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MENINGITE TUBERCULOSA

A meningite tuberculosa é uma doença infecciosa do sistema nervoso central,


causada pelo Mycobacterium tuberculosis, é o tipo mais grave de tuberculose e
geralmente apresenta-se como uma complicação da forma pulmonar da
enfermidade, ocorrendo mais frequentemente nos primeiros seis meses após a
infecção e evolui lentamente, sem aparentar gravidade.

Transmissão
A principal fonte de transmissão são os chamados “bacilíferos”, pessoas com
tuberculose pulmonar que possuem o bacilo da tuberculose ativo no escarro.
Elas são capazes de transmitir grande quantidade de bactéria pela tosse, o que
aumenta a probabilidade de os infectados desenvolverem formas graves da
doença, como a meningite. Se não forem “bacilíferos”, os indivíduos com
meningite tuberculosa não transmitem a enfermidade.

Sinais e Sintomas
 Estágio 1 – Em geral, tem duração de 1 a 2 semanas, caracterizando-se
pela inespecificidade dos sintomas, podendo ocorrer febre, mialgias,
sonolência, apatia, irritabilidade, cefaleia, anorexia, vômitos, dor
abdominal e mudanças súbitas do humor, sintomas comuns a qualquer
processo inespecífico. Nessa fase, o paciente pode encontrar-se lúcido e
o diagnóstico geralmente é estabelecido pelos achados liquóricos.

 Estágio 11 – Caracteriza-se pela persistência dos sintomas sistêmicos e


pelo surgimento de evidências de dano cerebral (sinais de lesão de nervos
cranianos, exteriorizando-se por paresias, plegias, estabismo, ptose
palpebral, irritação meníngea e hipertensão endocraniana).
Nessa fase alguns pacientes apresentam manifestações de encefalite,
com tremores periféricos, distúrbio da fala, trejeitos e movimentos
atetóides.

 Estágio 111 ou período terminal - Ocorre quando surge o déficit


neurológico focal, opistótono, rigidez de nuca, alterações do ritmo
cardíaco e da respiração e graus variados de perturbação da consciência,
incluindo o coma. Em qualquer estágio clínico da doença, pode-se
observar convulsões focais ou generalizadas.
Prevenção e Orientação

A principal forma de prevenir a meningite tuberculosa é a vacinação de rotina


com a BCG, especialmente porque o risco de adoecimento é maior no primeiro
ano de vida. A detecção e o tratamento precoce são extremamente importantes
para minimizar o risco de o quadro se agravar.

A vacinação de rotina é indicada para a faixa etária de 0 a 4 anos (sendo


obrigatória para menores de 1 ano). O esquema recomendado é uma dose ao
nascer, devendo ser administrada o mais precocemente possível, na própria
maternidade ou sala de vacinação da rede pública de saúde.

Em criança que recebeu o BCG há seis meses ou mais, na qual esteja ausente
a cicatriz vacinal, indica-se a revacinação, sem necessidade de realização prévia
do teste tuberculínico (PPD).

A Orientação da população sobre sinais e sintomas da doença e a importância


da manutenção de ambientes domiciliares e ocupacionais ventilados também é
um fator de extrema importância.

Tratamento

Diante de meningite tuberculosa, o tratamento é feito em regime de internação


hospitalar, pelo menos inicialmente. O esquema preconizado para casos da
forma meningoencefálica em adultos e adolescentes consiste em doses fixas
combinadas por nove meses, sendo dois meses de RHZE seguidos de sete
meses de RH em doses que variam conforme o peso.

 fase intensiva (2 meses) com 4 medicações: rifampicina, isoniazida,


pirazinamida e, no Brasil, etambutol (para maiores de 10 anos, já que em <
10 anos perde-se o parâmetro de acompanhamento da toxicidade ocular do
etambutol).

Segundo o ministério da Saúde o esquema com as doses pode ser ilustrado da


seguinte forma:
Faixa
Fase Medicação de Quantidade
2
peso
meses

de 20
INTENSIVA RIPE (150/75/400/275) a 35 2 comprimidos
kg

de 36 a 50 kg 3 comprimidos

> 50 kg 4 comprimidos

1 comprimido
de
300/200 ou 2 10
MANUTENÇÃO RI 300/200 ou 150/75 20 a
comprimidos meses
35 kg
150/75

1 comprimido 300/200 + 1
de 36 a 50 kg comprimido 150/75 ou 3
comprimidos 150/75

2 comprimidos 300/200
> 50 kg
ou 4 comprimidos 150/75

ADAPTADO DE: Manual Recomendações de Controle Tuberculose


Brasil_2_ed.pdf (pag. 107) – Ministério da Saúde.

 fase de manutenção (10 meses) com 2 medicações: rifampicina e


isoniazida. Para todos os casos de TB meníngea, também são usados
glicocorticoides. Os esquemas possíveis variam bastante, mas o Ministério
da Saúde sugere a seguinte prescrição: em casos mais leves, fazer
prednisona na dose de 1 a 2 mg/kg/dia, por 4 semanas.

Para os mais graves, dê preferência à dexametasona injetável na dose de 0,3 a


0,4 mg/kg/dia, geralmente, por 14 dias, com redução gradual até 4 a 8
semanas. Há muita variação em como fazer esse desmame, mas o up-to-date
sugere redução para 0,2mg/kg/dia na 3ª semana e 0,1mg/kg/dia na 4ª semana,
tudo EV por enquanto.

A partir da 5ª semana, 4 mg/dia via oral, reduzindo a dose diária a cada


semana até a 8ª.

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