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TELEMONITORAMENTO DE PUÉRPERAS APÓS ALTA HOSPITALAR: UM

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Isadora Vitorette Araújo (Universidade Estadual de Maringá)

Luis Henrique de Oliveira Araújo (Universidade Estadual de Maringá)

Viviane Cazetta de Lima Vieira (Universidade Estadual de Maringá)

Sonia Silva Marcon (Universidade Estadual de Maringá)

E-mail: isadorav7777@gmail.com

RESUMO
A tele assistência no puerpério tem sido uma alternativa valiosa para o
monitoramento remoto de mulheres, oferecendo uma ampla gama de possibilidades
como acompanhamento de sinais de alerta puerperal. Considerando que o uso da
tecnologia diminui a distância entre as pessoas, com potencial para desenvolver
ações pautadas na integralidade da assistência o projeto de Tele monitoramento foi
proposto. Trata-se de um relato de experiência vivenciada por acadêmicos de
enfermagem no projeto de acompanhamento de puérperas após alta hospitalar.
Para além dos cuidados ofertadas às puérperas, o projeto oportuniza o
desenvolvimento de competências importantes para a formação do enfermeiro como
habilidade de comunicação, autoconfiança, planejamento e orientações às mulheres
em suas famílias.

PALAVRA-CHAVE: Maternidade; Telemonitoramento; Autocuidado.

INTRODUÇÃO

O puerpério é uma fase do ciclo gravídico puerperal marcado por


modificações intensas nas dimensões biológica, psicológica e sociocultural. É um
período em que ocorre a formação do vínculo materno infantil e a reestruturação da
rede de intercomunicação da família, necessitando um olhar da assistência que
considere essas múltiplas facetas. Assim, a Organização Mundial de Saúde (OMS),
recomenda uma atenção de qualidade para mulheres e recém-nascidos, sobretudo
nas primeiras semanas após o parto (WHO, 2022)
Esses cuidados são consoantes as metas de Objetivo de Desenvolvimento do
Milênio (ODM), instituídas pelas Nações Unidas, que inclui a redução da taxa de
mortalidade materna e a garantia ao acesso universal à saúde reprodutiva. Para
além destas metas inclui-se a redução da morbidade, da incapacidade e da
funcionalidade, abrangendo a noção do bem-estar social e mental e a perspectiva do
curso da vida em seus efeitos intergeracionais ou intra domiciliares (CIA;
ALMEIDA;2020).
Estudos nacionais e internacionais apontam que estratégias de promoção a
saúde devem ser postas em práticas para gestantes e puérperas minimizando
complicações puerperais (MREMI; RWENYAGILA; MLAY, 2022; KURONEN et al,
2021; KAIMAL;NORTON,2021; CARVALHO et al, 2020).
Tendo conhecimento da vulnerabilidade a que muitas mulheres podem estar
sujeitas nessa fase de suas vidas, normalmente relacionada a informações
inseguras é imprescindível a educação em saúde às gestantes com vistas ao seu
empoderamento, na tentativa de reduzir as repercussões negativas da fragilização
diante das dúvidas e das apreensões as quais podem ser submetidas (LIMA et al;
2019).
Neste sentido, o uso das tecnologias em saúde, tem se mostrado um
excelente aliado do cuidado. Embora as ferramentas tecnológicas não substituam o
acompanhamento e as orientações presenciais (LOVO; 2021), seu uso é uma
alternativa de apoio às puérperas, reduzindo deslocamentos frequentes e,
consequentemente, a demanda nos serviços de saúde, além de possibilitarem a
ampliação dos cuidados e a adesão ao tratamento (MENDEZ; 2019).
A tele assistência no puerpério tem sido uma alternativa valiosa para o
monitoramento remoto das mulheres e suas famílias, oferecendo uma ampla gama
de possibilidades como acompanhamento de sinais de alerta puerperal,
aconselhamento sobre métodos contraceptivos e nutrição, além de do
acompanhamento geral do paciente (HAUSPURG et al, 2019).

Dessa forma, este estudo tem como objetivo relatar a vivência de acadêmicos
de enfermagem no projeto de tele monitoramento de puérperas após alta hospitalar
como estratégia de autocuidado.

DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS
O projeto “Telemonitoramento de puérperas após alta hospitalar: estratégia
para autocuidado” acompanha puérperas e suas famílias durante os primeiros 45
dias pós o parto. O acesso às puérperas ocorre durante visita dos pesquisadores ao
setor de ginecologia-obstetrícia do Hospital Universitário de Maringá.
Na oportunidade os acadêmicos realizam uma entrevista contendo questões
sobre o a puérpera e o recém-nascido. São admitidas puérperas internadas por
ocasião do parto, independente da condição puerperal, que tenham pelo menos um
contato telefônico. Por sua vez, não são incluídas puérperas com déficit cognitivo ou
transtornos psiquiátricos graves.
As ligações são realizadas pelo mesmo pesquisador que aplicou o
questionário, com o intuído de manter vínculo com a puérpera. No período de 45
dias são realizadas 7 ligações, uma por semana.
Após a primeira ligação, as mulheres são convidadas a participar de um grupo
de Whatsapp, que inclui semanalmente orientações sobre o período puerperal e
abre espaço para partilha de experiências entre as participantes do estudo.
Durante as ligações as puérperas são monitoradas quanto sua saúde física,
modificações involutivas do período gestacional, saúde mental, rede de apoio,
cuidados com o recém-nascido, amamentação, métodos contraceptivos e
esclarecimentos de dúvidas em geral.
Considerando que o período puerperal, embora imbuídos de dúvidas, medos
e anseios é o período que a mulher menos tem contato com os serviços de saúde, o
projeto de tele monitoramento se torna uma alternativa para minimizar distâncias e
fortalecer a assistência ofertada. Vale considerar que as tele consultas tem se
popularizado após pandemia da Covid-19 reduzindo o tempo de espera para
consultas e contribuindo para a longitudinalidade do cuidado.
O acolhimento no hospital, o contato via telefone, organização do grupo de
Watsapp e o compartilhamento de informação entre os integrantes do projeto, com a
supervisão do docente contribuem para o desenvolvimento de competências
importantes no processo de formação discente.

CONCLUSÃO
As atividades do projeto oportunizam o desenvolvimento de competências
importantes para a formação do enfermeiro como habilidade de comunicação,
autoconfiança, planejamento e orientações às mulheres em suas famílias. Ademais,
contribuem para uma vivência mais segura da maternidade.

Referências

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