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Circulação e Excreção
INTRODUÇÃO À FISIOLOGIA RENAL
Hamilton Haddad Junior
Maria Aparecida Visconti
É importante termos em mente todas essas funções desempenhadas pelos rins para
compreender a sua anatomia e fisiologia. É também fundamental notar que os
rins são muito mais do que simples filtros, responsáveis unicamente por “limpar”
as impurezas do corpo, como muitos estudantes costumam imaginar.Vamos agora
examinar melhor como se dão todas essas atividades no sistema renal.
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Figura 4.1: Balanço hídrico do corpo humano. / Fonte: modificado de Silverthorn, 2010.
Embora pesem menos de 150 gramas cada um, os rins podem receber até 1/4 do débito
cardíaco, ou seja, um grande volume de sangue a cada minuto. Esse sangue chega até os rins pela
artéria renal, ramificação da aorta descendente, e os deixa pelas veias renais, que desembocam
na veia cava inferior (Figuras 4.2 e 4.3). Internamente, cada rim é dividido em uma região
interna, denominada medula, e uma região externa, chamada córtex. Nessas duas regiões
encontram-se estruturas microscópicas chamadas néfrons - as unidades funcionais dos rins.
Podemos dividir cada néfron em uma porção tubular e uma porção vascular.
A parte tubular do néfron começa na cápsula de Bowman, uma bolsa que envolve o
glomérulo renal, como veremos a seguir. A cápsula forma então um tubo que é dividido em
três partes: o túbulo contorcido proximal, a alça de Henle e o túbulo contorcido distal.
Os túbulos distais de vários néfrons se unem em um ducto coletor (Figura 4.5).
A porção vascular do néfron começa nas arteríolas aferentes. Estas são ramificações da
artéria renal (Figura 4.4). Cada arteríola aferente forma uma rede de capilares enovelados
denominada glomérulo, que é envolvido pela cápsula de Bowman. Após passar esses capilares,
o sangue deixa o glomérulo pela arteríola eferente que se ramifica novamente numa outra
rede de capilares que envolvem a parte tubular do néfron. Esse outro conjunto de vasos tem o
nome de capilares peritubulares (Figura 4.5).
Figura 4.3: Anatomia dos rins. / Fonte: modificado de Tortora; Grabowski, 2002.
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Figura 4.4: Suprimento sanguíneo para os néfrons. / Fonte: modificado de Tortora; Grabowski, 2002.
Cerca de 80% dos 1 milhão de néfrons que possuímos estão localizados quase que inteira-
mente no córtex renal – denominados, portanto, néfrons corticais (Figura 4.5). O restante
está situado em regiões corticais mais profundas, próximas à medula renal, e por isso recebem
o nome de néfrons justamedulares (Figura 4.5). A alça de Henle desses néfrons é mais
comprida, penetrando regiões mais profundas da medula. Os capilares que circundam a alça
nesse caso são denominados vasos retos (Figura 4.5).
Figura 4.5: Porções tubulares e vasculares dos néfrons corticais (seta de cima) e justamedulares (seta de baixo). Podemos observar a
presença de vasos retos nestes últimos. / Fonte: modificado de Silverthorn, 2010.
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Figura 4.6: Esquema representando os processos de filtração, reabsorção e secreção no néfron. / Fonte: modificado de Silverthorn, 2010.
Filtração Glomerular
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Reabsorção tubular
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Figura 4.11: A reabsorção tubular é mediada pelo sódio. / Fonte: modificado de Silverthorn, 2010.
Podemos perceber, na Figura 4.13, que a reabsorção de água ao longo do néfron acom-
panha, geralmente, a de sódio. Existe uma exceção na alça de Henle. O ramo descendente da
alça é permeável somente à água; portanto, somente ela é reabsorvida. Já o ramo ascendente é
permeável ao sódio e outros íons, mas não à água. Portanto, há reabsorção de soluto, mas não
de água nessa parte. Podemos observar também que ambos - água e íons - são reabsorvidos no
túbulo distal e no ducto coletor.
a b
Figura 4.13: A reabsorção de água ao longo do néfron geralmente acompanha a de sódio. Acima está representada a porcentagem de
sódio (a) e de água (b) reabsorvida em cada parte do néfron. / Fonte: modificado de Berne; Levy; Koeppen; Stanton, 2004.
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Secreção
Além da filtração, algumas substâncias podem ser ativamente secretadas do plasma sanguíneo
ou das células tubulares para o lúmen dos néfrons. Esse processo permite a excreção de substâncias
que não são filtradas, além de aumentar a excreção de substâncias que já são filtradas. Ele permite
também maior regulação dos níveis de diversos íons no organismo, como o H+, K+ e Na+, além
de alguns cátions e ânions orgânicos. Entre outras funções, o processo de secreção ajuda na
manutenção do pH plasmático e na eliminação de diversas substâncias estranhas ao organismo.
4.4 Conclusão
Nesta aula, apresentamos uma visão geral do funcionamento renal, chamando atenção à sua
importância na manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico do organismo. Discutimos inicial-
mente a anatomia funcional do sistema renal, destacando suas principais estruturas. Em seguida,
estudamos os principais processos que determinam a formação da urina.
Referências
Aires, M.M. (org.). Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
Berne, R.M. et al. Fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
Guyton, A.C.; Hall, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
Silverthorn, D.U. Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada. 5. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2010.
Tortora, G.J.; Grabowski, S.R. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 10. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.