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Neste contexto a cisão surge como alternativa para resolver diversos problemas que possam surgir
ao longo da condução do negocio, tais como conflito de interesse,
morte de um dos sócios, estratégia de crescimento, ultrapassar crises entre outras razões.
CONCEITO DE CISÃO DE SOCIEDADES
O termo cisão vem do latim scindere, cortar; daí scissionis, separação, divisão. Assim, cisão pode
ser entendido como um processo de reorganização de sociedades na qual a companhia transfere
parcelas de seu património a outras sociedades já existentes ou criadas para tal fim, extinguindo-
se a companhia cindida, se houver transferência total do património ou dividindo-se seu capital se
a transferência for parcial. O accionista dissidente da deliberação que aprovar a cisão tem direito
a retirar-se da companhia, mediante reembolso do valor de suas acções.
Em outras palavras, conforme mostra Paes (1981) a cisão é a divisão do património de uma
sociedade em duas ou mais partes, para a constituição de nova ou novas sociedades, ou ainda para
integrar patrimônio de sociedade já existente.
Neves (1999) revela que a sociedade que absorver parcela do patrimônio da companhia cindida
sucede a esta nos direitos e obrigações relacionadas no acto da cisão.
Para Bulgarelli (2003) uma cisão parcial clássica é quando os sócios de uma empresa
procedem uma cisão, gerando uma nova empresa, onde todos vão participar da mesma forma
de que participam na empresa cindida.
Para Cardoso (2003) isto é uma situação onde não há conflitos e sim interesses operacionais
em cindir uma empresa. Na maior parte das vezes, a cisão é utilizada para resolver conflitos
e, portanto, a parte discordante é que sai da sociedade, levando sua parcela do patrimônio
líquido da sociedade em forma de bens e direitos, podendo, em alguns casos, para facilitar a
divisão, levar também alguns passivos.
Fixa-se uma data para proceder a cisão, recomendando-se fixar uma data futura a data
da decisão para que possam ser feitos os levantamentos adequados nas atividades da
empresa, como levantamento de um balanço especial que difere de um balanço
normal, preparar levantamentos de mercadorias, verificar situação da documentação
do bens a ser cindidos para não haver problemas de registos posteriores, fazer
levantamentos sobre indeminizações de pessoal, e outros pontos, não sendo
recomendável utilizar balancetes já encerrados para ganhar tempo, sendo que se der
conflito no momento de chegar ao valor a ser cindido, vai dar problema pela falta de
consistência nos números;
Deve-se ser indicado peritos avaliadores, de forma que se há bens imóveis, máquinas
e outros bens do imobilizado os peritos devem ser engenheiros civil e mecânicos, se
há terras rurais devem ser indicados engenheiros agrônomos. Para analisar os dados
contábeis são indicados contadores ou firmas de auditoria para proceder o
levantamento do balanço especial e agregar os valores das demais avaliações. Nota-
se que um dos principais pontos de discussão actualmente num processo de cisão (ou
mesmo incorporação) é o valor do fundo de comércio (nome da empresa, marca
institucional, marca de produtos, clientela, participação no mercado, capital
intelectual, etc.), sendo que normalmente os próprios contadores estão habilitados a
proceder estes cálculos através de instrumentos técnicos reconhecidos mundialmente;
Cita-se, ainda que nas companhias o processo de assembleias gerais é mais complexo
do que nas sociedades por quotas de responsabilidade limitada pois dependem de
convocações e outras exigências da lei das sociedades por acções.
Desta forma, sem que estas providências estejam efetuadas ou que as partes não tenham definido
claramente as condições do Protocolo é recomendável não iniciar o processo.
Nota-se que tanto a cisão parcial como total podem ser requeridas judicialmente por um dos sócios,
ocasião em que o processo se altera bastante, visto que a nomeação do perito avaliador é feita pelo
juiz, cabendo as partes indicarem peritos assistentes, a data base é a indicada na petição do sócio
retirante e certamente por envolverem advogados de parte a parte e ser um processo demorado o
custo para as partes será bem maior.
E por fim, cita-se que a operacionalização da cisão, ocorre em duas modalidades, apresenta
reflexos nos campos societários, tributário e contabilísticos, sobre os quais demonstraremos a
seguir.
ENQUADRAMENTO JURÍDICO
(Projecto de cisão)
Modalidades de cisão
A cisão simples verifica-se quando uma sociedade destaca parte do seu património, para com ele
constituir outra sociedade.
Na cisão simples, para a constituição da nova sociedade só podem ser destacados os elementos
seguintes:
a) participações noutras sociedades, quer na sua totalidade, quer parte das de que a sociedade a
cindir seja titular, e apenas para a formação de nova sociedade cujo objectivo exclusivo seja a
gestão de participações sociais;
b) bens que no património da sociedade a cindir estejam agrupados, de modo a formarem uma
unidade económica.
2. No caso da alínea b) do número anterior, podem ser atribuídas à nova sociedade dívidas que
economicamente se relacionem com a constituição ou o funcionamento da unidade aí referida.
2. Nas sociedades por quotas considera-se ainda, para os efeitos da alínea a) do número anterior, a
importância das prestações suplementares efectuadas pelos sócios e ainda não reembolsadas.
3. A verificação dos requisitos exigidos nos números anteriores compete à fiscalização das
sociedades, bem como a uma sociedade auditora ou ao auditor de contas.
A cisão-dissolução verifica-se quando uma sociedade se dissolve e divide o seu património, sendo
cada uma das partes resultantes destinada a constituir uma nova sociedade. Este tipo de cisão deve
abranger todo o património da sociedade a cindir, ficando os seus sócios a participar em cada uma
das novas sociedades na mesma proporção que lhes cabiam na primeira, salvo acordo diverso dos
interessados. Esta permissão encontra-se na própria natureza da cisão dissolução, ao dar origem a
duas ou mais sociedades.
A posição jurídica dos sócios pode ser garantida mediante a atribuição de participações diferentes
em cada uma das sociedades, pelo que não há razão para proibir tal possibilidade. o disposto no nº
2 do artigo 2019 diz: “A participação dos sócios da sociedade cindida na formação do capital social
da nova sociedade não pode ser superior ao valor dos bens destacados, líquido das dívidas que
convencionalmente os acompanhem”.
A cisão-dissolução é o único caso em que há uma transmissão universal do património (activo e
passivo). Nos outros casos de cisão há transmissão de elementos do activo, que podem, ou não, ser
acompanhados da transmissão de determinadas dívidas, a qual se fará a título singular.
Cisão –fusão
Por último, a cisão-fusão verifica-se no caso de uma sociedade destacar simplesmente parte do seu
património, ou efectivamente chegando a dissolver-se, dividindo o seu património em duas ou
mais partes, para as fundir com sociedades já existentes ou com partes de património de outras
sociedades, separadas por idênticos processos e com igual finalidade.
Como refere VASCONCELOS (2001), “sempre que a cisão se realize em benefício de sociedades
preexistentes (cisão parcial-fusão ou cisão total-fusão por incorporação) estas procederão, em
princípio, a um aumento do respectivo capital social, com vista a obter as partes, acções ou quotas
a atribuir aos sócios da sociedade cindida”.
Objetivos da cisão:
PROCEDIMENTOS
Segundo Bulgarelli (2003) na cisão parcial, que seguira o mesmo processo da incorporação, a par
das observações gerais já enunciadas, destaca-se:
A necessidade de especificação dos direitos e obrigações que se transferirão;
A nomeação pela assembléia, de peritos para avaliação da parcela do patrimônio a ser
transferida (essa assembléia funcionará como assembleias de constituição da nova
companhia);
O arquivamento e a publicação dos atos respectivos pelos administradores da sociedade
cindida e da que absorver parcela do seu património.
E na cisão total, as empresas que absorvem parcelas das sociedades cindidas a esta sucederão,
na incorporação de patrimônios líquidos transferidos, nos direitos e obrigações não
relacionadas. Assim, a administração da nova empresa que absorvem parcelas de seu
patrimônio, proverão o arquivamento e publicação dos actos da operação.
Ressalta-se que na cisão com extinção, as sociedades que absorvem parcelas do patrimônio da
cindida, responderão solidariamente pelas obrigações da companhia extinta.
d) Negociação entre inúmeras partes envolvidas sobre os diversos temas e seus reflexos para
encontrar soluções de equilíbrio e de viabilidades;
A reestrutura deve ser desenvolvida contemplando todos os factores relevantes que geram ou
podem gerar reflexos essenciais nas operações pretendidas e na escolha da melhor alternativa, sob
pena de não conseguirem os benefícios pretendidos ou inviabilizar a operação ou incorrer em ônus
de natureza operacional e tributários, contribuindo para o fracasso ou prejuízo. Alguns desses
fatores a serem considerados são:
b) Reflexos tributários, seja quanto à sua forma e época em que a reorganização seja feita, seja
quanto à incidência dos diversos tributos nas operações após a reorganização.
c) Aspectos operacionais, organizacionais e de sistemas, pois é importante que as soluções finais
considerem estruturas hierárquicas com adequada relação de poderes e sistemas
organizacionais e de controle compatíveis com a nova forma das operações.
d) Aspectos financeiros ou de financiamento que requeiram novos recursos dos atuais acionistas,
de novos acionistas ou financiamento de terceiros.
e) outros fatores, como legislações especificas do setor, aspectos relacionados ao pessoal, como
a legislação trabalhista e previdenciária, sindical, etc.
Um dos aspectos interessantes a notar é que tais operações não ocorrem com freqüência na vida
das empresas, mas somente entre longos períodos. Dessa forma, sua estrutura organizacional não
está dotada de recursos e experiência interna para desenvolver todas essas etapas. Assim, tem sido
adotada a contratação de recursos externos especializados.
Aspectos contabilísticos
Ao longo da vida das empresas – frequentemente associada ao ciclo biológico dos seres vivos, que
comporta, como se sabe, as etapas do nascimento, crescimento, envelhecimento e morte – as
administrações das sociedades procuram definir um rumo estratégico que estabeleça a posição do
seu negócio, maximizando dessa forma as caraterísticas que as distinguem.
Dentro deste ciclo, as empresas vivem ora períodos de desenvolvimento, ora de recessão, próprios
das crises de crescimento ou como resultado da luta pela sobrevivência. Estas crises potenciam
reestruturações e consequentemente mudanças estratégicas e o início de novos ciclos. Quando as
empresas sentem os períodos de crise, procuram melhorar os seus produtos e o seu processo
produtivo, melhorar as tecnologias, ampliar a sua carteira de clientes, aumentar a sua quota de
mercado, entre uma panóplia de estratégias que os administradores julgam mais adequadas à sua
empresa. Efetivamente, a dimensão das empresas foi desde sempre encarada como um fator
importante na prossecução dos objetivos da competitividade e do sucesso. A dimensão é vista, em
mercados globais, como um instrumento de sustentabilidade baseada na competitividade,
rendibilidade e melhor acesso ao financiamento.
“…envolver a compra por parte de uma entidade do capital próprio de outra entidade; a
compra de todos os ativos líquidos de outra entidade; o assumir dos passivos de outra
entidade; ou a compra de alguns dos ativos líquidos de outra entidade que em conjunto
formem uma ou mais atividades empresariais. A concentração de actividades empresariais
pode concretizar-se pela emissão de instrumentos de capital próprio, pela transferência de
caixa, equivalentes de caixa ou outros activos, ou por uma combinação dos mesmos. A
transação pode ser entre os acionistas das entidades concentradas ou entre uma entidade
e os acionistas de outra entidade. Pode envolver o estabelecimento de uma nova entidade
para controlar as entidades concentradas ou os ativos líquidos transferidos, ou a
reestruturação de uma ou mais das entidades concentradas”.
Estejamos perante a aquisição dos ativos líquidos, incluindo qualquer goodwill, de outra
entidade em vez da compra do capital próprio da outra entidade. Uma tal concentração
não resulta numa relação entre empresa-mãe e subsidiária. Assim, o principal objectivo
da NCRF 21, é o de prescrever o tratamento contabilístico quando estejam em causa
operações de concentração de atividades empresariais. Acresce que a norma, estabelece
que todas as concentrações de actividades empresariais devem ser contabilizadas pela
aplicação do método da compra e que, este método considera a operação de concentração
na perspetiva da entidade concentrada que é identificada como a adquirente.
A adquirente reconhece os activos, passivos e passivos contingentes identificáveis da adquirida
pelos seus justos valores à data de aquisição, e reconhece também as goodwill que é posteriormente
testado quanto à imparidade, e deve ser amortizado nos termos na NCRF 14- Activos Intangíveis,
no período da sua vida útil, ou em 10 anos, caso a sua vida útil não possa ser estimada com
fiabilidade, como no da NCRF 21.
Metodos de contabilização
MÉTODO DA COMPRA
Caso pratico
a sociedade STEPP, S A é uma sociedade que se dedica a prestação de serviços de limpeza, os
acionista da empresa devido a necessidades de estruturação de mercado, decidiu cindir de forma
total numa outra sociedade já existente nesse caso, sociedade SHOE, SA, a 31 de Dezembro de
2018 tinha o seguinte património
90.000,00 90.000,00
Caixa e bancos
0.00
Passivos
Fornecedores -308.782,70 -308.782,70 0,00
Adiantamentos de -19.500,00 -19.500,00 0,00
Clientes -15.202,00 -15.202,00 0,00
Estado -200.000,00 -200.000,00 0,00
Empréstimos Obtido -100.000,00 -100.000,00 0,00
Credores diversos
-1.900,00 -1.900,00 0,00
Diferimentos
TOTAL 178.505,30 178.505,30 0,00
Neste, o Goodwill é de 0,00 visto que valor contabilístico do património líquido = 178.505,30 .
Justo valor dos activos e passivos identificáveis = 178.505,30 Diferenças de avaliação = 0
Goodwill = 0
A relação de troca
Não obstante o facto de parte do património da sociedade STEPP, S.A. ser destacado para a
sociedade Shoe, SA, os interesses dos seus accionistas mantêm-se através da determinação de uma
relação de troca, que atende à proporcionalidade existente nas participações, permitindo que a
participação actual reflicta a participação na nova sociedade SHOE, S.A.. Efetivamente, a relação
de troca é utilizada para determinar o aumento de capital da sociedade beneficiária, tratando-se,
portanto, de um binómio necessário à remuneração dos acionistas da sociedade cindida, sendo, por
conseguinte, no nosso caso prático, baseada no valor do património líquido no montante de
178.505,30 MT. Tal como já foi referido anteriormente, considerou-se que os valores
contabilísticos de STEPP, S.A correspondem aos seus justos valores, pelo que se apresenta a tabela
seguinte com os elementos que serviram de base ao cálculo do valor de troca:
Descrição
Valor de cada acção de 178.505,30/50.000 3,57
STEEP, S.A
Valor de cada ação de 793.400/60.000 13,22
KUTXENA, S.A.,
Relação de troca 3,57/13,22 0,27
VN das acções 10.000/0,27 37 037
Nº de acções a atribuir aos 37.037/5 7407,4
accionistas de STEPP, SA
Prémio de Cisão-Fusão 178.505,3-37.037 141 468,30
Assim, serão atribuídas 7.407 ações aos acionistas de STEPP, SA. o que dará um prémio de cisão-
fusão, no montante de 141.468,30 €, a figurar no balanço da sociedade SHOE. Após a efectivação
da operação de cisão-fusão.
Balanço individual da cisão da sociedade STEPP , SA
Transferencia dos activos e passivos da sociedade STEPP, S.A, para SHOE, S.A
Pela subscrição
Com este trabalho é possível concluir que o maior obejactivos das empresas ao cindir-se é
realmente criar condições para evitar situações desfavoráveis que podem de certa forma afectar
significativamente a continuidade das operações da empresa a curto e longo prazo derivado de um
ambiente económico bastante competitivo e incerto ao mesmo tempo. A criação de estratégias de
sobrevivência revela-se de significante importância.
Percebeu-se tambem que os aspectos relacionados com a fusão das sociedades é regulado pela lei
e no caso do nosso país é o código comercial que regula.
Referencia bibliográfica s