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Fontes 

históricas 
Professora Dra. Maria
Aparecida
O que são fontes históricas?

• Fontes históricas são os itens (ou seus vestígios) produzidos pelo ser
humano que são utilizados pelos historiadores para a produção do
conhecimento histórico.
• As fontes históricas são os itens materiais e imateriais (ou seus
vestígios) que são produzidos pela ação humana. As fontes históricas
são fundamentais para que o historiador possa realizar o seu trabalho
de investigação do passado humano.
• Estão na base da metodologia/prática do ofício do historiador
• Os historiadores entendem atualmente que tudo que é produzido
pelo ser humano pode ser considerado uma fonte histórica, portanto,
não só o texto escrito deve ser entendido como tal. Assim, pinturas,
esculturas, construções, fotos, vídeos e relatos orais também são
úteis para o historiador. Fontes podem ser diretas, isto é, feitas por
contemporâneos, ou indiretas, produzidas na consulta das fontes
diretas.
Entendendo as fontes históricas
• Enfatizando: As fontes históricas são itens feitos pelos humanos no passado, ou vestígios desses itens, tendo função
crucial no trabalho do historiador.

• Imagem: documento escrito


•  Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-sao-fontes-historicas.htm
• Um historiador tem como papel a produção de conhecimento relativo
aos acontecimentos do passado da humanidade, e esse
conhecimento é fundamental porque permite ao ser humano
compreender a sua própria realidade com base nesse passado. Esse
trabalho é feito mediante o estudo e a análise dos vestígios deixados
pelos humanos de outras épocas, e a análise desses vestígios é feita
por métodos desenvolvidos para auxiliarem nessa construção do
conhecimento.
• Esses vestígios do passado analisados pelo historiador são o que
conhecemos como fontes históricas, também chamadas de
documentos históricos. Nas palavras do historiador José D’Assunção
Barros, as fontes históricas são itens materiais e imateriais ou
vestígios deles que ajudam o historiador a construir uma
compreensão acerca do passado humano|1|, pois, como defende
Marc Bloch, “tudo que o homem diz ou escreve, tudo que fabrica,
tudo que toca pode e deve informar sobre ele"|2|.
• Quando falamos de fontes materiais, estamos falando de vestígios
concretos produzidos por mãos humanas, como textos, pinturas,
fotos, filmes, roupas, construções etc. No caso das fontes imateriais,
estamos falando diretamente de testemunhos obtidos de pessoas que
viveram certo acontecimento histórico ou mesmo de lendas e
histórias que são parte da cultura oral de um povo.
• Lembrando: "Até o século XIX, somente os documentos escritos
oficiais, como o Tratado de Paris de 1783, eram considerados fontes
históricas."

Imagem: Tratado de Paris (1783)


• Até o século XIX, os historiadores acreditavam que o único tipo de documento
válido para construção do conhecimento histórico era o escrito, sobretudo
aquele produzido pelos meios oficiais, o Estado, as autoridades e os grandes
homens. Essa noção foi sendo desfeita a partir do século XX, quando novos
estudos mostraram que é possível construir-se conhecimento histórico com
base em outras fontes.

• Assim, o documento escrito continuou sendo uma importante fonte histórica,


mas sua utilização ampliou-se. Não somente o documento oficial passou a ser
considerado, mas também cartas pessoais, diários, relatos de viagens, obras
de literatura, por exemplo, começaram a ser vistas como fontes históricas.
• Outras fontes começaram a ser usadas pelos historiadores no trabalho de
investigação do passado. Com isso, vestígios arqueológicos, como
objetos, construções, roupas, pinturas, fotos, gravações em vídeo,
filmes, músicas, testemunhos orais etc., também passaram a ser
utilizados por eles.

• Durante esse processo de diversificação das fontes, os historiadores


também começaram uma interlocução maior com outras áreas do
conhecimento, assim o que era produzido por áreas como a psicologia, a
antropologia e a arqueologia, por exemplo, começou a ser utilizado no
trabalho de análise das fontes históricas.
• Os historiadores classificam fontes históricas como voluntárias e involuntárias.
Nesse sentido, existem fontes e documentos históricos pensados e construídos
de maneira proposital para registrarem determinados acontecimentos para a
posteridade, enquanto outras fontes não foram necessariamente pensadas
como registros para os homens do futuro.
• O historiador Marc Bloch afirma que é a segunda categoria (fontes históricas
involuntárias) que geralmente possui a maior confiança dos historiadores, uma
vez que, por não se tratar de fontes legadas de maneira proposital, possui
detalhes muito importantes para a investigação histórica. Ele ainda exemplifica
apontando que documentos secretos produzidos por governos, no período de
1938 e 1939, dizem muito mais sobre os acontecimentos daquela época do
que os jornais do período|3|.
• Isso, no entanto, não significa que tais fontes devem ser
menosprezadas, mas que existem fontes históricas que possuem
informações muito mais valiosas do que outras. Por isso, o trabalho
de investigação do historiador não cessa, pois quanto mais fontes
forem encontradas, melhor será a interpretação produzida por esse
profissional.
Tipos de fontes históricas

• Objetos pessoais, como documentos, cartas e fotos, são fontes históricas utilizadas no
trabalho do historiador.

 Imagem: fotografia de documentos pessoais


https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-sao-fontes-historicas.htm
• Como vimos, os historiadores atuais fazem uso de uma série de fontes documentais,
e essa utilização enriquece o conhecimento produzido. Existem diferentes tipos de
fontes históricas, e José D’Assunção Barros organiza-as em quatro, que são|1|:"
• Documentos textuais: documentos oficiais, cartas pessoais e governamentais,
diários, relatos de viagens, crônicas, livros literários, processos de justiça, jornais etc.
• Vestígios arqueológicos e fontes da cultura material: referem-se a itens resgatados
pela arqueologia, como construções, ruas, estátuas, objetos funerários, roupas,
peças de cerâmica etc. Outros itens mais modernos e que não foram resgatados pela
arqueologia também se encaixam aqui.
• Representações pictóricas: quadros, fotos, afrescos, pinturas rupestres, charges etc.
• Registros orais: testemunhos pessoais e mitos transmitidos oralmente de geração
para geração.
• Existe também uma classificação, para diferenciar-se os tipos de fontes
produzidas na própria época dos acontecimentos daquelas produzidas na
posteridade, com base em relatos antigos. Assim, existem fontes
primárias e secundárias. Esses termos, no entanto, estão entrando em
desuso e ficando mais conhecidos como fontes diretas e fontes indiretas.
Portanto:
•     Fontes diretas: produzidas por pessoas na mesma época dos
acontecimentos registrados.
•     Fontes indiretas: produzidas com base nos relatos e vestígios da época,
portanto, as fontes indiretas constroem-se por meio das fontes diretas."
• Exemplificando essa questão:
• No estudo da Peste Negra, podemos considerar o relato de Giovanni
Boccaccio como uma fonte primária (ou direta) porque ele viveu em
Florença, na Itália, durante a Peste Negra no século XV e, portanto,
presenciou o que aconteceu durante essa pandemia. Agora, se formos
estudar a Peste Negra com base nos estudos de historiadores modernos,
como Jacques Le Goff, estaremos fazendo uso de fontes secundárias (ou
indiretas).
• Acesse também: "Anne Frank - jovem holandesa que tem seu diário como
uma fonte do Holocausto". Em: 
https://brasilescola.uol.com.br/biografia/anne-frank.htm
Exemplos de fontes históricas

• Agora que ampliamos um pouco nosso conhecimento sobre fontes


históricas, podemos ver alguns exemplos delas. 
• Vejamos o seguinte relato:
• "Os chamados Velhos Saxões não têm rei, mas um grande número de
chefes colocados à cabeça de sua nação. Em caso de guerra iminente,
havia um sorteio com critérios iguais para todos; e aquele que a sorte
favorecesse, era seguido como general todo o tempo de guerra;
obedeciam-no, mas, finda a guerra, todos os chefes tornavam a ser
iguais em poder|4|."
• Esse relato sobre os chefes dos saxões — um povo germânico que se
estabeleceu na região da Bretanha e em outras partes da Europa
Continental — foi escrito por Beda, o Venerável, um monge anglo-
saxão que viveu na Bretanha do século VII ao VIII. 
• O relato fala dos ealdseaxe, os saxões que habitavam a Europa
Continental, e pode ser considerado uma fonte documental porque
foi registrado no livro História eclesiástica do povo inglês."
Observe a xilogravura:

Imagem: "Xilogravura produzida por Benjamin Franklin pela união das colônias inglesas na América do Norte contra os
franceses, na década de 1750".
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-sao-fontes-historicas.htm
• Como exemplo de fonte pictográfica, podemos considerar uma
xilogravura produzida por Benjamin Franklin no século XVIII. Essa
xilogravura trazia o escrito “join, or die”, que, em uma tradução livre,
significa “junte-se, ou morra”, e manifestava a intenção de Franklin
em unir as colônias inglesas contra os franceses na América do Norte.

• Portanto, ela pode ser utilizada na análise de um determinado


contexto da história das Treze Colônias que se refere à Guerra Franco-
Indígena. Posteriormente, essa xilogravura tornou-se um símbolo
utilizado na Revolução Americana e na Guerra Civil Americana."
Observe a "pintura "

Imagem: afresco cretense (Grécia).[1]"


Fonte:  https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-sao-fontes-historicas.htm
• Quanto às fontes arqueológicas, podemos usar como exemplo os
vestígios da civilização minoica (ou civilização cretense) encontrados
pelos arqueólogos na passagem do século XIX para o XX.
• Entre esses vestígios estão uma série de afrescos, isto é, pinturas que
eram feitas nas paredes dos palácios. Esses afrescos serviram como
base para os historiadores entenderem um pouco da cultura e da vida
dos cretenses. O Palácio de Cnossos é um dos sítios arqueológicos
mais famosos dessa civilização.
Notas:
• |1| BARROS, José D’Assunção. Fontes históricas: revisitando alguns aspectos primordiais para a Pesquisa Histórica. Para
acessar, clique aqui.

• |2| BLOCH, Marc. Apologia da história ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. p. 79.

• |3| Idem, p. 76-77.

• |4| PEDREIRO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe. História da Idade Média: textos e testemunhos. São Paulo: Unesp, 2000. p. 32.

• Créditos da imagem

• [1] Pecold e Shutterstock

• Por Daniel Neves


• Professor de História"
Referência: 
• SILVA, Daniel Neves. "O que são fontes históricas?"; Brasil Escola.
Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-sao-fontes-his
toricas.htm
• Acesso em 11 de fevereiro de 2023. 

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