas que fazem
parte da vida dela.
Ela está segura. Uma enfermeira está no quarto com ela, junto com
Fiona, Zoey e... franzo a testa quando vejo o homem. Nikolai, o homem que
matou Fyodor. Eu o encaro e, no entanto, a fúria e o ódio que senti ao olhar para
ele através da mira de uma arma não estão mais lá. Ou, pelo menos, estão
diluídos. Está ficando em segundo plano em relação a garantir que meu anjo
esteja seguro.
Mas ela está. Pelo menos, por enquanto, naquele hospital. Mas
alguém entrou no santuário de sua casa. Alguém além de mim, é claro. Alguém
profanou seu apartamento. E esse monstro ainda está lá fora, caçando-a.
Desejando-a.
A raiva explode em mim, até que não consigo mais suportar. Desligo
a água quente e me viro para sair. Mas, de repente, fico paralisado. Viro-me
lentamente para trás e meus olhos pousam na palavra escrita por um dedo em
seu espelho. Antes, ela não era visível. Mas com a água quente correndo, o
espelho embaçou, revelando a mensagem.
— Em breve.
Eu giro, corro como um demônio do inferno, direto para ela.
11
Nina
Olho para o meu outro telefone... aquele outro telefone. Mas esse
também está na mesma situação: sem serviço algum. Minha sobrancelha se
franze enquanto olho para os dois. Hmm... estranho.
— Vamos pechinchar.
Ela dá uma risadinha. — Shelly disse que você era divertida. Olhe,
você está muito bem, Sra. Komarov...
— Bem, eu sei disso. Você sabe disso. Mas médicos são médicos,
querida.
Ela acena com a cabeça. — Logo antes de eu entrar aqui. Mas pode
ser algum tipo de interferência em todo o hospital. Eles fizeram isso há um ano,
quando a primeira-dama estava colhendo sangue. A equipe do Serviço Secreto
dela desligou a recepção de celular de todo o hospital enquanto ela estava aqui.
Aceno com a cabeça, mas ainda estou confusa. Maria termina suas
anotações e se vira para ir até à porta.
— Vou ver se consigo falar com a TI pelo telefone e ver o que está
acontecendo. Se souber de alguma coisa, eu lhe aviso, ok?
Quando ela sai, volto a olhar para meus dois celulares inúteis. É
engraçado que eu tenha crescido com uma TV que mal funcionava. Agora meu
telefone não funciona por quatro minutos inteiros e meus níveis de ansiedade
vão às alturas.
Não acredito que fiz isso ontem à noite. Fico corada, sentindo a
malícia da situação. Não posso acreditar, mas aconteceu. Eu liguei para ele,
deixei que sua voz grave e grossa fizesse algo comigo e me fizesse contorcer, e
então nós...
Eu mastigo meu lábio. Sexo por telefone? Eu realmente fiz sexo por
telefone ontem à noite com ele? Sinto formigamento por toda parte e afundo
sob os lençóis. Pego o telefone dele e começo a mandar uma mensagem de texto
com um 'oi' antes de lembrar que o serviço está fora do ar. Também me lembro
de como seria idiota enviar essa mensagem, então a apago rapidamente.
Algo chama minha atenção lá fora. Olho para cima, mas não vejo
nada na luz do entardecer. Mas então, assim que começo a me virar, vejo
novamente. Fico paralisada.
Mas antes que eu possa gritar ou pedir ajuda, ele desce o resto do
caminho e seus pés tocam o parapeito da janela. Instantaneamente, ele explode
em uma bola de fogo e vidro estilhaçado. Então, eu realmente grito.
Kostya.
Eu ofego quando ele me puxa para cima e por cima de seu ombro. Por
instinto, e talvez um pouco por causa do medo e da adrenalina da situação,
começo a lutar e a me debater. Chuto e bato. Grito para que ele me solte. Mas
seu aperto só aumenta. Seu braço e ombro se flexionam como aço sob meu
corpo.
Mais uma vez, não tenho certeza se esse homem é minha fantasia ou
meu pesadelo. Mas, de qualquer forma, ele me tem agora.
Kostya
Tudo deu errado. Tudo: a entrada, o guarda que não deveria estar
trabalhando hoje, os portões de segurança que Fyodor pagou a um homem de
dentro para desativar.
Olho para ele, meu pulso batendo como um tambor em meus ouvidos.
Há tantos buracos em seu peito, tantas manchas vermelhas grandes em sua
jaqueta cinza. Por um segundo, isso me faz lembrar das borboletas de papel de
hoje cedo - cores brilhantes contra o monotonia do prédio.
Pego sua mão com a minha, mas não preciso me esforçar muito para
encontrar o pulso. Dimitri está morto. O plano está furado. Tudo deu errado.
Alguém está me sacudindo. Olho para cima e vejo Fyodor com uma
aparência sombria e abatida.
— Sinto muito, meu filho, — diz ele de forma concisa. — Sinto muito
mesmo.
— Podemos correr...
— Se nós dois fugirmos, eles nos pegarão e nós dois iremos para a
prisão. — Ele limpa a garganta. — Mas se eles tiverem apenas um fugitivo...
Eu congelo. — Você... você quer que eu corra.
— E ir para a prisão.
Ele acena com a cabeça. — Da, meu garoto. Meu filho. Preciso que
você faça isso, porque é isso que a família faz. Pense na vida que lhe dei - a
comida em sua barriga, o teto sobre sua cabeça. As oportunidades e habilidades
que lhe dei.
— Faça isso por mim, Kostya. Faça isso por seu pai, sim?
Ele tem razão. É isso que a família faz. Minha mente começa a
esquecer as surras e os abusos. Os insultos e as exigências. Afinal, ele tem razão.
Ele me deu uma segunda chance na vida. Ele me deu comida e abrigo, e as
habilidades para forjar um caminho neste mundo.
Ele franze a testa. — Para... ah, sim! — Ele se alegra. — Claro! Claro
que sim! Da, é claro que haverá. Uma grande cerimônia. Uma linda. — Ele
franze a testa. — Agora vá, Kostya. Vá!
Não sou estúpido. Fyodor disse que não demoraria muito, mas sei que
será muito mais do que isso. Sei que, quando me pegarem, vou ficar longe por
muito, muito tempo - em um lugar frio, sem beleza ou bondade.
Mas tive minha segunda chance na vida. Não foi muito melhor do que
a primeira, mas pelo menos posso fazer uma coisa.
As sirenes estão se aproximando de mim. O helicóptero da polícia
passa por mim no alto. Mas quando ele volta para uma segunda passagem, sei
que fui visto. Mas não importa. Meu bloco de apartamentos está à frente, e
minha decisão está tomada.
Corro pelo pátio entre os edifícios. Mas não entro no meu. Entro no
que está em frente a ele. Não sei o número real, mas posso adivinhar o andar e
em que lado do edifício ele fica. Bato em três portas erradas até que, finalmente,
a porta certa se abre.
O homem cheira a vodca barata e cerveja velha. Ele está com os olhos
turvos e faz cara feia quando abre a porta. Ele também tem uma borboleta de
papel de construção presa em seu sapato.
Minha única resposta é meu punho, batendo em sua boca com a maior
força possível. Sinto seus dentes se estilhaçarem e sua mandíbula se quebrar.
Ele cambaleia para trás, e eu o sigo. Uma mulher pálida e abatida sai correndo
da cozinha. Mas quando ela vê o que está acontecendo, ela se afasta
imediatamente.
Ouço o barulho do assoalho atrás de mim e faço uma pausa. Olho por
cima do ombro e a vejo de olhos arregalados na porta de seu quarto.
Ela acena com a cabeça, voltando para seu quarto. Volto para o
homem que está chorando sob meu controle. Posso ouvir as sirenes lá fora.
Ouço o helicóptero circulando o prédio. Não tenho muito tempo, mas isso não
vai demorar muito.
Mas não tem problema. Faço uma pausa no saguão do prédio. Do lado
de fora, posso ver os carros da polícia parando e policiais armados agachados
atrás deles. O pátio cinza e sujo está repleto de lindas borboletas coloridas.
Não faz mal que este seja o fim. Eu trouxe muita dor para este mundo.
Mas fiz uma coisa boa. Isso é o que importa.
Vou para a prisão para sempre. Mas não estou morto e cheio de balas
da polícia. E enquanto eles a levam embora, eu sorrio.
Eu fiz uma coisa boa. E essa coisa boa acabou salvando minha vida.
Presente
Olho para Nina e minha boca se fecha. Ela está bem, eu sei disso.
Parei duas dúzias de vezes no caminho até aqui para ter certeza disso. Ela está
inconsciente, mas está respirando regularmente, e o sangue que senti
encharcando minha camisa parece ter diminuído.
Eu rosno para mim mesmo. Mais uma vez, quem quer que esteja atrás
dela quase a machucou. Eu sei que é o mesmo pedaço de merda que estava em
sua casa, contaminando-a. Eu estava correndo de volta para o hospital quando
meu telefone me alertou sobre a explosão da argamassa da janela que foi
acionada. Depois disso, não hesitei mais, só entrei em ação.
Meus olhos se fecham com força. Não consigo pensar nisso. Não
posso me permitir ir até lá. Passei dez anos me perguntando o que aconteceu
com o anjo que me salvou. Não a encontrei agora apenas para perdê-la. Não vou
perdê-la.
Quando termino, examino cada centímetro de sua pele mais uma vez.
Eu gemo, tonto com o cheiro dela, zonzo com o calor de sua pele macia e com
a proximidade dela.
A sala balança. Pego o kit de primeiros socorros, mas ele cai do meu
alcance e cai no chão. Vou pegá-lo, mas o chão balança e caio de cara. Minha
visão enfraquece. Consigo levantar a cabeça apenas o suficiente para olhar para
ela mais uma vez, deitada na cama dormindo.
Ela viverá. Assim como antes, um sacrifício por uma inocência maior.
Uma troca justa de coisas quebradas e ruins por coisas boas e inocentes.
Nina
Era ruim quando Bogdan ainda estava vivo, gastando todo o dinheiro
do governo que recebiam para cuidar de mim em álcool e prostitutas. E, de
alguma forma, ficou pior depois que ele se foi. Sem a tirania de seu marido, que
constantemente a menosprezava e abusava dela, Dima realmente ficou por sua
própria conta.
O único problema é que 'por sua conta' significa que passou a ser uma
mulher impiedosamente fria e cruel, com grandes vícios em jogos de azar e
cocaína.
Seja quem for, porém, sei que ele se foi para sempre. Mas sempre me
lembrarei do que ele fez por mim - ou pelo menos do que tentou fazer por mim.
Não estou mais sendo agredida e ameaçada com coisas piores pelo
Bogdan todos os dias. Isso é uma grande melhora. Mas a vida não se
transformou exatamente em um conto de fadas desde aquele dia. Somos ainda
mais pobres agora do que éramos naquela época, com Dima gastando todo o
nosso dinheiro em drogas e corridas de cães.
Não sou idiota. Sou jovem, mas entendo o que ela está fazendo. No
entanto, ela não está fazendo isso para sobreviver - não para comer ou para
melhorar nossas vidas. Ela está fazendo isso para complementar seu vício em
drogas e pagar as dívidas constantes com as pistas de corrida de cães.
Bloqueio isso o melhor que posso. Mas nos últimos meses, quando
comecei a crescer, os homens começaram a ficar... curiosos. Os olhos vagueiam,
os olhares se prolongam mais do que deveriam. As sobrancelhas se erguem em
uma pergunta sutil enquanto eles hesitam em dar seu dinheiro a Dima.
— Da?
— Quatro.
— Espere.
Não o faço, embora possa dizer que ele está falando comigo.
— Vá embora!
Eu o ouço rosnar. Então, ofego e pulo quando ele bate contra a porta.
— Abra isso! — ele diz. — Abra isso e abra suas pernas para mim,
prostituta!
— Gde ona? — Ele late para minha mãe adotiva. Onde ela está?
Ele vai fechar a porta meio quebrada do meu quarto. Mas, de repente,
ela se abre com força, saindo de suas dobradiças e quase esmagando o primeiro
homem. Eu ofego quando um homem alto, robusto, bonito e de aparência rica,
vestindo um terno, entra de rompante. Ele examina o cômodo com olhos azuis
profundos, que se fixam em mim.
— Nina, eu...
— Você não está mais fingindo ser uma mãe - adotiva ou não. Você
acabou com isso. Se eu souber que você adotou outra criança, voltarei e a
matarei com minhas próprias mãos.
Eu fico olhando. Meu coração bate forte em meus ouvidos. Sei que
ele é um estranho. Mas, de alguma forma, sei que ele está dizendo a verdade.
Não sei como, mas simplesmente sei.
— Você gostaria de vir comigo?
— Para longe daqui, para sempre. Para a América. Para uma nova
vida.
— Sim, — eu sussurro.
— Bom.
Ele pega minha mão. Eu não levo nada comigo. Nem sequer dou uma
última olhada em Dima ou no inferno que tem sido meu mundo durante toda a
minha vida. Ele me leva para fora da porta e para uma vida totalmente nova. E
eu nunca mais olho para trás.
Presente
— Nina...
— Eu também.
Eu franzo a testa e ele sorri. — Quero dizer, você ainda está aqui.
Não fugiu.
— Eu sei.
— Por quê?
— Kostya...
Ele abaixa o olhar para seu peito nu e depois para seu ombro. Eu sigo
seu olhar, mas, de repente, minha respiração fica presa. Há uma tatuagem
escondida entre as outras que eu não havia notado antes. Mas agora que a vejo,
não há como deixar de notá-la.
É uma borboleta azul e verde, feita para parecer que foi cortada de
papel.
Meu corpo parece estar flutuando. Minha cabeça gira enquanto tento
conectar as peças e processar o impossível. Meus pulmões se recusam a
funcionar e eu apenas o encaro com total descrença. Mas, aos poucos, tudo
começa a voltar à tona. E em minha mente, se eu me concentrar bastante e
afastar o sangue, o suor e a sujeira, de repente vejo o rosto de Kostya.
— Você, — eu respiro.
— A inocência salvou uma alma perdida naquele dia, Nina, — ele diz
calmamente.
— Sim, — ele geme. Ele pega minha mão. Eu a agarro com firmeza,
nossos dedos se entrelaçam. Minha pulsação bate em meus ouvidos e lateja
contra minha pele. Eu me esforço para respirar enquanto tudo gira.
— Kostya, — sussurro.
— Eu...
Quando ele rosna e me puxa para o seu colo, eu caio de bom grado.
Eu gemo enquanto me afundo nele, minhas mãos deslizando sobre seu peito e
ombros nus. Eu gemo, olhando-o nos olhos enquanto estamos sentados ali,
congelados.
Mas então sua mão grande desliza para o meu cabelo. Ele o agarra
em um punho enquanto minha pulsação aumenta. De repente, ele me puxa para
ele, e eu gemo quando minha boca se esmaga na dele.
14
Kostya
— Porra, Kostya...
— Eu nunca...
Faço uma pausa, meu pulso acelerado. Meus olhos deslizam sobre
ela, devorando cada centímetro de sua beleza - cada curva, cada fenda, cada
arrepio em sua pele. Mas então, não consigo me conter nem mais um momento.
Minha boca cobre sua boceta, e ela grita de prazer. Minha língua se
arrasta propositalmente por seus lábios, separando-os enquanto passa sobre seu
clitóris. Eu gemo profundamente com o sabor doce e meloso de sua boceta - a
maneira como ela instantaneamente inunda meu queixo com seu creme.
— Kostya! — Ela grita quando minha língua mergulha nela. Não sou
gentil. Não sou delicado. Eu devoro sua boceta. Eu a fodo profundamente com
minha língua e chupo seu clitóris entre meus lábios. Meus dedos grossos
deslizam para dentro dela, e ela grita de prazer enquanto balança os quadris para
mais.
Minhas mãos grandes agarram suas coxas, suas pernas abertas e seus
pés no ar. Nina ondula e se contorce na cama, agarrando os lençóis com uma
mão e meu cabelo com a outra. Seus quadris rebolam contra minha boca e ela
pronuncia meu nome sem fôlego enquanto eu a fodo com minha língua.
— Kostya...!
Eu me movo para cima para deslizar sobre ela. Mas, de repente, ela
se solta da cama e vem até mim, como uma pequena bola de pura energia. Ela
se lança contra mim, fazendo-me gemer e cair de bunda no chão enquanto sobe
em meu colo.
Sua boca se aproxima da minha e ela me beija desesperadamente. Sei
que ela pode sentir o gosto de seu próprio gozo em meus lábios, mas ela só
parece me beijar com mais força por causa disso. Suas mãos vão até minha calça
jeans, puxando o cinto. Quando ele parece estar preso, minha mão se junta para
ajudar.
— Kostya...
Lentamente, Nina se levanta. Ela olha para mim. Seus olhos estão
encapuzados enquanto eu me aproximo entre nós e seguro meu pau. Esfrego a
cabeça inchada em seu clitóris, e ela geme. Eu me centralizo entre seus lábios
aveludados, meu pulso acelerado. Os braços de Nina envolvem meu pescoço e
ela deixa sua boca cair sobre a minha, beijando-me lento e profundamente.
Ela geme quando empurro minha cabeça para dentro dela. Ela é tão
apertada, e meu pau é muito, muito grande. Mas sinto que ela está se abrindo
para mim. Posso sentir sua linda boceta se esticando ao redor da minha cabeça
grossa. Ela desliza mais para baixo, tirando um centímetro e depois outro. Seu
calor escorregadio me envolve, fazendo minha cabeça girar.
Nina aperta seus lábios contra os meus. Ela empurra os quadris para
baixo e sua boceta quente desliza ainda mais pelo meu pau. Estou precisando
de tudo o que tenho para não agarrá-la e me enfiar profundamente em sua
doçura. Mas eu me contenho. Meus dedos cravam em sua pele, meus dentes se
arrastam sobre seu pescoço.
— Você está...
Eu gemo em seus peitos, rosnando enquanto meu pau sobe tão fundo
em sua boceta quente. Ela é tão apertada, tão escorregadia, tão doce, tão perfeita.
Ela é um paraíso que nunca senti antes.
Minhas mãos se movem para sua bunda novamente. Ela salta mais
rápido em meu pau, beijando-me profundamente. Meus quadris se erguem,
batendo meu pau nela. Sua cabeça se inclina para trás, com os seios
pressionados em meu peito. Ela geme cada vez mais alto, balança e salta no
meu pau. Até que, de repente, ela estremece. Seu corpo ondula contra o meu.
Sua boceta quente se agarra ao meu pau e ela goza com força.
— Kostya! — Ela grita antes de bater seus lábios nos meus. Ela geme
em minha boca enquanto desliza pelo meu pau. Posso sentir sua boceta se
contraindo e inundando minhas bolas com seu gozo.
Senti-la goza para mim é o último que posso suportar. A fera dentro
de mim estala de repente, e as restrições que tentei manter sob controle se
desfazem.
Nina
Talvez você não saiba o que é doce até que alguém lhe dê o primeiro
gosto de açúcar, ou não saiba o que é estar aquecido até que entre na frente do
fogo pela primeira vez.
Fico corada e sorrio. Ele se inclina para perto de mim, segurando meu
rosto enquanto aproxima sua boca da minha. Eu o beijo de volta com vontade,
saboreando sua língua com a minha. Suas mãos se apertam em mim, puxando-
me com força contra seu corpo.
— O que há de errado?
— Acabei de perceber que não liguei para Viktor, você sabe, avisá-
lo que estou viva. — Franzo a testa. — Meu Deus, sou uma irmã terrível.
— Eu o levei conosco.
— Desculpe-me, o quê?
Eu me encolho.
Não posso agora, mas estou realmente segura. Estou fora de perigo.
Tem certeza?
Sem promessas.
Eu sorrio.
Eu sorrio. Ele está falando de uma arma. Mas quando olho para
Kostya, deitado na cama como uma espécie de guerreiro viking enorme e
musculoso, fico corada. Sim, com certeza.
— Kostya...
— Você quer saber por que eu estava atrás de você, para começar.
Sua mão desliza pelas minhas costas e segura minha bunda com força.
Ele me puxa com força para junto de seu corpo, e eu gemo quando sinto seu pau
engrossar ligeiramente contra mim.
— Fyodor Kuznetsov.
— Ele me criou.
— Fyodor.
Ele acena com a cabeça. — Ele era um homem duro. Cruel, às vezes.
Vicioso. Mas ele deu a mim e a outro garoto uma nova vida; um lar, um teto,
comida. Ele nos deu uma oportunidade.
Ele acena com a cabeça. Quando franzo a testa e não digo nada, sua
sobrancelha se franze. — O quê?
— Nada, é só que...
— Fale.
— Você não sabe do que está falando, — ele responde com raiva.
Posso ver a mágoa em seus olhos. Vejo a guerra por trás deles - sabendo que o
homem que ele está protegendo é cruel, mas protegendo-o porque ele é a única
família que Kostya conheceu.
— Eu duvido.
— Você tem razão, ele não era, — eu disse. — Ele era pior. Pelo
menos com Bogdan, o abuso e as besteiras estavam bem na superfície. Fyodor
usou você, Kostya. Ele o transformou em um lutador e em um soldado...
— Você não sabe do que está falando, Nina. Ele era um homem duro,
mas a vida é dura. — Ele se vira, zombeteiro. — Talvez você tenha se esquecido
disso em sua vida de riqueza e privilégio na mesa de banquetes dos Kashenko.
Ele está em silêncio. Sua mandíbula está cerrada. Seus olhos ardem
nos meus. — Sinto muito, Nina.
— Sim, ele era, — sussurro baixinho. — Até que ele expulsou Lev
para as ruas de São Petersburgo quando ele tinha onze anos. Acho que se você
fizer as contas, verá que não demorou muito para ele aparecer em Moscou
procurando novos garotos para transformar em bandidos para seu próprio
benefício pessoal.
— Lamento que você tenha perdido alguém que significava algo para
você, Kostya, — digo gentilmente. — Sinto mesmo. Mas eu conhecia aquele
homem pelos destroços que ele deixou - pelas vidas dilaceradas que ele deixou
nas pessoas de quem gosto.
Ele olha para mim com firmeza. — Cuidado, Nina, — ele rosna.
— Diga-me.
— Sim, — ele responde. — Ele, Dimitri e eu. Havia uma agência dos
correios cheia de ordens de pagamento em branco. Só que ela desmoronou e...
Seu rosto se enruga e ele rosna para o chão. Dou um passo em sua
direção.
— Como?
— Porque é isso que a família faz! — ele diz. Seus olhos se voltam
para os meus. Fúria, dor e agonia brilham como fogo atrás de seu rosto. A
angústia mental de uma vida passada em sofrimento e abuso.
Posso ver isso claramente, porque vejo isso no espelho toda vez que
olho para ele.
— Uma porra que não sei!!! — Eu grito de volta. — Uma porra que
não sei!
— Nina...
— Você sabe o que aconteceu com Fyodor depois que você foi para
a cadeia?
— Nina...
Quando vejo seu rosto cair, sei que atingi um ponto sensível. Sei o
quanto isso é doloroso, e é como se a faca estivesse me cortando também
enquanto faço isso. Mas ele precisa saber. Ele precisa entender, como eu
finalmente entendi sobre Bogdan.
— Kiril morreu em uma dessas lutas. Ele tinha onze anos, Kostya.
Onze.
— Nina...
— Nina...
Ficamos assim, apenas nos abraçando, por não sei quanto tempo. Mas
isso não importa.
Quando ele se afasta, seus olhos estão duros. Mas há uma urgência
neles quando ele me puxa para o seu peito. Sua boca se aproxima da minha e eu
gemo quando nossos lábios se juntam. No início, é apenas um beijo. Mas depois,
é muito mais.
Ele me agarra com mais força. Seu beijo se torna mais profundo, mais
intenso. A dor em mim se transforma em desejo - as partes quebradas de mim
se fundem com o calor que lateja em meu âmago. Eu o sinto ficar duro e grosso
contra mim. Seu enorme pau incha entre minhas coxas e eu gemo quando o
alcanço.
— Você me tem.
Posso sentir sua cabeça grossa deslizar contra minha abertura. Com
um rosnado, ele empurra para dentro, tirando meu fôlego. Eu gemo, arfando em
seus lábios. Meus braços envolvem seu pescoço, meus dedos se enroscam em
seus cabelos.
Seus lábios se encostam com força nos meus. Eles permanecem ali
enquanto ele envolve seus braços ao meu redor e me leva gentilmente para a
cama. Nós nos deitamos sobre ela, mas ele nunca sai de cima de mim. E seus
lábios nunca saem dos meus.
16
Kostya
Já fiz quatro meses antes. Não é algo que eu queira repetir. Sei que
estou aqui para o resto da vida. E sei que as barras e o constante zumbido de
fundo de perigo e ataque não são uma vida muito agradável. Mas é melhor do
que a insanidade.
— Vremya idti, — diz o guarda. — Hora de ir embora, filho da puta.
Quando eles vão embora, ouço uma risada persistente. Viro-me e vejo
um rosto que não reconheço, um novo guarda.
— Bela tatuagem, — ele ri. Fiquei sem camisa durante toda a minha
estadia na solitária. Sigo seus olhos e percebo que ele está rindo da borboleta
azul e verde em meu ombro.
— Você é uma menina? É isso mesmo? Você tem uma boceta entre
as pernas?
— Você quer entrar aqui e dar uma olhada de perto para ver? — Eu
disse.
Ele dá uma risadinha. — Que tal isso, filho da puta? — Ele puxa um
canivete de sua jaqueta. — Que tal eu cortar suas bolas e lhe dar uma boceta,
sim?
Eu me viro, sorrindo para ele. — Só estou dizendo que estou feliz por
sua irmã. É bom que ela tenha encontrado um emprego fazendo o que faz de
melhor.
Ele mal tem tempo de piscar e eu já estou nas barras. Ele grita, mas é
tarde demais. Meu braço já passou por entre elas e o agarrou pela garganta. Eu
o empurro com força contra as barras, quebrando seu nariz e rachando seus
lábios. Ele grita novamente. Mas então pego a faca de sua mão, viro-a e a enfio
profundamente em sua artéria do pescoço. Os gritos se transformam em
gorgolejos horrorizados enquanto ele se agarra à minha mão.
Ela suspira, virando-se na escada para me ver. Mas então ela sorri. —
Você está acordado.
Ela desce o resto do caminho e se vira para sorrir para mim. Ela está
usando novamente a minha camiseta enorme e grande. Pode ser como um
vestido nela, mas ainda é alta o suficiente para que eu quase possa ver sua bunda
apertada. Ainda posso ver os mamilos dela atravessando a frente da camiseta.
Ela fica corada. Seus dentes se arrastam pelos lábios. Dou um passo
em direção a ela e deslizo minhas mãos sobre seus quadris.
— É perigoso lá fora.
— É lindo, na verdade. — Ela olha de volta para a escotilha aberta.
— Vamos lá.
— Na verdade, não.
Mas então ela saiu pela escotilha e sumiu de vista. Puxo uma calça
jeans e subo rapidamente atrás dela. Do lado de fora, pisco os olhos ao entrar
em...
— É o paraíso, não é?
Ela não está errada. Fico olhando, com a boca aberta, enquanto
absorvo o mar de cores que nos cerca. O armazém fica no meio do nada, em
uma seção abandonada de uma zona industrial. Mas todo o telhado está repleto
de flores silvestres brilhantes e lindas.
— Que porra é essa...
— Acho que podemos agradecer à cagada dos pássaros por isso - por
carregarem as sementes de outros lugares e as deixarem aqui em seu caminho
por Chicago.
— É lindo, não é?
— Kostya.
— Sim?
Eu sorrio.
— Você cozinha?
Ela dá uma risadinha. — Ok, eu não cozinho com frequência. Mas sei
cozinhar. Sente-se, relaxe.
Quando percebo que ela está colocando uma caneca de café na minha
frente, já estou duro como uma rocha. Eu a pego para puxá-la para o meu colo.
Mas ela sorri de forma provocante e balança a cabeça. Ela volta para o fogão.
Mas juro que ela deixa a camiseta subir ainda mais alto quando termina o que
está fazendo.
Quando ela se vira, está radiante e volta para a mesa com um prato
cheio de... alguma coisa. Ela se senta à minha frente, serve alguns deles em meu
prato e volta a se sentar com seu próprio café.
Ela dá um pulo e corre para a prateleira. Ela pega um pote de algo que
eu pensei que fosse açúcar. No fim das contas, era uma coisa xaroposa, então
não toquei nela.
— Gosta deles?
Balanço a cabeça.
— Nunca?!
Seu rosto fica rosado e ela morde o lábio. — Então acho que
ficaremos bem, porque eu também não.
Ela geme em êxtase. Seus braços envolvem meu pescoço com força
e ela me beija profundamente enquanto eu a fodo contra a parede. Sou
implacável, batendo nela como um selvagem enquanto sua boceta escorre e
vaza em cima de mim.
Sem perder o ritmo, eu nos faço girar e nos levo até à porta do
escritório. Eu a abro com um chute e desço por uma passarela sobre as máquinas
abaixo. Na extremidade oposta, uma porta leva ao antigo vestiário dos
funcionários e aos chuveiros. Eu os liguei novamente para meu próprio uso.
Mas hoje, eles são para nós dois.
Horas depois, algo me tira do sono. O cômodo está escuro como breu.
Mas meus sentidos se aguçam. Algo está errado. Alguém...
— Você está...
Dimitri sorri sombriamente para mim com um rosto assustado e
sombrio. — Olá, irmão.
Nina
O homem que está entre nós dá uma risadinha. Ele se vira para mim,
olhando-me com lascívia. Eu estava vestida com uma camiseta na cama, graças
a Deus. Mas sentada aqui, amarrada à cadeira, a bainha está subindo muito mais
do que eu gostaria.
— Sou exatamente como você, Nina. Assim como Kostya aqui. Outra
alma quebrada de um sistema quebrado.
Ele ri. — Escute você mesma. Você acha que só porque Viktor
Komarov fez de você a secretária dele, você está menos fodida? — Ele sorri. —
Nina, nós viemos do mesmo mundo. Você e eu somos iguais.
— Deixe-o em paz!
Eu engulo, empalidecendo.
— Como você...
— Você se pergunta para onde ele a teria levado? O que ele teria...
feito com você? — Ele olha cruelmente, seus lábios se curvam em um sorriso
lascivo. — Ou será que imaginar como ele teria feito de você a putinha dele a
deixa tão molhada que você o fode de qualquer maneira?
— Dimitri.
Mas é claro que ele não está morto. Há cicatrizes horríveis em seus
braços e outra em seu rosto, ligeiramente inclinada. E ele caminha com um
andar torto. Mas ele está bem vivo.
— Como...
— Sim, ele era, — responde Dimitri. — Ele nos criou, Kostya! Ele
nos alimentou e nos abrigou. Ele nos fez homens!
— Nós éramos uma família! — ele diz. — Ele era duro, sim. Ele nos
pressionou, Kostya. Mas é isso que a família faz! Assim como a família vinga
uns aos outros!
Ele estreita os olhos para Kostya, balançando a cabeça. — Eu tinha
esperanças em você, Kostya. Quando soube que você tinha fugido e estava
vindo para cá depois que aqueles filhos da puta assassinaram nosso pai, fiquei
muito feliz. Eu o segui, para compartilhar seu triunfo.
— Mas você falhou, Kostya. Você falhou comigo. Você falhou com
Fyodor. Você falhou consigo mesmo. Você foi fraco. Hesitou, exatamente como
ele lhe disse para nunca fazer!
Ele se vira e aponta sua arma para mim. — Você os tinha! Eu estava
lá, Kostya, observando você! Você estava com a arma apontada para Viktor e
para o filho da puta do Nikolai. Você ia matá-los...
Meus olhos se voltam para Kostya. Ele está olhando diretamente para
mim, com o rosto dolorido.
— Por que estou seguindo você? — Ele sorri e se vira para mim. Ele
lambe os lábios lascivamente. — E ela? — Ele se aproxima de mim. Kostya
ruge e se esforça em suas amarras, mas Dimitri o ignora enquanto se aproxima.
— Gostei de ver você tomar banho, pequena prostituta.
— Foi por isso que você abandonou sua família?! Foi isso que o fez
ignorar e esquecer seu dever!? A vingança que nosso pai devia ter!?
— Chore para mim sobre a prisão, Kostya, por favor. Chore para mim
sobre comer alimentos sólidos e poder mijar em pé.
— Talvez tenha sido melhor você não saber, da? — Ele range os
dentes. — Você sabia que esses bastardos atiraram na cabeça de Fyodor. E sua
resposta a isso foi transar com essa putinha. — Ele balança a arma de volta para
mim, fazendo-me recuar.
— Então, Kostya. Talvez tenha sido melhor você não saber que eu
estava vivo. Senão, talvez você tivesse tentado me foder, — ele ri, depois respira
fundo. Quando recupera o fôlego, ele se vira para mim. Ele sorri para mim com
um sorriso fino e duro.
Ele sorri para mim. — Da, putinha. Foi sim. E o carro. E o hospital.
E ainda assim, isso... isso... — ele gira e se aproxima para bater com a arma na
têmpora de Kostya.
— Não! — Eu grito.
Ele começa a se mover em minha direção. Sua mão desce para o cinto,
e meu coração para.
— Quero que você assista, Kostya. Quero que você me veja arruiná-
la. Ela é uma prostituta Kashenko, e eu a tratarei como tal.
— Aposto que você vai gostar disso, putinha, — ele sussurra em meu
ouvido. Ele se inclina ainda mais para perto, e meu estômago se revira.
— Gema para ele, sim? Gema como uma boa putinha quando eu foder
você...
Giro minha cabeça, fecho minha boca em sua orelha e mordo com
força. Dimitri grita, afastando-se de mim. Mas eu cravo meus dentes e giro a
cabeça. Ele ruge, me dando um soco cegante. Mas eu não o solto. Mordo com
mais força, até que, de repente, ele cai. Mas não todo ele.
Minha cabeça gira. Posso sentir minha visão oscilando para dentro e
para fora. Consigo aguentar um golpe, mas os socos que acabei de levar ainda
estão soando em meus ouvidos. Eles ainda estão deixando minha cabeça
confusa.
Dimitri se enrijece.
— Não! — Eu grito.
— Você me deixou para morrer uma vez, Kostya, — diz ele, de forma
rude. — Permita-me retribuir o favor.
— NÃO!
— Não!
— Vou levar o meu tempo com você, putinha, — ele rosna. — Isso
não vai ser divertido para...
As palavras sibilam por trás dele. Dimitri franze a testa e se volta para
Kostya, que está sugando ar, sangrando pelo peito. Mas ele olha para Dimitri
com selvageria em seus olhos. Seu olhar se volta para mim e se suaviza.
Dimitri fica branco e se lança para pegar a arma. Ele a pega, mas
Kostya é mais rápido. Ele avança sobre o homem mais velho como um urso
furioso e ferido. Ele ruge, deixando um rastro de sangue ao se chocar com
Dimitri como um trem. A arma explode e eu vejo, horrorizada, Kostya cair
sobre Dimitri. Ele o empurra para trás, derrubando o homem mais velho de seus
pés no momento em que eles atingem a parede de janelas.
— NÃO!
— Nina! Onde...
Nina
— Nina!
— Aqui.
Sinto um canudo em meus lábios. Bebo, estremecendo de dor. Mas a
água esfria a queimação em minha garganta.
— Viktor...
— Eu estou com você, — ele sussurra ferozmente. — Eu estou com
você, Nina.
— O que...
Ele se afasta, com o rosto sombrio. — Você foi baleada. Não foi
muito grave, mas a atingiu de raspão e quebrou uma costela.
— Kostya!!!
— Nina...
— Eu preciso...
— Ele está sendo operado, Nina, — diz Fiona em voz baixa. — Ele
está...
Viktor franze a testa. — Acho que você não está vendo isso com olhos
claros. Nina, ele levou você...
Seus lábios são finos. — Nina, por favor, isso não é...
— Dimitri está...
— Bom.
Ele olha para o lado e depois de volta para mim. — Havia fotos suas
na casa de Kostya, Nina. Mapas do seu trajeto para o trabalho, os códigos das
chaves da porta de entrada de seu prédio. E depois havia um monte de coisas
sobre todos nós - eu, Fiona, Lev, Zoey, Nikolai. — Ele franze as sobrancelhas.
— Ele tinha tudo sobre nós, Nina. Era como se fosse uma sala de vigilância do
FBI de um homem só.
— Nina?
Eu estreito meus olhos para ele. — Se você fizer isso, nunca mais me
verá.
— Que era?
Mordo meu lábio. — Matar você. Todos nós, na verdade.
A mão de Fiona voa para a boca. Meu irmão faz uma careta. — Você
não está melhorando muito as coisas, Nina, — ele sussurra baixinho.
— E ainda assim ele decidiu fugir de uma prisão inescapável, vir aqui
e nos matar por isso? — Viktor esbraveja.
Olho para baixo, para minhas mãos. — Vik, eu sei que você teve uma
vida muito difícil enquanto crescia. Mas quando você tem alguém que deveria
ser da família...
— Nina...
— Foi Kostya.
— Era ele, Vik. No dia em que ele estava indo para a prisão por causa
daquele roubo. Ele fugiu, veio para o nosso bloco de apartamentos e me libertou
do monstro com quem eu vivia. Esse é o homem que abracei quando a polícia
ia atirar nele. Em vez disso, ele foi para a prisão, pelos últimos dez anos.
Viktor me encara. — Kostya...
— Nina...
— Ei, Viktor, — Fiona segura a mão dele. Ela o puxa para olhar para
ela. — Diga-me que isso não lhe parece familiar?
Ele franze a testa. Mas vejo os cantos de sua boca se erguerem. Ele
olha para mim. — Eu não gosto disso.
Kostya
Mas depois volto a sentir dor. Muita dor. Tento gritar, mas fico mudo.
Tento me mover, mas não consigo. Tento levantar meu braço, mas ele está
amortecido, sólido. O som de máquinas apitando e zunindo é filtrado em minha
cabeça. O cheiro de antissépticos, o murmúrio de vozes preocupadas.
— Onde...
— Onde...
— Você está seguro. Você está em um lugar seguro. Deixe-me...
— Nina...
Mas não posso. Não mais. Não depois de uma vida inteira. Nina está
bem. Meu anjo vive. Minha borboleta voará novamente.
Kostya
Mas há uma arma apontada para mim. E do outro lado dela está um
homem que tem vários motivos para me matar.
Em primeiro lugar, porque não faz muito tempo, eu tinha uma arma
apontada para ele, com toda a intenção de puxar o gatilho. Em segundo lugar,
porque ele acha que eu atirei na festa de sua família. Mas, o mais importante,
porque acho que ele tem a impressão de que sequestrei a irmã dele para fazer
sexo brutal com ela em meu esconderijo.
Viktor Komarov olha para mim pelo cano de sua arma. Ao lado dele,
Lev e Nikolai estão parecendo igualmente lívidos, também com armas.
— Há uma única razão pela qual você ainda não está morto, — rosna
Viktor.
— E isso é?
— Isso é um erro.
Volto meus olhos para ele e depois para Nikolai. — Fyodor era seu
pai.
— Porque eu a amo.
Aceno com a cabeça. — Sim. E ela é a razão pela qual eu não morri
naquele dia.
— Isso é tudo o que eu queria deixar para trás quando fui embora para
sempre. Uma coisa boa. Uma boa ação, em uma vida ruim.
16 Completamente controlado por (outra pessoa, grupo, etc.) Está sob o comando de um tirano.
— Bom o suficiente para mim.
— Nina, — eu gemo.
Os outros três giram, e Viktor pragueja enquanto corre para ela. Ela
está encostada na porta, mas o afasta.
— Estou bem.
Viktor franze a testa. Ele olha para mim e depois para sua irmã.
— Nina...
— Lev...
— Vamos embora.
— Esse não será um caminho fácil. Quero que você entenda isso.
Minha confiança não é dada facilmente. Eu amo minha irmã e, por isso, estou
me afastando disso. Mas se você quer minha confiança - e você quer, acredite -
ela precisará ser conquistada com o tempo. Estou confiando-a a você, porque
você já provou o que faria para protegê-la.
Ele franze a testa, mas depois sorri lentamente. Ele olha de volta para
mim. — Se vale de alguma coisa, você tem a minha gratidão. Por tê-la salvado.
Várias vezes.
Ele olha para mim mais uma vez. — Kostya, — ele grunhe.
— Viktor.
Ele acena com a cabeça e sai do quarto. Nina olha para mim da porta
e sorri.
— Oi.
— Porra, Nina...
Ela meio que corre, meio que cai em direção à minha cama. Eu me
levanto dela, tentando ficar de pé, mas a dor em meu peito me tira o fôlego. Mas
isso não importa, porque em segundos ela está soluçando enquanto desaba em
mim. Eu ignoro a dor. Ou talvez a sensação de tê-la em meus braços a afaste.
Seu rosto fica vermelho. Seus dentes se arrastam pelo lábio inferior
quando ela começa a sorrir.
— Você já passou por algo pior do que levar um tiro no peito e cair
de dez metros no concreto?
— Eu faria isso.
— Ótimo, — diz ela com calor em sua voz. Ela afunda contra mim.
Seus lábios se apertam nos meus e eu gemo enquanto a beijo de volta. Meus
braços a envolvem, mantendo-a perto - exatamente onde ela deveria estar.
Nina
Ele pode ser um novo homem. Mas ele ainda é 'A fera' para aqueles
que querem prejudicar os inocentes do mundo. Viktor viu isso, o que fez com
que ele e Kostya se tornassem parceiros de crime.
Ah, e Kostya também continua sendo 'A fera' em outro lugar: nossa
cama. Não tenho nenhuma reclamação nesse departamento.
— Olá?
— Olá?
— Por favor...
Eu recuo, mas ele é muito mais forte. Ele me prende à parede, e sinto
seus músculos duros como rocha contra mim. E então eu sinto isso.
Sua mão desliza entre minhas pernas, e eu gemo quando seus dedos
tocam meus lábios molhados e roçam meu clitóris.
— Não quando você está tão pronta para mim. Não quando sua
bocetinha gananciosa está tão faminta por mim, — ele rosna. — É isso que você
queria, garota gananciosa?
Ele empurra a cabeça grossa e inchada de seu pau contra meus lábios.
Eu tremo.
— Eu...
— Oh, porra...
Eu choramingo.
— Sim! — Eu suspiro.
De repente, seu joelho abre minhas pernas com força. Os dedos dos
meus pés se curvam contra o piso de ladrilhos quando sinto seu pau entrar em
mim.
Ele é tão grande. Ele é tão insanamente grande que quase parece que
ele nunca vai caber. Mas ele empurra, e meus olhos se arregalam de puro prazer
quando ele se afunda em mim.
— Oh Deus... — Eu suspiro.
— Porra, — ele rosna enquanto enfia seu pau bem fundo. Ele o
empurra cada vez mais fundo, dando-me cada centímetro inchado dele. Meus
peitos pressionam os azulejos. Meu corpo cede ao prazer.
Ele esfrega meu clitóris enquanto empurra dentro de mim com força.
Seus abdominais batem na minha bunda enquanto eu grito de prazer. E, de
repente, estou gozando.
— Ora, ora, ora, — o homem enorme que ainda está dentro de mim
rosna em meu ouvido. — O que o seu noivo diria sobre você gemer tão
docemente enquanto é fodida como uma menina má?
— O quê?
— Hmm?
— Ainda não estou nem perto de terminar com você.
— Eu sei.
Ele me beija enquanto me derreto contra ele. Seu pau grosso se choca
contra mim. Eu gemo quando suas mãos me levantam e minhas pernas o
envolvem.
Fim