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Quando o paciente apresenta prurido a primeira coisa que se pensa é doença parasitária

(escabiose, sarna notoédrica (felinos), otocaríase), depois pensa em piodermite e agora


vamos ver as fúngicas (onde a dermatofitose não tem tanto prurido, só a malasseziose)

DERMATOPATIAS FÚNGICAS

DERMATOFITOSES

Dermatofitose
➔ Infecção fúngica pelos dermatófitos
➔ Tecidos queratinizados (pelo, unhas, camada córnea);
➔ Zoofílicos (pegou de outro animal), geofílicos (pegou do ambiente) e antropofílicos
(pegou do ser humano)
➔ Acometem cães e gatos;
➔ Fonte de infecção: hospedeiros, fômites ou ambiente;
➔ Mais comum em filhotes;
◆ Pacientes imunossuprimidos são mais acometidos
➔ Fatores de risco gatis, abrigos, felinos resgatados da rua;
◆ O principal agente da dermatofitose é o microsporum canis e os principais
hospedeiros são os gatos assintomáticos, por isso os gatis são importantes
na disseminação da doença.
◆ Um cão vai apresentar doença clínica
➔ Prevalência 0,26 a 5,6%
◆ Muito menos prevalente dentro das doenças dermatológicas
➔ Causa lesão superficial;
➔ Sinais clínicos: Alopecia, eritema e descamação/desqueratinização
➔ É uma zoonose (no ser humano é uma lesão mais inflamada)

Fungos dermatófitos:
➔ Microsporum canis: (!!)
◆ Zoofílico
◆ Gatos assintomáticos (principal hospedeiro de disseminação) (Eles podem
adoecer, mas não é comum)
➔ Nannizzia gypsea
◆ Geofílico
◆ Plantas e solo
◆ Não precisa um hospedeiro disseminar, basta o “paciente” estar suscetível e
se contaminar no ambiente
➔ Trichophyton mentagrophytes
◆ Zoofílico
◆ Roedores

Além das unhas, a gente fala da camada córnea e


de toda a estrutura pilosa.O dermatófito eles tem
predileção pelo pêlo em crescimento, porque é um
pêlo que está em constante multiplicação, eles, no
geral, não colonizam a ponta do pêlo.
Causa lesão superficial (não vamos ver lesão profunda causada por dermatofitose), não há
rompimento do folículo (causa só uma foliculite fungica)

Felinos com eritema em plano nasal e face dorsal


de orelhas. Como diferencial poderíamos pensar
na sarna notoedrica, porque a lesão é
semelhante, contudo esta apresenta prurido.
Diferente da dermatofitose.

Alopecia em torno do olho direito com eritema. Tem também


eritema sobre o plano nasal.
Na foto a direita: pele avermelhada, eritematosa e alopecia.

Essa é a realidade dos gatos abandonados.


Área alopécica, descamação.
Diagnóstico diferencial de sarna notoédrica (faz
raspado para saber se é).

Essa lesão em cão pode confundir com piodermite


(lesões arredondadas e descamativas).
Na foto ao lado observa-se descamação no centro da
lesão e isso é um diferencial, porque na piodermite a
gente vai ter a descamação nas bordas por conta do
colarete epidérmico. Um piodermite dificilmente é na
cabeça também. Isso tudo ocorre no início.

Nesse caso não tem como desconfiar de piodermite.


Aqui eu tenho uma lesão intensa com eritema, alopecia.
As patas estão totalmente disformes, é um padrão
aleatório. Diagnóstico diferencial: Sarna demodécica.
Nesse quadro o diagnóstico diferencial seria a
escabiose (orelha). O ponto vermelho da orelha é
raspado para saber se era escabiose ou dermatofitose.

Essa raça é muito predisposta a dermatofitose


generalizada.

Pontos de atenção:
➔ Lesões pouco ou NÃO pruriginosas;
◆ Dermatofitoses, doenças autoimune, leishmaniose
➔ Contagiosas (cães e gatos, homem);
◆ Zoonose;
➔ Assimétricas;
➔ Gatos podem ser assintomáticos;
➔ Lesões em filhotes podem ser auto limitantes
◆ Atualmente se preconiza que gatos resgatados devem tomar um banho de
antifúngico antes de entrar na casa, para evitar contaminação de outros.
Independente se ele apresenta sintomas ou não.

Diagnóstico

Luz de Wood
➔ Exame de triagem;
◆ Auxilia na coleta dos pelos para exame direto e cultura fúngica
◆ Só quem floresce é o M. canis;
◆ Todas as escamas florescem, mas florescem branca azulada (independente
de ser dermatófito ou não)
● M. canis fica verde fluorescente - eles liberam um metabólito
chamado triptofano e é esse metabólito que deixa verde;

Exame direto
Pode ser diagnóstico;
Profissional treinado para leitura da lâmina.
Diagnóstico:
➔ Cultura fúngica + exame microscópio (para saber qual a espécie)
◆ Colônias algodonosas
➔ Histopatológico (biópsia)
◆ Em alguns casos que o exame direto (luz de wood) não dá positivo e que a
cultura também não dá positiva, pode-se lançar mão da histopatologia

Tratamento
➔ Terapia sistêmica
◆ Itraconazol 5 a 10 mg/Kg (Usa até sumirem os sintomas: pêlo crescido, sem
escama, sem alopecia - Pode demorar mais de um mês. Depois que está
sem sintomas coleta o pêlo (de onde tinha lesão) para fazer cultura, só a
cultura da alta ao paciente)
◆ É indicado para lesões disseminadas
◆ SID
● Pulsoterapia
○ Enquanto está esperando o resultado da cultura, faz-se
pulsoterapia, ou seja, o animal toma dia sim dia não ou
semana sim semana não;
○ Se por acaso a cultura der positiva, você mantém o paciente
em pulsoterapia por mais 1 ou 2 meses e depois repete a
cultura.
○ Dando negativa: suspende o tratamento
● Melhor resposta nos felinos
○ Porque o gato não toma banho, exceto os filhotes que aceitam
um pouco mais.
◆ Terbinafina 20 mg/Kg SID;
◆ Griseofulvina 25 mg/Kg BID;
◆ Cetoconazol 5 a 10 mg/Kg SID* - CUIDADO!!

Terapia tópica
➔ Quando possível, tosar!
◆ Não é indicado ir no pet shop, porque o risco de infestar o local é alto.
◆ O melhor é tosar em casa
◆ Gatos persas: Gatos persas e peludos não podem tosar o rabo, porque eles
não reconhecem o rabo tosado e fazem automutilação.
➔ Banhos (shampoos)?
◆ Clorexidine 3-4%
◆ Miconazol 2%
◆ Cetoconazol 2%
Obs: Fazer a clorexidina com os “azóis” (miconazol, cetoconazol) potencializa os
efeitos, ou seja, fazer clorexidina + miconazol acaba sendo melhor se fizer o ativo separado.
Não é indicado misturar os “azóis”, apenas a clorex com os “azóis”
➔ Sprays, cremes e pomadas?
◆ Não é recomendado, porque quando você tem uma lesão redonda e passa a
pomada esse produto não vai conseguir chegar em todas as hifas (é
comprovado que elas chegam até 10cm de diâmetro do centro da lesão, por
isso ao passar a pomada no centro vc não atinge os fungos que estão em
volta.. Sendo assim não é um tratamento efetivo)
◆ As lesões em “querions” vai bem passar uma dessas opções
➔ Terapia tópica é mais eficiente na redução/parada de transmissão do que o
sistêmico, porque o sistêmico demanda mais tempo que o tópico (este reduz a fonte
de contaminação)

MALASSEZIOSE

➔ É uma micose superficial, causada pela Malassezia sp (M pachydermatis e M


globosa);
➔ Acomete cães e raramente gatos;
➔ Habitante natural da pele e condutos auditivos;
➔ Malasseziose SEMPRE secundária distúrbios seborreicos, alergopatias,
endocrinopatias, etc;
➔ Lipofílica, mas não lipodependente;
◆ Ela adora gordura, então ela tende a se localizar em locais que tem mais
acúmulo de lipídeos: entre os dedos, ouvido, virilha, pregas

Foto 1: Pele eritematosa, pêlos oleosos (região


oleosa). Se o animal da 1° foto ele evolui para a
2° foto, que é uma lesão de sobrecrescimento
(que nesse caso é um MOG, mas poderia ser
tranquilamente um BOG - Só da pra saber com
citologia).
Obs: Uma pele com infecção é uma pele suja,
que tem descamação, que fede… (pode ser por
staphylococcus ou malassezia)

A 2° foto estava na aula de piodermite, e ela


esta nessa aula de malasseziose porque ele
tinha as 2 coisas (piodermite e malasseziose -
BOG e MOG). Observa-se pele suja,
descamação, eritema, hiperqueratinização na
região axilar…
A 1° foto o animal está eritematoso e está
fazendo sobrecrescimento (para saber se é
BOG ou MOG, é preciso fazer citologia). O
outro exame necessário para fazer diagnóstico
diferencial é raspado para saber se é sarna.

OBS.: Os cães com sobrecrescimento a gente precisa excluir as doenças causadas por
ácaro e fazer uma citologia.
OBS.: Cães que não recebem o tratamento e a infecção vai aumentando gradativamente
pode vir a óbito por sepse.
Patas com MOG - Tem crostas, liquenificação…

Diagnóstico
➔ Diagnóstico identificação do agente SEMPRE
➔ Citologia
◆ Swab molhado e esfrega na região (no meio do dígito, até o swab ficar bem
sujo)
◆ Imprint com fita adesiva
➔ Cultura: Não tem necessidade, citológico é mais fidedigno do diagnóstico

A 1° é a M. pachydermatis, que tem formato


de “sapato/pegada” e 2° M. globosa

Tratamento
Antifúngicos sistêmicos
➔ Itraconazol: 5 a 10 mg/Kg

Antifúngicos tópicos
➔ Clorexidine 3%, Cetoconazol 2%, miconazol 2 %, (xampu ou spray)
◆ OBS.: Clorex 2% mata bactéria, para conseguir ter ação antifúngica é 3-4%
➔ Sulfeto de selênio 2,5% (shampoo): associada à seborreia oleosa
◆ Quando eu tiver uma pele com malassezia associada à seborreia muito
oleosa, se você colocar a clorexidina a 3% não vai adiantar de nada, porque
tem muita gordura. E por isso é mais indicado usar o Sulfeto de selênio. (Não
é indicado usar o Peróxido de benzoíla, porque ele tem ação bactericida e
não fungicida)
◆ Só faz manipulado!
◆ É muito eficiente, contudo ele não é indicado para regiões que não são
oleosas. Então se passa-lo completo em um animal com oleosidade ventral e
sem oleosidade no dorso, a região do dorso vai descamar bastante (porque
vc esta passando um ativo desengordurante numa pele normal). Com isso,
entendemos que o ideal é passar de forma personalizada onde tiver
oleosidade.
OBS.: NENHUM SHAMPOO TERAPÊUTICO PODE SER USADO NO ROSTO, PORQUE
PODE CHEGAR NO OLHO. O INDICADO EM PACIENTES QUE TÊM LESÕES NO
ROSTO É TRATAMENTO SISTÊMICO.

Provável dermatite de contato de um


golden. MOG.
Tratamento: Pomada antifúngica +
corticoide (SID; 7 dias) e Sulfato de
selênio (2x por semana)

OBS.:O TRATAMENTO DA INFECÇÃO PRECEDE O TRATAMENTO DA DOENÇA


ALÉRGICA (QUE É A MAIORIA DOS CASOS). 1° VOCÊ TRATA A INFECÇÃO, DEPOIS
VOCÊ CUIDA DA CAUSA. Não adianta dar apoquel (por exemplo), se não tratar a infecção

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