Você está na página 1de 2

Fontes Históricas

As fontes históricas são matérias-primas para o trabalho do historiador. Elas consistem em


tudo aquilo que foi feito pelos seres humanos ao longo do tempo, e o seu acesso possibilita a
compreensão sobre o passado. De acordo com o professor José d’Assunção Barros|1|:

“As fontes históricas são as marcas da história. Quando um


indivíduo escreve um texto, ou retorce um galho de árvore de modo
que esse sirva de sinalização aos caminhantes em certa trilha;
quando um povo constrói seus instrumentos e utensílios, mas
também nos momentos em que modifica a paisagem e o meio
ambiente à sua volta — em todos estes momentos, e em muitos
outros, os homens e mulheres deixam vestígios, resíduos ou registros
de suas ações no mundo social e natural.”
Essa reflexão nos permite compreender a amplitude dessas fontes. As marcas da
história foram feitas por pessoas ilustres, que tiveram destaques no cenário nacional, mas
também por indivíduos que viveram o cotidiano de forma “anônima”, mas registraram sua
presença em um lugar e em um tempo. Essa ampliação dos tipos e dos acessos às fontes
começou no século passado. Até o século XIX, o uso das fontes era restrito aos documentos
oficiais e escritos.

Durante muito tempo, o historiador interessado no estudo sobre o passado recorria aos museus
nacionais em busca de documentos escritos e produzidos por agentes do Estado ou grandes
figuras heroicas de uma nação. A escrita se sobrepunha aos outros tipos de fontes. Registros
de viagens, crônicas, ofícios se tornaram objetos de estudos dos historiadores para produzirem
uma análise sobre o passado baseada na ciência e no rigor da pesquisa. O cientificismo, tão
característico em meados do século XIX, colaborou nessa busca por uma ciência histórica que
estudasse o passado com base em provas seguras.

Essa visão rigorosa das fontes mudou a partir da década de 1920, quando historiadores
franceses fundaram a Escola dos Annales, que tinha como objetivo renovar o estudo sobre o
passado, não mais limitado aos documentos escritos, mas sim considerando outros tipos de
produções de tempos antigos que poderiam colaborar na compreensão da história.

As imagens, os sons, os registros de indivíduos comuns ganharam destaque e se tornaram fontes


de estudos e pesquisas históricas. A mudança nos estudos históricos e a ampliação daquilo que é
fonte histórica permitiram mais possibilidades de se conhecer o passado por meio de ângulos
de visão desprezados pelos historiadores do século XIX. Isso não significou o abandono do
rigor científico, mas sim a proposição de novas metodologias de pesquisa.

As tecnologias foram úteis para o historiador conservar e acessar os documentos


históricos. A internet permitiu a pesquisa a arquivos e a descoberta de documentos até então
inacessíveis ou inéditos. O compartilhamento de informações entre historiadores possibilitou
melhor diálogo e maiores reflexões sobre as fontes históricas e as metodologias de pesquisa,
além de uma compreensão do passado conectada com os problemas do presente, não mais sendo
algo massificado, sem vida.

Ao analisar uma fonte histórica, o historiador questiona a sua originalidade, a sua


veracidade. Verifica-se a data em que determinado documento foi produzido, quais eram as
intenções de quem o produziu, quais informações sobre o passado são possíveis de extrair de
determinado objeto ou vestígio. Dependendo do tempo histórico, as fontes são escassas ou as
que existem se encontram danificadas. Cabe ao historiador fazer a metodologia de pesquisa, ou
seja, quais passos seguir para melhor analisar a fonte e compreender o período histórico no qual
ela foi produzida.
Tipos de fontes históricas

A Escola dos Annales ampliou os tipos de fontes históricas não mais restritas ao que foi escrito.
O áudio, a imagem, os vestígios se tornaram objeto de pesquisa para o historiador.
Os principais tipos são:

 Documentos textuais: cartas, crônicas, ofícios, diários, relatos.

 Vestígios arqueológicos: objetos de cerâmica, construções, estátuas.

 Representações pictóricas: quadros, pinturas, fotos, afrescos.

 Registros orais: testemunhos pessoais transmitidos oralmente.

Exemplos de fontes históricas

Uma fonte que tem sido muito utilizada por historiadores são documentos pessoais, isto é,
cartas, diários e outros registros que não vieram a público, mas guardam informações sobre o
passado. O diário escrito por Anne Frank possibilitou conhecer as experiências de uma menina
judia que viveu escondida da perseguição nazista com sua família em um sobrado em Amsterdã,
Holanda.

Durante a década de 1970, vários políticos brasileiros publicaram suas memórias ou


autobiografias para registrar as suas visões sobre acontecimentos do passado. Além disso, os
familiares desses políticos doaram seus acervos para arquivos e outras instituições, como o
CPDOC da Fundação Getúlio Vargas, que não apenas cuidaram da sua preservação, como
também permitiram o acesso e a pesquisa com base na documentação produzida.

Apesar de não serem escritas com tanta frequência nos dias de hoje, as cartas nos ajudam a
compreender o passado por meio do registro da intimidade, da troca de correspondência
entre pessoas, públicas ou não. Nelas, o autor da carta reserva um tempo do seu dia para
escrever para outra pessoa e aguarda a sua resposta. Essas cartas revelam diálogos,
contrariedades, alegrias de quem as escreve, e podem ajudar na compreensão de um contexto
individual ou mesmo coletivo.

1) Agora responda:
 Faça um resumo do texto acima
 Cite exemplos de fontes históricas presentes na escola.
 Se você fosse enterrar algo que contaria a sua história no futuro, o que você enterraria?
E por quê?

Você também pode gostar