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0 DERMATOMICOSES
3.1 INTRODUÇÃO
● Vários fungos podem causar doença cutânea.
○ Algumas dessas infecções são superficiais, outras são profundas.
○ Micoses superficiais:
■ Infecções causadas por fungo que se localizam nas camadas mais
superficiais da pele e/ ou dos anexos cutâneos (pelos e unhas).
● As três principais são:
○ Pitiríase versicolor
○ Dermatofitoses
○ Candidíase
● Clinicamente:
○ Múltiplas máculas assintomáticas
■ Bem delimitadas
■ Tamanhos variáveis
■ Descamação fina (furfurácea).
■ Cores variadas (por isso, o nome pitiríase versicolor (de múltiplas
cores):
● Hipocrômicas
● Eritematosas
● Hipercrômicas
■ Predominam em áreas seborreicas (ricas em gordura)
● Como dorso superior, pescoço, ombros e parte proximal de
MMSS.
● A face pode ser acometida principalmente em crianças.
■ Por regra, o quadro clínico é assintomático
● No entanto, alguns pacientes podem queixar-se de leve
prurido.
● Nem sempre a descamação furfurácea está evidente.
○ Para que fique mais evidente, existem duas manobras semiológicas que
podemos utilizar, a saber:
■ 1 – Sinal de Zileri – fazemos um estiramento da pele onde há a
mácula
■ 2- Sinal de Besnier (ou da unhada) – passamos discretamente a
unha sobre as lesões
3.3.1 INTRODUÇÃO
●
● As dermatofitoses são infecções fúngicas causadas por fungos filamentosos
chamados de dermatófitos.
○ Esses fungos têm por característica serem queratinofílicos
■ Isto é, dependem de um meio rico em ceratina para multiplicar-se.
■ Por isso, infectam, preferencialmente, a pele, os pelos e as unhas.
■ A invasão do fungo suscita uma resposta imunológica e inflamatória do
hospedeiro, o que leva ao surgimento da lesão dermatológica com
eritema e intenso prurido.
● Existem três gêneros de fungos dermatófitos.
○ Cada um desses gêneros possui uma predileção por diferentes classes de
ceratina e, por isso, causam infecção em locais diferentes.
■ 1 – Microscopurum:
● Predileção por pele e pelo.
■ 2 – Trichophyton:
● Predileção por pele, pelo e unhas.
■ 3 – Epidermophyton:
● Predileção por pele e unha.
● Não infecta pelos.
● Sempre que estamos diante de uma suspeita clínica de uma dermatofitose, o ideal
é que possamos visualizar e isolar o fungo.
● Podemos visualizar o fungo através do exame micológico direto.
○ Nesse exame, realizamos uma raspagem da lesão, ou retiramos um fio de
cabelo no caso da tinea capitis, e colocamos o material em uma lâmina de
microscópio.
○ Aplicamos hidróxido de potássio a 10% (KOH 10%) para facilitar a
visualização do fungo e levamos o material ao microscópio.
○ Podemos visualizar, então, várias hifas septadas hialinas (claras), o que
confirma o diagnóstico de dermatofitose!
● Para saber exatamente a espécie, é necessário realizar uma cultura para fungo
no meio de cultura de Sabouraud!
● Tratamento
○ Antifúngicos tópicos
■ Aplicados duas vezes por dia por quatro semanas.
■ Maiores taxas de cura:
● Terbinafina
■ Os azólicos também podem ser utilizados, por boa eficácia.
○ Em alguns casos
■ É necessário o uso de medicações sistêmicas
● Terbinafina, itraconazol, fluconazol ou griseofulvina.
○ Se houver onicomicose associada
■ Esta também precisa ser tratada, pois diminui o risco de recidiva.
3.3.4 ONICOMICOSE
● Refere-se à infecção fúngica do aparelho ungueal.
○ Maioria causadas por dermatófitos.
■ Principal relacionado:
● Também é T. rubrum.
○ Frequentemente associada à tinea pedis.
● Clínica:
○ Possuem quatro tipos com apresentações clínicas diferentes
■ 1 – Onicomicose distal e lateral:
● Forma mais comum.
● Há onicólise (descolamento da lâmina ungueal do leito
ungueal) com hiperceratose (aumento de ceratina) na região
subungueal distal.
● A onicólise é vista na clínica como uma mancha amarelada na
lâmina ungueal.
■ 2 – Onicomicose superficial branca:
● Há várias manchas brancas na lâmina ungueal.
○ Essas manchas apresentam descamação se você as
raspar com um bisturi.
● Por ser superficial, são mais fáceis de tratar.
■ 3 – Onicomicose proximal subungueal:
● Há uma mancha branca na região proximal da unha.
● Como ela é subungueal, não há descamação mesmo que você
as raspe com um bisturi.
● Ela pode progredir até que toda a unha se torne branca.
● Esse tipo é praticamente exclusivo de paciente com HIV
○ Portanto devemos realizar sorologia para esses
pacientes!!
■ 4 – Onicomicose distrófica total:
● Quando há destruição total da lâmina ungueal.
● É o estágio final de qualquer onicomicose de muitos anos
quando não é tratada.
● Tratamento
○ É demorado e difícil.
○ Quando há apenas uma unha afetada
■ Podemos tentar tratamento tópico com esmalte antifúngico.
■ As medicações mais utilizadas na forma de esmalte são:
● A ciclopirox olamina a 8%
● A amorolfina 5%.
■ Devem ser aplicadas na unha afetada uma a duas vezes por
semana, após o paciente lixá-las (para reduzir a hiperceratose
e facilitar a ação do medicamento)
○ Quando há mais de uma unha afetada
■ O tratamento sistêmico impõe-se e geralmente
administramos em pulsoterapia
■ A melhor droga é a terbinafina
● Administrada na dose de 500 mg/dia (dois comprimidos
de 250 mg), por sete dias
■ Mas também podemos utilizar itraconazol
● Administrado na dose de 200 mg/dia, por sete dias
também.
■ O tratamento é longo, variando de três meses a um ano
■ É importante monitorar a função hepática por meio de exames
laboratoriais desses pacientes durante o tratamento
● Tratamento
○ Na grande maioria dos casos, o tratamento tópico com antifúngicos é
suficiente.
○ Podemos utilizar azólicos ou terbinafina tópica aplicados duas vezes por dia
por duas semanas.
○ É importante avaliar se o paciente é portador de tinea pedis
concomitantemente, pois, se não tratamos ambas as condições, há
grandes chances de o quadro recidivar!
○ Reiteramos novamente a necessidade de sempre ser realizado o exame
dermatológico completo!
Atenção total a esse tópico!! Dentre as questões de dermatofitoses, é sobre esse assunto
que os examinadores mais gostam de perguntar!! Aprenda bem, principalmente, a
apresentação clínica e o tratamento!
● A tinea capitis (tinha do couro cabeludo) é uma infecção por dermatófitos que afeta
os pelos do couro cabeludo.
● É muito mais comum em crianças na fase pré-puberal, principalmente aquelas com
baixo nível socioeconômico.
● Os agentes mais comuns são:
○ Trichophyton tonsurans
■ É adquirido a partir de contato direto com um indivíduo infectado ou
através de fômites
○ Microsporum canis.
■ É adquirido pelo contato com animais infectados.
● Esses fungos possuem a capacidade de fragilizar os pelos e isso faz com que eles
se quebrem.
● Clinicamente
○ Há uma ou várias áreas de alopecia (diminuição da quantidade de fios) com
pelos tonsurados (pelos quebrados) associado a graus variados de eritema
e/ou descamação.
○ Geralmente há prurido associado
Quando o examinador falar de uma criança com alopecia e pelos tonsurados ou quebrados,
o diagnóstico só pode ser tinea capitis!!! Fique atento às palavras-chave
● Em algumas ocasiões
○ Pode haver uma resposta imunológica intensa com uma exuberante
inflamação das lesões de tinea capitis.
■ A esse processo damos o nome de Kerion celsi
● Há o surgimento de um eritema intenso associado a pústulas,
crostas melicéricas e drenagem de secreção purulenta em
uma lesão de tinea capitis.
○ O paciente pode, ainda, apresentar linfonodomegalias cervicais e occipitais.
○ Se o Kerion celsi não for tratado precocemente, o paciente pode evoluir
com alopecia cicatricial
■ Isto é, destruição dos folículos pilosos, o que impede que o cabelo
volte a nascer naquele local
3.3.7 DERMATOFÍTIDE
● É uma reação de hipersensibilidade à presença de uma infecção por um fungo
dermatófito.
○ Acredita-se que seja resultante de prévia disseminação de produtos tóxicos
de natureza fúngica.
● O paciente apresenta um quadro pruriginoso com pápulas e vesículas em um local
distante da dermatofitose primária.
○ Isso quer dizer que, se fizermos um exame micológico direto na área de
dermatofítide, não encontraremos nenhum fungo!!
● O mais característico é
○ Um paciente apresentar um quadro de tinea pedis e evoluir com uma
dermatofítide com vesículas e pápulas nas mãos.
● O tratamento da lesão primária resolve o quadro à distância.
● Acredita-se que isso seja uma resposta de hipersensibilidade tardia aos antígenos dos
dermatófitos.
● Existem três critérios que devem ser preenchidos para o diagnóstico de uma
dermatofítide:
○ 1 – Dermatofitose em alguma parte do corpo.
○ 2 – Exame micológico direto negativo no local suspeito de dermatofítide.
○ 3 – Resolução da dermatofítide após o tratamento da dermatofitose
distante.
● 3- Tinea manuum:
○ Essa é a denominação para a dermatofitose localizada nas mãos.
○ Os agentes mais comuns são T. rubrum e T. mentagrophytes.
○ A infecção pode apresentar-se como:
■ Uma placa eritematosa anular na região dorsal das mãos ou como
uma placa descamativa na palma da mão.
■ Muitas vezes, o acometimento é unilateral e está associado à tinea
pedis bilateral.
● A essa associação damos o nome de “síndrome uma mão, dois
pés”.
○ O tratamento é semelhante ao discutido para tinea pedis.
● 4 – Tinea imbricata:
○ Essa é uma variante da tinea corporis que acomete a população indígena da
América Central, Pacífico e Norte do Brasil.
○ É causada pelo T. concentricum
○ Sua apresentação clínica é bastante peculiar com lesões escamosas que
fazem desenhos bizarros e concêntricos na pele.
○ Os indígenas consideram que as lesões são verdadeiros adornos e um presente
divino.
● 5 – Granuloma de Majocchi:
○ Conversamos que as dermatofitoses são infecções superficiais,
localizando-se na epiderme.
■ Porém, em raras ocasiões, pode haver invasão dos dermatófitos
para a derme ou subcutâneo.
● Essa invasão pode ocorrer ou por um trauma
○ Por exemplo, o ato de depilar as pernas com lâmina, o que
facilita a invasão do fungo
● Ou em pacientes imunodeprimidos.
○ Clinicamente
■ Surgem pápulas e nódulos profundos que podem supurar.
○ Esse é um dos poucos casos em que o diagnóstico é feito através da
demonstração do fungo na derme por biópsia cutânea.
○ Devido à profundidade da infecção, tratamentos tópicos são ineficazes
■ Sendo necessário o uso de antifúngicos (preferencialmente
terbinafina) por via oral.
○ É importante que seja realizada sorologia para HIV em casos de granuloma
de Majocchi pela associação dessa doença com imunodepressão.